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Capítulo 128- Rilla

Olá, pessoal, mais um capítulo da Anne. Espero que gostem e me deixem seus comentários. Obrigada por tudo. Beijos.  PS: O Desenho acima foi feito por uma amiga e leitora qu se chama Ester.

ANNE

O tique taque do relógio parecia marcar o compasso daquele momento em que tanto Gilbert quanto Anne sentiam a tensão crescer entre eles.

A dor ia e vinha e começou exatamente no minuto que Gilbert lhe explicara que sua bolsa tinha se rompido. Ela gemeu alto, e colocou as mãos em seu ventre, olhando para Gilbert de um jeito tão apavorado, que ele pressentindo seu medo, se apressou em segurar em sua mão.

- Calma, querida. Eu estou aqui . Fique tranquila.

Anne quis responder que confiava plenamente nele, mas, outra dor a fez dobrar o corpo para frente, o que a fez pensar como era possível que Rilla tivesse enganado todo mundo, fugindo da data estipulada pelo médico, e escolhendo seu próprio dia para nascer.
Se não estivesse com tanta dor, ela teria rido ao pensar em como sua filhinha antes mesmo de nascer já mostrava que tinha uma personalidade independente. Dentro de sua agonia, ela ouviu Gilbert dizer de muito longe:

- Venha, vou te levar para o hospital. Não podemos perder nenhum minuto. - Anne estava em pânico, nunca sentira uma dor tão intensa, nem mesmo quando perdera seu primeiro filho ela sentira seu corpo tão dolorido como se estivesse sendo rasgado ao meio. Felizmente , Gilbert estava ali e a calma na voz dele lhe dava certo conforto. Ela tentou assentir com a cabeça, mas até o mínimo de movimento de pescoço lhe era difícil

- Consegue caminhar?- Gilbert perguntou com seu olhar preocupado sobre ela. Novamente, ela tentou responder, porém outra onda de dor a fez arfar, e lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, pois não conseguia sequer respirar direito. Seu marido mais uma vez veio em seu socorro, a pegou no colo e disse:

- Não se preocupe, meu amor. Está tudo bem. Se apoie em mim, e serei toda a força que você precisa.

Anne o olhou com gratidão, ao mesmo tempo em que seu coração gritava o quanto o amava, mas ela não conseguia colocar em palavras, pois não encontrava sua própria voz naquele mar de dor no qual seu corpo se transformara, porém, ela tentou deixar que seus olhos transmitissem todo o sentimento que corria dentro dela como uma cachoeira sem parada.

Outra onda de dor a acometeu, e ela quase caiu, mas, Gilbert a segurou em seus braços antes que seu corpo alcançasse o chão. Ela se agarrou ao pescoço dele, sentindo o mundo girar loucamente como se ela estivesse em uma roda gigante em um ritmo rápido demais. Gilbert a segurou em seus braços, enquanto falava em seu ouvido palavras suaves que a deixavam mais calma, por isso, ela se prendeu a cadência da voz dele, a suavidade de cada sílaba, o movimento dos lábios que eram capazes de levar qualquer desconforto dela embora. Mais uma onda de dor, e Anne pensou que iria desmaiar, e somente não o fez porque a voz de Gilbert a trouxe de volta quando disse, tocando seus cabelos:

- Amor, eu sei que está difícil, e que deve estar doendo demais, mas, apenas se concentre em um pensamento, o de que nossa Rilla está chegando, antes do que esperávamos é verdade, mas, nossa garotinha estará conosco em poucas horas. Consegue imaginar coisa mais incrível?- Anne tentou levar seu pensamento da maneira como ele descrevera , e quase podia ver sua garotinha lhe sorrindo, e tal pensamento além da presença de seu marido era que lhe dava forças para se manter lúcida e de olhos abertos, embora todo o seu corpo implorasse pela misericórdia da inconsciência.

Anne desejava passar por aquela experiência, mesmo com todo o sofrimento das contrações, de mãos dadas com Gilbert, pois queria olhar para o rostinho de sua bebê, beijar-lhe a testa com carinho, sentir aquele aroma de recém-nascido que lhe lembrava um mundo inteiro de doçura e inocência do qual se carecia tanto nos dias atuais.

