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Capítulo 25 Na Magia da paixão

ANNE

Finalmente era novembro, Anne pensou, pois era um mês que anunciava muitas festividades como o Natal, data que a menina adorava e que somente passara a comemorar depois que viera viver com os Cuthberts. Antes, quando ainda estava no orfanato, o Natal era apenas uma data como outra qualquer, ninguém se importava com as crianças que ali viviam, não tinham uma árvore de Natal e nem uma ceia especial, raramente ganhavam presentes, a não ser quando alguma alma bondosa se sentia sensibilizada o bastante para ser tocada pelo espírito natalino, e trazia algumas lembrancinhas para serem distribuídas para os órfãos daquele lugar. Mas nunca eram suficientes, então, as crianças maiores eram obrigadas a abrir mão de seus presentes para as menores, o que sempre as fazia se lembrar do quanto estavam sós no mundo.

Anne não tinha boas lembranças daquela época, mas isso não tinha a haver com os presentes que quase nunca ganhava ou com a  comida sempre racionada, tinha a ver com ter uma família e ser amada e querida. Tinha a ver com ter amigos que se importavam e que não estariam em sua vida por apenas um dia, por caridade ou peso na consciência. Tinha a ver com tudo o que se relacionava ao significado de ter um lar, que agora ela tinha e agradecia aos céus todos os dias por isso.

Anne nunca acreditara em Papai Noel, pois nunca lhe deram chance para isso, Desde pequena lhe disseram que ele não existia que era invenção de pessoas que só queriam lucrar com isso, mas ela sempre invejara secretamente as crianças que conseguiam acreditar e que todos os anos escreviam cartas simbólicas que nunca seriam enviadas, pedindo ao bom velhinho um presente qualquer, e não perdiam a fé quando nada recebiam, pensando que se fossem mais boazinhas ou estudiosas no próximo ano, Papai Noel traria o que tanto desejavam. Embora em seu coração a menina soubesse que tudo isso era uma linda ilusão, que se acabaria quando o dia de Natal chegasse, ela nunca lhes dizia nada sobre o que sabia ou pesava sobre o assunto, pois não queria acabar com o brilho nos olhos de seus pequenos amigos,ou deveria dizer irmãos de criação, quando vinham lhe mostrar suas cartinhas, esperançosos de serem atendidos. O engraçado é que no último ano em que vivera no orfanato, uma dessas crianças insistira para que Anne também escrevesse uma carta ao Papai Noel, e a menina não tivera coragem de recusar e por brincadeira pedira uma família em sua carta. Agora pensando sobre isso, Anne percebera que fora atendida, pois além de ganhar a melhor família do mundo, amigos com que podia contar, também ganhara Gilbert, o garoto mais maravilhosos que já tivera o prazer de conhecer, e que a amava pelo o que ela era, e por tudo isso Anne seria eternamente agradecida. Talvez Papai Noel existisse afinal.

Novembro era também um mês de dar graças a tudo de bom que as pessoas conquistaram durante o ano. Esta era outra data sobre a qual aprendera com os Cuthberts, e era sempre comemorada na última quinta-feira do mês, e famílias se reuniam em volta de uma grande mesa farta de comida e bebida, e faziam suas orações de agradeciment, pedindo proteção para o próximo ano. Anne estava ansiosa por esse dia, pois no ano anterior não o tinham comemorado por causa dos problemas de saúde de Matthew, mas esse ano, Marilla prometera que seria diferente. Fariam um ótimo almoço ao invés da ceia em Green Gables e Anne poderia convidar quem ela quisesse, e a menina já fazia uma lista mentalmente de quem ela gostaria que participasse deste almoço tão especial.

Lembrou-se de Cole e ficou triste. Queria muito que o amigo estivesse ali para comemorar o dia de Ação de Graças com ela, mas ela sabia que isso não seria possível, já que ele ainda não tinha terminado seu ano letivo na escola de artes de Paris na qual estudava. A única coisa que Anne recebera dele fora apenas um cartão desejando-lhe um feliz dia de Ação de Graças e dizendo que viria visitá-la assim que pudesse, e ela esperava que isso acontecesse no Natal, pois estava até lhe preparando um presente especial.

Anne estava em seu quarto como de costume, e fazia seus deveres que deveriam ser entregues na próxima aula quando ouviu passos na escada. De repente, os passos cessaram ao alcançar sua porta, e Diana Barry entrou toda afogueada com um grande sorriso nos lábios e se jogou na cama da menina dizendo:

- Santo Deus! Como estou cansada! Minha mãe me fez caminhar por uma hora, só para encontrar uma modista que ela cismou que é a única capaz de me fazer roupas decentes. Devo te dizer Anne. Jamais pensei que seria tão difícil fazer dezessete anos. Se eu soubesse que teria todo esse trabalho para participar de festas para as quais nem quero ir, ficaria com dezesseis anos para sempre.

- Não seja tão dramática, Diana. Você sabe que isso não seria possível, mesmo que você tivesse a síndrome de Peter Pan. Muitas garotas adorariam ter as oportunidades que você está tendo, e embora, eu não aprecie metade das atividades nas quais você está envolvida no momento, sei que muita gente faria até o impossível para comprar todos esses vestidos e ir a todos esses eventos dos quais você tem reclamado tanto ultimamente. - Anne disse pacientemente, pois desde a sua festa de dezessete anos, Diana reclamava da mesma coisa todo santo dia.

- Então acho que nasci na família errada. Em minha opinião tudo isso é desnecessário e fútil. – Diana disse de maneira dramática.

- Bem, sinto lembrá-la, minha cara amiga que você prometeu ao seu pai que faria tudo o que sua mãe desejasse desta vez, só para variar, Então, é melhor que se acostume, pois creio que ela não economizará nem nos vestidos e nem nos convites.

