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Capítulo 29- Clímax


ANNE

Anne caminhava em direção à casa de Gilbert, ansiosa por ver Mary que havia voltado do hospital algumas semanas. Não conseguira visitá-la antes porque andava muito ocupada com as tarefas da escola e Green Gables, e também quisera dar a ela um pouco de tempo para se habituar a nova rotina de ter um bebê em casa.

Gilbert estava bem de novo, os traumas do passado pareciam ter sido esquecidos, e ele voltara a sorrir daquela maneira incrível que ela amava. Quando ele olhava para ela agora, havia muito mais do que amor por ela que sempre transbordava pelos seus olhos, havia um misto de gratidão, como se todo o peso do mundo tivesse sido retirado dos ombros dele, porque Gilbert pudera partilhar com ela a sua dor. Agora ele se libertara de uma culpa sem sentido, e podia amá-la da maneira que quisesse.

Quando Anne pensava naquele dia, ela ainda sentia seu coração se partir, pois nunca vira Gilbert tão vulnerável. Ele sempre fora sua força, o muro de segurança no qual ela se apoiava sem medo, pois confiava a ele sua vida .Era na mão dele que segurava quando sentia-se fraca demais para cruzar os obstáculos ao longo do caminho, era nos braços dele que se enchia de força para enfrentar o que quer que fosse sem hesitação, mas tivera que vê-lo com sua alma exposta para entender que Gilbert era humano, tinha suas fraquezas e seus medos que escondia sob uma camada de autoconfiança e de uma coragem que Anne nunca tinha visto antes.

Pela primeira vez, Anne conseguia ver Gilbert verdadeiramente. Não que ele não tivesse sido sincero com ela antes, mas ao contar-lhe como se sentia em relação a morte de sua mãe, e como isso se ligava ao estado em que Mary se encontrava na ocasião, ele lhe mostrara uma fragilidade que Anne nunca pensara que pudesse atingi-lo. Mas, ao mesmo tempo, ele partilhara seu coração, e para Anne isso fora o presente mais maravilhoso que ganhara, e não havia mais nada que pudesse separá-los agora. Estavam ligados pelas histórias de suas vidas, estavam unidos por um amor sem limites, estavam conectados pelas suas almas que se uniram como se fossem irmãs, e Anne sabia que era o bem mais precioso que tinham agora.

Anne chegou à casa de Gilbert e bateu na porta, e como se intuísse que era ela, o menino veio prontamente atendê-la, olhando-a com tanta intensidade que fez com que ela respirasse com dificuldade. Era tão difícil, depois que passara toda a tormenta que magoara Gilbert, ficar longe dos braços dele, parecia que nenhum dos dois conseguia deixar de se tocar. Havia uma magia nova que fizera com que Anne se apaixonasse por ele novamente, muito mais do que todas as vezes que estiveram juntos. Não era apenas desejo o que sentiam, era algo mais que parecia consumi-los de todas as maneiras. Gilbert era o amor que seu coração escolhera, e era também o único garoto a quem se entregaria sem reservas e cheia de paixão.

Nunca pensara sobre isso antes, pois achava que aquele tipo de amor em sua forma mais crua estivesse destinado aos livros, pois eram sentidos intensos demais para que o ser humano pudesse experimentá-lo, mas agora que o sentia em sua própria carne, descobrira que nunca mais se libertaria dele enquanto estivesse nos braços de Gilbert Blythe.

Gilbert abraçou-a antes que pudesse entra na casa, afundou suas mãos na massa de cabelos ruivos sedosos massageando sua nuca em movimentos hipnóticos, que a deixava incapaz de reagir.

- Que bom que chegou. Estava morrendo de saudades. – Gilbert falou em uma voz sussurrante que soou como música em seus ouvidos..

- Gilbert, acabamos de nos ver na escola. – Anne respondeu de olhos fechados, adorando aquela carícia que a deixava trêmula, e sem forças para resistir. Gilbert sabia como tirar proveito do seu ponto fraco, e fazia isso com maestria.

- Um minuto longe de você é como se fosse uma vida inteira para mim. - Ele disse, continuando a acariciar sua nuca até que Anne se encostasse nele, fraca e com o coração aos pulos.

- Assim você vai enjoar de mim. – Anne respondeu, sentindo os lábios de Gilbert deslizar lentamente sobre o seu pescoço.

- Isso jamais acontecerá. Você é tudo o que eu quero e preciso. - o hálito quente dele em seu pescoço a estava deixando louca. Que jogo era aquele que ele estava fazendo? Por que não a beijava logo? Será que teria que implorar?

- Gilbert, por favor... - ela disse baixinho.

- Por favor, o que, Anne? Diga-me o que quer. – os lábios dele ainda estavam em seu pescoço, e as mãos desceram por suas costas até a cintura, tão lentamente que Anne achou que duraria uma eternidade.

- Me beije. –ela sussurrou. O que ele estava fazendo com ela?

- Você quer que eu te beije agora? – ele perguntou com os lábios tão próximos dos seus que Anne achou que morreria em agonia.

- Agora, por favor. - ela implorou, e então Gilbert a beijou, libertando-a daquela tortura. Seus lábios eram quentes, e maravilhosamente macios. Anne suspirava enquanto Gilbert aprofundava o beijo mais ainda, e ela desejou que nunca tivesse fim aquela sensação deliciosa de sentir o corpo de Gilbert colado ao seu.

- Gilbert, a Anne chegou? - A voz de Sebastian os trouxe de volta a realidade.

- Sim, estamos conversando aqui na varanda. Já vamos entrar. – a voz de Gilbert soou clara e calma. Anne se perguntou como ele conseguia controlar suas emoções tão rapidamente, enquanto ela se sentia tão trêmula, que mal conseguia falar.

- Vou esperar por vocês no quarto com a Mary. Ela está dando banho no bebê. - Sebastian disse.

