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Capítulo 136 - Uma noite memorável

Olá, pessoal. Desculpem-me por demorar um mês para atualizar essa fic, mas, a vida tem estado corrida, e quem me acompanha sabe que faço o possível para atualizar todas as minhas histórias. Agradeço imensamente a fidelidade de vocês, que leem essa e todas as minhas outras fanfics sobre esse casal maravilhoso, lembrando mais uma vez que estamos na reta final dessa longa e tão emocionante história que arrancou de mim todas as lágrimas possíveis nesses dois anos de escrita, que me ensinou muito, me fez confrontar sentimentos, me fez aprender profundamente sobre a mim mesma e me fez mergulhar fundo em questões que nunca tinha pensado antes,  e espero ter ajudado vocês de alguma forma também.  Muito obrigada por tudo. Beijos e deixo aqui todo o meu carinho. Amo todos vocês.

ANNE

De todas as coisas que amava naquela vida, Matthew Cuthbert era uma delas , e vê-lo envelhecer dia a dia a deixava triste. Nunca pensara que chegaria o dia que o veria tão vulnerável, pois a imagem que tinha dele em sua cabeça era a mesma de quando ele fora buscá-la na estação a quase uma vida atrás. Naquela época, o homem gentil de poucas palavras parecera a ela como um cavaleiro garboso das histórias que lia, e a tinha salvado de um destino incerto, levando-a para Green Gables de onde Anne fizera seu castelo para a princesa Cordélia que vivia dentro dela. E pensando sobre aquele homem que lhe dera um mundo novo, ela podia dizer sem dúvida nenhuma que Matthew Cuthbert era também um príncipe de seu tempo, com uma alma galante, e sorriso bondoso, ele tivera da vida menos do que merecia, e se ela pudesse pagar tudo o que ele fizera por ela, com certeza Anne colocaria em seu caminho muitas primaveras de felicidade, porque era isso que Matthew merecia, ser feliz todos os dias que ainda lhe restavam nessa terra.

Ele voltara para casa a dois dias, mas não parecia muito melhor do que o tempo em que passara no hospital. O bom homem passava mais tempo sentado ou deitado do que propriamente ativo, e suas horas eram gastas na cadeira de balanço que Marilla colocara na frente da casa para que Matthew tivesse com o que se distrair enquanto permanecia convalescente.

Ele sempre tinha uma caneca de chá nas mãos, vestia seu velho pijama de flanela que fora presente de Anne à vários Natais atrás, e mantinha seu olhar perdido no horizonte como se sua mente estivesse viajando por um passado que nunca mais voltaria.

Anne nunca o escutava reclamar de nada, e nos dias em que ela lhe fazia companhia, a ruivinha nunca percebera em seu rosto uma tristeza sequer. Ele continuava a sorrir com a mesma facilidade de antes, apenas a sua costumeira energia parecia ter se evaporado. Doía em Anne ver seu bom amigo aparentar os anos que lhe pesavam nos ombros, e ela não conseguia aceitar que o tempo de Matthew estava a cada dia sendo abreviado, assim como se angustiava com a aproximação de sua partida, pois suas breves férias estavam se acabando, e tanto ela quanto Gilbert teriam que voltar à velha rotina de trabalho e estudos, mas, Anne não estava pronta para ir, talvez nunca estivesse, e agora se perguntava como conseguira viver tanto tempo longe do seu verdadeiro lar?

Ao mesmo tempo, ela sabia que não podia ficar. Quando aceitara ir para Nova Iorque com Gilbert, ela tinha entendido que não voltaria a Green Gables com tanta frequência, e aceitara bem aquele fato, porque estava construindo uma vida com o rapaz que amava e queria estar com ele onde quer que Gilbert fosse. Mas, aquela escolha também lhe cobrara um preço, e ficar longe de Matthew e Marilla foi uma delas, e agora Anne tinha medo que da próxima vez que voltasse ali, não encontrasse mais o homem que fora o único pai que conhecera.

Por outro lado, Gilbert examinava Matthew todas as manhãs como um compromisso que ele mesmo assumira, pois o rapaz sabia o quanto aquele homem generoso significava para sua esposa, e também porque ele tinha t muito apresso pelos Cuthberts, pela maneira como sempre o trataram, sendo amigos de anos de John Blythe. Quando Anne lhe confessara sua preocupação pela recuperação lenta de Matthew se comparada as outras vezes que ele ficara doente, Gilbert lhe explicara que tanto a condição física do bom senhor que já não era tão saudável quanto antes, e os anos que iam se acumulando naquele corpo cansado eram os principais vilões a impedir que ele voltasse a se curar mais rapidamente.

Essa explicação, sem o jovem estudante saber, vinha de encontro a todas as preocupações de Anne a respeito da saúde de Matthew e seu distanciamento de Green Gables. No entanto, ela prometera a Gilbert que voltaria com ele para Nova Iorque, portanto ficar mais tempo do que o planejado estava fora de questão.

Era nisso que Anne pensava naquela tarde, sentada com Matthew na varanda da casa dos Cuthberts. Ela chegara ali pela manhã, e após ajudar Marilla com seus assados como nos velhos tempos, ela almoçara com ambos os irmãos, e agora estava ali em companhia de Matthew que permanecia tão calado e calmo como sempre fora.

- O que minha menina tanto pensa?- o bom homem perguntou, tirando Anne completamente de suas reflexões.

- Eu estava apenas pensando que daqui a alguns dias terei que voltar para Nova Iorque.- Anne respondeu, olhando para ele com os olhos tristes.

- E isso não é bom? Você vai voltar a estudar o que sempre quis.- Matthew perguntou, olhando-a com seus olhos sábios de uma vida inteira de provações e aprendizados.