- É você tem razão. Vou tentar ser mais paciente. Mas me diga. Como andam os preparativos para o almoço de amanhã? – Diana perguntou interessada,

- Muito bem. Marilla está muito animada, você sabe o quanto ela gosta de cozinhar. Ela parece outra pessoa quando está preparando uma de suas receitas, eu até a peguei cantarolando outro dia. – Anne riu da lembrança, e mais ainda quando reproduziu em sua mente a cara que Marilla fez, quando viu a menina observando-a. Ela tentara disfarçar, ralhando com Anne sobre algo que acontecera na semana anterior, mas corara violentamente quando percebera que a menina se divertia com o ridículo da situação.

- Isso eu queria ter visto. Nunca vi Marilla cantar nada na vida. Ela sempre me pareceu séria e austera demais para isso.

- Até que ela tem talento. A voz dela é melodiosa e afinada. Não sei por que ela não canta no coral da igreja.

- Você devia fazer esta sugestão para ela.

- Talvez eu a faça um dia, quando eu tiver certeza de que ela não vai me matar por isso.- As duas meninas caíram na gargalhada ao imaginar toda a cena.

- Quantas pessoas virão para o almoço?- Diana se sentou na cama ajeitando a saia do vestido.

- Além de você e o Jerry, Marilla convidou o pastor Jackson e a esposa, e duas senhoras da igreja. Eu convidei o Gilbert, Sebastian e Mary, mas não tenho certeza se todos virão.

- Eu virei com certeza, mas tenho que te avisar que partirei logo após o almoço, pois minha família foi convidada para a ceia de Ação de Graças na casa de uma das primas de minha mãe, e como é fora da cidade, teremos que sair cedo de casa se quisermos chegar a tempo.

- Que pena Diana! Pensei que poderíamos fazer alguma coisa juntas depois. - Anne se lamentou com a amiga.

- Desculpe-me Anne, por isso. Mas tenho certeza de que você se divertirá bastante, afinal o Gilbert estará aqui. Aliás, creio que você anda se divertindo muito ultimamente com ele, ou estou errada?- Diana disse maliciosamente.

- Diana, pare já com isso. Você está me deixando sem graça- Anne disse vermelha como pimentão.

- Anne, não precisa ficar envergonhada. Somos amigas, e gostaria muito que confiasse mais em mim.

- Eu sempre confiei em você.

- Então me diga como você e Gilbert andam se divertindo. - a amiga insistiu.

- A gente namora, Diana como todo mundo.

- Anne, eu não sou boba e nem cega, Já percebi a maneira como você se olham e quando estão juntos dá para sentir que a atração que existe entre vocês é forte. É perfeitamente normal que exista a partir daí certas intimidades entre um casal.

- Eu não gostaria de falar sobre isso, pelo menos, ainda não. Quando eu me sentir mais confortável a gente conversa sobre isso. - Apesar de serem amigas, Anne ainda não conseguia falar de coisas tão pessoais para ela. Não se envergonhava do que sentia por Gilbert, mas era algo íntimo demais para que ela conseguisse discutir sobre isso sem que se sentisse completamente despida de si mesma.

- Está bem, Anne. Não vou insistir. Só quero que saiba que pode falar comigo quando precisar, pois embora eu não tenha tanta experiência assim neste assunto, sempre tive com que conversar sobre ele, e estarei aqui se um dia você achar que deve falar com alguém. – A mãe de Diana sempre fora aberta com ela a respeito desse assunto, pois acreditava que era importante a filha saber como era a intimidade entre um homem e uma mulher. Assim não seria surpreendida na noite de núpcias como tinha ocorrido com ela própria, que se casara totalmente inocente sobre tais coisas, e tivera que aprender sozinha como lidar com elas. Diana nascera em uma época privilegiada onde se falava mais sobre o assunto, e a mulher tinha mais liberdade para expressar suas opiniões. O mundo estava mudando e a sexualidade não era mais um tabu tão grande, e as pessoas se sentiam mais a vontade para agirem de acordo com seus próprios princípios e não tanto pelo que a sociedade pregava. Diana se sentia grata pela mãe pensar assim, apesar dos muitos preconceitos que ela ainda tinha em relação a muitas coisas, sua mãe tentara prepará-la da melhor maneira possível para além de ser uma boa esposa também desempenhasse com orgulho o seu papel de mulher.

- Obrigada, Diana. Tentarei me lembrar disso. - Anne respondeu sorrindo.

- Bem, preciso ir ou minha mãe vai surtar pensando que desapareci com tantos compromissos que temos agendado. Prometo que amanhã chegarei aqui mais cedo para te ajudar com o almoço de Ação de Graças. - se levantou e se dirigiu para a porta.

- Não é necessário. Marília e eu já deixamos tudo pronto. Só a sua presença aqui conosco nos deixará muito feliz, mesmo que por pouco tempo. – Anne disse acompanhando a amiga nos lances de escada.

- Você tinha que me lembrar. - Diana fez uma careta ao lembrar que teria que viajar com a mãe para casa de uma parenta que não lhe agradava em absoluto. - Preferia ficar aqui com vocês.

- Eu também queria que ficasse, mas a minha amiga resolveu se tornar alguém importante na sociedade que quase não tem mais tempo para as velhas amizades.

- Nem fale isso. Você sabe que sou obrigada a comparecer a esses eventos por causa da minha mãe.

- Eu sei Diana, estava só brincando. Eu sei o quanto tudo isso tem custado a você. Mas pense que é só por um tempo, logo tudo vai passar e você poderá voltar a sua vida normal.

- Espero que esteja certa ou vou ficar maluca. - beijou Anne e se foi como uma lufada de vento, exatamente como chegou.

Anne pensou no almoço do dia seguinte, e esperava que todos os convidados pudessem vir. Marilla ficaria feliz em exibir seus dotes culinários e Matthew adoraria ter gente mais interessante para conversar do que uma adolescente e sua velha irmã. Quanto a ela, ficaria satisfeita apenas de estar rodeada de pessoas que amava, mesmo que uma delas estivesse faltando. Logo seria Natal, e sua roda de amigos estaria completa, e então tudo ficaria perfeito, novamente, pois Cole estaria em casa, e a vida voltaria a ser como era como se ele nunca tivesse partido.

