Capítulo 130- Páginas de uma vida
Olá, pessoal. desculpem-me a demora em atualizar. Eu tenho escrito várias histórias no universo Anne, por isso, vou atualizando os capítulos conforme posso. Então, não se preocupem, pois não vou abandonar nenhuma delas, vou continuar a escrevê-las até o fim, apenas tenham um pouquinho de paciência comigo. Espero que gostem desse capítulo, e eu tenha conseguido dar a emoção e o tom certo aos personagens. Por favor, me enviem seus comentários, pois fico extremamente motivada quando vocês partilham suas opiniões. Beijos.
GILBERT
Os olhos azuis eram os mesmos pelos quais se apaixonara na primeira vez que a vira na floresta, tinham o mesmo brilho que o guiara pelas suas andanças pelo mundo, como uma bússola que lhe apontara o caminho de casa diretamente para os braços dela onde sempre encontrara o equilíbrio para sua vida, e que tinham a mesma beleza que aquele céu límpido depois de um dia de tempestade que prometia uma felicidade nunca encontrada em campo terreno, mas sempre possível em seu coração, porque era lá que Anne morava, era lá que ela pertencia, e era lá que sempre a encontraria, não importava por quais caminhos seguisse.
Rilla se mexeu em seus braços, mas Gilbert não percebeu, pois a mulher pálida, mas ainda assim tão linda que o fitava do outro lado da sala, tinha toda a sua atenção. Tantos dias sonhando com aquele momento, e ali estava ela, sua Anne, tão forte, tão destemida, frágil do lado de fora, mas uma leoa em seu espírito sonhador, uma fênix que renascera mais um vez de suas lutas interiores, uma estrela que tinha luz própria, sua mulher, incrível como sempre fora, maravilhosa como nenhuma outra.
- Gilbert..- a voz suave, porém baixa, o trouxe de volta de sua profunda contemplação. Ele caminhou até ela com sua menininha nos braços, e olhando para a bebezinha que se agarrara a gola de sua camisa, ele disse com um sorriso torto:
- Você vai finalmente conhecer sua mãe.
Então, ele caminhou com seu coração palpitando, a garganta apertada, e os olhos muito abertos, pois queria poder enxergar aquele rosto único em todos os seus detalhes, mesmo que ele já os conhecesse um a um. Sua saudade por ela gritava em sua alma, e seu peito guardava uma emoção que ele não conseguia conter.
Pareceu uma eternidade até que ele conseguisse caminhar exatos dez passos da porta até a cama, porém, ele queria ter certeza de que não estava sonhando, e que não fora sua imaginação que o fizera ouvir aquela voz tão amada que ele ansiava escutar por dias.
Quando finalmente parou em frente a ela, Gilbert viu os olhos de Anne marejarem, enquanto ela observava a menininha nos braços dele que naquele momento brincava com um dos cachos caído na testa do rapaz. Ela parecia exausta, mas, seu rosto tinha uma vivacidade de quem chegara até um certo limite entre a vida e a morte, e retornara para seu verdadeiro lar.
- Essa é a Rilla.- Gilbert disse, colocando a bebezinha devagar no colo de Anne, e viu duas lágrimas grossas rolaram pelo rosto de pêssego. Ele podia imaginar a emoção que ela sentia ao ver sua filha pela primeira vez, depois de ter lutado por ela, sofrido por meses inteiros incertezas e tristezas profundas, de quase ter entregue sua vida em um ato final de amor, apenas para ter o direito de contemplar seu anjinho perfeito.
Os dedos de Anne correram pela cabecinha ruiva, enquanto seus olhos azuis brilhavam ao observar cada contorno de bebê de sua filha. Ela segurou a mãozinha pequena entre as suas, beijou cada dedinho, depois acariciou as bochechas, também deixando ali um beijo carinhoso, e só então olhou para o marido, comovido demais com a cena para conseguir se expressar em palavras.
Havia tanto alivio no coração de Gilbert, que não sabia como agradecer por aquele milagre. Depois de dias, sonhando com a recuperação da esposa, ele podia admitir para si mesmo que houveram momentos de dúvidas e desesperanças de que ela nunca mais voltasse, ou na pior das hipóteses, tivesse sequelas graves e não conseguisse mais se lembrar dele ou da bebezinha que ela amara tanto antes de nascer. No entanto, ele devia saber que sua ruivinha era o ser mais incrível que já conhecera, e que não desistiria de sua família tão fácil, que não se esqueceria daquele amor tão grande que sempre os trouxera um de volta para o outro.
- Ela é linda. Gilbert, e ruiva como você tanto queria.- ela disse, com a voz ainda um pouco rouca por dias de silêncio forçado.
- Ela é você inteira, meu amor, apenas os olhos que imaginei que seriam azuis como os seus tem a mesma cor dos meus.- Gilbert disse, sem realmente se aproximar demais, pois tinha medo de tocá-la e Anne desaparecer como um daqueles sonhos bons dos quais nunca queremos acordar, mas no final sempre acabava com as primeiras luz da manhã. Foi Anne que diminuiu a distância entre os dois quando disse:
- Por que está tão longe de mim? Sente-se aqui do meu lado. Quero muito olhar para você.