- Eu não queria deixar vocês.- Anne disse sentindo sua garganta se apertar de choro. Queria ser mais forte e encarar aquilo com mais calma. No entanto, diante do homem para quem sempre fora transparente não saberia mentir nem fingir que estava tudo bem.

- Meu amor, você nunca nos deixou. Sua essência sempre esteve nesse lugar. Quando você veio para Green Gables, foi sua luz que transformou esse lugar no que é hoje, e mesmo estando em outra cidade, eu te sinto em todas as partes dessa fazenda. E você sabe que todas as vezes que retornar, encontrará aqui o seu lar.- as palavras doces de Matthew atingiram o coração de Anne tão fundo, que ela não conseguiu mais controlar as lágrimas, deixando-o preocupado.

- Por que está chorando, querida? - Ele perguntou segurando em sua mão, a qual Anne apertou com força.

- Eu queria que às coisas fossem mais fáceis, e eu não tivesse que ir embora. Dói demais deixar vocês aqui.

- Esse choro é por minha causa, Anne?- ela assentiu, pois não fazia sentido negar.

- Você não é feliz em Nova Iorque?- ele perguntou com a testa franzida.

- Eu era até vir para cá te encontrar assim. Então, eu descobri que nunca serei feliz de verdade se não puder viver perto de vocês. Nova Iorque tem tudo que alguém pode desejar em nível cultural e profissional, mas não tem vocês. Assim, como posso ir embora se meu coração está aqui? - ela chorava compulsivamente, e aflito Matthew a abraçou e perguntou:

- Você conversou com Gilbert a respeito disso?

- Já, mas, ele ficou chateado porque pensou que eu queria deixá-lo, mas isso é algo que eu nunca faria. No entanto, eu entendo que ele lutou muito para conseguir estudar na melhor faculdade de Nova Iorque, e deixar tudo para trás não seria possível. - Anne explicou soluçando.

- Anne, você sabe que ele está certo em ficar chateado. Gilbert ajeitou tudo para que você fosse morar com ele naquela cidade grande. Depois, vocês se casaram, e assumiram um compromisso sagrado um com outro. Por isso, meu amor, é nisso que deve pensar. Você concordou em ajudá-lo a realizar o sonho dele, e deixou-o pensar que sempre o apoiaria, e não é justo voltar atrás na promessa que fez. Green Gables sempre estará aqui quando quiser nos visitar.- Anne assentiu, mas, no fundo ela se fez uma pergunta que nunca faria a Matthew. Será que ele ainda estaria ali quando ela voltasse da próxima vez?

Passos foram ouvidos vindo do lado de dentro da casa, e Marilla apareceu na porta da sala com Rilla nos braços, que tinha acabado de acordar, pois seus olhinhos castanhos que lembravam tanto os de Gilbert estavam inchados de sono.

- Essa garotinha adorável estava resmungando no bercinho dela.- Marilla disse, passando as mãos pelos cachinhos sedosos da menina, que deu um longo bocejo, fazendo os três adultos rirem com ternura.

- Florzinha, venha com o vovô.- Matthew pediu, e logo Rilla lhe deu os bracinhos, enterrando seus dedinhos pequenos nos cabelos grisalhos dele.- Ela é tão parecida com você. - o bom homem disse beijando as bochechas macias da garotinha.

- Eu acho que ela tem muito de Gilbert também. O temperamento dela é mais doce do que o meu. - Anne disse, olhando com orgulho para a filha.

- Ela é linda, Anne, e tem ar de inteligente também.- Marilla disse, se sentando ao lado de Anne, enquanto ambas observavam Matthew brincar com Rilla.

- Não poderia ser diferente, levando-se em conta que o pai dela é quase um gênio.- Anne respondeu, continuando a observar sua filha, que não tirava os olhos do rosto de Matthew.

- Está se esquecendo do seu mérito nisso também.- Matthew disse, fazendo cócegas na barriguinha de Rilla que não parava de rir.

- Rilla é uma boa mistura de você e Gilbert. Só nos resta saber se ela vai querer ser professora ou médica.- Marilla opinou.

E assim a tarde passou tranquilamente, e Anne conseguiu pelo menos por poucas horas, esquecer todos os seus temores.

Horas depois, quando Anne voltou para a fazenda dos Blythes com Rilla, em companhia de um dos empregos que Bash tinha incumbido de ir buscá-las, Gilbert a esperava no quarto.

-Tudo bem? - Ele perguntou, colocando o livro que lia de lado.

- Sim.- ela respondeu beijando-o nos lábios.

- Você me parece triste.- Gilbert observou, ao olhar para suas feições sérias.

- Detesto ver Matthew tão fraco.- ela disse, abraçando Gilbert pelo pescoço.

- Ele está bem, Annie. Eu sei que a recuperação está sendo lenta, mas, eu te expliquei que na idade dele isso é normal.- Gilbert respondeu, acariciando-lhe os cabelos.

- Mas até quando ele vai ficar bem, Gilbert? - Anne perguntou chorosa.

- Querida, eu sei que não é fácil aceitar que Matthew não vai viver para sempre, assim como meu pai não viveu. Mas, você precisa preparar seu coração porque um dia isso vai acontecer, pois é o destino de todos nós.- Gilbert falava cada palavra devagar, e Anne sabia que ele fazia isso para amenizar a verdade que elas continham, ainda assim, magoou-a ouvi-las, pois não tinha o desprendimento de Gilbert para aceitar aquele fato como uma realidade incontestável.

- Será que é egoísmo meu desejar que Matthew viva ainda muitos anos, mesmo que não seja em condições tão boas?- Anne perguntou, encarando os olhos castanhos do marido.

- Não, é um desejo perfeitamente normal, Anne Ninguém quer perder a quem se ama, mas ninguém pode viver para sempre, é isso você tem que aprender a aceitar.- ele disse, olhando-a com ternura.

- Eu sei, ainda assim dói demais. Não consigo imaginar minha vida sem Matthew.- Anne disse enxugando o rosto com o dorso das mãos.