GILBERT

A brisa fresca do outono tocou o rosto de Gilbert, fazendo brotar um sorriso suave em seu rosto. Seus olhos castanhos fitaram o horizonte, e ali de sua varanda, ele podia sentir que o dia seguinte seria bonito, pois o céu parecia limpo e não havia nenhuma previsão de chuva eminente. Assim, o almoço de Ação de Graças planejado por Marilla seria bastante proveitoso sem a ameaça de um temporal que poderia comprometer a chegada de algumas pessoas até Green Gables, pois como as estradas não estavam nas melhores condições, quando chovia se tornavam um lamaçal, impedindo drasticamente o trânsito de qualquer veículo que se atrevesse a aparecer por ali em meio ao mau tempo.

Esperara que Mary e Bash o acompanhassem no almoço, mas Mary logo anunciara que tinham outros planos. Uma amiga que trabalhara com ela os convidara para a ceia em sua casa, e como ela morava um pouco afastada de Avonlea, teriam que sair cedo de casa.

- Acha que é prudente, Bash? Mary está quase entrando no último mês de gravidez, e uma viagem assim poderia ser perigoso para ela. - Gilbert dissera ao amigo.

- Não se preocupe Gilbert. A amiga de Mary não mora tão longe daqui, e nos prometeu enviar um carro grande e confortável para transportar Mary até lá. Além do mais, consultei o médico dela e ele disse que não teria problema nenhum, desde que a viagem não fosse tão cansativa para ela. Passaremos a noite lá e voltaremos na sexta à tarde. - Sebastian explicou para Gilbert que exibia um semblante preocupado pelo estado de Mary.

- Bem, se o médico dela autorizou, não direi mais nada. Espero apenas que tenham cuidado. Anne vai ficar triste. Você sabe o quanto ela gosta de vocês dois. Ela até já se considera, madrinha do bebê.

- Me desculparei com ela depois. Mary desejava muito visitar essa amiga e eu não podia negar a ela esse pedido. - Sebastian disse quase se desculpando.

- Não se preocupe. Direi a Anne o que aconteceu. Tenho certeza de que ela vai entender

- Espero que possamos compensá-la por isso.

- Tudo bem, depois combinamos alguma coisa. Quer dizer que estou por minha conta amanhã?

- De certa forma. Já está planejando uma festa de arromba na nossa ausência? - Sebastian riu de suas próprias palavras. Gilbert era a última pessoa no mundo que ele imaginaria dando uma grande festa barulhenta para os amigos.

- Quem sabe? – Gilbert respondeu em tom de brincadeira.

Mas, naquele momento em que estava sentado em sua varanda pensando sobre os acontecimentos do dia, admitia que tanto Mary quanto Sebastian fariam falta no almoço de Marilla. Um pensamento repentino cruzou sua mente, fazendo-o se lembrar que outra pessoa também faria muita falta naquele dia. O coração de Gilbert deu um pulo agoniado quando o fez pensar no quanto o pai adorava o dia de Ação de Graças, assim como adorava o Natal. Todos os anos, ele e Gilbert passavam o dia fora de casa fazendo algo diferente. Às vezes, iam até a praia dar alguns mergulhos e fazer piquenique na areia, ou iam para alguma cidade pequena, de preferência histórica, pois o pai de Gilbert apreciava muito visitar museus e pontos turísticos. Depois, almoçavam em um restaurante local e voltavam para casa quando estava anoitecendo.

Era a primeira vez que ele passava aquela data sem a presença do pai em casa, pois no último ano Gilbert estivera viajando pelo Atlântico, e fizera o possível para não se lembrar da ausência do pai, empregando toda a sua energia no trabalho. Mas neste ano, teria que encarar a sua perda e embora o menino lidasse bem com toda a situação, no fundo ele sabia que a morte de seu pai ainda pesava em sua alma e doía demais. Gilbert sabia que o Natal seria pior, por isso agradecia profundamente por ter Sebastian e Mary por perto, e sua linda Anne que fazia os dias de dor se transformarem em flores, pois o seu amor por ela consolava sua alma.

Gilbert também pensava na mãe, mas sua ausência era sentida por ele de maneira diferente. Ele nunca a conhecera e tudo o que sabia sobre ela era o que o pai lhe contara. Havia uma foto na gaveta do criado mudo do pai que o ajudava a ter uma ideia de como ela fora fisicamente quando jovem. Ela tinha sido uma mulher linda, loira de olhos verdes, cabelos longos e ondulados e trazia um sorriso doce no rosto que a deixava ainda mais encantadora. Aquela foto fora tirada quando os pais tinham acabado de se casar, e tinham feito tantos planos para o futuro, os quais foram violentamente interrompidos pela morte precoce de sua mãe, e por essa razão, o pai a idolatrara por toda a vida, e foi perdendo um pouco de sua vivacidade depois que ela partira, mas nunca deixara o filho esquecer a imagem da mulher que tinha se tornando para ele quase como se fosse uma santa, por sua bondade e amor com os quais o tinha presenteado pelo tempo que durara sua curta vida.. Assim, toda vez que a imagem da mãe surgia em sua mente, parecia ouvir voz do pai contando-lhe como se conheceram, quando se casaram e a como fora a vida que tiveram juntos.

- Gilbert, tem alguma coisa errada?- a voz de Mary interrompeu seus devaneios e o menino olhou para ela um tanto surpreso pela pergunta.

- Não, por quê?

- Porque você está com o rosto sério e o olhar perdido como se estivesse analisando algo profundamente Não é nada coma Anne, não é?- Mary perguntou preocupada.

- Claro que não. Anne e eu estamos nos entendendo muito bem. Estava pensando nos meus pais.

