Capítulo 124- A personificação do amor
Olá, pessoal. Desculpa a demora em atualizar , mas, essa semana estou péssima. Não sei se o capítulo ficou bom, mas, espero pelo feedback e vocês mesmo assim. Vou corrigir depois.Beijos.
ANNE
A manhã estava quente, mas uma brisa fresca entrava pela janela agitando suavemente os cabelos de Anne, que se sentara na varanda duas horas antes para revisar suas matérias de estudo, e aproveitar a luz que iluminava todo o ambiente.
Ela acabara de escrever mais uma carta para Rilla, e era a 'décima, desde que começara com aquela ideia. Cada uma era colocada em um envelope amarelo, e tinha uma data específica para ser aberta depois que sua garotinha atingisse a idade de oito anos, pois Anne imaginava que a essa altura, sua bebê já poderia entender as palavras cheias de amor contidas ali, além das histórias que Anne fizera questão de contar, detalhando sua vida desde que saíra orfanato, até seu casamento com Gilbert.
Várias vezes ela se emocionara, pois relembrar o passado, e o passo a passo da reconstrução de sua vida que não fora um mar de rosas lhe deixava um gosto de melancolia na boca, mas ao mesmo tempo não podia deixar de se orgulhar da própria história que escrevera com suor, sangue e lágrimas. Portanto, aquelas cartas eram seu legado, a única herança que poderia deixar para sua filha de tudo que conseguira juntar de uma curta vida de vinte anos.
Ela não tinha fortunas, ou propriedades, sua única riqueza era feita de amor, e isso ela tinha de sobra e duraria até que toda sua existência virasse pó, e o que restasse fosse apenas lembranças de tudo o que ela fora, sonhara ou desejara poder construir.
Anne pegou a carta e guardou em uma caixinha que deixava escondida no armário do quarto de hóspedes. Não queria correr o risco de Gilbert encontrá-las, pois ele não compreenderia sua intenção, e Anne não queria ser responsável por mais mágoas no coração de seu marido.
O que vinha fazendo era uma necessidade para si mesma. As cartas a ajudavam a ter um propósito naqueles dias em que se sentia tão mal, que levantar da cama era um sacrifício. Faltavam três dias para completar seus sete meses de gravidez, e até ali ela vinha levando tudo muito bem, apesar das crises de pressão alta serem mais frequentes, e ela já não conseguir fazer tantas coisas como no passado.
Anne esperava chegar aos nove meses de gravidez, apesar de seu médico dizer que talvez o parto tivesse que ser realizado antes, se a pressão dela começasse a subir demais, assim, tentar arrastá-la até o último mês, quando os perigos tanto para ela quanto para Rilla poderiam ser maiores seria loucura. No entanto, se ela conseguisse se manter estável com a medicação e dieta pobre em sódio, as chances do parto ocorrer de forma normal aumentavam consideravelmente.
O desconhecido ainda a assustava. O não saber o que seria a deixava completamente sem ação ás vezes, então, ela deixou de fazer planos para viver um dia de cada vez. E era para isso que suas cartas serviam, uma alternativa se caso perdesse a vida para que sua filha nascesse, pelo menos saberia que não seria esquecida, e esse era o seu maior pavor. Não ser lembrada por Rilla, não ter o amor dela mesmo que fosse apenas na memória daquelas palavras nas quais Anne deixava registrado que o sacrifício que vinha fazendo não era nada, se pudesse trazer ao mundo aquele ser milagroso e imaculado.
Rilla era sua melhor criação. A melhor parte dela e de Gilbert da qual Anne nunca abriria mão, e lutaria para se manter forte até o fim, mesmo que isso significasse se deixar ir. Pois afinal não era para isso que uma mãe se esforçava tanto? Para que seus filhos fossem saudáveis, felizes e tivessem tudo que ela não tivera? Anne poderia não ter bens materiais valiosos, mas ela tinha seu coração que era um baú cheio de tesouros sempre pronto a se doar pelos outros, e ela esperava que sua filha também pudesse carregar dentro de si valores preciosos, e que soubesse apreciar o que vinha de dentro bem mais do que estava do lado de fora.