- Ele nunca irá embora de fato, porque ele vive dentro de você assim como meu pai vive dentro de mim.- Gilbert disse, enxugando mais algumas lágrimas que insistiam em rolar pela face rosada com seu polegar.

Anne não disse nada, pois seu coração ainda estava pesado de dor. Ela tentava ver tudo aquilo pela ótica do marido, mas, infelizmente não podia. Matthew Cuthbert viveria para sempre se dependesse dela, porém, não estava em suas mãos decidir.

- Eu sei que não é uma boa hora o que tenho a te dizer, mas temo não ter outra oportunidade.- Gilbert disse de repente, franzindo a testa.

- O que foi?- Anne perguntou alarmada. Não aguentaria mais más notícias, pois já tivera sua cota por uma vida inteira.

- Não precisa ficar nervosa, amor. - Ele a acalmou.- Eu preciso ir para Nova Iorque.- ele disse com cautela, mas, Anne arregalou os olhos diante de tal fato inesperado e perguntou:

- Por que?

- Eu recebi um telegrama de Jonas. Ele disse que minha presença é necessária no projeto que iniciamos, e não posso adiar mais a minha ida até lá. Você pode ficar aqui os dias que ainda restam de nossas férias. Eu volto para te buscar no próximo fim de semana.

Anne o olhou atônita. Ele tinha mesmo planejado tudo aquilo sem ela? Como ele ia voltar para Nova Iorque e deixá-la em Avonlea?

-Você vai voltar para Nova Iorque sem mim? - ela perguntou, deixando Gilbert ver o quanto aquela ideia a magoava somente pelo olhar.

- Não me olhe assim, Anne. Eu não estou te abandonando, volto em poucos dias. Eu realmente preciso resolver esse assunto da faculdade. Aproveite esses dias para visitar suas amigas, e ficar com Matthew. - Gilbert sugeriu, e Anne respondeu:

- Não vai ser a mesma coisa sem você aqui.

- Eu também não quero voltar sem você, mas, não acho justo te roubar os últimos dias nos quais você pode ficar com Matthew por minha causa. Eu estou fazendo isso por você. - ele explicou abraçando-a com cuidado, enquanto Anne pensava no seu egoísmo naquela história. Gilbert não podia viver em função dela, pois ele tinha seus próprios compromissos e obrigações.

- Desculpe, eu não quis parecer egoísta.- ela disse, beijando Gilbert no rosto.

- Eu sei que não. - Ele respondeu aspirando o aroma de rosas dela.

- Quando você vai?- ela perguntou, sentindo as mãos de Gilbert descendo por suas costas.

- Amanhã.

- Tão rápido?- Anne perguntou, já sentindo a ausência dele pesar em seu corpo.

- Sim.- ele disse brincando com o zíper do vestido dela. - Que tal se aproveitássemos cada segundo até lá? - Gilbert sussurrou em seu ouvido, e mesmo antes que respondesse, Gilbert a deitou sobre a cama, e a fez esquecer qualquer pergunta que ainda tivesse rondando sua mente.

GILBERT

Fazia pouco tempo que tinha embarcado no trem rumo a Nova Iorque, e já sentia a falta de Anne. Ele saíra antes que ela acordasse, pois podia bem imaginar como seria penoso se despedir, e não aguentaria ver os olhos azuis marejados, implorando para que ele ficasse quando realmente precisava ir se quisesse colocar seu plano em prática.

Ele também estava sentindo falta do cheirinho de bebê de Rilla, mas, dela ele havia se despedido com um beijinho na testa, e prometendo que voltaria logo, levando consigo a imagem de sua garotinha dormindo tranquilamente, ao lado do quarto deles

O rapaz sabia que Anne ficaria chateada por ele não a ter acordado antes de partir, mas, para compensar essa sua pequena covardia, ele lhe deixara o bilhete mais amoroso que pudera escrever, porque ele não tivera coragem de dizer adeus pessoalmente.

Depois que Anne voltara do coma, ele prometera que nunca mais ficariam separados, o que ele conseguira cumprir até aquele momento. Mas essa pequena separação era por uma boa causa, e esperava ser bem sucedido no que viera fazer em Nova Iorque, porque sua missão ali era conseguir o passaporte de felicidade de sua ruivinha, e não desistiria até realizar o seu intento.

O rapaz pensara muito em como proceder naquele caso, tivera que pesar os prós e contras e no fim seu coração vencera. Não fazia sentido ele insistir em algo que claramente fazia Anne infeliz. Sua esposa já tinha enfrentados muitos terremotos, e não merecia passar por mais um.

Matthew Cuthbert era importante para ela, então porque não dar a Anne o que ela tanto desejava?

Por isso, no dia anterior, enquanto ela passava o dia em Green Gables, ele fora até a Faculdade que ela estudara antes, e conversara com a reitoria sobre uma possível transferência dela, o que não se constituiria em uma tarefa difícil, pois as notas excelentes de Anne lhe abririam portas para inúmeras faculdades, e naquela a qual ele visitara não seria diferente. Por esta razão, estava indo para Nova Iorque, para conseguir o que Anne mais desejava no momento.

Gilbert olhou para fora do trem, e percebeu que o sol ainda não tinha nascido completamente, por isso, observar a paisagem como ele gostava de fazer quando viajava assim não era tão fácil, porque em alguns pontos estava escuro demais para enxergar, e tudo o que ele conseguia ver era alguns pontos de luz onde os raios de sol ainda fraco conseguiam tocar.

Mas, nem mesmo essa pequena distração conseguia desviar seu pensamento da maneira como lidara com aquela situação dias atrás. Ele fora egoísta demais, e tratara do medo de Anne em perder Matthew de forma mesquinha.