- Deve ser difícil para você viver nesta casa onde existem tantas lembranças. Ainda mais porque datas familiares estão chegando,

- É difícil, mas procuro me lembrar somente dos momentos alegres que tivemos. Mas creio que este ano, o Natal não será tão triste como o do ano passado quando estava em alto-mar, pois tenho você e Sebastian, e graças a todos os anjos do céu, eu tenho a Anne. Então creio que posso dizer que estou feliz.

- Que bom que pensa assim, Gilbert. Eu estava preocupada com você.

- E eu estou preocupado com você. Embora Bash tenha me dito que não existe um perigo real, eu não me sinto confortável com a ideia de você viajar tão perto de dar a luz.

- Não se preocupe Gilbert. Está tudo bem. Eu prometo que não vou abusar, Não vai ser uma viagem longa, e iremos de carro até a casa de minha amiga Helena, ela já providenciou tudo.

- Mesmo assim, não consigo concordar com isso, mas se você se sente feliz com essa visita, então não vou mais falar sobre isso.

- Obrigada pela sua preocupação, querido. Significa muito para mim. - Mary abraçou Gilbert com carinho, depois se afastando dele perguntou:

- Você e Anne vão se encontrar hoje?

- Não, ela disse que tinha que ajudar Marilla com os preparativos de amanhã, então decidi não atrapalhá-la hoje. - Na verdade, ele já estava quase arrependido disso, pois se acostumara tanto a vê-la todas as tardes depois da escola, que já estava sentindo uma saudade gigante dela. Não podia negar que seus sentimentos por ela tinham aumentado, e já não conseguia mais imaginar um futuro sem ela.

- Que tal uma xícara de chá? Assim podemos continuar nossa conversa lá dentro longe desse ar frio. - Mary sugeriu sentindo-se gelada pela brisa que soprava.

- Ótima ideia. - Gilbert a abraçou pelo ombro e ambos foram para a cozinha, onde passaram os minutos seguintes envolvido em uma ótima conversa regada a muito chá, carinho e cumplicidade.

Quando Sebastian chegou em casa horas depois, ainda os encontrou assim, em uma profunda discussão sobre o nascimento do bebê, e ele se juntou a eles, louco por uma xícara de chá, e a companhia da esposa, e pensou consigo mesmo que essa era sem dúvida a melhor parte do seu dia.

Gilbert e Anne

Anne recheava os últimos pasteizinhos para o almoço de Ação de Graças, quando batidas fortes na porta a fizeram derrubar o pote de maionese que tinha nas mãos.

- Que droga!- Ela exclamou ao ver o chão da cozinha todo sujo de maionese, ao mesmo tempo em que percebeu que as batidas continuaram. Quem será que estava tão desesperado para falar com ela naquela manhã? Limpou as mãos rapidamente no avental, e correu para atender a porta que parecia que desabaria com a força das batidas.

- Estou indo. - Anne gritou já irritada com aquele som ensurdecedor.

Estava mentalmente preparando milhares de desaforos para dizer ao ser petulante que estava do lado de fora, quando ao abrir a porta encontrou Muddy exibindo um sorriso enorme eu seu rosto redondo.

- Oi, Muddy. Aconteceu alguma coisa?- Anne perguntou. O menino raramente aparecia por ali e nunca sem um bom motivo.

- Oi, Anne. Desculpe-me pela insistência das batidas, mas achei que ninguém tinha me escutado.

- Eu estava na cozinha finalizando os preparativos para o almoço de Ação de Graças, por isso demorei em atender. Mas qual é o motivo de sua visita tão repentina, precisa de algo?

- Na verdade preciso de algo para outra pessoa. - Muddy respondeu. - Tem uma pessoa aqui que quer falar com você. - então desocupou o espaço entre ele e Anne, e assim ela pôde ver que Ruby estava bem atrás dele, esperando sua deixa para se manifestar.

- Oi, Anne. - Ruby disse parecendo um pouco constrangida.

- Oi, Ruby. Você está bem?

- Sim, obrigada. Eu vim aqui por que... - parou de falar sem jeito, olhando para Muddy em busca de encorajamento, em seguida recomeçou a falar. - Eu queria me desculpar pelo o que ocorreu naquela festa, e por todo o vexame que fiz você e Gilbert passar.. - disse tudo de uma vez antes que se arrependesse.

- Ruby, não se preocupe com isso. Eu já te desculpei. Você não sabe o quanto senti falta de nossa amizade e...

- Anne, - Ruby disse interrompendo-a. - Eu disse que vim até aqui para me desculpar por uma atitude que tomei impensadamente, mas não disse que estou aqui como sua amiga. Eu ainda estou tentando me acostumar com a ideia de você e Gilbert estarem namorando. Não tenho mais ilusões a respeito desse assunto, mas tudo o que aconteceu ainda dói demais, e não consigo dissociar você de toda essa situação desagradável. Preciso de mais tempo para entender toda essa situação. Você compreende, não é?

- Claro. – Anne respondeu fazendo o possível para esconder sua decepção, e aparentando alegria falou para Ruby. - Estamos preparando um almoço de Ação de Graças. Não gostaria de ficar e se juntar a nós?- Anne perguntou esperançosa.

- Não, obrigada. Vou almoçar coma família de Muddy. Ele me convidou hoje de manhã. - Anne olhou pra o menino que se mantinha calado durante todo o diálogo das duas, e sorriu para ele que retribuiu.

- Bem, acho que terminei o que vim fazer aqui. Feliz dia de Ação de Graças. – Ruby disse sem sorrir.

- Obrigada, para você também. - Anne viu a menina se virar e se afastar dela com Muddy a seu lado e a chamou:

- Ruby! - esperou a menina se virar para ela, e então perguntou. - Acha que algum dia voltaremos a ser amigas?

- - Quem sabe?- Ruby respondeu sem muito interesse, e recomeçou a caminhar.com Muddy a seu lado.