Vencendo o seu receio absurdo, Gilbert fez o que sua esposa pediu, e sentou-se do lado dela na cama. Anne levantou seu braço esquerdo, levando a mão até o rosto de Gilbert e tocou-o com carinho. O rapaz fechou os olhos e absorveu aquela carícia para si de forma tão intensa, que ele sentiu como se estivesse no deserto a procura de água, e ao finalmente encontrá-la, sorveu-a sedento de uma só vez.
Ele então abriu os olhos para encará-la, agora tão perto que poderia beijá-la o quanto quisesse, no entanto, o rapaz refreou seu desejo ao se lembrar que ela acabara de acordar de um coma, tinha a filhinha deles nos braços, e ainda precisava ser examinada pelo médico. Assim, para acabar minimamente com sua saudade imensa, Gilbert tocou os cabelos dela e a viu sorrir como em seus sonhos, como todas as vezes em que estiveram juntos, e o som da risada dela ecoou em sua mente naqueles dias em que o silêncio dela fora agonizante, seus olhos fechados lhe davam medo, e a respiração fraquinha de Anne o deixara em pânico de que parasse de repente, e que ele nunca mais tivesse a oportunidade de declarar a ela seu amor.
- Eu estava com saudades.- ele disse simplesmente, sabendo que aquilo era pouco para expressar a falta que sentira dela, a metade de seu coração quem lhe fora arrancada estava de volta a seu lugar, mas, a dor ainda não tinha ido embora totalmente. Gilbert tinha medo do que ainda poderia perder, pois compreendera finalmente o tamanho do sofrimento de Anne quando ele ficara em coma, e depois a sua cirurgia complicada que a jogara de novo em um abismo escuro sem fim. Ele vira a agonia dela, suas lágrimas que molhavam o travesseiro todas as noites e sua incapacidade de consolá-la o deixara arrasado, mas, ele sentira na pele dessa vez o que era esperar por algo que não dependia apenas de sua vontade, rezar por um milagre sem saber se seria ouvido, e olhar para o espelho do tempo sentindo que sua chance de ser feliz estava se acabando.
- Eu também senti saudades. Sei que passei todos esses dias fora desse mundo, mas, você nunca esteve fora do meu coração. Em minha inconsciência, você estava lá todo o tempo. Foi por você que eu quis voltar e não me arrependo um só segundo da minha escolha.- Anne disse, e Gilbert sentiu o bálsamo das palavras dela agindo sobre sua alma como se fosse chuva em terreno árido e seco. Sem conter suas lágrimas que comprimiam sua garganta ele disse:
- Ah, Anne, Apenas nunca mais me deixe. Você não sabe a angústia que foi vê-la deitada nessa cama, e não poder trazê-la de volta. Minha única força foi nossa filha. Se não fosse por ela, eu não teria aguentado todos esses dias sem você. – o rosto dele estava molhado de lágrimas, e Anne as enxugou com seus carinhos, enquanto mais lágrimas rolavam, porque pela primeira vez em dias, Gilbert não se importava de não ser forte e deixar Anne ver sua fragilidade masculina tão cruamente estampada em seu rosto.
-Não chore assim, meu amor. Dói tanto vê-lo magoado. Eu não queria te fazer sofrer no momento que deveria ser o mais lindo de nossas vidas. Eu sei que quase arrisquei tudo com minha teimosia, mas, saiba que eu nunca iria embora dessa vida sem você.- ela o beijou no rosto , e depois deixou que seu olhar se perdesse na linha dos lábios masculinos, e Gilbert soube naquele momento que ela desejava o mesmo que ele. No entanto, mais uma vez ele se conteve, pois tinha medo e começar a beijá-la e não conseguir mais parar, tamanha era a saudade que sentia dela, mas, ainda não era o momento. Ele olhou para Rilla que tinha adormecido nos braços de Anne, segurando uma mecha de cabelo da mãe em seus dedinhos delicados. Assim, ele apenas acariciou o rosto dela devagar e disse:
- Vou levar Rilla de volta para o berçário, e retorno para cá em seguida. Seu médico precisa saber que acordou.- Anne assentiu, deu um último beijo em Rilla, e a entregou para o marido. Porém, antes de Gilbert sair do quarto, ela segurou em sua mão e disse:
- Por favor, não demore.
- Não vou demorar. Agora que acordou, ninguém vai mais me tirar do seu lado.- ele respondeu, beijando a mão dela, e saindo do quarto.
Após colocar Rilla de volta em seu bercinho temporário, Gilbert foi avisar o médico que Anne havia acordado, e desse modo, voltou para perto dela em companhia do Dr. Miller, que também não escondia sua alegria e alívio por Anne estar desperta.