- Tudo bem. – Gilbert respondeu. –Você quer entrar agora ou quer esperar mais um pouco? – Anne viu o olhar provocante que Gilbert lhe lançou, como se a desafiasse a dizer que não estava em condições de entrar naquele momento. Ele gostava de estar no poder, e adorava mais ainda perceber o quanto a afetava, mas, ela o faria pagar pela ousadia na primeira oportunidade.

- Vamos entrar. - ela disse tentando disfarçar o melhor que podia o tremor que sentia por dentro. Gilbert então, lhe deu um sorrisinho malicioso que fez Anne fuzilá-lo com o olhar.

Quando entraram no quarto, Mary estava sentada perto da janela com seu bebezinho enrolado em um cobertor rosa. Ela cantarolava baixinho uma canção de ninar, e Anne sentiu-se enternecer por aquela cena tão encantadora.

- Olá, Mary. Atrapalho? – Anne perguntou sorrindo.

- Não, querida, você é sempre bem vinda. Estou tentando fazer essa mocinha dormir, mas até agora não consegui. Parece que ela está ansiosa para conhecer a madrinha dela.

Anne sorriu e se aproximou mais de Mary a fim de que pudesse ver o rostinho do bebê., e o que viu deixou-a apaixonada. A garotinha tinha olhos negros, adornados por cílios longos e espessos. O nariz era pequeno e bem feito, a pele era morena como a da mãe, e havia no alto da cabeça um tufo de cabelos encaracolados que davam a ela um ar angelical maravilhoso.

-Ela é linda, Mary. Que nome dará a ela? – Anne quis saber.

- Eu queria chamá-la de Anne, porque adoro seu nome e queria muito homenageá-la Mas, o Gilbert me disse que somente existe uma Anne, e ela é única e especial, e ninguém mais nesse mundo poderia ter o mesmo nome que ela. – Anne olhou para Gilbert que baixou olhar envergonhado, - Então, resolvi chamá-la de Shirley que é o seu segundo nome. O que acha?

- É uma honra para mim, Mary. Obrigada. – Anne respondeu emocionada.

- Você gostaria de ser madrinha dela, Anne?

- Eu adoraria. Nunca tive uma afilhada antes.

- Ela vai ter a madrinha mais linda do mundo. – Gilbert disse beijando a testa de Anne.

- E a mais coruja também. - Anne disse sorrindo.

- Gilbert, será que você não poderia pedir ao Sebastian para nos preparar um café?

- Claro, Mary. Volto já. –Beijou Anne na bochecha, deixando-a sozinha com Mary. Anne seguiu-o com o olhar, e não percebeu que Mary a observava com atenção.

- Você o ama muito, não é? – Era mais uma constatação do que pergunta da parte de Mary.

- Mais do que eu deveria. – Anne respondeu pensativa.

- Ele também te ama muito. Consigo ver isso todas as vezes que estão juntos, ou quando ele fala de você.

- Às vezes me pergunto se eu o mereço.

- Se existe uma pessoa que merece Gilbert esse alguém é você, Anne. Tê-la na vida dele faz muito bem a Gilbert. Ele se tornou outra pessoa depois que vocês começaram a namorar, pois sorri com mais frequência e apesar de continuar sendo um aluno aplicado, ele se tornou mais flexível consigo mesmo. Vocês são perfeitos um para o outro. – Anne sentiu uma enorme satisfação ao ouvir aquelas palavras, e respondeu com um sorriso no rosto.

- Ele também me faz muito bem. Não consigo imaginar minha vida sem ele.

- Você pensa em ter filhos, Anne? – a menina esperou um pouco antes de responder, fixando seu olhar no bebê de Mary.

- Antes do Gilbert, eu nunca tinha pensado sobre isso. Eu sempre gostei de crianças e sempre me dei bem com elas, mas eu achava que ser mãe era algo intenso demais para mim. Só que ultimamente eu tenho considerado essa possibilidade no futuro. - Ela não dissera que pensava em ter filhos se o pai fosse Gilbert. Jamais conseguiria se imaginar sendo mãe do filho de outra pessoa.

- Você será uma mãe maravilhosa. – Mary afirmou.

- Eu acho que o Gilbert será um pai maravilhoso também. - Ficou imaginado Gilbert com o bebê deles no colo e sorriu sem perceber.

- Ter um filho é uma experiência maravilhosa. É como se acontecesse uma união de uma parte de nós e do homem que amamos, gerando assim um ser perfeito e incrível.

- Uma celebração do amor e um milagre também. – Anne concluiu. Depois, ela ficou observando Mary enquanto ela falava, e pensou que mesmo após toda a situação difícil pela qual passara, ela continuava a manter um brilho lindo no olhar e uma serenidade inabalável, fazendo- a ficar mais bonita do que já era.

Gilbert voltara naquele instante, trazendo uma bandeja de café com biscoitos. Eles passaram mais algum tempo conversando, e quando Sebastian se uniu a eles, Gilbert disse:

Vamos para meu quarto estudar. Você me disse que não estava entendendo a equação que a Srta Stacy nos explicou hoje.

- É verdade, achei muito complicado. Estou precisando de aulas extras, não dou muito bem com números, você sabe.

- Sorte sua, que seu namorado é um especialista em números.

- Então, vamos estudar, pois quero ver toda essa habilidade em ação.

Anne e Gilbert foram para o quarto dele, e estudaram por cerca de uma hora. Anne se aproveitou de uma distração de Gilbert, se levantou de onde estava sentada e ficou bem atrás da cadeira dele. Abraçou-o pelos ombros, colando seus lábios no pescoço masculino, mordiscando- lhe a pele até a nuca. Sentiu Gilbert ficar tenso e tentou se virar, mas ela não permitiu. Desceu as mãos até os botões da camisa dele, desabotoando um a um, deixando a pele nua do peito dele ao alcance de suas mãos que o acariciavam bem devagar.