Anne voltou para dentro, e começou a limpar o chão vigorosamente, até que ele voltasse a brilhar e todo vestígio de maionese tivesse desaparecido.. Ficara chateada por Ruby ter recusado seu pedido de reatarem a amizade, mas compreendia que não devia ser fácil para ela, como não era para Anne lidar com seus sentimentos conturbados. Esperava apenas que um dia tudo voltasse a ser como antes.

Quando Marilla voltou com Matthew da casa de Rachel, local onde estiveram nas últimas duas horas, encontrou a cozinha todas organizada e disse surpresa:

- Parece que você esteve ocupada.

- É aproveitei que vocês estavam fora para dar um jeito na cozinha.

- Muito obrigada, - Marilla disse. - Agora podemos terminar de preparar o que falta para o almoço.

- Nós temos apenas que colocar a cobertura de morango nos bolos que você preparou. O resto, eu consegui terminar. - Anne respondeu.

- Então, mãos a obra garota. - Marilla falou para Anne enquanto colocava seu avental por cima do vestido e checando em que ponto os bolos estavam.

Quando se aproximava do meio dia, toda a comida e mesa já estavam prontas e preparadas à espera dos convidados. Diana e Jerry foram os primeiros a chegar e traziam como contribuição para o almoço o famoso bolo de milho da mãe de Diana.

- E ai, precisando de ajuda, Anne?

- Não. Estamos bem. O almoço será servido assim que todos os convidados chegarem. Se vocês quiserem comer algo antes do almoço, Marilla preparou alguns petiscos.

- Por que não disse logo? Estou morrendo de fome. - Diana disse rindo e puxou Jerry para a cozinha.

Gilbert foi o próximo a chegar e também trazia algo pra o almoço. Mary preparara uma torta de frango e suco de abacaxi com hortelã. O preferido de Anne.

- Obrigada, meu gentil senhor. - disse Anne, fazendo uma mesura quando Gilbert lhe entregara o prato e as bebidas que trouxera. Depois atirou os braços em volta do pescoço do namorado e deu-lhe um beijinho rápido, pois sabia que Marilla não aprovada demonstrações de carinho em público.

- Onde estão Sebastian e Mary? – Anne quis saber.

- Tiveram outro compromisso e por isso não puderam vir. Pediram-me para agradecer o convite me desculpar em nome deles.

- Que pena. Mas teremos outras oportunidades como esta para nos reunirmos.

- Ah, isso me lembra outra coisa. Será que depois do almoço podemos dar uma volta? Quero te levar a um lugar importante para mim. - Gilbert acariciou o rosto de Anne com o polegar.

- Claro, mas que lugar é esse?

- É uma surpresa. - ele disse enigmático

- Está cheio de mistérios Sr. Blythe. O que está aprontando?- Anne perguntou com cara de menina travessa que Gilbert adorou.

- Não é nada demais, Anne, É só um lugar que quero que você conheça. Depois podemos ir à praia. O que acha?

- Ir à praia com esse tempo frio? Não sei se congelar no oceano gelado é minha Idea de diversão.

- Não precisamos mergulhar se não quiser. Podemos ver o pôr o sol juntos.

- Essa ideia me agrada mais. Combinado, então. - Anne pegou na mão de Gilbert e a manteve unida a sua por um bom tempo. Logo, o pastor Jackson, sua esposa e as suas senhoras da igreja convidadas por Marilla chegaram e o almoço pôde ser servido.

Todos pareciam animados e felizes durante o almoço, e conversavam o tempo todo. Anne aproveitou o momento para contar a Gilbert sobre a visita de Ruby.

- A Ruby veio me visitar hoje. - ela percebeu o menino ficar tenso e colocar o copo de suco que estava tomando sobre a mesa com cuidado.

- O que ela queria dessa vez?

- Queria se desculpar foi o que eu disse.

- E você acreditou?- Gilbert perguntou irritado brincando com a comida de seu prato.

- Ela me pareceu sincera. Não foi como se viesse aqui implorando pelo meu perdão. Ruby simplesmente me disse que sentia muito por tudo o que ocorreu na festa, e eu acreditei nela. - Anne tomou um grande gole de suco de abacaxi com hortelã.

- Anne, não é possível que você seja tão ingênua assim. Se você pensa que isso significa que ela te perdoou por estar namorando comigo, você está completamente enganada, Ruby é tão rancorosa que jamais vai esquecer o que aconteceu.

- Será, Gilbert? Será que nunca mais poderemos ser amigas. - Gilbert viu os olhos dela ficarem tristes, e se compadeceu de seu sofrimento.Acariciou a mão dela que descansava sobre a mesa e perguntou:

- Anne, por que a amizade dessa garota é tão importante para você?

- Porque ela e Diana foram as únicas pessoas que me acolheram quando cheguei aqui sozinha e amedrontada. Se não fosse por elas, eu estaria até hoje sendo menosprezada pelas pessoas de Avonlea. Custa-me acreditar que nossa amizade tão linda tenha acabado assim.

- Anne, eu entendo os seus sentimentos, mas odeio te ver sofrer assim à toa. Não pense tanto nisso, você tem tantas pessoas que te adoram. Por que perder seu tempo com uma garota que pelo jeito nunca teve consideração por você? Tente esquecer, está bem?

- Prometo que vou tentar. - Anne disse com um meio sorriso.

- Agora. Vamos deixar esse assunto para lá. Não quero estragar o almoço por causa desta menina. - Gilbert disse, tomando mais um pouco de seu suco.

- Tudo bem, concordou Anne. - e assim passaram a hora seguinte ouvindo e rindo das histórias que o Pastor Jackson contava sobre os lugares onde vivera com sua família antes de chegar em Avonlea. Anne teve que admitir que, quando ele deixava de lado o seu papel de pregador e crítico sobre a vida de seus fiéis, ele era uma pessoa muito engraçada.