Seus sentidos estavam tão concentrados naqueles pensamentos, que ela nem notou que estavam no corredor, por onde Gilbert a carregou com todo o cuidado, protegendo-a com carinho, beijando seu rosto e vez em quando, enquanto ela se aconchegava no peito convidativo dele, onde podia ouvir-lhe o coração batendo como se cantasse para ela uma canção suave, mas tão bem conhecida por ela. Era mesma que ouvira na primeira vez que olhara para ele, depois quando ficaram noivos, quando descobrira sobre Rilla, e em seu casamento. Era como uma colcha de retalhos de lembranças que a fazia pensar no quanto em todos aqueles momentos , eles tiveram um motivo para festejar, e desejava que ainda tivessem muito mais com o nascimento de sua filha, porém, o futuro era ainda tão cheio de mistérios, e nunca se sabia o que poderia acontecer no minuto seguinte. Ainda assim, Anne queria acreditar que muitos anos ainda viriam e elas os partilharia com Gilbert e com sua filha tão linda que naquele exato instante implorava para nascer.

As dores continuavam intensas, e Anne se segurava muitas vezes para não gritar. Era como uma faca em sua barriga, ultrapassando seu autocontrole, e deixando-a bem próxima de uma agonia profunda. Ela apertou a mão de Gilbert quando ele a colocou no carro, e quis falar, mas estava tão ofegante e respirando tão rápido que as palavras ficaram simplesmente perdidas em sua garganta, mas pelo olhar que Gilbert lhe lançou, ele sabia o que ela queria dizer, ele sempre sabia. Não havia nada dela que Gilbert não conseguisse compreender ou decifrar, pois eram como a mesma alma que habitavam em dois corpos diferentes. A dor de um era a dor de outro, a alegria de um sempre seria a alegria de outro, e Anne tinha certeza de que Gilbert sabia como ela se sentia naquele momento, pois seus olhos não a abandonavam um segundo, e era tão reconfortante saber que ele estava ali, cuidando para que ela sentisse que não estava sozinha, ou perdida, e de todas as pessoas que desejaria que estivessem com ela nesse momento, com certeza Gilbert estava no topo de sua lista. Não só porque era ele o pai de Rilla, mas, também, porque ele era quem mais lhe dava segurança naquele momento de que tudo ficaria bem.

A ida até o hospital pareceu uma eternidade, principalmente porque o trânsito estava mais pesado que nos outros dias. Gilbert pegou alguns desvios para encurtar o caminho, mas, os quinze minutos passados dentro do carro para Anne eram como se fossem uma hora. Cada contração era uma agonia, e lágrimas escorriam por seu rosto, embora a ruivinha tentasse controlar seu emocional que naquele instante estava um caos. Por fim, Rilla iria nascer como ela desejava, embora em um dia que não fora planejado nem pelo médico e nem por ela. Sua garotinha decidira por si mesma quando viria ao mundo, e mesmo todo o sofrimento pelo qual Anne estava passando, ela se sentia feliz por saber que finalmente a teria nos braços, e só esse pensamento já valia todo o sacrifício.

- Vai ficar tudo bem, amor. Estamos quase lá.- Gilbert dizia de tempos em tempos , para confortá-la, mas, Anne também podia ver o medo em seu olhar, e ela sabia exatamente o que ele estava pensando, pois já vivera experiências assim antes, e ela podia apostar que Gilbert tinha sua mãe e Mary na cabeça.

Anne também queria confortá-lo e dizer que tudo ficaria bem, assim, como ele tentava fazer com ela, porém, mal conseguia manter os olhos abertos, pois a dor que estava sentindo era forte, e tinha também que se concentrar na respiração que fazia toda a diferença naquele momento. Ele estendeu a mão e apertou a dela, e naquele calor sutil, ela sentiu todo o amor que ele tentava lhe transmitir, e Anne se lembrou da carta que tinha escrito para ele, e não tivera a oportunidade de lhe entregar. Ela tinha planejado dar a ele um dia antes de seu parto marcado com o Dr. Miller, mas com a antecipação de tudo, a cartinha ficara guardada em sua caixinha junto com as de Rilla dentro do guarda roupa do quarto de hóspede, e só poderia mostrar a ele depois.

Eles chegaram no hospital, e Gilbert a ajudou a sair do carro. Como não estava conseguindo andar, ele a carregou até a porta do hospital onde enfermeiros prontamente correram até eles com uma maca, enquanto o rapaz explicava a situação de sua esposa. Ela foi encaminhada para a sala de emergência, e Gilbert a seguiu até a metade do caminho onde lhe era permitido. Porém, quando os enfermeiros fizeram menção de afastar Anne de Gilbert, ela agarrou a mão dele e implorou com o olhar que ele fosse com ela, pois só conseguiria ter a calma necessária naquela situação se ele estivesse com ela. Ao ver seus olhos marejados, Gilbert se aproximou da maca e lhe disse:

- Fique calma, estarei com você na hora do parto. Agora, você precisa ir com eles, pois será examinada pelo seu médico e preparada para o parto. – ele lhe deu um beijo suave nos lábios, e depois disse baixinho em seu ouvido:- Eu te amo, e obrigada mais uma vez por esse presente.- e assim Gilbert lhe fez um último carinho nos cabelos, e ela foi levada para longe dele.