- Anne, o que...? – Gilbert não terminou a frase, pois Anne voltou a mordiscar- lhe o pescoço, fazendo-o prender a respiração.

- Anne... - ele disse o nome dela como se implorasse.

- Diga o que quer, Gilbert? – Anne disse com os lábios bem próximos do ouvido dele, e ela percebeu a pele de Gilbert se arrepiar em suas mãos. Ela estava no controle agora, e faria o que quisesse.

- Por favor, Anne. – ele sussurrou.

- Por favor, o que, Gilbert?- ela fingia não entender o que ele lhe pedia.

- Eu preciso que me beije agora, por favor. – a respiração dele era irregular, e Anne achou que já o tinha castigado bastante. Sentou-se no colo dele, e imediatamente, Gilbert a pressionou contra o seu corpo, beijando-a com desespero. Anne correspondeu com a mesma vontade, e quando suas bocas se separaram, Gilbert encostou a sua testa na de Anne e disse com a voz entrecortada por sua respiração ofegante.

- Você não jogou limpo.

- Você jogou sujo primeiro.

- Quer dizer que namoro uma provocadora? – ele disse rindo baixinho.

- Eu te disse que as ruivas têm sangue quente. Então, não me provoque Sr.Blythe, ou vai perder todas às vezes. - Anne abraçou-o pela cintura e se beijaram novamente.

- Preciso ir para casa, já está ficando tarde. – Anne disse assim que o beijo terminou.

- Eu te levo. – Gilbert respondeu.

Assim,, ela se despediu de Mary e Sebastian, prometendo voltar logo para uma outra visita. Quando chegaram a Green Gables se despediram com mais um beijo, prometendo que se veriam no dia seguinte.

Ao entrar em casa, Anne encontrou Marilla que a esperava na cozinha. A boa senhora levantou os olhos do bordado no qual trabalhava e disse:

- Oi, Anne. Será que podemos conversar?

-É claro, Marilla. Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou com a testa franzida.

- Não, na verdade eu já queria falar com você sobre esse assunto outro dia, mas aconteceram tantas coisas que resolvi esperar pelo momento oportuno. – Anne não disse nada, esperando pelo que Marilla tinha a lhe dizer.

- Essa é o tipo de conversa que você deveria ter com sua mãe, mas na falta dela eu sou responsável por você, então, irei logo ao assunto. Eu sei que você pensa que sou uma velha antiquada, ranzinza e mal-humorada, e na maior parte do tempo eu sou tudo isso mesmo. Mas eu não sou cega e tenho olhos para ver o que está acontecendo entre você e Gilbert.

- Marilla, eu... – Anne se sentiu desconfortável pelo rumo que a conversa estava tomando, mas não conseguiu continuar, pois Marilla a interrompeu.

- Eu não a estou julgando, Anne e nem estou te dizendo que é errado, pois posso ver que vocês se amam de verdade. E encontrar um amor assim na sua idade é raro e precioso. Eu compreendo que o mundo está mudando, todo esse liberalismo feminino que quer fazer com que a mulher se iguale ao homem, e que sejam donas de suas vidas e de seus corpos já está se tornando realidade. Acho que sempre pensei assim também, mas nunca tive coragem de desafiar o sistema e fazer o que tinha vontade. Houve um tempo em que quis ser livre, viajar para outros países, experimentar coisas novas, me tornar uma cidadã do mundo, mas o senso de responsabilidade me prendeu aqui, e eu tive que abafar esse meu espírito aventureiro. – ela pareceu divagar por um momento, e então, voltou sua atenção para Anne.- O que quero te pedir é que se cuide, pois você ainda é jovem, e tem muita coisa para viver e aprender. Só quero que saiba que tem minha benção para fazer o que escolher.

Anne olhou para Marilla, e não soube o que dizer. Na verdade, estava surpresa. Que mulher admirável Marilla era! Nunca poderia imaginar que ela pensasse daquele jeito. Mas, Anne compreendeu que suas atitudes sempre foram ditadas pela sociedade de sua época que sempre condenavam mulheres que não seguiam as regras. Mas pensando bem, Marilla desafiara a moral e os bons costumes quando decidira a não se casar, em um tempo em que a mulher somente era bem vista se tivesse um marido que a sustentasse.

Anne foi até Marilla e a abraçou dizendo:

- Obrigada Marilla. Prometo que vou me cuidar. Posso fazer uma pergunta?

- Claro.

- Nunca se arrependeu. de não ter seguido seu coração?- Anne quis saber.

- Eu fiz minhas escolhas, e uma vez que todas as decisões foram minhas, eu nunca poderia voltar atrás. – Anne ouviu-a falar, balançou a cabeça e não perguntou mais nada. Apenas deu-lhe um beijo no rosto e foi para o quarto pensando na sorte que tinha por ter sido adotada pelo doce Matthew e por uma mulher tão fantástica quanto. Marilla.

GILBERT

Gilbert olhou para o relógio da sala, e constatou que faltava pouco para Anne chegar, e seu coração se alegrou ao pensar que logo a teria em seus braços. Ele a tinha visto de manhã na escola, e passaram todo o intervalo juntos, mas ainda assim, estava ansioso por encontrá-la novamente, porque quanto mais tempo passavam juntos mais ele a queria perto de si.

Ele jamais amaria outra garota do jeito que amava Anne. Para ele, não existia mais ninguém no mundo, especialmente após os últimos acontecimentos relacionados com a Mary quando ele mergulhara em um poço negro de culpa, e se sentira arrastado para o fundo, onde quase se afogara em uma infelicidade profunda. Mas, Anne o alcançara, dera-lhe a mão e o trouxera para perto de seu coração, trazendo-o de volta a vida. Então, ele percebera que não era nada sem ela, e que somente conseguira deixar para trás aquela dor que o acompanhara a vida inteira, porque Anne estava lá para segurar a sua mão.