Logo após o almoço, Gilbert voltou para sua casa somente para trocar de roupa para irem à praia. Antes de sair, Anne perguntou para Marilla:

- Vou sair com o Gilbert, Marilla. Precisa de minha ajuda para alguma coisa?

- Não querida. Pode ir se divertir com seu namorado. Pode deixar que ajudamos Marilla com a limpeza.- uma das convidadas de Marilla falou para Anne.

- Obrigada. - Anne disse, e enquanto ia para seu quarto, ouviu uma das amigas de Marilla dizer:

- Você viu Anne e o namorado dela? Que lindo casal, não?- Anne sorriu com o comentário, e entrou em casa. Colocou um biquíni e por cima dele vestiu um short preto e uma camiseta branca. Esperou Gilbert chegar e quando ele apareceu, trazia com ele uma bolsa grande que deixou Anne intrigada.

- O que é isso, Gilbert?

- Não seja curiosa, quando chegarmos à praia te mostro. - assim, o menino desconversou, pegou na mão de Anne e começaram a andar. Pegaram uma estrada íngreme cheia de pedrinhas que dificultavam a caminhada, além de machucar os pés. Não havia muitas árvores pelo caminho, dando a paisagem um aspecto desolador, Caminharam cerca de trinta minutos até chegarem ao lugar onde Gilbert disse que queria levá-la. Anne olhou para a entrada e não conseguia entender porque estavam ali, olhou para o namorado com estranheza e perguntou:

- O cemitério Gilbert? Por que queria me trazer aqui?

- Venha comigo. Você já vai entender. - ele lhe sorriu encorajando-a.

Andaram por entre várias lápides e pararam em frente de uma. Anne leu os nomes impressos no túmulo branco e impecavelmente limpo, que diziam "John Blythe e Lucy Blythe, esposo dedicado e esposa muito amada".

- Gilbert, por que me trouxe até o túmulo de seus pais?

- Eu queria te apresentar para eles.

- Me apresentar para eles?- Anne olhou para o namorado como se ele tivesse enlouquecido. - Gilbert seus pais estão... mortos.- Ela disse com cuidado.

- Eu sei. Eu quis dizer te apresentar simbolicamente. - ele lhe explicou, Depois, olhou o túmulo dos pais com tristeza e disse para Anne. – Desde o falecimento de meu pai esta é a primeira vez que venho aqui, e quis te trazer comigo, porque quero que participe de todos os momentos de minha vida, tanto dos felizes quanto dos tristes, e estar aqui com você neste momento, significa muito para mim.. - Ele passou o braço pela cintura de Anne e acariciou seu rosto com ternura.

- Deve ter sido difícil para você perder os dois assim. Eu também perdi meus pais, mas nunca os conheci, então, não tenho nem um rosto em minhas memórias para recordar, mas você, apesar de não ter convivido com sua mãe que morreu no se parto, viveu muitos anos ao lado de seu pai, o que torna toda a situação mais complicada. - Apertou a mão de Gilbert com carinho. - Obrigada por me trazer até aqui e compartilhar sua dor comigo.

- Obrigado você por estar ao meu lado. - Beijou a testa da menina e ambos ficaram olhando para a lápide sem falar nada por alguns minutos. . Então, Anne quebrou o silêncio, dizendo alegremente:

- E então? Não vai me apresentar a eles? Faça as honras Sr. Blythe.

- Mãe, Pai. Esta é Anne, minha namorada. Ela é a garota mais incrível que tive o prazer de conhecer. É linda, inteligente e muito esquentadinha também, - Anne riu do comentário.

- Muito prazer, Sr. E Sra. Blythe. Vocês têm um filho ótimo. Ele é muito bonito, quase tão inteligente quanto eu, - olhou para Gilbert e riu, depois continuou, -, e é também cabeça dura e marrentinho. - disse Anne entrando na brincadeira.

- Não é verdade que sou marrento. - Gilbert protestou.

- É sim, principalmente quando está com ciúmes de mim. - Anne disse afastando uma mecha de cabelo caída na testa dele.

- Você é impossível, garota.

- Tive um bom professor. - Anne deu uma gargalhada e beijou Gilbert na boca.

- Certo. Vamos para a praia agora. - olhou mais uma vez par o túmulo dos pais e disse se despedindo. Adeus, mamãe e papai, prometo que voltarei em breve. -. Anne também se despediu, e Gilbert colocou sua mão nas costas da menina e conduzindo-a para fora do cemitério. Anne olhou para a bolsa que ele trazia a tiracolo e novamente perguntou:

- Não vai me contar o que está nessa bolsa?

- Já disse que você terá que esperar até chegarmos à praia. Que menina curiosa. - Anne fez uma careta e Gilbert riu da expressão da menina.

Chegaram à praia em quinze minutos e Gilbert tirou sua camisa e shorts deixando-os na areia e correu para a água dizendo:

--Vamos dar um mergulho, Anne. - A menina imitou o gesto do namorado, mas quando chegou à beira da praia, ela ficou observando o menino mergulhar e perguntou ainda hesitante sem coragem de entrar.

- Como está a água, Gilbert?

- Uma delícia, vem nadar comigo. - ele convidou e como ela não se decidia, ele foi até a margem e a puxou para dentro do mar. Quando a água fria tocou o corpo de Anne, ela gritou surpresa, praguejando baixinho, mas depois de alguns minutos já não sentia tanto frio. Saíram do mar juntos e correram para a praia, se enxugando na toalha que trouxeram, e sentaram-se na areia..

Neste momento, Gilbert abriu a bolsa que despertara tanta curiosidade em Anne e tirou de dentro dela um violão e começou a tocar. Anne olhou para ele boquiaberta. Nem em um bilhão de anos poderia ter adivinhado que Gilbert tocasse qualquer instrumento. Ele era mais do tipo que gostava de escutar alguém tocando. Então, ele tinha mais esse talento? Gilbert Blythe era mesmo surpreendente, Anne pensou sorrindo para si mesma.