Uma onda de calor a atingiu, e Anne prendeu os cabelos no alto da cabeça com a ajuda de uma caneta, pois não tinha nenhuma presilha à vista. Depois suspirando fundo, ela encarou a paisagem ali da varanda que com a entrada do verão parecia estar mais colorida, apesar de não ter as flores de primavera que lhe daria um encanto especial, as presenças de mais pessoas nas ruas animadas pelo clima quente que lhes dava a oportunidade de fazerem suas caminhadas ao longo do calçadão, encontrarem amigos para uma boa conversa, ou simplesmente curtirem o dia ao ar livre transformava as ruas de Nova Iorque um grande parque de diversões gigante.
Contudo, Anne se contentava em ficar dentro do apartamento onde a temperatura era mais amena, e a ajudava a se sentir mais confortável dentro de suas limitações físicas. Ela quase já não conseguia mais caminhar por muito tempo e quando saía com Gilbert com a intenção de se exercitar um pouco, ela acabava por passar mais tempo sentada em um canto da praça do que propriamente se movimentando. Assim, seus dias passavam mais lentamente que antes, mas, ela estava aprendendo aos pouco a aquietar a ansiedade de quem passara a vida de maneira ativa, fazendo mil e uma coisas, e agora era obrigada a ver o mundo girando em torno dela, sem que Anne realmente pudesse participar dele como gostaria.
Rilla se mexeu um pouquinho em seu ventre, chamando a atenção de Anne para a filha no mesmo instante. Ela abraçou a própria barriga, e fez o que se acostumara durante aquele tempo em que sua reclusão da vida social era necessária, e começou a conversar com a menina com todo o carinho:
- Ah, Rilla, eu queria que você pudesse ver como o dia está ensolarado hoje. Está perfeito para ir à praia, e espero que você nasça com a pele morena de seu pai, porque assim não terá que ficar se escondendo como eu embaixo do guarda sol para não pegar uma insolação, ou ficar parecendo um camarão de tão vermelha. Gilbert diz que quer que você nasça ruiva, mas, eu torço tanto para que você se pareça com ele. Seu pai é lindo, Rilla. Acho que nunca conheci alguém mais bonito que ele, e é por isso que não me canso de olhá-lo, pois cada vez que o vejo, ele parece ter ficado ainda mais atraente que a última vez. Em breve, você vai conhecê-lo e verá que a mamãe tem razão. - Nesse ponto de seu diálogo maternal com sua bebê, Anne se calou.
Ela estava se sentindo sonolenta, e seu corpo já não a obedecia como antes. Muitas vezes, Anne se esforçava para continuar a fazer as suas atividades diárias, porém, o que parecia tão simples e que levaria exatamente dez minutos para ser executado, de repente, tomava o dobro do tempo. Ela se cansava com facilidade, sentia seus membros pesarem, e por conta disso, mal conseguia se manter em pé. Sua barriga tinha crescido muito naqueles dias, e Anne a sentia cada vez mais pesada, por isso suas costas começaram a doer a alguns dias, o que tornava difícil dormir. Ela não contara para Gilbert, porque sabia que ele passaria a dormir menos para lhe fazer companhia, e só Deus sabia o quanto ele precisava daquelas noites de sono, pois seus dias eram tão cheios com o trabalho, a faculdade que começara a exigir mais horas de estudo dele, e suas preocupações com ela e a casa. Tudo o que não queria era aumentar o peso de suas obrigações, pois seu amor por ele exigia isso, e ela prometera em suas noites insones que não deixaria que Gilbert sucumbisse ou desviasse de seus objetivos por causa das escolhas dela.