Quando viu o médico entrar com Gilbert, Anne disse com um sorriso feliz:
- Como vai, Dr. Miller? Parece que conseguimos, não é?
- Sim, minha querida. Nós conseguimos, e isso é uma vitória mais sua do que minha, apesar do enorme susto que nos deu.- ele disse com sua simpatia tão característica.
- Desculpe-me. Não pensei que a situação pudesse se agravar tanto.- Anne disse com pesar, olhando de novo para Gilbert que sentiu que ela pensara nele ao dizer essas palavras.
- A culpa não foi sua, Anne. Coisas assim acontecem, embora nem sempre tenham um final feliz como o seu.- ele disse começando a examiná-la com cuidado.
- Quer que eu saia? - Gilbert perguntou.
- Não é necessário. Os exames que farei aqui são simples, mas, ela precisará passar por uma bateria de exames mais complexos mais tarde.- O médico disse olhando diretamente para Gilbert.
- E Rilla? Ela está bem?- Anne perguntou com a ansiedade presente em sua voz.
- Sim. Aquela garotinha é tão forte quanto à mãe dela, e tem se desenvolvido muito bem – O Dr. Miller respondeu, examinando a pressão de Anne.
- E a amamentação, Doutor? Vou poder amamentar minha filha?- Gilbert sabia que aquele era um ponto sobre o qual Anne sempre se preocupara, e por isso, tentara se cuidar ao máximo que pudera mesma com as limitações de sua doença para que tivesse leite suficiente para dar à sua filha.
- Claro. Anne. Não se preocupe. Desde que nasceu, Rilla tem sido alimentada com leite materno. Temos um programa muito bom nesse hospital onde recebemos doações de leite materno justamente para bebês que perdem suas mães ao nascerem, ou quando a genitora é impedida de fazê-lo. Gilbert nos deu permissão para isso, portanto sua filhinha tem sido muito bem cuidada por aqui.- Anne olhou para Gilbert e ele viu o agradecimento brilhando naqueles olhos adorados. Ele quase não conseguia desviar o seu olhar dela, porque o aquecia por dentro, e levava embora finalmente o frio que tomara conta de seu espírito todos aqueles dias em que pensara que a perderia, embora ainda existisse dentro dele certo receio do qual não conseguira se livrar de todo. Ainda levaria tempo para que se sentisse seguro outra vez.
Eram tantos traumas entre eles, e tanto sofrimento experimentado e superado ao longo do caminho de suas vidas, que agora tornavam todos os sentimentos dentro dele confusos demais. Ele quase não conseguia se conter ao observar o Dr. Miller falando com Anne, e de vez em quando ela lhe lançava olhares amorosos, sorrisos doces que ele pensara que não mais veria.
Gilbert não tinha se preparado para aquela onda de emoção que o engolia lentamente. Era uma euforia por Anne ter voltado, ao mesmo tempo um temor absurdo do que poderia ter acontecido, que também se misturava com as lembranças de sua mãe, seu pai e Mary.
Talvez ele tivesse navegado demais naquele mar de sentimentos, e nunca parara para pensar em como tudo o afetaria ao longo dos anos. Talvez tivesse se contido demais e não se permitido sentir a intensidade de cada um deles, deixando-os para trás mal resolvidos, por isso, naquele instante em que deveria estar celebrando a recuperação de sua esposa, ele sentia que ia explodir e não queria que isso acontecesse na frente de Anne que não entenderia seu comportamento tão subitamente peculiar, e assim, ele disse:
- Com licença. - e saiu do quarto antes que Anne pudesse ver no estado em que se encontrava, e desta forma caminhou pelo corredor bem rápido em busca da saída, pois precisava ar puro e aliviar seu súbito sufocamento
De repente, ele esbarrou em alguém, que segurou em seu pulso e perguntou:
- O que foi , Gilbert? É a Anne?- A voz cheia de medo de Diana Barry o fez reagir, e olhando para o rosto assustado dela, ele a abraçou e deixou que seu peito explodisse em um choro sentido que literalmente o quebrou completamente.
ANNE
Embora prestasse atenção em cada palavra que o Dr. Miller lhe dizia, Anne não pôde deixar de observar a saída intempestiva de Gilbert, e por mais que tentasse não se preocupar, seu coração se apertou, pois ela sentiu que algo grave estava acontecendo com seu marido, e ela não fazia ideia do que poderia ser.
Ela percebera a emoção dele quando a viu finalmente desperta, mas também percebera o distanciamento que ele colocara entre os dois, e esse comportamento não combinava com Gilbert.
Ele nunca fora de falar, pois o mundo das palavras nunca fora um ambiente o qual ele explorara de maneira confortável, mas quando a tocava ele sabia exatamente como expressar a forma como se sentia, e Anne conseguia entender completamente a intensidade das emoções que se escondiam naquela alma nobre demais, e apaixonada ao extremo.
Entretanto, naquele dia em particular, sentindo-se ainda vulnerável por ter acabado de acordar do coma, Anne tentou não se sentir magoada com a atitude de seu marido, que ao invés de desejar ficar perto dela, parecia preferir manter a distância.