Quando ela dissera que não queria voltar para Nova Iorque, ele agira de forma insensível, pensando apenas em si mesmo, sofrendo com a ideia de ficar longe de sua mulher e filha, e não levara em conta o que Anne precisava e de que maneira seus sentimentos seriam afetados

Sua esposa abrira mão de coisas demais por ele, então, porque não podia fazer o mesmo por ela? Casamento era partilhar, e não visar apenas o bem de uma pessoa, e o jeito como ele atacara Anne com suas palavras naquele dia lhe mostrara o tamanho da injustiça que cometera com ela por conta de sua incapacidade de compreender os receios de Anne.

No entanto, ele acordara a tempo de ver os olhos oceanos tristes de novo, as lágrimas que ela escondia no travesseiro para que ele não percebesse que ela chorava, ou quando suas expressões nada tinham de felizes, mas, ela se esforçava para sorrir, apenas para que Gilbert não soubesse o quanto era lhe penoso pensar em sair de Avonlea naquele momento.

O rapaz então se dera conta de que a estava forçando a aceitar uma situação que era apenas favorável a ele, e que Anne estaria retornando a Nova Iorque por ele, porque o amor dela como em todas as situações que passaram juntos era incondicional, e ela nunca colocaria seus próprios interesses na frente dos dele, se fosse para impedi-lo de seguir com seus sonhos.

Ser amado assim por ela era uma dádiva maravilhosa, por isso, ele também tinha que mostrar a Anne que o amor dele não era diferente, e que abriria mão do próprio mundo para que ela tivesse o que desejava e merecia.

Gilbert chegou em Nova Iorque perto do horário do almoço, e foi direto para a faculdade onde pretendia resolver o assunto de Anne o quanto antes, pois teria muito trabalho burocrático pela frente antes que acabasse com todas as pendências sobre aquele assunto.

O que ele ainda não decidira era o que fazer com sua faculdade, pois aquele fora um sonho muito acalentado pelo pai de Gilbert e ele próprio, e quando passara na prova que finalmente lhe dera a chance de realizá-lo, o rapaz quase não pudera acreditar que conseguira.

Porém, agora andando pelos longos corredores, cujos passos seus ecoavam em seus ouvidos, ele se perguntava se teria coragem de desistir. Não que já não tivesse pensado nisso antes, mas, suas razões tinham sido diferentes, porque em muitos momentos ele duvidara de sua capacidade de aceitar a medicina como era, de entender que ganhar e perder também faziam parte daquela profissão, e que na maior parte do tempo um médico estava lutando contra o tempo, tentando ganhar da morte, tentando bancar Deus, quando na verdade não passava de apenas um ser humano frágil, que com todo seu conhecimento ainda era leigo para conseguir vencer o que já estava perdido desde o início.

Um médico era apenas um instrumento, um peão na mão Daquele que a tudo decidia, e era preciso ter certo desprendimento para entender isso e não sofrer pelos percalços da profissão.

Contudo, agora era diferente, ele tinha enfim recuperado aquela paixão inicial pela medicina que quase deixara morrer, e também por isso Anne era responsável, porque fora sempre ela que não o deixara desanimar, que estava sempre lá para ouvi-lo, para guiá-lo para o caminho certo como uma estrela que iluminava seu coração incerto. Então, naquele momento em que estava dividido entre dois amores, Gilbert lutava para descobrir o que fazer com sua indecisão.

Em uma mão tinha o seu sonho se encaminhando para a conclusão, e no outro o sentimento mais verdadeiro que já sentira por alguém, cuja presença em sua vida era essencial em todos os sentidos. Não queria abrir mão de nenhuma das duas coisas, mas, ele sabia que teria que escolher, porque com Anne vivendo em Avonlea, e a faculdade dele em Nova Iorque, Gilbert esbarrava em um grande problema para o qual ainda não encontrara a solução.

Ele pensava se suportaria ficar a semana toda sem Anne e Rilla, e vê-las somente nos fins de semana, porque depois de conviver com as duas mulheres de sua vida praticamente cada minuto do seu dia, era difícil não se imaginar mais fazendo a mesma coisa.

Ele estava a pouco tempo longe delas, e já sentia o efeito que a ausência delas causava em seu coração. Gilbert estava sentindo falta do abraço carinhoso de sua esposa, de seu sorriso que lhe mostrava uma beleza sem igual daquela garota que sempre fora seu horizonte, suas estrelas, sua única felicidade. Ele sequer conseguia respirar se ela não estivesse por perto, ou se concentrar em qualquer coisa ser ela não estivesse em seu campo de visão.

Gilbert quase a perdera, e esse fato o deixara marcado permanentemente, e não queria ter que passar pela angústia de não poder ouvir-lhe a voz doce murmurando que o amava, ou não mais sentir o toque suave de seus dedos nos cabelos dele, ou ainda não poder desfrutar do calor reconfortante do corpo dela no seu enquanto dormia, ou poder olhá-la e observar sua beleza desabrochando a cada dia, a tornando a mulher mais linda que já conhecera..

- Sr. Blythe.- Gilbert ouviu a voz do reitor a lhe chamar , e deixou suas reminiscências de lado para se concentrar no homem alto e robusto à sua frente. Eles poucas vezes falaram com ele, mas, sempre o considerara um homem muito sensato. - O senhor marcou uma hora para falar comigo. – ele disse.

- Sim. Eu preciso transferir o curso de minha esposa para outra cidade, e queria saber como consigo fazer isso em poucos dias.- Gilbert explicou de forma sucinta.

- Então, Anne vai nos deixar? Que pena. Ela é uma grande inspiração para todos nós. - O reitor disse com simpatia, o que fez Gilbert sorrir e responder:

- Acredite, ela é para mim também.

- Aconteceu alguma coisa?- o reitor disse franzindo o cenho.