Gilbert tivera medo de perdê-la quando Anne percebeu sua fraqueza. Tivera medo que ela o desprezasse por não ser como ela o imaginara, e por isso, escondera tudo dentro de si até que não suportara mais o peso de sua dor. Anne o libertara daquele seu lado sombrio, e por isso, ele lhe seria totalmente grato. Ela transformara seu sofrimento em redenção, e todos os espinhos que o machucaram ao longo dos anos em flores maravilhosas. Agora sentia que o mundo era um lugar especial porque Anne vivia nele, e todos os seus dias eram melhores por causa dela, e não havia ninguém que fosse mais precioso para ele do que aquela garota ruiva.

Ele acabara descobrindo outras coisas sobre Anne que o fizeram admirá-la mais ainda. Gilbert sempre achara Anne uma garota forte, mas até aquele momento ele não percebera que ela era uma fortaleza inteira, e ele somente se o perguntava quando foi que ela aprendera a nunca abaixar a cabeça, para os infortúnios da vida e seguir em frente com um entusiasmo que ele invejava.

Ela lhe contara sobre o orfanato, a rígida disciplina que era obrigada a seguir, caso contrário seria castigada com todos os rigores que as freiras achassem necessários. Por ser uma garota incomum e extremamente inteligente, Anne constantemente sofria a zombaria de outras garotas que tentavam ridicularizá-la e alquebrar seu espírito, pois temiam que aquela garota magrinha e de olhos azuis enormes acabasse ganhando a simpatia das freiras, conquistando certos privilégios tão raros naquele lugar. Elas inventavam histórias sobre Anne, calúnias absurdas, e por causa delas, a menina era obrigada a lavar, esfregar, encerar os longos corredores do orfanato, por horas infinitas e dias inteiros, mesmo se estivesse com fome, cansada e doente.

Ao ouvir todos aqueles absurdos, Gilbert somente conseguia pensar que qualquer pessoa no lugar de Anne teria desenvolvido uma repulsa e um ódio desmedido pela raça humana, mas Anne, ao contrário do que se poderia imaginar, mantivera sua alma pura, longe de qualquer rancor que pudesse manchar sua índole e seu senso de justiça. Ela amava tudo e a todos com uma intensidade fantástica, e trazia no rosto um sorriso contagiante de quem carregava dentro de si uma vontade imensa de ser e fazer feliz quem quer que estivesse ao seu lado, Anne era capaz de transformar as pessoas que a conheciam de uma maneira incrível, fazendo com que enxergassem o melhor de si mesmas. Tinha acontecido isso com ele desde o momento que a conhecera, e reconhecera que ela não seria apenas uma conquista passageira, ele sempre soubera mesmo que inconscientemente que ele nunca mais a esqueceria.

Ouviu uma batida de leve na porta, arrancando-o de seus devaneios. Levantou-se rapidamente sabendo quem era sem que ninguém lhe dissesse. Havia essa conexão entre eles, que os fazia intuir coisas sobre um e outro até mesmo pelos pensamentos. Abriu a porta, e lá estava Anne, maravilhosa como sempre, os olhos azuis que inevitavelmente o atraiam para ela. Eles eram a primeira coisa que Gilbert notava nela quando se encontravam, porque sentia que refletiam a essência da alma dela.

Ele lhe sorriu e abraçou imediatamente, sentindo seu coração bater no ritmo do dela, enroscando seus dedos em sua cabeleira ruiva, envolvendo-lhe a nunca e massageando-a vagarosamente.

- Que bom que chegou. Estava morrendo de saudades. – ele dissera, adorando ver como Anne parecia envolvida em suas carícias. E quando ela respondera que tinham acabado de se ver na escola, Gilbert pôde perceber que ela não resistia ao seu toque, pois sua voz trêmula a denunciava. Então, ele dissera que um minuto longe dela era como se fosse uma vida inteira, e intensificara a carícia na nuca até ouvi-la suspirar. Ela respondera que ele enjoaria dela se não parassem de se ver tanto e ele retrucara:

- Isso jamais acontecerá. Você é tudo o que eu quero e preciso. - assim, não resistindo a vontade de provocá-la, Gilbert deslizara os lábios sobre a pele do pescoço dela, se deliciando com as reações do corpo de Anne, que parecia implorar pela satisfação total dos seus sentidos. E ele continuou a atormentá-la, tocando-a com seus lábios, e quando a fez admitir que queria o beijo dele tanto quanto ele queira beijá-la, Gilbert satisfez sua vontade e mergulhou nos lábios femininos demonstrando toda a sua paixão por ela..;

Sebastian os interrompera, perguntando por Anne e Gilbert dera-lhe uma desculpa qualquer para explicar porque estavam demorando em entrar. Logo em seguida, ele observou Anne ajeitar os cabelos que ele bagunçara, e somente para ver-lhe a reação ele perguntara:

- Você quer entrar agora, ou vai esperar mais um pouco?- os olhos azuis escureceram da mesma maneira que sempre acontecia quando ela era desafiada, e Anne respondera de maneira petulante que entraria naquele mesmo instante, fazendo Gilbert rir de sua obstinação.

Assim que viu o bebê de Mary, Anne se derretera toda pela menina, dando certeza a Gilbert de que se um dia ela fosse mãe, seria a melhor do mundo, e depois se sentira envergonhado quando Anne e Mary falavam da escolha de nomes para o bebê.