O barulho da porta da sala fez Anne abrir os olhos assustada, para em seguida se lembrar que era Cole que chegava para lhe fazer companhia. Ele aparecia todos os dias na mesma hora invariavelmente, sempre com seu ar amável e sorriso fácil. Cole Mackenzie era a gentileza em pessoa, e Anne não se lembrava de nenhuma vez em que ele tivesse sido ríspido com alguém, ou tivesse usado um tom de voz mais seco para expor seu ponto de vista. Ela simplesmente amava aquela calma que ele possuía em avaliar todos os lados de uma questão, e era essa mesma tranquilidade que a ajudava a atravessar seus dias mais difíceis.
- Anne, onde você está, meu amor? - ela ouviu-o perguntar.
- Estou aqui na sacada, Cole. - Ela respondeu, e logo ouviu passos vindo em sua direção.
- O que está fazendo aqui? Não acha que está quente demais para ficar sentada na sacada a essa hora? A ventilação do apartamento é muito mais agradável para você. - Ele disse beijando-a no rosto, e Anne pôde sentir seu perfume familiar encher-lhe as narinas.
- Estava estudando um pouco e acabei cochilando. Parece que a única coisa que faço ultimamente é dormir. - Anne disse com uma pontinha de desânimo na voz.
- No estágio de gravidez que você está é normal essa sonolência. Você já almoçou? - ele perguntou como uma preocupação de irmão mais velho que enterneceu o coração de Anne:
- Ainda não. Eu estava tomando coragem para comer uma das refeições sem sal que Gilbert me preparou, mas, confesso que me falta ânimo e apetite. - Ela respondeu franzindo a testa. Ela sabia que não tinha escolha, e que não podia abusar do sal, e na maior parte do tempo ela conseguia se forçar a comer, mas, naquele dia em especial sua vontade estava quase reduzida a zero.
- Eu trouxe um ensopado que Pierre preparou a moda francesa, e seu tempero é praticamente feito a base de ervas, e não vai sódio. Eu provei e gostei muito do sabor. Talvez algo diferente te apeteça mais que o que tem comido nos últimos dias.
- Obrigada, Cole. Vou provar agora mesmo. - Anne disse se levantando devagar, notando que seus pés estavam um pouco inchados, mas, não se preocupou tanto, pois já tinha tomado os seus remédios, e teria que esperar que fizessem efeito para que aquele sintoma indesejado desaparecesse. Cole também notou aquele detalhe e disse:
- Vou preparar um escalda pés para você que aprendi com minha mãe. O inchaço de seus pés vai desaparecer rapidamente. - Anne assentiu, e o seguiu até a cozinha onde ele lhe serviu uma porção generosa do ensopado que trouxera. Para sua surpresa o sabor era realmente agradável e ela conseguiu comer tudo o que havia em seu prato. Depois, Cole a fez se sentar no sofá da sala, e colocar os pés dentro de uma bacia com água morna e sal, onde os deixou cerca de vinte minutos. Em seguida, o amigo fez questão de massageá-los antes que ela se deitasse e os deixasse descansando em cima e um par de almofadas colocadas em uma posição mais elevada. Todo esse cuidado era para melhorar sua circulação sanguíneas, e fazer com que seus membros inferiores se livrassem do inchaço o mais rápido possível.
Anne se sentia imensamente agradecida por ter Cole por perto. Com Gilbert no trabalho, e sua dificuldade em cuidar até das tarefas básicas, ter a presença de Cole no apartamento era uma benção imensa, mesmo porque, o amigo sabia o quanto ela detestava depender da bondade alheia para poder fazer suas coisas, e conhecendo-a bem, ele jamais a tratava como inválida, e nunca tentava realizar tudo por ela. Primeiro, ele a incentivava a fazer o que precisava sozinha, e só realmente a ajudava quando ela não conseguia realizar a atividade com os próprios esforços.