Ela podia compreender que talvez ele estivesse zangado por tudo o que ela o fizera passar todos aqueles dias em que ficará inconsciente, pois Anne se lembrava das vezes quando ainda estava grávida que Gilbert discutira com ela por conta dos riscos daquela gravidez, e ela se fizera de surda aos seus apelos, e agora reconhecia que se comportara de forma obsessiva quanto à sua gravidez, em sua ânsia de dar um filho a Gilbert a qualquer custo, se importando apenas com seus sentimentos, deixando de lado qualquer outro pensamento que não fosse chegar até o fim daquela gestação como desejava.
No entanto, ela esperava que seu marido ao menos lhe dissesse o que o estava incomodando tanto a ponto de ele não conseguir sequer falar com ela direito. Será que ela, com toda sua teimosia tinha causado uma ruptura irremediável entre eles?
Anne sentiu uma ferroada dentro de si ao pensar que poderia ter ferido Gilbert de um jeito que não pensara que poderia, e de repente, ela repensou todas as suas atitudes desde que perdera seu primeiro filho.
Nunca de fato se recuperara daquela dor. Sempre a carregara consigo e inconscientemente arrastara Gilbert com ela ladeira abaixo. Quantas coisas, seu marido fizera por ela naquela jornada que ambos enfrentaram juntos. Ele até mudara alguns de seus planos para encaixar Anne neles, pensando que assim a faria mais feliz, e a ajudaria a deixar seu inferno pessoal para trás.
Anne se lembrou de tantas vezes que ele enxugara suas lágrimas, a carregara no colo quando ela sequer conseguia caminhar com os próprios pés, a ajudara a atravessar por suas crises de maneira mais amena, lhe dera seu casamento dos sonhos, e nunca, nenhuma vez, ele largara sua mão.
Quantos sonhos seus Gilbert realizara, quanto amor ele lhe dera, e quanta felicidade foi possível para Anne sentir só porque aquele rapaz maravilhoso lhe dera tudo o que um dia prometera, e até mais do que ela esperara que teria em uma vida inteira, e se analisasse a fundo cada momento que vivera ao lado dele, ela facilmente poderia constatar que não retribuíra nem com a metade do que deveria ter feito.
Era certo que o amara com a mesma profundidade que ele a amava, mas, nunca fizera por Gilbert o que ele fizera por ela por todos aqueles anos que estavam juntos.
A constatação do seu egoísmo a atingiu como uma faca afiada que encontrava o ponto certeiro para ferir e fazer sangrar até a morte, e Anne nunca sentiu tanta dor como naquele momento ao pensar em sua própria crueldade com alguém que se doara cem por cento todos os dias para que ela tivesse tudo o que desejava, e olhando para trás ela não podia dizer que tinha feito o mesmo.
Sua palidez repentina e mais acentuada chamou a atenção do Dr. Miller que lhe perguntou preocupado:
- Está sentindo alguma coisa, Anne?
- Não, eu só estou preocupada com Gilbert.- ela confessou sem de fato relatar o que se passava em seu coração.
- Esse rapaz é muito dedicado. Nunca vi tanto amor entre um casal tão jovem. Vocês têm sorte de ter um ao outro.
- Sim.- Anne respondeu com um sorriso triste, enquanto pensava que só esperava não ter desgastado o coração de Gilbert demais, pois às vezes o fardo de um amor tão grande podia pesar, e quando se dava conta havia mágoas excessivas pelo caminho para que algo pudesse ser salvo. Ela sabia que Gilbert nunca a deixaria, mas, o que temia era que ele tivesse se machucado ao extremo dessa vez, e não conseguisse perdoá-la, e no fim, eles terminassem como aqueles casais que se amavam demais, porém, com um enorme abismo entre eles.
- Quer que eu no mande chamá-lo? Já terminamos aqui.- Dr. Miller disse, colocando as duas mãos no bolso do seu jaleco
- Sim, por favor, mas antes eu queria saber quanto tempo terei que permanecer aqui?- ela sabia pela conversa que tivera com o Dr. Miller que ficara inconsciente por quase quinze dias, e por isso estava louca para ir para casa, e recomeçar sua vida com Gilbert e agora Rilla. Ela precisava da rotina e normalidade de seus dias como antes, e afastar aquela sensação vazia que falhara com Gilbert terrivelmente.
- Anne, teremos que fazer alguns exames para ver como seu organismo está reagindo a sua nova condição. Mas, já lhe adianto que em menos de uma semana não poderá ser liberada. Você apresentou um quadro de anemia depois do parto que ainda estamos tentando contornar por conta da hemorragia.- A expressão desapontada de Anne fez o Dr. Miller dizer: - Não fique triste, Anne. Eu apenas estou tentando assegurar que você saia desse hospital tão saudável quanto entrou, apesar das circunstâncias de sua doença durante o período de gravidez.