Dentro do quarto de emergência, Anne começou a ser preparada para o parto. O primeiro passo foi o exame do Dr. Miller que constatou que ela ainda não tinha dilatação suficiente, e teriam que esperar mais um pouco para levá-la até a sala de cirurgia. Em seguida, a enfermeira chefe a fez se vestir adequadamente, e seus cabelos foram envoltos em uma toca cirúrgica como era o procedimento padrão. Tudo isso, Anne observava acontecer a sua volta como se estivesse de longe, fora do próprio corpo, pois a dor que sentia a deixava um pouco alheia a realidade que acontecia naquele instante.

Ela olhou em volta e na outra cama, Anne viu uma garota mais jovem que ela na mesma situação que a sua, e então, ela se lembrou que aquela garota estivera no consultório do Dr. Miller em uma das consultas que Anne fora com Gilbert, e o olhar triste da menina naquele dia partiu o coração de Anne, por perceber que ela estava sozinha em um momento em que deveria ter todo o apoio do mundo, e mais uma vez a ruivinha agradecera pelo homem maravilhoso que tinha a seu lado, e que a apoiara durante todo o período daquela gravidez tão desejada, mas nem por isso menos difícil.

No instante seguinte, a garota fora levada para a sala de parto, e Anne se viu de novo sozinha apenas com a enfermeira que a examinava a cada minuto para observar se sua dilatação tinha chegado aos 10 cm, o que seria recomendado para um parto normal, o que faria Anne fugir da Cesária, a qual ela se opusera desde o início. Porém, se sua dilatação não evoluísse, ela teria que ser submetida aquele procedimento. No entanto, Anne pressentia que se Rilla adiantara o próprio nascimento era porque o Universo conspirara a seu favor, e decidira dar a ela o que a ruivinha mais desejava.

As contrações aumentaram mais um pouco, e espaçaram sua incidência , e assim quando Anne olhou para a enfermeira, ela sorriu e lhe disse:

- Muito bem, Sra. Blythe. Creio que estamos prontas.- Anne tentou sorrir, mas os espasmos de dor a impediram, e então com uma careta por conta do seu desconforto, ela apenas assentiu com a cabeça, e logo foi levada para a mesa de parto onde o Dr. Miller a esperava com um sorriso encorajador no rosto. Anne apertou o braço dele e disse:

- Meu marido.

- Fique tranquila. Eu mandei chamá-lo.- e nesse instante, ela viu Gilbert entrar vestido adequadamente para acompanhar o parto, segurar em sua mão e dizer :

- Estou aqui e não vou sair até que nossa garotinha esteja em seus braços.- o beijo suave dele em sua testa a tranquilizou, enquanto o Dr. Miller se aproximava dela e lhe perguntava:

- Pronta?- ela balançou a cabeça respondendo afirmativamente. E Anne soube naquele minuto que sua maior batalha estava para começar.

GILBERT

Gilbert respirou fundo enquanto o Dr. Miller se preparava e preparava Anne para começar a fazer o parto de Rilla. Ele imaginava o quanto estava sendo difícil para ela, pois em alguns momentos ele percebia a sua respiração ficar irregular conforme as contrações pioravam de intensidade. Uma camada de suor fina se espalhava por sua testa, e a enfermeira que estava acompanhando o parto a enxugava a todo instante com um lencinho umedecido.

Observando-a valentemente suportar tudo aquilo, ele não pôde deixar de pensar no quanto seu amor por ela estava ainda maior . Anne estava fazendo aquilo por ele, pois no coração dela sempre existira aquela vontade imensa de ter um filho biológico dele, e embora Gilbert lhe dissesse muitas vezes que se contentaria com um filho do coração, e que a adoção de um bebê para ele não faria a menor diferença, e que ele o amaria da mesma maneira como se tivesse sido concebido pelos dois, Anne nunca desistira totalmente daquele sonho.