- Você me disse que daqui a três dias sua gravidez completará sete meses. - Ele disse se sentando próximo dela no sofá.
- Sim. Dá para acreditar? Parece que foi ontem que fiquei sabendo que estava gravida. - Ela disse com um sorriso sonhador.
- E não está pensando em comemorar?
- Eu mal consigo me mexer, Cole. Como poderia comemorar se não posso sequer sair daqui? - ela disse com um olhar triste.
-Deve ter algo que possamos fazer para que essa seja uma data memorável. - Cole insistiu no assunto.
- Não sei. Tudo o que não quero é preocupar o Gilbert com esse tipo de coisa. Ele já está abarrotado de tarefas para que eu o sobrecarregue com mais uma.
- Não se preocupe, querida. Eu vou pensar em alguma coisa. - Ele disse todo animado, e Anne conseguiu ver o velho Cole na pele do homem sofisticado de Paris. - O que acha de jogarmos monopólio como antigamente? - ele perguntou mudando de assunto completamente.
- Acho uma excelente ideia. - Anne disse sorridente.
E dessa forma, eles passaram boa parte da tarde se divertindo com o jogo de sua adolescência, e só pararam quando depois de servir o chá com torradas para Anne, ela acabou adormecendo com a cabeça apoiada em seu ombro.
GILBERT
A caminhada depois do trabalho foi mais longa naquele dia, pois ao invés de Gilbert fazer seu trajeto habitual, ele resolveu escolher um outro caminho, pois tinha algo em mente que não podia esperar.
Logo que ele saiu da Avenida por onde costumava transitar todos os dias, e virou a esquina, ele encontrou exatamente o lugar que procurava. Assim, ele atravessou a rua movimentada com cuidado e entrou na confeitaria onde vendiam as rosquinhas recheadas que Anne amava, e foi direto para o balcão onde ele podia ver o doce deposto pela balconista.
Gilbert fez o pedido, tentando imaginar o rosto feliz de sua esposa ao vê-lo aparecer com seu doce favorito, e que não comia já fazia um tempo, desde que sua gravidez passara a ser um risco constante, e ela tivera que mudar seus hábito alimentares para refeições mais específicas.
No passado, ele costumava mimá-la com algo assim todas as semanas, mas nos últimos tempos Anne quase não apresentava grande interesse por coisa alguma, principalmente nas fases piores de sua depressão, que só vinha piorando por conta de sua inatividade, e isso começara a preocupá-lo além da conta. Ele sabia que ela se esforçava para se manter bem. Gilbert era testemunha do quanto ela dava o seu melhor para se levantar todos os dias e fazer suas pequenas tarefas diárias, assim, como também se esforçava ao máximo para comer todas as refeições que faziam parte de sua dieta, mesmo quando o enjoo crescente não deixava que ela fosse além de uma colherada de cada vez.
Ele pagou pelo doce, e pediu um café para si mesmo, pois queria fazer uma pausa antes de ir pra casa. Assim, Gilbert pegou a bebida e foi se sentar em uma mesa perto da porta de onde poderia ver o movimento da rua. Aquela confeitaria lhe lembrava muito o bistrô de Paris onde ele e Anne costumavam frequentar algumas vezes quando estavam de férias na casa de tia Josephine. Parecia que um século havia se passado desde então, onde todas as coisas pareciam possíveis e tão simples, e tudo o que ele e Anne tinham que fazer era estender a mão para alcançar tudo o que desejassem. Fora uma época feliz, de tantos sonhos, descobertas e amor. O mesmo que permanecia imutável em seu coração, o mesmo que o fazia lutar para manter a mulher de sua vida do seu lado, o mesmo que nunca diminuíra naquele tempo todo onde ele sofrera, chorara, sangrara para conseguir seguir em frente sem esmorecer. E era por esse amor que ele se agarrava a cada fio de esperança que o fazia acreditar que aquela fase terrível iria passar, e que logo sua esposa e filha estariam bem e felizes ao seu lado.