- Eu sei. Apenas queria voltar para casa o quanto antes, mas, se é necessário que eu fique, eu entendo.
- Quer que eu chame o Gilbert agora?- ele se ofereceu.
- Sim.- ela disse ansiosa para ter seu marido por perto novamente, e matar a saudade que a estava torturando por dentro.
Porém, para sua decepção, foi Diana que apareceu no quarto e não Gilbert, e sua expressão a denunciou completamente.
- Poderia pelo menos fingir que está animada por me ver- a amiga disse cheia de humor que fez Anne responder envergonhada:
- Desculpe-me. Eu estava esperando o Gilbert.
- Eu sei, meu amor, não fiquei chateada.- a amiga disse se sentando ao lado dela.- Estou tão feliz que tenha acordado.- o rosto de Diana, apesar de apresentar uma expressão alegre, não escondia em seu olhar em como aqueles dias também haviam sido difíceis para ela.
- Eu também estou feliz por estar aqui. Não vai me dar um abraço? - Anne perguntou, estendendo os braços para a amiga que logo a abraçou e disse com a voz emocionada:
- Nunca mais me assuste desse jeito.
- Perdoe -me. Não foi essa minha intenção.- Anne disse, estreitando o abraço, e ficando assim com Diana, até que ambas sentissem que seus corações estavam mais serenos. Quando se afastaram, a morena disse, tocando o rosto de Anne como se não acreditasse que ela estava mesmo ali
- Você não sabe quanto medo eu senti de te perder.
- Eu não queria causar sofrimento a ninguém. Não pensei que meu desejo desenfreado de ser mãe causaria tanto mal as pessoas que eu amo.- Anne disse com lágrimas nos olhos que fez Diana perguntar:
- O que está dizendo, Anne?
- Gilbert.- ela disse chorando abertamente agora.
- O que tem ele?- Diana perguntou intrigada com as lágrimas sofridas dela.
- Acho que ele está zangado comigo – Anne disse com a voz triste.
- Por que ele estaria zangado com você, Anne? Não coloque coisas em sua cabeça. – Diana disse, se lembrando bem da crise de Gilbert naquele dia. Ela sabia que isso aconteceria depois de vê-lo durante todos aqueles dias ao lado de Anne, fazendo-se de forte, não aceitando o consolo de ninguém ou alívio de palavras que pudessem tirá-lo daquela agonia, como se assim estivesse também expiando algum tipo de culpa. Ela sempre admirara o enorme amor que um sentia pelo outro, mas nunca entendera bem aquela necessidade de se machucarem tanto até sentirem suas almas em carne viva, ao mesmo tempo em que pensava que não deixava de ser romântico e lindo tanta entrega, e fazendo-a também constatar, que Anne já vivera e revivera muitas vezes o romance trágico do qual sempre falara quando estavam sozinhas no clube do livro. Estava na hora de ela e Gilbert colecionarem apenas páginas felizes naquele livro tão cheio de amor, mas sempre molhadas por lágrimas de seus próprios infortúnios.
- Creio que eu o levei ao limite dessa vez, Diana. – Anne disse sentindo dor a cada palavra dita.
- Por que? Ele te ama tanto, Anne. Não entendo o que está te atormentando em um momento em que deveria estar comemorando. Você está aqui e viva, para voltar para casa com seu marido e filha. Por que não pode apenas curtir o momento e ser feliz?- Diana acariciou-lhe os cabelos, enquanto as lágrimas de Anne continuavam a cair, deixando um rastro molhado por todo o seu rosto.
- Gilbert está sofrendo, Diana. Eu posso sentir. Mesmo que ele finja que está tudo bem, eu sei que tem algo acontecendo dentro dele que o está machucando.- Diana se espantou com aquela afirmação, pois mais uma vez a amiga lhe provara que ela e Gilbert tinham nascido um para o outro. Havia uma conexão ali difícil de quebrar, e um sentimento imenso que nunca seria suplantado por nenhum outro. Nunca vira algo assim, e duvidava que um dia tornaria a ver. Coisas raras assim aconteciam apenas uma vez na vida, e era isso que o amor de Anne e Gilbert significava, algo incrivelmente raro e maravilhoso.
- Talvez deva dar-lhe tempo. Não foi fácil para ele te ver assim, e passar todos esses dias ao seu lado sem saber o que esperar. Coisas assim marcam as pessoas de formas diferentes, Anne, e você mais do que ninguém deveria entender isso, já que passou pela mesma coisa duas vezes.- Anne assentiu, pensando que talvez Diana tivesse razão, e o tempo trouxesse Gilbert de volta para ela como sempre fora. Ambos estavam marcados por coisas demais, e seria um milagre acreditar que escapariam ilesos sem nenhum efeito colateral.
- Sabe me dizer onde ele está?- Anne perguntou ansiosa.