- Na verdade, são problemas de família. O pai adotivo de Anne adoeceu, e como já está idoso, ela quer ficar perto dele, e não há outra maneira dela fazer isso a não ser se mudando para nossa cidade natal.

- Entendo. O senhor fará o mesmo, então? - o bom homem quis saber.

- Estou em um dilema muito grande.- Gilbert respondeu, coçando a nuca.- Meu sonho sempre foi estudar aqui, e me esforcei muito para conseguir a bolsa que me permitiu realizá-lo. A questão é que não quero ficar longe de Anne e de nossa bebê de três meses, mas, se eu for para Avonlea, eu perco minha bolsa aqui, e não poderei me formar em Medicina como desejo.

- É uma decisão difícil, eu imagino, e também existe muita coisa para considerar. - O reitor ponderou e Gilbert concordou com ele.

- Sim, meu sonho sempre foi ser médico, e sei que poderia estudar em qualquer outro lugar, mas essa Faculdade possui excelência no meu curso, e eu não gostaria de perder isso.- Gilbert explicou. Se não estivesse em uma etapa bastante avançada de sua graduação, talvez ele pudesse encontrar uma boa faculdade perto de casa, e continuar seus estudos por lá, mas, no ponto em que estava, ele duvidava muito que conseguiria o mesmo grau de aprendizado em outro lugar.

Todavia, se tivesse que mudar seus planos por Anne, ele o faria, porque ele tinha certeza de que ela não hesitaria em fazer o mesmo por ele.

- Onde fica essa cidade que o senhor disse que a família de Anne mora?- o reitor perguntou com interesse.

- Fica a dez quilômetros de Charlote Town.- o rapaz respondeu.

- Espere um instante.- o reitor disse, tirando um mapa de sua gaveta e o consultando, e depois disse com um sorriso satisfeito.

- Talvez, Sr.Blythe, eu o possa ajudar.

Uma hora depois, Gilbert saiu da faculdade com todos os documentos que precisava, e um enorme sorriso no rosto. Aquela viagem tinha saído melhor do que esperava, e não imaginara que chegaria ali com tantas dúvidas em sua cabeça e sairia dali com todas elas resolvidas, e ainda por cima, tinha recebido de brinde um grande presente. Mal podia esperar pelos dois dias que ainda tinha pela frente antes de voltar para Avonlea e contar a Anne todas as novidades. Talvez ela ficasse chateada a princípio pela mentira que contara para vir para Nova Iorque, mas, quando soubesse o que ele conseguira, ela o perdoaria com certeza.

Desta forma, caminhando pelas ruas de Nova Iorque, Gilbert admirou a graciosidade daquele dia que quase poderia ser comparado com a beleza de sua ruivinha.

GILBERT E ANNE

O olhar de Anne pelas frestas da janela da sala não tinha como ponto de admiração o dia ensolarado e encantador. Na verdade, o que ela buscava era a figura de seu marido que tinha partido a quase dois dias para Nova Iorque e ainda não tinha voltado.

Ela se lembrava bem do quanto chorara ao acordar sozinha na cama de casal e descobrir que ele tinha viajado sem se despedir. Nem mesmo o bilhetinho de amor que ele lhe deixara o isentara da culpa de não ter permitido que ela o acompanhasse até a estação de trem. Era como se estivesse com pressa de se ver livre de Avonlea e voltar para o ar suburbano de Nova Iorque, deixando mulher e filha para trás.

Era um pensamento injusto, e ela tinha a certeza de que não  fora  assim que Gilbert pensara quando não a despertara antes de ir para Nova Iorque, mas, ela precisava alimentar algum tipo de raiva contra ele, do contrário cairia em um choro compulsivo, pois não suportava a ideia de não estar com ele mesmo que fosse por pouco a dias.

Sua reação talvez fosse exagerada para algumas pessoas, e quem não soubesse de sua história com Gilbert não entenderia porque era angustiante para Anne não saber exatamente onde ele estava ou o que estava fazendo . Contudo, depois do coma e da amnésia de Gilbert, e ainda uma cirurgia de alto risco de seu marido, ela ficara traumatizada demais, e apenas a ideia de não o ter por perto bastava para deixar seu coração inquieto.

Por isso, após várias vezes que olhara por aquela janela para ter certeza de que ele não estava chegando, Anne tinha que controlar sua ansiedade e focar-se em outras coisas que não tivesse relação direta com o rapaz.

Foi sua salvação quando Diana apareceu no meio da tarde daquela sexta feira, no exato momento em que a ruivinha andava de um lado para o outro na propriedade dos Blythes, impaciente por notícias de Gilbert.

- O que está acontecendo, Anne?- a morena perguntou, assim que a cumprimentou com um beijo no rosto e a viu apertando as mãos de forma compulsiva.

- É bobagem minha, Diana. Gilbert foi para Nova Iorque resolver alguns assuntos sobre a faculdade dele, e ainda não voltou. - ela disse, colocando a mão sobre o coração para tentar acalmar palpitações que vez ou outra a acometiam por conta de seus pensamentos que não a deixavam em paz.

- E você está preocupada. - Diana disse com um olhar compreensivo, colocando a mão no ombro de Anne. Só ela sabia como a mente da ruivinha funcionava. Ela vira de perto tudo o que a amiga enfrentara nos últimos anos, e sabia como ela reagia quando Gilbert não estava por perto.

- Eu sei que é paranoia minha, mas eu não consigo parar de me preocupar. Eu preciso de Gilbert aqui, Diana.- ela disse suspirando alto.

- Não fique assim, Anne. Ele está bem, e já deve estar voltando. Pare de pensar besteira.- Diana a abraçou, e Anne se agarrou a ela como se sua vida dependesse disso.

- Desde a cirurgia dele, nós nunca mais ficamos longe um do outro, e essa é a primeira vez que ele se afasta de mim.- ela não queria se deixar levar por sua imaginação complicada, e também não queria confessar a Diana que morria de medo de algo acontecer enquanto Gilbert estivesse voltando para casa.