Gilbert tomou um gole de seu café, e respirou fundo para afastar o nó na garganta que surgiu de repente ao pensar em como parecia que ele estava perdendo Anne dia a dia. Ela estava cada vez mais frágil, e mesmo quando sorria, Gilbert podia perceber o seu ar cansado, seu desânimo crescente, e seus movimentos que iam se limitando cada vez mais conforme a gravidez ia avançando para o seu período mais crítico.
Sua esposa nunca tivera uma constituição física muito forte, mas, era admirável sua capacidade de realizar coisas que para seu tamanho e por ser de certa forma franzina seria considerado pesado demais, porém, naqueles dias o mínimo de atividade a deixava exausta, mesmo ela fingindo que não estava tão cansada assim. Não havia muito o que ele pudesse fazer a não ser observar de perto a evolução de sua gravidez enquanto Anne parecia estar desmoronando lentamente, e por mais que ele fingisse estar otimista, no fundo a sua impotência o revoltava, e o fazia questionar seus valores como estudante de medicina e futuro médico.
Ele estudava e dava o melhor de si em uma profissão que prometia salvar vidas, mas, a única vida que lhe importava mais que a sua, ele não podia fazer nada para salvar, e mais vezes naquelas semanas ele andara se questionando se ser médico era realmente o que desejava seguir como carreira, porque ver Anne desenvolver uma fragilidade absurda em uma gravidez tão desejada, mas que podia levá-la dele a qualquer momento parecia ser irônico demais.
Gilbert não queria pensar na possibilidade de que cada dia que passava suas esperanças estavam se acabando, porque se ele vacilasse um só segundo em sua crença, tudo estaria completamente perdido, e ele seria arrastado por um desespero parecido com o qual sentira quando Mary quase morrera e fora Anne que o salvara de se afundar em sua dor. Agora era ela que estava na mesma situação que a esposa de Sebastian estivera, e o rapaz não sabia se seu apoio estava sendo eficaz naquele caso. Ele queria que ela resistisse, e lutasse mais, porém, Gilbert também se perguntava se era justo pedir que ela fosse além do que já tinha ido quando Anne parecia estar no fim de suas forças.
Outra coisa que o estava atormentando era o pedido de Anne que ele fizera de tudo para esquecer, mas, vez ou outra voltava a sua cabeça como um fantasma que o fazia sofrer. Anne pedira que se ele tivesse que escolher entre a vida dela e a da filha, que ele optasse pela vida da filha, mas, como ele poderia fazer isso, se não conseguia cogitar a possibilidade e viver sem ela? Anne era seu ar e tudo de bom que havia naquele mundo para ele, e se a perdesse como poderia acordar a cada dia e saber que não veria mais aquele oceano azul que eram os olhos dela? Como poderia voltar para casa sabendo que o sorriso que o encantava não estaria mais lá para recebê-lo? E como poderia dormir sem ter mais os braços calorosos em volta de seu pescoço, e aquele amor que embalava seus sonhos a noite toda?
Era dor demais pra sequer pensar sobre isso. Principalmente porque envolvia a vida de sua bebê também, e porque havia outro drama bem no meio desse pedido, que ele não sabia como lidar. Anne jamais o perdoaria se ele a escolhesse e não a Rilla, e como ele se sentiria como o assassino da própria filha, carregando o ódio e ressentimento de sua esposa nas costas?
Gilbert terminou o seu café sentindo um cansaço imenso. Não tão físico, apesar de a semana toda ser uma loucura que ele simplesmente acabava desabando na cama à noite, e adormecendo no momento em que colocava sua cabeça no travesseiro macio. O esgotamento emocional era maior, pois ele lidava com suas emoções em conflito todos os dias, e ele não era tolo para pensar que sua força interior era inesgotável.