- Ele me disse que ia tomar ar lá fora, mas que voltaria logo.- Diana respondeu, escondendo de Anne sobre a crise de Gilbert. Não queria preocupar a amiga ainda frágil demais, como não se sentia no direito de revelar-lhe algo que apenas cabia a Gilbert contar se tivesse vontade ou achasse que era importante.
Alguns minutos se passaram, e então, o rapaz voltou, e tinha no rosto uma expressão mais serena do que quando Diana o encontrara no corredor, transtornado por uma dor tão visível que a morena pensara que tinham perdido Anne, mas depois descobrira com alívio que fora apenas um desabafo de alguém que trancara seus medos dentro de si para suportar passar por mais aquela tormenta, mas, que ao ver o amor de sua vida bem novamente, deixara por fim vir à tona toda a sua angústia, e que parecia ter ido embora finalmente.
- Vou deixá-los sozinho – Diana disse, intuindo que eles precisavam de um pouco de privacidade.
- O que foi, Anne? Por que está chorando?- Gilbert perguntou aflito, trazendo-a imediatamente para seus braços.
- Não é nada. Só senti sua falta. Por que demorou para voltar?- Anne perguntou segurando o rosto dele entre as mãos.
- Fui dar uma volta, mas, agora estou aqui.- ele disse acariciando-a nas bochechas.
Anne se afundou naquele abraço sem perguntar mais nada. Ela e Gilbert poderiam conversar mais tarde, porque enquanto ela estivesse nos braços dele, tudo mais não importava, pois o amor dele era tudo o que precisava para ficar bem.
GILBERT E ANNE
Anne acabou ficando mais tempo no hospital do que tanto ela quanto seu médico esperavam. Ela tivera complicações por conta da hemorragia que sofrera além da anemia severa, que fora obrigada a tratar com alimentação especial e medicação específica, e como ela sabia que disso dependia sua completa recuperação, a ruivinha não reclamou de nada, e fez exatamente tudo o que lhe foi indicado pelo médico para que assim pudesse voltar para casa o mais rápido possível.
Durante esse período, vários amigos vieram visitá-la e lhe faziam companhia todas as tardes enquanto Gilbert estava no faculdade ou no trabalho, o que lhe era um grande prazer, pois dava-lhe oportunidade de estreitar seus laços afetivos com Diana e Cole que eram seus irmãos de coração, com Sharon que estava aos poucos se tornando parte da família, e até mesmo com Dora que não chegava a ser uma amiga, mas se tornara uma boa companhia em momentos que Anne se via sozinha entretida apenas com um livro ou sua escrita . Apesar de tudo o que a antiga amiga de Gilbert fizera para separar os dois, Anne conseguia depois de tanto tempo compreender sua personalidade um tanto complexa.
Dora nunca fora uma pessoa ruim, apenas se equivocada com o grau de suas afeições. Talvez ainda fosse difícil para Anne perdoá-la totalmente ou esquecer que um dos piores momentos de sua estadia em Nova Iorque fora provocada por alguém que Gilbert confiava, e por quem ele até colocará sua mão no fogo muitas vezes, arriscando sua relação com Anne quando a ruivinha tentara abrir seus olhos para o óbvio. No entanto, depois de tantos furacões em sua vida, tombos, e lágrimas derramadas sobre suas antigas mágoas, Anne aprendera que perder tempo com tais coisas não valia a pena de forma nenhuma, e assim, ela e Dora desenvolvera um tipo de amizade que não chegava a ser íntima, mas, tornava mais agradável sua convivência uma com a outra.
Com sua permanência no hospital por mais tempo, Rilla acabou ficando no berçário também, pois Anne e Gilbert decidiram que seria melhor para a menina, e menos trabalhoso para ele que teria que encontrar uma maneira de trazer sua filhinha várias vezes ao dia para ser amamentada pela mãe que não queria mais perder esses momentos com Rilla, já que ficara afastada de sua bebê nos seus primeiros dias de vida.
Anne amava esses instantes com ela, pois era quando tinha a oportunidade de observá-la em todos os seus detalhes. Que milagre era aquela pequenina, cujo olhinhos castanhos lhe lembravam tanto os de Gilbert. Muitas vezes quando a tinha nos braços depois de amamentá-la, Anne ficava buscando semelhanças com ela e com seu marido, e descobria que ali havia uma mistura de ambos, assim como algumas características eram bastante específicas. A ruivinha observara que sua princesinha era inquieta como ela, seu sorriso tão dourado quanto o de Gilbert, e sua inteligência com certeza era herança dos dois. Ela mal continha a ansiedade de vê-la já maiorzinha, correndo por todos os lados, lendo seus livros de literatura e partilhando com seus pais o amor de uma família de verdade.
Quando olhava para aquele ser perfeito em seu braços, Anne sentia que tudo valera a pena, cada dor, lágrima, privação ou sofrimento, cada dia que tiver que vencer de sua doença para que Rilla pudesse vir ao mundo, cada momento que tivera que se agarrar às suas crenças para não desistir de seu sonho maior, e então, ali estava ela, sua filhinha muito amada, concebida com tanto amor e paixão, perfeita em cada linha de seus contrastes infantis, e tão maravilhosa por ser apenas ela mesma em sua personalidade única.