Ela ignorara os riscos, passara por cima de qualquer impossibilidade de engravidar e se agarrara aos cinquenta por cento de chances que os exames lhe apontaram como sendo o máximo que teria de esperança de terem um filho juntos, e por fim, conseguira o que tanto desejava, mas, não sem pagar um preço talvez caro demais para qualquer um, menos para ela que aprendera enxergar um milhão de possibilidades em tudo, e aquela garota franzina, com seus olhos docemente azuis se agigantara diante dele quando enfrentara uma doença tão grave para continuar vivendo seu maior sonho.

Gilbert tinha que confessar que nem sempre fora tão corajoso quanto ela, e nem tivera aquela força imensa que vira estampada no rosto de Anne quando sentia-se mal demais para sequer se levantar da cama. Ele quisera recuar, por medo de perdê-la, por seu receio de nunca mais ter aquela garota maravilhosa do seu lado, e viver com ela cada dia daquele amor tão grande até o final de seus dias. E agora vendo-a passar por aqueles momentos de dor sem sequer reclamar de nada, ele se sentia envergonhado por tentar fazê-la desistir, por ficar zangado com ela, acusando-a de ser egoísta por preferir arriscar a própria vida naquele sonho sem pensar em como ele se sentiria se ele a perdesse, e dando-se conta finalmente que o maior egoísta era ele, pois Anne queria aquele bebê por ele, queria vê-lo feliz, queria que ele também realizasse seu sonho de ser pai, e foi por isso que ela lutara até aquele momento .

Ele ouviu o Dr. Miller pedir para que ela fizesse força, e Anne se esforçava para fazer o melhor que podia, enquanto Gilbert continuava a pensar que daria tudo para trocar de lugar com ela, porque aquele parto não estava sendo fácil, como nunca fora desde o início, e era mais um fardo pesado para que ela pudesse carregar. Em alguns momentos naqueles meses, Gilbert até pensara que ela não conseguiria, pois a vira muitas vezes chorar em meio as suas crises de pressão alta e depressão, como se o seu coração estivesse irremediavelmente ferido para que pudesse ser curado, e todas as vezes ela o surpreendera com sua capacidade de recuperação. Pois cada vez que ela voltava do inferno de suas dores, seu sorriso estava maior, sua vontade de viver intacta, e sua beleza cada vez mais irresistível. Ele a subestimara, e Anne lhe provara o quanto era grande por dentro e por fora, e era por isso que ela merecia todas as rosas do mundo que ele pudesse lhe dar.

Muitas vezes ela lhe dissera que tinha sorte de tê-lo do lado, mas, ela nunca soubera que a sorte quem tinha de verdade era ela por ter uma mulher a seu lado que lhe ensinava valores verdadeiros que ele nunca esqueceria, e que por causa deles Gilbert se tornara alguém melhor por dentro, pois ele também descobrira através de Anne que falar palavras bonitas era fácil, o difícil era viver por elas toda a filosofia que realmente representavam. As atitudes eram importantes, e realmente agir pela maneira como se sentia era o essencial, portanto ouvir seu coração muito mais que a razão era algo que Anne lhe ensinara muito bem, e apesar de ser uma pessoa que acreditava muito em resultados práticos, Gilbert tinha que admitir que vinha deixando seu lado emocional aflorar com mais facilidade, principalmente depois de todos aqueles meses de tensão constante.

O rapaz ouviu o médico pedir a Anne que fizesse mais um pouco de força, e foi para perto dela quando viu o pânico se instalar naqueles olhos azuis , pois até ela percebeu que aquele parto não estava sendo fácil, e sua bebezinha estava demorando a chegar. Gilbert apertou a mão dela e disse:

- Vamos, minha garota corajosa, você consegue. Eu estou aqui, aperte minha mão se precisar.- Anne pareceu concordar com seu olhar, e assim, ela fez o melhor que podia, enquanto o médico lhe dizia que Rilla estava quase chegando.

Gilbert sentia cada agonia de Anne como se fosse a sua própria, pois estavam juntos naquele momento como sempre estiveram nos últimos meses, e era difícil vê-la no limite de suas forças. Ele lhe emprestaria a sua se fosse possível, porém, a única coisa que podia fazer naquele momento era dar-lhe todo o apoio necessário para que ela não desistisse, ao mesmo tempo em que se sentia emocionado ao pensar que Rilla agora estava a um passo dele e de Anne, e ele estava extremamente ansioso para ver-lhe o rostinho, e saber finalmente se sua imaginação lhe trouxera a aparência exata dela. Sua filha seria linda, disso ele tinha certeza, especialmente se se parecesse com Anne.