- Ele sequer se despediu de mim.- ela continuou dizendo. - Apenas me deixou um bilhete dizendo que me amava e que voltaria em dois dias, mas, ele ainda não está aqui.- as últimas palavras foram ditas quase em um sussurro, cortando o coração de Diana que detestava ver Anne angustiada daquele jeito.

Se não bastasse a preocupação dela por Matthew, agora ela também estava naquela tensão toda por causa de Gilbert. Ela só esperava que ele voltasse logo, pois quando Anne ficava daquele jeito, só mesmo ele conseguia tirá-la daquele estado.

- Fique calma, meu amor. O dia ainda não acabou, e quando menos esperar você vai ter seu Gilbert de volta.- Anne se agarrou aquelas palavras da amiga, pois eram as únicas que faziam sentido dentro de sua cabeça confusa.- Eu vim te fazer um convite que talvez te ajude a se distrair um pouco.- a morena disse, com os braços em volta do ombro de Anne.

- Que convite?- ela perguntou desanimada.

- Nós vamos acampar na praia como nos velhos tempos. E na verdade, o convite era para você é Gilbert, mas, como ele não está, você pode ir mesmo assim. Vamos passar a noite, e no dia seguinte pensamos em fazer um piquenique. Todos os nossos amigos vão estar lá, até o Cole que chegou com Pierre ontem à noite.- Diana falava toda animada, mas, não conseguiu contagiar Anne que não se via no meio de seus velhos amigos sem Gilbert. Nada tinha graça sem ele.

- Não acho uma boa ideia. Preciso cuidar de Rilla, e amanhã cedo vou para Green Gables visitar Matthew.

- Ela vai sim, Diana.- Mary disse, vindo da cozinha e interferindo na conversa. - Quanto a Rilla, ela pode ficar comigo, pois nos damos muito bem juntas, e Matthew não vai se importar se você não for até lá amanhã, já que tem passado todos os dias com ele. Você precisa se distrair, Anne. Parece mais um zumbi de que um ser humano desde que Gilbert foi para Nova Iorque, andando pela casa dia e noite. Isso não faz bem nem para você e nem para sua filha que é muito sensível às suas mudanças de humor. Vá arrumar suas coisas, que vou pedir para Sebastian pegar a barraca de acampamento de Gilbert que ele guardou no galpão de ferramentas.

Anne quis protestar, pois Mary estava decidindo por ela, sem dar-lhe a chance de expressar sua própria opinião. Contudo, logo percebeu que era duas contra uma, por isso, não discutiu e subiu as escadas em direção ao quarto, onde trocou seu vestido de algodão por um maiô de corpo inteiro, colocando por cima um par de shorts e camiseta, e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo simples. Logo, em seguida, ela arrumou uma mochila com itens de primeira necessidade, calçou um par de tênis, e antes de voltar para o andar debaixo, ela passou pelo quartinho de Rilla, e olhou com carinho para sua filha que estava quase adormecida. Anne abraçou com cuidado o corpinho da menina que cheirava a talco, pois ela tinha acabado de tomar banho, beijou-lhe os cabelo perfumado, e saiu do quarto com um último olhar para a garotinha que agarrou um ursinho de pelúcia que Mary tinha a lhe dado de presente, e logo fechava os olhinhos, afundando a cabeça no pescoço peludo do animalzinho de brinquedo.

Quando encontrou Diana e Mary no sofá da sala, ela se voltou para a esposa de Sebastian e perguntou:

-Tem certeza de que não vai te atrapalhar cuidar de Rilla?

- Claro que não, querida. Rilla é um anjo, não dá trabalho nenhum. Vá se divertir um pouco, pois está precisando.- Mary disse com um sorriso que Anne retribuiu. Mentalmente, ela disse a si mesma que entendia a intenção de Mary, mas, duvidava piamente que iria se divertir sem Gilbert. Porém, ela também admitia que não era tão má ideia assim se juntar a seus amigos e tentar afastar de sua mente suas preocupações, fato que sozinha dentro daquela fazenda não conseguiria.

Jerry as esperava do lado de fora da casa, e depois de cumprimentá-la com um beijo na testa e ajeitar as coisas de Anne no porta malas, ele esperou que ela se sentasse no banco detrás do carro, e com Diana sentada a seu lado, o rapaz dirigiu direto para a praia.

A primeira pessoa que encontrou assim que chegaram lá foi Josie, que abraçou Anne e disse:

- Que bom que aceitou vir, Anne. Vamos poder fofocar como nos velhos tempos.- Josie riu e Anne a acompanhou, fingindo que estava tão feliz por estar ali quanto todos eles. Muddy estava a poucos metros à frente, onde montava as barracas do acampamento com a ajuda de alguns de seus amigos. Ele acenou para Anne que acenou de volta, e logo viu Cole caminhar em sua direção com seu costumeiro sorriso de bom humor.

- Como está, minha linda?- ele perguntou, segurando a mão dela com carinho.

- Estou bem.- ela disse, sabendo que não era verdade, mas, não queria estragar a diversão dos amigos que com tão boa vontade a convidaram para aquele evento.

- Essa sua carinha não me engana. O que tem de errado?- Cole perguntou, e Anne tinha se esquecido o quanto ele a conhecia tão bem quanto Diana e Gilbert.

- Gilbert foi para Nova Iorque resolver alguns assuntos sobre a faculdade a dois dias, e ainda não voltou.

- Está com saudades? - Cole perguntou, observando seu rosto atentamente.

- Estou sim.- Anne respondeu, sabendo que era mais que aquilo.

- Ah, mas ele já deve estar voltando. Do jeito que seu marido é louco por você vai estar aqui o mais rápido possível.- Cole disse, tentando animá-la, e Anne rezou para que ele tivesse razão.