Com o passar do tempo, Anne foi ficando mais forte, e a sua alta tão desejava foi aos poucos se tornando uma realidade possível. Gilbert vinha vê-la todos os dias, e muitas vezes passava a noite também, e para Anne era bastante reconfortante tê-lo por perto, por mais que ainda houvessem certas arestas invisíveis entre os dois.
Seu marido continuava tratando-a com carinho, dando-lhe toda atenção possível, sempre preocupado com seu bem-estar, porém, Anne sentia que ainda havia um distanciamento por parte de Gilbert que a deixava triste, mas, como Diana dissera, talvez o que ele precisasse era realmente de tempo para se recuperar daqueles quinze dias tensos que passara sozinho naquele hospital esperando que ela acordasse. Os carinhos trocados ainda não eram os mesmos de antes, e os beijos que costumavam ser intensos agora não passavam de rápidos selinhos. Anne morria de saudades de Gilbert, dos momentos que se entregavam a paixão, e embora ela soubesse que ainda demoraria um certo tempo para que pudesse ter tudo isso de novo, pois seu corpo ainda estava voltando ao normal, ela queria que pelo menos os seus beijos fossem apaixonados como antes, no entanto, Gilbert parecia ter uma ideia diferente.
Finalmente o dia de voltar para casa chegou, e logo cedo, Gilbert apareceu com seu melhor sorriso, um brilho no olhar que ela não via a dias, e Rilla adoravelmente vestida de vermelho. Assim que o viu, Anne sentiu suas antigas borboletas renascerem, se agitando em seu estômago como se fosse a primeira vez que o visse. Seu sentimento por ele era tão grande que ela nunca deixaria de se sentir feito uma adolescente apaixonada em frente a seu primeiro amor, embora Gilbert realmente tivesse sido seu único amor, nascido em um momento inesperado e que duraria cada minuto de vida que tivesse nessa terra.
- Está pronta?- ele perguntou, no momento em que entrou no quarto.
- Sim.- Anne respondeu, sentindo-se realmente feliz em dias. Ela mal podia esperar para sentir o aroma de seu apartamento, ver sua vista incrível da janela, e poder iniciar sua nova vida com Gilbert e sua bebê.
- Então, vamos.- ele disse com seu sorriso lindo de sempre.
E assim, Anne deixou para trás seus dias naquele hospital, onde apendera mais sobre si mesma do que todos os seus dias fora dele.
Quando chegaram em casa, uma bela surpresa a esperava, e Anne não pôde deixar de chorar emocionada ao ver que Gilbert não tinha se esquecido de suas flores preferidas. Ele espalhara rosas pelo apartamento inteiro, e ao ver os olhos dela marejados de lágrimas assim como o seu sorriso maior que o mundo, ele perguntara com os braços em volta de seus ombros:
- Gostou da surpresa, querida?
- Como se eu pudesse não gostar de algo que vem de você.- Anne respondera, lançando-lhe um olhar apaixonado que fez Gilbert responder:
- Diana me ajudou com a decoração, mas a ideia original foi toda minha.
- Obrigada, meu amor, por se importar tanto com o meu bem estar.- ela disse, encostando sua testa na de Gilbert.
- Você sabe que faço tudo para te ver feliz. Seja bem vinda a nossa casa, querida. Este apartamento não é a mesma coisa sem você.
- Eu também estou feliz por estar de volta.- Anne respondeu, e como vinha fazendo naqueles dias, Gilbert apenas lhe deu um selinho, deixando-a desapontada. Será que ele não percebia o quanto lhe fazia falta os beijos dele? Será que ele não entendia que quando seus lábios se encontravam era que ela se sentia onde deveria estar? Porém, ela não disse nada, pois mais uma vez pensou que talvez só o tempo poderia consertar aquele espaço que havia entre eles agora onde nunca existira antes.
Deste modo, ela se contentou em caminhar pelo apartamento, reconhecendo novamente cada pedacinho do lugar onde abrigava sua felicidade, onde sua vida tinha sido encantada apesar dos percalços que encontrara, e prometeu a si mesma que teria tudo de volta, assim que conseguisse ultrapassar aquela distância que Gilbert construíra entre eles naqueles dias em que ela ficara inconsciente, e longe dele fisicamente, mas, nunca espiritualmente, pois em seu coração ela sempre estivera com ele a cada passo de sua dor e espera infinita por ela.
Horas depois, com Rilla já instalada em seu quartinho, e ela e Gilbert terem jantado juntos na cozinha do apartamento, Anne foi para seu próprio quarto onde tomou um banho demorado como não tivera a oportunidade antes. Quando saiu do chuveiro vestindo uma de suas camisolas de seda, ela viu Gilbert na janela olhando para a lua cheia que àquela hora iluminava quase todo o quarto em sua penumbra misteriosa.