Nesse momento, Anne ficara sabendo que Gilbert não concordara com Mary em chamar o bebê de Anne, pois considerava que esse nome somente poderia pertencer à ruivinha, e por isso, ninguém mais poderia tê-lo. Por esta razão, concordaram que o nome da menininha seria Shirley, o segundo nome de Anne. Logo, Mary convidara Anne para ser madrinha do bebê e ela aceitara emocionada, dizendo que nunca tivera uma afilhada antes, e Gilbert sorrira com a alegria de Anne e afirmara:

- Ela vai ter a madrinha mais linda do mundo. – e beijara sua testa carinhosamente. – Em seguida, deixara ambas sozinhas para buscar café e biscoitos a pedido de Mary. Quando retornara, tomaram o café juntos, conversando sobre vários assuntos e várias coisas, parando somente quando Gilbert lembrara a Anne:

Vamos para meu quarto estudar. Você me disse que não estava entendendo a equação que a Srta Stacy nos explicou hoje. – e Anne respondera:

- É verdade, achei muito complicado. Estou precisando de aulas extras, não dou muito bem com números, você sabe. - Gilbert então lembrara Anne sobre suas habilidades com os números:

- Sorte sua, que seu namorado é um especialista em números. - e Anne dissera:

- Então, vamos estudar, pois quero ver toda essa habilidade em ação.

Estudaram a matéria nova por algum tempo, e depois que Gilbert percebeu que Anne conseguia resolver as equações sozinhas, ele resolveu dar uma estudada em seus livros de medicina. Estava tão envolvido pela leitura que levou um susto quando sentiu os lábios de Anne mordicando-lhe o pescoço. Imediatamente sentiu seu corpo se incendiar, e tentou se virar para interromper a carícia, mas Anne não deixou que ele a interrompesse, e continuou a desafiá-lo até sentir que Gilbert não mais resistia. E então, ela fora mais ousada, abrindo os botões de sua camisa e tocando-o com suavidade. Assim, Gilbert se deixara seduzir, querendo apenas beijá-la, porém, Anne não facilitara as coisas para ele, usando o mesmo artifício que Gilbert utilizara antes, fazendo-o implorar pelo beijo dela, e quando finalmente ela cedera se beijaram loucamente.

- Você não jogou limpo. - Gilbert reclamara, assim que o beijo terminou.

- Você jogou sujo antes. - Anne rebatera seu comentário, o que fez Gilbert acusá-la de provocadora, e ela respondera:

- Eu te disse que as ruivas têm sangue quente. Então, não me provoque Sr.Blythe, ou vai perder todas às vezes. – e mais beijos vieram, intoxicando Gilbert com sua intensidade, e teria beijado Anne muito mais se ela não o interrompesse, dizendo que precisava ir para casa.

Gilbert acompanhou-a até Green Gables, se despedindo dela no portão. E enquanto voltava para sua fazenda, Gilbert só conseguia pensar em Anne, e no quanto ele a desejava. Ficava louco só de tê-la em seus braços, e sabia de cor o gosto que a pele dela tinha. Ele não sabia como iam resolver isso, pois não queria que ela pensasse que ele a estava forçando a ceder aos seus desejos, mesmo sendo tão difícil para ele controlar os seus impulsos de fazê-la completamente sua. Amava Anne demais, e a respeitava muito também, mas era justamente por amá-la tanto que se tornava tão difícil não querê-la.

Quando chegou em casa ainda estava perdido em pensamentos. Foi para o seu quarto, deitou em sua cama, e de repente, seu olhar foi atraído por um calendário em cima de sua mesa de estudo, se levantou e foi até a mesa, pegando o calendário nas mãos. Olhou para uma data marcada em vermelho, e de repente, teve uma ideia.

GILBERT E ANNE

Anne estava em seu quarto lendo um livro, quando Diana chegou com

um sorriso radiante no rosto

- Oi, Diana. Que felicidade toda é essa? Ganhou algum presente especial? - Anne perguntou, admirando o rosto iluminado da amiga que realçava sua beleza morena.

- Sim. Ganhei o melhor presente do mundo! Eu e Jerry vamos ficar noivos. Não é maravilhoso? - Ela abraçou Anne que retribuiu com carinho.
- É realmente maravilhoso, Diana! - Anne estava feliz pela amiga, pois sabia o quanto ela era apaixonada por Jerry, e saber que assumiriam um compromisso tão sério a deixava extremamente satisfeita com o desenrolar do romance dos dois. - Sente- se aqui e me conte tudo. - ambas sentaram na cama de Anne, e Diana começou a relatar a ela todos os acontecimentos.
- Você sabe que o Jerry vai para a França daqui a um mês para dar início aos

Seus estudos em Direito

- Sim, Ele me contou que fará uso da bolsa que tia Josephine deu a ele.-

Anne comentou

- Eu estou muito orgulhosa por essa conquista dele, mas eu também estava me sentindo um pouco apreensiva por ficarmos tanto tempo separados. Você sabe o que namoros à distância nem sempre dão certo. - Anne balançou a cabeça concordando. - Assim, eu disse isso ao Jerry é ele me perguntou se eu confiava nele, eu disse que sim, mas que eu estava com medo de nosso relacionamento esfriar por causa da distância, e ele me disse para não me preocupar com isso. Mas, você me conhece, Anne. Eu nunca deixo um assunto morrer enquanto não analiso todos os prós e contras de um assunto. - Anne conhecia bem esse lado da Diana. A amiga jamais aceitava as coisas de maneira simples. Ela sempre devia ter as respostas para tudo, antes de entrar de cabeça em qualquer coisa, meio termo nunca funcionava com Diana.

- É como tudo isso levou ao pedido oficial de noivado? - Anne quis saber.

- Bem, conversamos muito sobre todos os ângulos da situação, e consegui fazer Jerry pensar sobre o assunto, e enxergar o meu lado da questão. Então, ele apareceu ontem à noite em minha casa e fez o pedido. Quase não pude acreditar - os olhos de Diana brilhavam ao se lembrar da noite anterior.

- Então, era isso que queria me contar na escola hoje?- Anne perguntou.

- Sim, mas você não desgrudou de Gilbert um segundo. - Diana reclamou.
- Desculpe- me, Diana. Mas, depois de tudo o que aconteceu no dia em que Mary foi para o hospital, eu quero ter certeza de que o Gilbert está mesmo bem. Vê- lo tão fragilizado me deixou com o coração em pedaços, por essa razão, tenho passado mais tempo com ele, para ter certeza de que tudo aquilo

Ficou no passado.