Havia momentos em que ele queria fugir de toda aquela tensão. Dormir uma noite inteira com a ilusão de que no dia seguinte ele apenas encontraria paz, e que toda essa situação que estava vivendo não passava apenas de uma projeção de sua mente. Porém, ele sabia que por mais duro que fosse, ele não podia recuar, e teria que lidar com tudo aquilo até o final, como fizera quando seu pai adoecera.
Entretanto, naquela época ele não tivera o conhecimento que tinha agora, e era apenas um garoto amedrontado que fazia o que o mandavam, sem realmente tomar qualquer atitude sozinho.
Agora, ele era um homem e não podia fraquejar, porque a mulher que amava precisava de sua segurança para chegar ao fim daquilo tudo inteira, mesmo que no fundo ele soubesse que precisava muito mais de Anne do que ela dele. Se comparassem suas forças, veriam quem na verdade era mais forte, e Gilbert sabia que nessa comparação ele perderia feio. Porém, ele deixava que as outras pessoas tivessem a ilusão de que Anne se apoiava totalmente nele, para que assim não pudessem ver a face do seu desespero, e como ele escondia bem seus temores.
Gilbert consultou o relógio e decidiu que era hora de ir para casa, pois Cole estava esperando que ele chegasse para ir para seu próprio apartamento, e Gilbert não queria abusar do tempo dele, já que o amigo de Anne praticamente mudara toda a sua rotina para poder ajudar Gilbert a cuidar dela enquanto o rapaz estivesse no trabalho, e era mais uma das coisas pela qual ele tinha que agradecê-lo, porque Anne não parecia tão solitária naqueles dias em companhia dele e seu rosto pálido parecia até mais animado toda vez que Gilbert chegava em casa, disfarçando um pouco seu ar frágil que causava tanta angústia ao coração de Gilbert.
Ele não demorou muito a chegar em casa, e encontrou Cole sentado na sala olhando a paisagem lá fora da janela, enquanto Anne dormia tranquilamente no sofá.
- Como ela está? – Gilbert perguntou tirando sua boina e a deixando em cima da mesinha da sala.
- Ela passou uma tarde boa comigo, mas acabou adormecendo no sofá. Me desculpe. Eu devia ter percebido antes e a convencido a ir para o quarto.
- Não tem problema. Eu a levo até lá. - Gilbert respondeu, e com aquele aperto familiar no coração ele disse:- Muito obrigado, Cole, por tudo. - O rapaz sentindo sua emoção respondeu:
- Você sabe que estarei aqui sempre e que ela precisar. E por favor, não desanime. Ela vai ficar bem – Gilbert assentiu silenciosamente, enquanto observava Cole se dirigir para a porta e se despedir com um aceno.
Seu olhar recaiu sobre Anne adormecida no sofá. Ela parecia um anjo com seu vestido branco, e os cabelos ruivos como um halo de luz em volta de sua cabeça que era realçado pela claridade que vinha de fora. Ele se aproximou, tocou suas bochechas com carinho, depois a pegou com cuidado no colo e a levou para o quarto onde ela teria mais conforto para descansar.
Gilbert a depositou na cama, e depois se sentou ao lado dela se sentindo incapaz de deixá-la ali sozinha. Assim, ele pegou as mãos dela entre as suas e examinou cada detalhe dela, desde suas unhas curtas e delicadas até o nariz arrebitado de francesa que ela possuía, pensando consigo mesmo como ela era divinamente perfeita da cabeça aos pés. Ela era sua âncora naqueles dias difíceis, pois sem ela suas forças se extinguiriam miseravelmente.
Era naquela mulher que ele repousava sua vulnerabilidade masculina, e era no amor dela que ele recuperava sua energia desgastada e perdida.
Anne abriu os olhos no minuto em que Gilbert ia tocar-lhe os cabelos e disse com a voz baixa ainda sonolenta:
- Faz tempo que chegou?