Ela se aproximou, abraçando-o por trás e disse em tom de brincadeira:
- Um dólar por seu pensamento.- Gilbert a olhou pelo ombro e sorriu de um jeito doce antes de responder:
- Estava pensando em você.
- E o que pensava sobre mim?- ela perguntou com curiosidade.
- No quanto eu te amo.- ele respondeu com naturalidade, fazendo o coração dela dar um salto, ao mesmo tempo em que viu ali uma oportunidade de perguntar o que a atormentava a algum tempo.
- Então por que se afastou de mim?
- Eu não me afastei de você, Anne. Por que pensou isso?- ele perguntou parecendo espantado pelo que ela lhe dissera.
- Porque sequer fala comigo direito, não me abraça ou beija como antes, e sinto que está zangado comigo.- ela disse com a voz triste.
- Por que motivo eu estaria zangado com você? – ele se virou de frente para ela a fim de vê-la melhor.
- Pelo que te fiz passar todos esses dias, por ter insistido na gravidez de Rilla, por ter ignorado o seu sofrimento para apenas me concentrar nos meus sentimentos e na minha obsessão por ser mãe.- ela disse por fim, deixando que todas as suas preocupações saíssem de dentro dela todas de uma vez.
- O que está dizendo, meu amor? Eu nunca vou poder te agradecer o bastante pela filha linda que meu deu, por ter me feito feliz todo esse tempo, e por ter me amado mais do que mereço. Se te fiz pensar que estava distante de você, por favor me perdoe, não foi essa minha intenção. Eu apenas tentava entender como me sentia em relação a tudo o que aconteceu, como quase te perdi, e como não teria conseguido seguir em frente sem você do meu lado. Eu finalmente entendi como você se sentiu enquanto eu fiquei na mesma posição que você. A espera infindável, os dias que parecem sempre iguais, a incerteza de não saber o que vai ser no dia seguinte, e esse amor que parece crescer a tal ponto de nos fazer enlouquecer. Eu não sabia que podia te amar mais do que já amei um dia, e confesso, meu amor que meu coração está a ponto de explodir nesse momento com tudo que sinto dentro de mim.- as mãos dele estavam em seus cabelos, e Anne sorriu, sentindo a necessidade de tocá-lo naquele instante.
As mãos dela correram pelos cabelos dele, e depois pararam em seu rosto, onde ela concentrou seu olhar, absorvendo toda beleza daquele rosto que sempre a encantava, não importava quantas vezes olhasse para ele assim. E então ela se lembrou de algo que queria contar para ele a várias dias, que talvez tivesse sido apenas um sonho, mas ainda assim ela achava que ele merecia saber.
- Eu o conheci, Gilbert.
- Quem?- ele perguntou enquanto roçava seus lábios na testa dela.
- O nosso filho.- ela disse de olhos fechados, adorando a carícia suave dele.
- O nosso filho?- ele perguntou sem entender.
- Sim, o bebê que perdi. Eu sei que pode ter sido só um sonho, mas enquanto estava perdida em meu inconsciente, eu o vi.
- E como ele era?- Gilbert perguntou com a garganta apertada, já pressentido a emoção que sentiria com o que ela lhe revelaria.
- Ele era tão parecido com você. Tinha olhos castanhos como os seus, cabelos escuros cacheados e tão inteligente que me apaixonei no mesmo instante.- ela disse com seus olhos brilhantes, fazendo Gilbert segurar seu rosto com as duas mãos e dizer com lagrimas escorrendo por seu rosto.
- Eu queria tanto ter estado lá com você.
- Você estava em meu coração.- Anne disse, beijando-o no rosto.- Ele se chamava Walter, o mesmo nome do meu pai. Não é incrível?
- Sim, meu amor. Isso é lindo.- ele então a olhou cheio daquele amor que sempre comovia seu coração, e a beijou com toda sua paixão acumulada de dias.
Anne se agarrou ao pescoço dele, colando seus corpos, sentindo as mãos de Gilbert deslizarem por suas curvas. A chama começou a queimar como sempre, e logo se alastrou pelos corpos de ambos, fazendo com que intensificassem o beijo, e as carícias que trocaram de forma ardente. As mãos de Gilbert passaram por seus seios, indo em direção aos seus quadris, os quais ele apertou contra os seus necessitado, e em vias de perder o controle, ele a afastou e disse ofegante:
- Desculpe-me. Eu sei que ainda não podemos.
- Tudo bem, querido. Eu também sinto sua falta. Mas vamos saber esperar o tempo necessário. Somos bons nisso.- ela disse beijando-o no queixo com carinho.
- Somo sim.- ele respondeu, sorrindo.
Deste modo, ele apenas a abraçou pela cintura, trazendo-a para os seus braços onde Anne se sentia completamente segura e feliz. E então juntos, eles ficaram observando a lua, cujo brilho intenso parecia abençoar aquele amor que naquela noite e naquele lugar ,recomeçava uma nova página no livro de suas vidas.
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