- E como ele está? - Diana quis saber.

- Ele parece ter se recuperado bem de toda tensão que passou com o problema da Mary. Pelo menos voltou a ser o que era antes e não vou a falar

Nesse assunto.

- Deve ter sido difícil para você vê-lo passar por tudo isso.

- Você não imagina o quanto. Somente percebi a extensão do meu amor por Gilbert quando conheci seu lado mais vulnerável. - Anne sentiu um aperto no coração ao lembrar que Gilbert tentará afastá- la dele no momento em que mais precisava dela. É mesmo agora, sabendo por que ele o fizera, ela sentia uma pontinha de mágoa por ele ter pensado que ela o abandonaria naquela situação, mas também entendia todo o conflito que o levara a agir daquela forma. Agora ela somente precisava de tempo para arrancar de suas lembranças aqueles momentos difíceis.

- Fico feliz que vocês estejam bem de novo, pois vocês já fazem tão parte um do outro que não consigo mais vê- los separados. - Diana apertou a

Mão de Anne com carinho.

- Obrigada, Diana. Eu também não consigo me imaginar sem ele.
- Bem, mas voltando ao principal assunto que me trouxe aqui, quero te convidar para a minha festa oficial de noivado que será no próximo Sábado. Quis vir convidá- la aqui, pois na escola seria bem complicado. Não quero que

todo mundo saiba ainda.

- Me sinto honrada. - disse Anne sorrindo. - E como vocês vão resolver o

problema da distância?

- Bem, Acabamos o ensino médio esse ano, então, viajarei para a França para passar um tempo com Jerry.

- Quer dizer que vou perder minha melhor amiga? - Os olhos de Anne se encheram de lagrimas com a possibilidade de ficar longe da amiga. Era inconcebível para Anne imaginar que isso, aconteceria, pois desde que se conheceram se identificaram totalmente uma com a outra, e se tornaram inseparáveis. Era quase como se perdesse uma parte de seu próprio corpo.

- Você nunca vai me perder Anne. Seremos amigas para sempre. O fato de eu passar um tempo fora não quer dizer que estou abandonando você.

- Mas, o que farei quando tiver que com estar com alguém sobre minhas dúvidas e problemas? - as lágrimas escorriam por seu rosto, molhando a blusa

Branca que estava usando.

- Anne, você não precisa mais tanto assim de mim. Já não é mais a garotinha desajeitada e medrosa que chegou a Avonlea, com apenas uma mala como bagagem e um mundo de sonhos no coração. Olhe para você agora. Transformou-se em uma garota linda, e em pouco tempo será uma mulher maravilhosa, forte, decidida e dona da própria vida. Você sabe que tem outras pessoas que estarão sempre prontas para te ajudar, além do Gilbert é claro. A vida toma rumos inesperados, e haverá um tempo em que todos nós teremos que seguir os nossos próprios caminhos, pois um rio nem sempre corre para o mesmo lugar, mas sabia que estaremos sempre juntas em nossos corações.

Anne chorava sem parar agora, mas sabia que Diana estava certa, não havia como parar o tempo, mesmo que ela desejasse desesperadamente ter o poder de fazer isso. Ao longo de sua vida, conhecera muitas pessoas, e algumas delas ela amara verdadeiramente, mas cada uma seguirá seu próprio destino, deixando apenas lembranças boas que ela nunca esqueceria, mas amigos como Cole e Diana, ela sabia que seriam bem mais que lembranças, pois tinham um pacto de amizade que o tempo jamais devolveria, e sempre poderia contar um com o outro, não importava a distância.

- Você está certa, Diana. Desculpe-me por isso. - Anne apontou para as próprias lagrimas que fizeram um estrago na frente da sua blusa. - Estou sendo egoísta como sempre, você sabe como sou possessiva em relação a você e Cole. Quero que saiba que estou muito feliz por você é pelo Jerry, e desejo que

tenham uma vida feliz e plena juntos.

- Obrigada, Anne. Também desejo o mesmo para você e o Gilbert.

As duas amigas se olharam afetuosamente, sabendo por intuição que amizade que tinham era muito preciosa e que nada no mundo mudaria o amor que sentiam uma pela outra. Depois de algum tempo, Diana se despediu, fazendo Anne prometer que a ajudaria com sua festa de noivado.

Assim que se viu sozinha, Anne se lembrou da conversa que tivera com Gilbert naquele dia na escola, Ele se aproximara dela, no momento em que a observou cruzar o portão de entrada. Parecia animado, sem nenhuma sombra a transtornar-lhe o rosto bonito. Abraçou-a pela cintura, como de costume, e a olhou com quase adoração:

- Como está a namorada mais linda do mundo?

- No momento muito surpreso com a animação do namorado á essa hora da manhã. – Anne respondeu aliviada por ver a alegria espontânea com a qual ele a recebia, depois de passar tantos dias preocupada com ele.

- Eu quero te fazer um convite para amanhã à noite. – ele disse a voz cheia de suspense.

- Qual é o convite? – Anne perguntou curiosa.

- Quero que vá jantar comigo na minha casa amanhã.

- Posso perguntar o porquê desse convite tão inesperado?

- É uma surpresa. – Gilbert deixou-a ainda mais curiosa.

- E quem mais vai participar desse jantar?

- Somente nós dois. O médico de Mary deu autorização para que ela pudesse viajar, então nesse fim de semana, ela e Sebastian vão visitar alguns parentes de Mary em uma cidade vizinha.

- Que coincidência! Marilla e Matthew vão visitar alguns amigos em Charlotte town nesse fim de semana, assim, estarei sozinha em casa. Anne disse ainda intrigada com a expressão tão feliz de Gilbert. O que ele estaria aprontando?