- Não, meu amor. Eu acabei de chegar e te trouxe para o quarto. - Ele respondeu percebendo naquele instante como sentira falta dela o dia todo.
- O Cole foi embora? - Ela se sentou na cama devagar com a ajuda de Gilbert, antes de responder:
- Sim. Ele saiu faz uns quinze minutos. Como se sente? - ele perguntou chegando bem próximo dela.
- Estou bem. - Ela respondeu franzindo a testa enquanto olhava para ele, e perguntou: - Porque você está triste?
- Eu não estou triste. - Gilbert disse tentando disfarçar sua melancolia por trás de um sorriso doce.
- Está sim, pois posso ver pelos seus olhos. - ela disse colocando uma mão no ombro dele como se quisesse consolá-lo.
- Acho que estou sentindo falta daquele abraço que você não me dá desde hoje de manhã..- ele disse, e ela se apressou em jogar seus braços ao redor do pescoço dele, enquanto Gilbert a abraçava apertado sentindo o aroma de flores dos cabelos dela que em toda sua vida, ele nunca esqueceria.
- Está melhor assim? - ela perguntou acariciando a nuca dele.
- Sim, mas para ficar melhor, eu preciso daquele beijo que ganhei antes de sair para o trabalho.- ele disse manhoso, e ela riu deixando-o maravilhado com o som suave que ele não ouvia a dias, e depois ela o puxou pela nuca, e trocaram um beijo suave que fez bem para os dois. Assim que se afastou dela, Gilbert disse:
- Agora estou pronto para terminar minhas tarefas do dia.
- Ah, fica comigo mais um pouco. Senti tanto a sua falta o dia todo. - Ela pediu com seus olhos suplicantes aos quais ele nunca conseguiria negar nada.
- Eu também senti muito a sua falta. - Ele respondeu segurando as mãos dela nas suas.
- Então, deite-se aqui comigo. - Ela convidou-o voltando a apoiar sua cabeça no travesseiro, e ele imitou-lhe o gesto, sentando-se ao lado dela na cama.
Logo seus braços envolveram a cintura de Anne, e ela apoiou a cabeça em seu peito, se aconchegado ao calor do corpo dele que se misturou com o dela. Havia tanta coisa que queria dizer a ela naquele breve instante de intimidade, mas Gilbert não queria quebrar aquele clima gostoso entre os dois que não compartilhavam desde seu aniversário. Assim, ele apenas se deixou envolver por Anne e pela sensação incrível de tê-la toda em seus braços, e assim permaneceu até que a calmaria da noite que se iniciava viesse embalar seus sonhos e seus pensamentos.
GILBERT E ANNE
Três dias tinham se passado, e para a tristeza de Gilbert, Anne tinha piorado. Ela não conseguia se levantar, pois as dores nas costas tornavam impossível para ela caminhar por muito tempo, e os enjoos não permitiam que ela se alimentasse direito, sendo por isso acometida de tonturas e fraquezas súbitas que a jogavam em um estado de depressão crescente.
A ruivinha se recusava a sair do quarto, e até as atividades que lhe davam mais prazer foram relegadas a segundo plano. As apostilas da faculdade jaziam em um canto da sala sem sequer terem sido abertas nenhuma vez, os trabalhos se acumulavam, seus livros preferidos deixaram de ser lidos, e toda uma inércia parecia tomar conta de Anne que permanecia terrivelmente calada, como seus olhos grudados no teto como se sua mente estivesse constantemente elevada em prece.
Os sorrisos eram bem raros naqueles dias, e quando Gilbert olhava para Anne na enorme cama de casal que dividia com ela, com seu rosto sem cor nenhuma, e seus olhos azuis enormes se destacando naquele rosto ainda mais belo do que nunca, apesar de sua essência verdadeira ter se escondido nas sombras, tudo o que ele tinha vontade de fazer era chorar, e havia momentos em que ele acabava explodindo em lágrimas porque não suportava vê-la naquele estado preocupante, sem poder realmente ajudá-la.