- Eu não sabia que você tocava. - ela perguntou vendo o menino afinar as cordas do instrumento.

- Aprendi a tocar violão aos seis anos com meu pai. Ele era amante da boa música, e resolveu me ensinar assim que percebeu meu interesse pelo instrumento. Faz tempo que não toco, desde eu fui embora de Avonlea.

Ou seja, desde que o pai morrera. Anne percebeu que a morte do pai exercera grande influência nas decisões de vida que Gilbert tomara no último ano. Sua perda o levara para longe, o afastara dos amigos, o fizera viajar por metade do mundo, e o fizera desistir de muitas coisas que lhe davam prazer. Mas então Gilbert voltara, retomara sua vida, e estava aos poucos recuperando tudo que deixara para trás quando partira. E ela se sentia imensamente feliz por fazer deste processo de cura.

Enquanto tocava Gilbert começou a cantar velhas canções inglesas que aprendera com o pai. A voz dele era firme e melodiosa, e Anne fechou os olhos para sentir melhor o poder que o som da voz dele tinha sobre os seus sentidos. Era como se ele estivesse bem perto, e sussurrasse em seu ouvido palavras doces de amor. Ela abriu os olhos e seu olhar cruzou com o de Gilbert, e embora mantivessem uma distância segura um do outro, nos olhos dele ela encontrou todas as respostas para as dúvidas de seu coração. Gilbert era lindo de todas as maneiras, observá-lo lhe dava um grande prazer. Ele tinha um físico magnífico, os braços e peitos musculosos faziam com que ela prendesse a respiração, as mãos fortes que já a tocaram tantas vezes também lhe causaram prazeres inesperados e aquela boca divina que tantas vezes beijara, causava arrepios em seu corpo inteiro. A atração por ele era tão poderosa que era quase impossível controlar a vontade que tinha de se atirar nos braços dele, e receber todos os carinhos que ele pudesse lhe dar. Anne sabia exatamente o que queria, só não tinha coragem de admiti-lo para si mesma.

Como se ouvisse seus pensamentos, Gilbert se sentou mais perto dela. Não ousou tocá-la, apenas encostou a cabeça dela em seu ombro, e ambos assistiram o pôr-do-sol juntos. Conforme o sol foi indo embora, o horizonte foi adquirindo uma tonalidade vermelha até desaparecer em um segundo, dando lugar a noite que se aproximava. Juntaram suas coisas e voltaram para casa. Antes de irem para Green Gables, passaram primeiro na fazenda de Gilbert.

- Gostaria de tomar um banho, Anne?- ele perguntou assim que chegaram à casa de Gilbert.

- Eu adoraria. Toda essa areia em minha pele está me irritando. Adoro praia, mas não sou muito fã de areia. - ela respondeu.

- Vamos até meu quarto. Também gostaria de tomar um banho.

Assim que chegaram ao quarto de Gilbert, ele foi para o chuveiro e Anne despiu suas roupas e vestiu um roupão por cima do biquíni, esperando sua vez de tomar banho.

- Anne, você pode me trazer uma toalha limpa? Esqueci de pegar uma. - ela ouviu Gilbert dizer.

A porta do banheiro estava aberta e Anne percebeu que ele ainda não tomara banho, pois vestia os shorts que trajava quando foram para praia. Ele estava de costas para a porta, pois estava testando a temperatura da água.

- Aqui está – ela disse, e Gilbert por brincadeira, puxou sua mão colocando-a embaixo do chuveiro aberto. - ela levou um susto, e disse para Gilbert, enquanto tirava o roupão que usava encharcado pela água do chuveiro:

- O que pensa que está fazendo? Ficou maluco?

- Sim, maluco por você. - Anne levantou os olhos e viu olhar de Gilbert passear pelo seu corpo. Ele observou com grande interesse a curva dos seios que o biquíni mal cobria, a sua barriga lisa e macia, a sua cintura fina que quase cabia nas mãos dele. Os olhos de Gilbert se fixaram em seu rosto, e Anne engoliu em seco ao perceber o fogo que havia dentro deles. Eles ficaram se olhando como duas energias poderosas que mediam forças e se atraiam mutuamente. Gilbert pegou no queixo dela, acariciando-o docemente, e em resposta Anne entreabriu os lábios, quase inconscientemente. Então eles se moveram ao mesmo tempo, e suas bocas se encontraram instantaneamente enquanto a água do chuveiro caía sobre seus corpos, levando embora toda a areia da praia acumulada em suas peles.,

Anne sentia como se estivesse no deserto aquecida por um sol de quarenta graus, estava delirando em meio a sua paixão que a empurrava para Gilbert cada vez mais. Sabia que estava em terreno perigoso, e mais um pouco se perderia para sempre naquela loucura que experimentava com Gilbert. Onde estava sua razão quando precisava dela? Não tinha forças e nem vontade de resistir.

Gilbert sentia a entrega de Anne sem nenhuma reserva ao seu amor. Ele tentava coordenar seus pensamentos, mas naquele momento são conseguia sentir a força de seu sentimento por aquela garota que se afogava com ele naquele mar de desejos que ameaçava engoli-los por inteiro. Gilbert estreitou Anne em seus braços de maneira que pudesse senti-la completamente em suas mãos. Seus corpos se encaixavam perfeitamente e se moviam no mesmo ritmo. O menino beijou atrás da orelha dela indo até seu pescoço onde ele sabia que era o ponto fraco da ruivinha.

Anne era tão sensual, pensou ele. E o mais incrível era que ela não tinha consciência disso. E essa sensualidade dela sem pretensões o deixava maluco, pois Gilbert nunca desejara alguém assim, era poderoso demais maior que os dois, maior que qualquer coisa que ele já experimentara antes.