Ele deixou seu olhar se perder naquele rosto de Madona que não perdera seu brilho nem naqueles instantes dolorosos que ela oscilava entre as dores, e a respiração que tentava manter da maneira como o médico a instruía. Nunca em toda sua vida vira mulher mais bonita que sua esposa, e duvidava que um dia encontraria outra que chegasse aos pés dela. Talvez fosse seu amor por ela que o fazia enxergá-la sobre outras luzes que não fosse apenas a aparência física, pois Anne era muito mais que apenas sua beleza espetacular. Gilbert a enxergava como um todo, uma junção de todas as qualidades além daquelas que poderiam ser vistas em uma garota que sempre fora um universo inteiro de sentimentos e emoções em sua vida.

Anne parecia exausta, mas o médico continuou incentivando-a, pois faltava tão pouco e Gilbert sentiu-a apertando seu braço com mais força, o que indicava que a princesinha deles estava a caminho, e nasceria a qualquer minuto. Então, Dr. Miller pediu para Anne fazer um pouco mais de força, e em seguida, um choro alto se ouviu e Gilbert não conteve as lágrimas, assim como Anne, cujo rosto ficou completamente molhado em questão de segundos.

- Venha, Gilbert. Aqui está nossa princesinha linda.- Gilbert ouviu o Dr. Miller dizer, e assim, ele se aproximou do médico, com seu coração tão cheio de vários sentimentos, os quais ele não conseguia identificar de pronto, mas um deles brilhava dentro dele como o sol depois da tempestade, e era aquele amor que depois de todos aqueles meses de espera explodia em cores diferentes em seus solhos como um arco-íris inteiro de amor.

Assim, Gilbert pegou a garotinha que o médico lhe entregou, enquanto as lágrimas continuam a rolar continuamente sem que ele conseguisse parar. Ela era linda, como ele havia imaginado, seu cabelo ainda quase inexistente era de um ruivo ainda mais vivo que o de Anne e já começava a encaracolar nas pontinhas, mostrando a Gilbert que ela herdara dele aquela ondulação. Os olhinhos o fitavam como se já o reconhecessem e era de um castanho mel adorável, que poderia mudar com o tempo, mas que já o encantavam totalmente. Seu rosto era de traços delicados como os de Anne, mas a pele não era tão branquinha como ele imaginara que seria, porém algumas sardas clarinhas já eram possíveis de notar na pontinha de seu nariz arrebitado como o da mãe, Enfim, sua filha era uma cópia de ambos, apenas teriam que esperar um bom tempo para ver a quem puxara o temperamento, mas Gilbert podia apostar que seria de sangue quente como Anne, pois já provara com aquele nascimento fora do esperado que não ela seria tão fácil assim de ser controlada.

- Oi, Rilla. Aqui é o papai. Você é linda, meu amor, exatamente como eu imaginava. Seja bem vinda à família Blythe.- ele disse beijando-a de leve na testa.- Agora vamos conhecer sua mãe.- o rapaz disse ainda muito emocionado. Porém, quando se virou para falar com Anne, ela estava de olhos fechados, o que não era de todo estranho já que deveria ter adormecido de exaustão. No entanto, ele não pôde deixar de perceber o olhar aflito da enfermeira para o Dr. Miller que disse a ele:

- Doutor, a paciente desmaiou.- o pânico se fechou em torno do coração de Gilbert que tentou se aproximar de sua esposa, mas, o médico não deixou. Com gentileza, ele pegou Rilla dos braços de Gilbert, e a entregou aos cuidados da enfermeira enquanto dizia par o rapaz que parecia petrificado no mesmo lugar, pois não conseguia entender a cena que se desenrolava ali à sua frente.

- Gilbert, por favor, saia, precisamos cuidar de Anne. Tudo vai ficar bem. O parto foi muito difícil, e ela deve ter desmaiado de cansaço. Assim que ela voltar a si, eu te chamo de volta, mas, por favor, espere na recepção, pois você não pode fazer nada por ela aqui. Rilla vai ser levada para o berçário, onde ficará por uns dias até que eu tenha certeza de que está tudo bem com ela.- Gilbert assentiu, sem conseguir dar dois passos para longe dali. O jovem estudante de medicina foi conduzido para fora da sala por uma enfermeira que o olhava penalizada.

Ele caminhou até a recepção a passos lentos, pois seu coração e mente tinham ficado para trás junto com Anne. O rapaz não queria deixá-la, mas não permitiriam que uma pessoa estranha, mesmo ele sendo o marido ficasse por perto enquanto tentavam cuidar de Anne. Sem saber o que fazer, ele se sentou na poltrona da recepção com a cabeça encostada na parede enquanto seus olhos se fixavam no teto, e seus pensamentos enchiam seu cérebro de apreensão.