Desta forma, a tarde entre amigos aconteceu de forma agradável, e mesmo não se sentindo muito animada, Anne acabou por se distrair, mas quando o sol foi embora e a noite começou a se aproximar, a solidão tomou conta de Anne ao ver todos os casais em um canto trocando carinhos e conversando ao pé do ouvido.

Assim, ela se afastou deles e se sentou mais perto do mar, desenhando corações na areia e sentindo a saudade de Gilbert apertar. De vez em quando uma onda chegava mais perto e molhava seus pés descalços, outras vezes Anne atirava algumas pedras que pipocavam na água antes de afundar, e assim ela se entretinha enquanto as horas passavam devagar, e ninguém parecia ter notado sua ausência.

- O que uma ruiva tão linda faz sentada aqui sozinha?- a voz amada e inconfundível chegou a seus ouvidos como uma carícia, mas, Anne não se virou ainda por medo de estar sonhando. Foi então que ela ouviu novamente:

- Não vai falar comigo, Sra. Blythe? - assim, ela não esperou mais e se virou rapidamente para encarar o rosto de seu marido que lhe sorria abertamente.

- Você está aqui.- ela disse extasiada, como se aquela fosse a melhor visão de toda a sua vida.

Em seguida, Anne se atirou nos braços de Gilbert, abraçando-o com tanta força que seus músculos e os dele ficaram colados. Ela aproveitou para enterrar as mãos nos cachos escuros, enquanto seu olfato buscava pelo odor familiar e delicioso dele que nunca esqueceria.

- Eu senti sua falta. - Anne murmurou no ouvido de Gilbert.

- Eu também. Mas, confesso que pensei que estaria zangada comigo por eu ter ido para Nova Iorque sem me despedir.- ele disse trazendo-a para seu colo.

- E estava, mas, agora que você voltou, não importa mais. Por que demorou tanto?- ela disse suspirando, enquanto afundava seu rosto no pescoço de seu marido.

- Porque eu estava resolvendo um assunto importante para nós dois. - Gilbert colocou a mão no bolso de onde ele tirou um envelope, e o entregou a Anne que pegou de lá de dentro uma folha de papel fina.

Ela a desdobrou com cuidado, e ao passar os olhos por cada palavra impressa ali, ela encarou Gilbert interrogativamente, e disse:

- O que significa isso?

- Sua transferência para a faculdade daqui.- ele disse tocando a bochecha dela de leve.

- Como assim, minha transferência? - ela perguntou a beira do pânico, não desejando acreditar que Gilbert havia feito aquilo.

- Agora você não precisa voltar mais para Nova Iorque. Pode cuidar do Matthew como sempre quis. - Ele disse suavemente, mas Anne protestou:

- Mas, eu não vou te deixar, Gilbert. Achei que tínhamos falado sobre isso antes .- ela disse, se sentindo cada vez mais nervosa. Por que Gilbert estava fazendo aquilo com ela?

- Quem disse que você vai me deixar?- ele perguntou, encarando-a de um jeito enigmático que Anne não entendeu. Então, ele lhe estendeu outro envelope, encorajando-a abri-lo também, e quando o fez e tomou conhecimento do que estava escrito ali, ela disse espantada:

- Você vai se transferir para cá também?

- Sim. - ele respondeu sorrindo de orelha a orelha.

- Mas, e sua bolsa na Faculdade de Nova Iorque?- ela mal podia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo. Era informação demais para um único dia.

- Vai ser transferida para cá. Na verdade, a Universidade na qual vou estudar faz parte da de Nova Iorque. Eles têm uma unidade na cidade vizinha. Então, não precisarei encarar nada diferente do que estou acostumado. - ele respondeu passando o queixo pelo rosto de Anne inteiro.

-Por que você fez tudo isso? - Gilbert?

- Porque eu não suportava ver seu rosto triste todos os dias, e ouvir seu choro a noite quando você pensava que eu estava dormindo. E também porque eu percebi o quanto estava sendo egoísta ao pensar só em mim e no meu bem-estar, enquanto você estava sofrendo, e mesmo assim se mostrou disposta a me acompanhar por onde eu fosse. - ele apertou as mãos de Anne com carinho e continuou:- Eu sei de todos os sacrifícios que fez por mim, e também quis te provar que sou capaz de fazer o mesmo por você.

- Mas, eu pensei que estudar na Faculdade de Nova Iorque era seu sonho. - ela disse tocando o rosto dele com carinho.

- Não é mais. Você e Rilla são o meu sonho, e o nosso amor e nosso casamento são mais importantes que tudo. Eu posso ser médico em qualquer lugar Anne, mas não posso viver em qualquer lugar sem você. - Anne o olhou encantada mais uma vez pelas palavras dele. Gilbert sempre a surpreendia, não importava quantos anos vivessem juntos.

- Eu te amo.- Anne disse, feliz demais com toda aquela reviravolta em sua vida. Não precisaria mais deixar Matthew, teria Diana e seus outros amigos por perto. Milk poderia conservar sua tão merecida liberdade, e Rilla poderia crescer em ambiente mais calmo, familiar e cheio de amor. O que mais ela poderia desejar?

- Eu te amo demais, Anne. Nunca duvide disso.- Gilbert disse, puxando-a para mais perto.

- Eu não duvido.- suas bocas se encontraram em um daqueles beijos cúmplices onde dividiam cada emoção, cada pensamento, cada sensação, e quando se separaram, se sentiam ainda mais próximos um do outro.

- Que tal darmos um mergulho?- Ele sugeriu e Anne topou na hora dizendo:

- Vamos comemorar nossa vida nova. - E juntos correram para o mar, onde se divertiram por alguns minutos. Não demorou muito, e os outros casais estavam na água com eles, e assim em um encontro coletivo, eles relembraram os velhos tempos onde eram apenas um grupo de jovens ansiosos pelo que o futuro lhes traria.