- Ótimo. Assim, você não terá hora para voltar para casa, e poderemos aproveitar melhor à noite.

- O que exatamente está planejando, Gilbert?

- Já disse. É uma surpresa. Será uma noite de gala para nós dois.

- Noite de gala? Na sua casa, Gilbert? Confesso que estou confusa.

- Não é nada demais, Anne. Só quero que se arrume um pouco para o seu namorado. É pedir muito?- ele fez um muxoxo como se estivesse amuado;

- Você sabe fazer chantagem quando quer, Sr, Blythe. Está bem, aceito o seu convite, e prometo que não vou mais perguntar nada sobre isso. – mas por dentro estava morrendo por saber do que tudo aquilo se tratava. Gilbert lhe deu um sorriso brilhante quando disse:

- Eu sabia que você não recusaria. Meu charme sempre funciona.

- Como você é convencido, Blythe. E o pior é que quanto mais cheio de si você fica, mais bonito você me parece.. – Anne disse não disfarçando um sorriso.

- Não disse? Sempre funciona. - Gilbert riu e lhe deu um selinho. levando-a para a sala de aula.

Agora sozinha em Green Gables, enquanto preparava para si mesma o jantar, Anne continuava sem saber quais eram os planos de Gilbert. Tentara tirar mais alguma informação dele quando estavam voltando para casa depois da escola, mas ele continuou fazendo mistério, dizendo que ela saberia assim que a hora chegasse.

Ela terminou o jantar e comeu ali mesmo na cozinha. Matthew e Marilla tinham viajado naquela tarde, e ela se sentiu muito solitária com seu prato de sopa naquela cozinha enorme. Assim, se recolheu cedo, pois não havia muito que fazer, a não ser ler o livro que tinha começado no dia anterior. O sono não demorou a chegar, e Anne deixou a história que lia de lado para mergulhar em uma inconsciência calma e sem sonhos.

Levantou-se no sábado descansada, mas ansiosa. Não conseguia deixar de pensar no convite de Gilbert. Ela sabia que deveria ser alguma coisa muito boa, ou ele não teria aquele olhar tão brilhante quando a deixou em Green Gables na tarde anterior.

Gilbert dissera que viria buscá-la às sete horas, então, ela começou a se arrumar às cinco horas, e como ele dissera que era um jantar de gala, ela teria que encontrar entre os seus muitos vestidos um que estivesse à altura da ocasião. Escolheu um vestido azul marinho de seda, de mangas curtas, cintura marcada e saia rodada que lhe alongavam a silhueta. Deixou os cabelos soltos, prendendo somente uma mexa de lado com uma presilha prateada, completando seu visual com brincos de ouro e a pulseira de gotas azuis que ganhara de Gilbert.

Ele chegou pontualmente às sete, e quando ela abriu a porta ele ficou extasiado com sua beleza. Gilbert correu os olhos por cada detalhe da aparência de Anne, não deixando escapar nenhum pormenor.

- Nossa! Você está linda.. – Anne sempre o surpreendia. Podia vê-la milhares de vezes no mesmo dia, e ela sempre parecia cada vez mais bonita, pois possuía o tipo de beleza que se tornava mais evidente com o passar do tempo, e Gilbert tinha certeza de que quando fosse mais velha do que era agora, se transformaria em uma mulher deslumbrante.

- Você também caprichou, Gilbert. Parece um modelo de passarelas. – Ela disse, examinando-lhe o cabelo caprichosamente arrumado, calça jeans preta e camisa branca de mangas compridas que ele tivera o cuidado de dobrar até os cotovelos, e para completar a aparência elegante, ele usava uma jaqueta de couro preta.

Assim que Anne vestiu seu casaco de inverno, ela e Gilbert caminharam juntos até a fazenda dele. A noite estava fria, mas linda. No céu havia uma lua enorme cercada de estrelas que iluminava o caminho por onde ambos passavam, fazendo com que Anne pensasse no quanto era romântico caminhar de mãos dadas com Gilbert à luz do luar.

Gilbert abriu a porta para ela assim que chegaram, e Anne ficou ainda mais intrigada por ver que tudo parecia normal para ela, sem nada especial que despertasse seu interesse. Vendo-lhe o ar desapontado, Gilbert sorriu e disse:

- Venha comigo. A surpresa te espera lá em cima. – pegou a mão dela e subiram as escadas, indo direto para o quarto dele. Quando Anne acendeu a luz, não conseguiu abafar um grito de surpresa. Gilbert tinha enfeitado o quarto com algumas bexigas perto da janela, e espalhara por todo chão coraçõezinhos de papel vermelho, e em cima da cama ele colocara pétalas de rosa. No centro do quarto, havia uma mesa arrumada para o jantar onde um vaso com uma rosa vermelha dava um toque todo especial ao ambiente.

- Que coisa maravilhosa, Gilbert. Como conseguiu arrumar tudo isso em tão pouco tempo?

- Tive você como inspiração. – Ele respondera. Na verdade, passara a noite em claro para conseguir recortar todos aqueles corações.

- Ficou lindo. De verdade. – beijou-o no rosto. - Mas, você não disse o que estamos comemorando?

- Você não se lembra, mesmo?- Anne balançou a cabeça em negativa e sorrindo, ele disse: -

- Hoje faz um ano que voltei para casa e encontrei o amor da minha vida. Então, achei que esta data merecia uma pequena comemoração. – Anne arregalou os olhos surpresa e depois olhou para Gilbert maravilhada.

- Nossa, Gilbert. Já faz um ano que tudo isso aconteceu? – então, uma lembrança chegou até ela, e Anne sorriu. – E pensar que você voltou bem no dia que cortei meu cabelo curto. Quando te vi quis me enviar embaixo da primeira carteira que encontrasse.

- E eu te achei a garota mais linda que já tinha visto.