- Então, ela nasceu?- ele ouviu alguém perguntar, e logo ele percebeu que era Sharon, Com certeza, Jonas que estava de plantão naquele dia soubera do parto de Anne, e mandara avisar a namorada que estava ali e o olhava com seu olhar cheio de ansiedade.

- Sim, ela nasceu.- ele respondeu quase mecanicamente, e mesmo estranhando a maneira como ele respondera, Sharon tornou a perguntar:

- E como ela é?

- Ela é linda.- foi tudo o que ele respondeu, pois sua cabeça dava tantas voltas que ele não conseguia pensar direito. A única imagem que vinha em sua cabeça era a de Anne desacordada, e ele precisava desesperadamente saber o que tinha acontecido com ela.

- O que aconteceu, Gilbert? Você parece tão estranho.- Sharon perguntou preocupada. O rapaz a olhou com seus olhos torturados e disse;

- Anne desmaiou depois do parto, e o Dr. Miller não me deixou ficar com ela. Agora não sei o que está acontecendo com minha ruivinha, e isso está me deixando louco.

- Calma, Gilbert. Ela está sendo muito bem cuidada, tenha certeza disso. O Jonas sempre me fala bem da equipe médica daqui.- Sharon disse tentando acalmá-lo, mas, ele sabia que só se sentiria melhor quando pudesse ver Anne com seus próprios olhos.

- Eu preciso vê-la, Sharon, estar perto dela. Não suporto a ideia de estar longe de Anne. Eu prometi que sempre estaria do lado dela em todos os momentos, e agora ela está lá dentro sem mim. O que que eu faço?- o olhar dele foi tão desesperado que fez Sharon responder:

- Tudo vai ficar bem, Gil. Tenha fé.

Ter fé era tudo o que Anne vinha lhe pedindo naqueles meses em que esperaram por Rilla, mas, naquele exato momento, seu coração estava apertado demais para conseguir enxergar alguma luz na escuridão.

GILBERT E ANNE

Duas horas tinham se passado e muito pouca informação sobre o estado de Anne havia sido compartilhado. Uma enfermeira havia aparecido uma hora antes para dizer a Gilbert que Anne estava sendo atendida pelo Dr. Miller e que logo o médico viria falar com ele sobre o estado geral da esposa dele, deixando Gilbert cada vez mais nervoso . Jonas também aparecera para falar com ele, em uma breve pausa de seu estágio, prometendo ao rapaz que se conseguisse alguma informação importante antes do médico falar com Gilbert, ele prontamente o colocaria a par da situação.

E assim, Gilbert permaneceu naquele estado de espera preocupante que o fazia imaginar milhares de coisas diferentes, e nenhuma delas conseguia afastar sua apreensão. Cansada de ver Gilbert a beira do desespero, Sharon o convenceu a ir para casa buscar roupas para Anne, pois se bem se lembrava, a amiga havia lhe dito que já tinha deixado uma maleta com tudo pronto para o dia que tivesse que ir para o hospital, e com esse argumento, ela conseguiu afastar Gilbert dali por alguns instantes, e respirar um ar diferente, longe daquele quadro doentio que se desenrolava naquela recepção .

Com muita relutância, o rapaz acatou a sugestão da amiga de Anne e foi até o apartamento que o acolheu com seu silêncio deprimente. Ele odiava estar ali sem ela, porque tudo o que existia dentro daquele apartamento, Gilbert colocara ali por ela, e pensar que naquele instante ela estava em outro lugar e não naquele espaço onde até respirar o fazia lembrar de sua esposa, fez os olhos dele marejarem, mas, ele tentou controlar suas emoções enquanto alimentava Milk, porque nada do que estava acontecendo dependia dele, por isso, ele queria voltar logo para o hospital para ver Rilla, e saber finalmente o que estava acontecendo com Anne.

Por isso, ele foi até o quarto de hóspedes a procura a maleta que ela arrumara com tanto cuidado a três dias, que ele sabia que estava dentro do armário, e logo a encontrou. Sem querer, seus olhos pousaram na caixinha onde Anne guardara todas as suas cartinhas para Rilla, e sua curiosidade o fez abri-la, sem saber o que realmente esperava encontrar ali. Talvez fosse a sua saudade que o incitasse a procurar por algo concreto dela, que afastasse sua preocupação excessiva que naquele instante tinha chegado a seu máximo, e lhe trouxesse seu otimismo de volta. Ele precisava de qualquer coisa que minimamente o fizesse se lembrar de como era ter o sorriso ela somente para ele, ou aquela alegria espontânea que via brincar no rosto dela sempre que alguma coisa a deixava feliz, ou ainda o jeito especial que ela tinha de deixá-lo saber como ela o amava, e a maneira como ela se agarrava a ele em seu sono, fazendo-o se sentir importante somente porque sua esposa parecia precisar dele em seus momentos mais vulneráveis.