Naquele instante, a menina suspirou, enterrando as mãos nos cabelos de Gilbert e intensificando o beijo até que ele quase perdeu o controle. Anne estava completamente encharcada pela água do chuveiro, e seu corpo queimava junto ao dele como se fundissem em um só. Bastava só um gesto e ele sabia que Anne seria sua naquele exato momento, sem nenhuma hesitação de ambas as partes. Mas ele não queria que fosse assim às pressas, somente pelo calor do momento e satisfação de seus desejos, Queria amá-la devagar, sem receios, sem nenhum obstáculo ou dúvidas. Queria que fosse incrível, sem arrependimentos, queria dar a Anne uma noite de amor que ela jamais esqueceria.

Então, ele se afastou devagar enquanto sentia todo o seu corpo gritar em protesto, implorando pela realização final de seus desejos. Anne pareceu confusa pela interrupção daquele interlúdio, mas não disse nada. Encostou sua cabeça no peito de Gilbert, e se deixou ficar assim por alguns segundos, esperando até que suas forças voltassem.

Assim, Gilbert desligou a água do chuveiro e perguntou preocupado:

- Anne, você está bem?- ela se afastou dele somente um milímetro, colocou seus braços em volta da cintura masculina e respondeu:

- Estou ótima, um pouco sem fôlego, devo admitir, mas nunca me senti tão feliz. - deu a Gilbert seu sorriso mais brilhante o que o fez se arrepiar inteiro. Ela o dominava completamente e nem sabia disso, ele teve que desviar seus olhos dos dela antes de conseguir dizer o que queria:

- Anne, me desculpe se não tenho me controlado muito ultimamente, mas estar com você assim tão próxima de mim torna minha concentração cada vez mais difícil.

- Se você  ainda não percebeu, eu me sinto do mesmo jeito. - e para provar o que dizia ela colou seu corpo no de Gilbert novamente e o beijou demoradamente.

- Você não facilita as coisas desse jeito- disse Gilbert ofegante, assim que suas bocas se separaram.

- E por que eu deveria facilitar?- Anne perguntou provocando-o com seu olhar.

- Anne, não há nada no mundo que eu queira mais do que amar você. Mas não quero que seja assim, de forma apressada e sem que você tenha certeza de que é isso mesmo que deseja.

- A única coisa da qual tenho certeza é de que quero você. – a voz dela soou quente, acariciante, quase como se o tocasse. Deus do Céu! Aquela garota não tinha noção do perigo quando falava daquela forma com ele. Gilbert fez um esforço enorme para não agarrá-la novamente e disse.

- Eu não duvido disso, só acho que você precisa de mais tempo. Esta não é uma decisão que se toma sem pensar. Não quero que se arrependa depois. - os dois ainda estavam abraçados e o perfume dela era tão embriagador quanto seus beijos.

- Eu jamais me arrependeria de qualquer coisa que fizéssemos juntos. Mas você tem razão, não precisamos ter pressa. Temos todo o tempo do mundo, só espero que não demore para sempre,Sr. Blythe, caso contrário , te farei me compensar por cada momento perdido. – Anne agora ria com o rosto corado e relaxado.

- Prometo que farei o possível para que seja especial para nós dois..

- Tenho certeza disso. - Anne disse. E eles então se abraçaram, como se suas vidas dependessem daquele abraço. Logo em seguida, Gilbert beijou Anne no topo da cabeça e disse brincando:

- Acho melhor você vestir, Vou te levar para Green Gables antes que fique tarde e Marilla te coloque de castigo no quarto-.

- Bem, nesse caso, você terá que ficar de castigo comigo, o que acha? – Anne disse insinuante.

- Eu e você no mesmo quarto? Acho que a ideia não é tão má assim. - Gilbert respondeu cheio de malícia.

- Assanhado! – Anne disse dando um tapa de leve no ombro de Gilbert.

- Provocadora – Gilbert sussurrou em seu ouvido. E depois ambos riram cúmplices. Querendo prolongar aquele momento em que estavam juntos e felizes.

Minutos depois, Gilbert ajudou Anne sair do chuveiro e tanto ela quanto ele se vestiram rapidamente. A caminho de Green Gables, viram que uma enorme lua cheia brilhava no céu, como se abençoasse aquele amor tão grande, que nascera no coração de ambos no momento em que se conheceram, e que contava uma história cheia de sentimentos que sempre estivera escrita nas estrelas.

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Oi,Queridos leitores.

Antes de falar sobre este capítulo, gostaria de esclarecer alguns pontos da minha história sobre os quais vocês possam eventualmente questionar.

Eu sei que coloco alguns detalhes nos capítulos que na série original eles não têm devido a época na qual ela foi desenvolvida. Mas a minha historia ocorre em um tempo mais moderno, especificamente nos anos 60,onde coisas como chuveiro elétrico já tinham sido inventadas. Modernizei esta fic para que me sentisse mais confortável e tivesse mais liberdade para escrever, mas tento manter a essência e integridade dos personagens que a compõe.

Outro ponto que quero esclarecer é sobre o país na qual ela ocorre. A série original é ambientada no Canadá, a minha nos Estados Unidos, pois é um país para o qual já viajei e conheço bastante sobre a cultura, pois pensei que não seria legal falar de um lugar com o qual eu não tenho intimidade nenhuma, como é o caso do Canadá. São pequenos detalhes que em minha opinião, não comprometem a minha ideia original que é escrever sobre uma historia de amor como eu imagino que ela seria, e espero sinceramente que esteja agradando a todos vocês que fielmenteme acompanham todas as semanas.

Mas voltando a falar sobre o capítulo de hoje posso dizer que cada vez mais me convenço de que Gilbert Blythe é mesmo um príncipe encantado. Digam-me quantas de vocês resistiriam a um rapaz que sempre coloca os interesses e bem-estar da garota que ama acima dos seus próprios? Então, leiam mais este capítulo e, por favor, me deixem comentários sobre o que acharam, pois eles sempre me incentivam a melhorar e continuar escrevendo.

Beijos. Até o próximo. Rosana.

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