Muito mais tarde, eles se reuniram em volta da fogueira onde comeram o jantar preparado por Cole e Pierre que consistia em peixe assado com ervas, e suco de abacaxi, e depois gastaram o resto do tempo conversando e cantando velhas canções, que Muddy tocava em um antigo violão que ele tinha desde criança.

Quando os primeiros bocejos começaram a tomar conta do grupo, eles se desejaram boa noite e cada casal foi para sua barraca, combinando de se encontrarem novamente no dia seguinte para o café da manhã.

Ao entrarem em sua barraca, Gilbert puxou Anne para um beijo tão ardente que quando o a ruivinha percebeu, eles já estavam agarrados sobre o colchão que seria a cama deles naquela noite.

- Gilbert, não podemos fazer isso aqui.- Anne sussurrou, enquanto sentia os lábios do rapaz em seu pescoço.

- Por que não?- ele perguntou, mais interessado em tirar o maiô do corpo dela, e tocá-la como queria.

- Podem nos ouvir. - ela respondeu, suando frio ao sentir a boca dele em seus seios, reprimindo um gemido que ameaçou sair de sua boca.

- Duvido que vão prestar atenção em nós. Devem estar fazendo a mesma coisa. - ele respondeu sem parar de tocá-la.

- Gilbert...- Anne ia protestar, mas, ele a interrompeu dizendo:

- Estou louco de saudades da sua pele. Diz que não quer isso, e eu paro agora mesmo.- ele murmurou, e ela soube que não resistiria. Seu corpo já não lhe pertencia, seu coração também, e com um gemido baixo, ela o beijou até perderem o fôlego.

Seu maiô desapareceu rapidamente, assim como a bermuda de Gilbert, e logo que seus corpos se colaram, foi que Anne percebeu que também estava louca de saudade do toque dele.

O gosto da pele dele era salgado por conta da maresia, e os músculos tremiam ao seu toque enquanto ela pensava no quanto era excitante fazê-lo implorar por ela, em um ambiente onde não deveriam de forma nenhuma estarem fazendo aquilo. Mas, a sensação do proibido injetava adrenalina em seu sangue, e a sensação causada por cada carícia ousada aumentava ainda mais seu desejo, fazendo Anne se ondular embaixo de Gilbert sem parar.

Os gemidos roucos da ruivinha em seu ouvido o deixavam louco, e se não estivessem em um espaço tão restrito e inapropriado, ele a faria gemer ainda mais, apenas porque amava aquele som que lhe provava sem meias verdades, quanto prazer ele podia dar a sua mulher.

Anne parou de raciocinar, e tudo o que podia fazer era sentir, ao mesmo tempo em que tentava controlar o volume do som que saia de sua boca toda vez que seu marido tocava em um ponto sensível de sua pele, fazendo-a delirar. Depois daquele tempo juntos, ambos conheciam tão bem o corpo um do outro, que sabiam o que fazer e como provocar a luxúria em seu íntimo, deixando-os a ponto de entrar em combustão.

Anne quase gritou quando os lábios de Gilbert alcançaram sua intimidade, e mordeu os lábios com força ao senti-lo fazer movimentos que a faziam ofegar o tempo todo, e ansiar por mais. Porém, ele não a deixou chegar ao seu ápice, e prolongou ainda mais a tortura, quando tornou a beijar o corpo dela inteiro, principalmente seus seios que além de seu pescoço, era a região do seu corpo onde Anne sentia mais prazer.

Não suportando mais a espera de ser possuída por seu homem, Anne o fez deitar de costas, e escalou o corpo dele, guiando-o para dentro dela, e conforme os movimentos de ambos aumentavam as sensações que explodiam pelos seus poros, Anne jogava a cabeça para trás, e tentava controlar os próprios gemidos, sentindo em suas entranhas um prazer muito maior que outras vezes onde estiveram em situação semelhante.

Diante da visão de sua mulher cavalgando-o de um jeito que nunca fizera antes, Gilbert se sentia cada vez mais excitado, seu corpo em brasas, seus músculos se derretendo diante do poder daquela ruiva maravilhosa que sabia conduzir aquele ato de amor muito bem. Ele era seu escravo, seu súdito e seu amante, e nenhuma outra mulher o faria chegar ao paraíso dos sentidos como Anne o fazia, deixando-o a ponto de ser consumido pelo desejo.

Então, ele a sentiu estremecer, e se deixou ir com Anne até onde ela o quisesse levar, pois já não tinha nenhum domínio sobre si mesmo. E assim, ele sentiu seu corpo explodir em milhares de sensações, ao mesmo tempo em que ouviu Anne ofegar, e deste modo o prazer chegou muito mais forte do que da última vez, tragando com ele todas as suas forças, e foi se acalmando aos poucos até que Anne disse respirando fundo:

-Isso foi demais.

- Sim, foi extraordinário.- Gilbert respondeu, acariciando os cabelos dela com suavidade.

- Estou exausta. Você sugou toda a minha energia.- Anne disse em tom de brincadeira.

- Acho que posso resolver o seu problema.- Gilbert respondeu, fazendo Anne olhar para ele com curiosidade, enquanto ele procurava algo no bolso da sua bermuda que estava jogada em um canto da barraca.

- Aqui está. Eu quase ia me esquecendo.- ele entregou a Anne um pacotinho colorido e quando ela o abriu, a ruivinha olhou para seu marido e disse com um sorriso malicioso:

- Chocolate.

- Gostou da surpresa?- ele a olhou de modo sugestivo que fez o coração dela disparar.

- Vamos experimentar?- ela perguntou, abrindo a embalagem devagar.

- Com certeza. Temos a noite inteira para isso.- Gilbert respondeu com uma piscada insinuante, e quando seus lábios procuraram pelos dele novamente, ela soube que aquela seria uma noite memorável.

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