Seu olhar se perdeu entre tantos envelopes, e se não fosse pela cor diferente que um deles possuía, Gilbert jamais teria visto que esse mesmo envelope era endereçado a ele. Então, Anne havia lhe escrito uma carta? O que poderia conter ali que ela havia escondido aquilo dele até aquele momento que por acaso Gilbert o tinha encontrado? Ansioso, ele pegou-o e o abriu, pois não conseguiria tirar aquilo da cabeça se não soubesse exatamente o que havia escrito ali.

A letra floreada de Anne encheu os seus olhos, assim como todas as palavras lindamente depostas ali com todo o capricho, fazendo-o se lembrar de como ela colocava beleza em tudo o que fazia. Sem conseguir esperar mais ele começou a ler:

Querido Gilbert,

Não se assuste com essa cartinha, meu amor, pois é apenas um lembrete sincero do quanto meu sentimento por você se expandiu todo esse tempo de caminhada juntos.

Parece que foi ontem a primeira vez que te vi, e como me apaixonei pelo seu sorriso logo de cara. Desde o princípio você me tratou com tanta consideração, e tudo o eu fiz foi fugir de você como uma garotinha assustada. Se eu soubesse que estava olhando para meu eterno amor, futuro marido, e pai da minha filha, talvez eu tivesse sido mais gentil, e te poupado de todas as minhas palavras ríspidas, mas a vida nunca nos dá um aviso prévio de tudo o que vamos experimentar e descobrir, e posso dizer que com você eu vivi os melhores dias de minha vida. Você preencheu todos os dias em que vivi sem amor naquele orfanato onde tudo o que nos oferecia era mais um dia de humilhação e fome, e onde pensei que estaria destinada a um futuro solitário.

Mas que sorte a minha os Cuthberts terem me adotado, e como fui mais sortuda ainda por cruzar meus olhos com os seus de avelã, onde eu encontrei os sentimentos mais puros e profundos por mim. Você me é tão precioso, Gilbert. Tanto que nunca saberia colocar em palavras toda a extensão do que sinto por você. Nosso casamento foi um sonho realizado, logo eu que pensava que seria apenas casada com minhas aventuras, e que seria fiel apenas a mim mesma, e no entanto, agora carrego no dedo o símbolo do nosso compromisso, e em meu ventre a prova viva de que o nosso amor vive e será sempre representado através de nossa filha que virá a esse mundo sabendo que é fruto de um sentimento grande demais para viver apenas dentro de nós.

Obrigada por tantos presentes que me deu, e não falo dos materiais e sim dos espirituais que foram minha salvação em todos os meus momentos de dor e tristeza. Eu sei que os último meses não foram fáceis para você, e que eu muitas vezes dificultei o caminho de nossa comunicação, mas, você com sua paciência infinita jamais deixou que qualquer mau entendido durasse entre nós por muito tempo, e por isso, eu também lhe agradeço. Amar você tem sido uma aventura prazerosa, e apesar de nossa vida juntos ter sido um batalha atrás da outra, eu nunca poderia ter vivido tudo isso com outra pessoa que não fosse você , porque você, Gilbert Blythe é o rapaz mais especial que tive o prazer de conhecer, e espero que ainda possamos viver muitos anos juntos.

Nossa Rilla está chegando, e assim como você, também anseio por ver seu rostinho infantil trazendo ainda amais alegria para nossas vidas. Mal posso esperar para caminhar com você em um daqueles fins de tarde com Milk correndo ao nosso redor, e com mais uma integrante de nossa pequena família feliz da qual tenho muito orgulho de estar construindo com você.

Você é o homem com quem sempre sonhei, o amor de uma vida inteira, um presente que o destino me deu, minha maior alegria, meu sonho mais lindo, minha eterna paixão. Você está gravado em meu coração e vou te amar até que não possa mais enxergar todas as belezas do mundo que só existem para mim por sua causa, e essa carta foi a única forma que encontrei de te dizer que não importa o que a vida nos reserve, ou quantos espinhos ainda teremos que arrancar de nossos caminhos, eu estarei sempre a seu lado, assim, como sei que você estará ao lado do meu. Como Cole me disse uma vez, você e eu fomos feitos para ficarmos juntos, e nada vai conseguir arrancar de dentro de mim tudo o que sinto por você.