- Se você conseguiu me achar bonita com aquele cabelo horrendo, então nunca mais vou duvidar do seu amor.

- Você é linda de qualquer jeito Anne, eu sempre te digo isso. - Anne sentiu-se corar pelo elogio, depois disse:

- Será que podemos jantar? Estou morrendo de fome.

- Claro, venha se sentar-se à mesa que vou te servir.

Jantaram a luz de velas, com os olhos perdidos um no outro. Às vezes Anne pegava Gilbert contemplando-a fixamente, e ela desejou saber o que ele estaria pensando, mas não teve coragem de perguntar. Em alguns momentos com Gilbert, ela ainda se sentia tímida, e não sabia o que dizer, preferindo ficar calada.

Após servir a sobremesa, Gilbert colocou uma música suave, e puxou Anne para dançar, Começaram a se mover devagar, seguindo o ritmo um do outro, seus rostos colados, corpos unidos em uma dança lenta e sensual.. Anne seguia cada movimento de Gilbert, sentiu cada fibra de seu corpo reagir à proximidade dele. Então, ela começou a se lembrar de todos os momentos em que passara com ele, desde que Gilbert voltara até aquele momento em que estavam perdidos nos braços um do outro. Seus sentidos começaram a se inflamar e a entrar em combustão, como se nada mais importasse para ela a não ser aquele garoto que ela amava e que era o centro do seu mundo. Todas as suas dúvidas desapareceram, deixando em seu lugar a certeza absoluta de que ela e Gilbert se pertenciam, e não havia mais nada que pudesse modificar essa verdade.

Decidida, Anne deu um passo para trás se separando de Gilbert. Sem desviar os olhos dos de Gilbert, ela encontrou o zíper do vestido em suas costas, abriu-o e deixou que o vestido caísse livre até seus pés. Gilbert ficou maravilhado com a visão de Anne só de lingerie lilás. A pele dela brilhava como se fosse de madrepérola, os cabelos ruivos caiam pelas costas maravilhosamente onduladas, e os olhos dela estavam cheios de amor por ele.

- Anne, tem certeza? – queria dar a ela tempo para pensar ou desistir se fosse o caso, mas esperava que ela não o fizesse. Ele a queria demais e vê-la assim à sua frente fazia com que sentisse a excitação tomar conta de todo o seu ser, sendo difícil de controlar o desejo que sentia de tê-la em seus braços.

- Sim. Gilbert. Tenho certeza. A vida é muito curta para que eu queira desfrutar dela sozinha. Quero passar todos os dias que me restam nesse mundo ao seu lado, e quero começar a fazer isso agora. – olhou para ele cheia de expectativa, mas Gilbert apenas se limitou a ouvir o que Anne dissera, pois estava emocionado demais para conseguir falar. Desabotoou a camisa e deixou-a largada em um canto do quarto, em seguida retirou a calça jeans, ficando somente de sunga na frente dela. Ele então se aproximou devagar, pegou a mão dela, levou-a aos lábios e a puxou suavemente até a cama. Deitou-a entre as pétalas de rosas, os cabelos ruivos espalhados por seu travesseiro como ele tantas vezes tinha sonhado. Observou Anne por um momento, dizendo a si mesmo o quanto ela era perfeita de todas as maneiras. Logo, Gilbert se juntou a ela, cobrindo o corpo de Anne com o seu, beijando-a como se nunca a tivesse beijado antes.

Anne sentia a magia daquele momento envolvê-la, e os beijos de Gilbert fazia sua paixão chegar ao auge da loucura, como se ela fosse engolida por um furacão de sensações. De repente, os lábios de Gilbert estavam, por toda parte, e ela nunca pensou que se entregaria a alguém daquela maneira. Era como se flutuasse entre a realidade e o sonho, e a única coisa na qual conseguia se concentrar era no garoto que fazia com que seu sangue fervesse como se fosse adrenalina líquida.

Fizeram amor a noite inteira, como se não conseguissem saciar o desejo que sentiam um pelo outro. Gilbert sentia como se estivesse em um jardim de delícias que o mantinha totalmente fascinado. Estava dominado por um fogo que o queimava por dentro, e somente era aplacado pelas mãos daquela deusa ruiva que tocava seu corpo com a delicadeza de seda pura. Quando alcançaram o paraíso juntos, estavam completamente saciados e em paz consigo mesmos. Gilbert olhou para Anne e viu seu sorriso lindo dançando em seu rosto relaxado e feliz, e pensou consigo mesmo que jamais se sentira tão completo como naquele momento. Ele amava aquela garota mais que tudo, e sentiu que naquele interlúdio de amor, não partilhavam somente seus corpos, mas também seus corações.

Anne sentiu o olhar de Gilbert sobre ela, e se sentiu completamente conectada àquele garoto que lhe dera a noite mais maravilhosa de sua vida. Nunca se arrependeria daqueles momentos, nos quais Gilbert lhe mostrara como era amar alguém por inteiro, levando-a até lugares onde ela nunca imaginou que existiam. Era dele agora, muito mais do que já tinha sido, e saber que Gilbert também lhe pertencia a fazia se sentir tão poderosa, que poderia enfrentar o mundo inteiro somente para viver aquela emoção gigantesca novamente. Sentia-se serena, completa e terrivelmente apaixonada.

O sono os alcançou assim que a madrugada chegou, e dormiram enroscados um no outro. Lá fora nenhum som se ouvia, havia uma calmaria no ar, um silêncio conspirador que trazia somente bons sentimentos ao coração, como se promovesse uma festa particular, uma dança dos sentidos, uma celebração do amor.

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Olá, queridos leitores. Este capítulo é especial, mas não vou falar sobre ele, pois quero que vocês tenham suas próprias impressões, sem influência de minhas palavras. Somente peço que leiam com o coração aberto e deixem a imaginação levar vocês até onde quiserem ir. Espero pelos comentários, Beijos, Rosana.


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