Eu te amo, Gilbert, essa é a única coisa da qual eu quero que se lembre, e mesmo que eu tenha que atravessar por milhares de tempestades inteiras, eu sempre vou encontrar o caminho de volta para você.

De sua Anne com e.

As lágrimas rolavam desde o instante em que ele começara a ler aquela carta maravilhosa, e agora que tinha terminado, seu coração gritava ainda mais por Anne. Era quase como se ele pudesse ouvi-la falando todas aquelas palavras diretamente para ele, e de certa forma isso lhe trazia um certo conforto e esperanças de que o amor de ambos conseguisse finalmente ter um final feliz . Assim, ele dobrou a carta, a colocou no envelope novamente, e a guardou em seu bolso, porque sentia que assim Anne estava realmente com ele, se não como pessoa física, pelo menos espiritualmente.

Ele sempre se maravilhara pela maneira com que ela conseguia usar as palavras de jeito poético e tão verdadeiro que dava para sentir todos os seus sentimentos em cada linha. Esse fato era raro, e nem todas as pessoas tinham esse dom, mas, Anne era especial e sempre tinha sido, e ele esperava que um dia conseguisse se expressar daquela maneira tão clara e apaixonada.

Gilbert ainda releu a carta várias vezes naquelas poucas horas que estivera no apartamento, pois de alguma forma, aquilo o aproximava de Anne, e lhe dava a sensação e que dali em diante tudo seria diferente, e tanto ele quanto Anne poderiam continuar sua jornada juntos, segurando na mão de Rilla, e descobrindo a cada momento uma nova razão para sorrir e ser feliz.

O rapaz fez uma refeição rápida, e logo estava pronto para voltar ao hospital. Ele queria ver Rilla mais uma vez, e embora a ideia de não ter Anne junto a ele nesse momento o deixasse um pouco triste, mas ele sabia que em pouco tempo esse quadro poderia mudar.

Desta forma confiante, ele rumou ao encontro de Anne e em pouco tempo ele estava adentrando as portas do hospital. Primeiro, ele passou pelo berçário para dar mais uma olhada em sua filha , e deixar as roupinhas que ele pensara que ela podia precisar pra a enfermeira responsável pelo setor. Sua menininha naquele instante dormia, e seu rostinho angelical espelhava toda a calma que ele desejava sentir por dentro naquele instante. Ele já estava louco por aquela mini-Anne que mesmo sendo tão pequena já carregava muita força dentro de si. Logo, ele estava de volta à recepção do hospital, e no caminhou acabou encontrando Dora pelo que lhe disse:

- Eu vi sua filha. É linda, tão parecida com Anne.

- Sim, pena que ela não conseguiu ver Rilla ainda.- a voz dele embargou ao se lembrar da cena de Anne desmaiada depois do parto, e aquilo o impactou mais do que ele queria admitir.

- Calma, Gilbert. Ela vai ficar bem. Fique tranquilo.- ela disse, colocando a mão no ombro dele para lhe dar conforto.

- Eu tenho tanto medo, Dora.- ele confessou.

- Mas, não precisa. Eu realmente não sei do estado dela ou o que aconteceu, mas algo me diz que logo vocês três poderão ir para casa e serem felizes como merecem .- ela disse com um sorriso que fez Gilbert sorrir de leve também.

- Obrigado pela ajuda, Dora. Vou ver se consigo ver a Anne agora.

- Boa sorte.- ela disse, e Gilbert quase respondeu que ia mesmo precisar de toda a sorte do mundo para superar tudo aquilo.

No minuto seguinte, ele já estava na recepção e avistou Sharon que veio a seu encontro e disse:

- O Dr. Miller apareceu aqui agora a pouco e disse que queria falar com você.

- Ele não falou como Anne está?- ele perguntou ansioso.

- Não, ele disse que podia informar apenas ao marido.- Sharon explicou.

- Vou avisar a recepcionista que cheguei, assim, poderei falar com ele mais rápido.

E foi exatamente o que ele fez. Logo, o Dr. Miller apareceu para falar com ele, e Gilbert caminhou até o médico ansioso pelas notícias que ele poderia lhe dar sobre sua esposa.

- Então, Dr. Miller. Anne já acordou?- o bom doutor o olhou tristemente e respondeu:

- Sinto muito, Gilbert, mas Anne entrou em coma a uma hora.

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