Porém, isso sempre acontecia quando ele se trancava no banheiro onde ele sabia que Anne não podia vê-lo, e ali deixava que toda a sua angústia lhe revelasse pelo espelho a sua própria incapacidade de fazê-la reagir, de querer continuar lutando, de viver pelo amor deles e por Rilla. Ele deixou de ir pra a faculdade, e para o trabalho, pois não se sentia em condições de raciocinar. Ele precisava estar perto dela, e não perder um só movimento, uma só palavra que ela o quisesse dizer, mesmo que ela quase não falasse nada, porque o simples fato de tentar se comunicar verbalmente a deixava exausta.
E Deus! Como doía ver o ar dela cansado, a maneira como o olhava em seu silêncio agonizante como se lhe pedisse uma ajuda que ele não tinha como lhe dar. Se ao menos pudesse trocar de lugar com ela, aliviando-lhe todas as suas dores, para que Anne conseguisse ter algumas horas de sono em paz. Mas, a vida parecia disposta a continuar castigando aquela garota maravilhosa que nunca tinha pedido muito para si mesma a não ser o direito de ser mãe, e até por esse direito, Anne tinha que pagar com suas lágrimas, e Gilbert não sabia até quando teria forças para vê-la sendo destruída daquela maneira.
Cole continuava a vir todos os dias, mas Gilbert não permitia que ele cuidasse dela, porque o rapaz sentia que precisava ser ele a fazê-lo. De alguma forma, seu coração lhe dizia que não desistisse de tentar, porque Anne precisava saber que ele estava lá por ela, e que não a abandonaria em hipótese alguma. Por isso, quando estavam juntos na cama, ele a fazia lembrar de todos os seus momentos, desde daquela fatídica lousada até o casamento, onde trocaram votos de amor eterno. Ele falava de Rilla, de seu nascimento, dos planos que tinham feito para voltarem a morar em Avonlea, da viagem à França que ainda os esperava, do barco que compraria para velejarem juntos.
Era só nesses momentos que uma breve alegria se espelhava no rosto dela, e Gilbert sentia um certo alívio por ver que Anne conseguia ainda ter prazer com aquelas lembranças, esquecendo-se momentaneamente de sua situação atual. Ele a ajudava no banho, na hora das refeições, quando ela balançava a cabeça e dizia com a voz quase inaudível que não conseguia mastigar nada, Gilbert ia de colherada em colherada fazendo-a se alimentar mesmo que minimamente. Ele lhe escovava os cabelos, fazia-lhe as tranças que ela gostava, e dormia com as costas dela apoiadas em seu peito, só porque sentia que assim Anne conseguia descansar melhor.
Felizmente no quarto dia, a crise tinha cedido um pouco, e ela acordara com seu rosto mais animado, e pedindo por um copo de leite que fez Gilbert quase chorar de alívio. Ele não podia acreditar que depois de três dias inteiros sem conseguir levantar suas costas do colchão, ela se sentara sozinha na cama, reclamando muito pouco das dores que a fizeram suar frio e passar as noites em claros nos três dias anteriores. Como ele não queria que elas retornassem , e atrapalhassem a recuperação de Anne, ele foi até o quarto de hóspedes onde guardava seu kit de primeiros socorros, pegar os analgésicos que o Dr. Miller havia receitado naqueles dias em que ele tivera que atendê-la em casa, pois Anne não tinha condições de ir até o consultório.
Quando ele abriu a porta do guarda-roupa, uma caixinha mal colocada caiu no chão, e vários envelopes amarelos se espalharam pelo ladrilho. Intrigado, Gilbert se abaixou e viu que eles tinham a caligrafia de Anne, e estavam datados de maneira estranha. Querendo desvendar aquele mistério, o rapaz pegou um deles e o abriu, e seu coração quase parou quando ele percebeu que era uma das cartas que Anne vinha escrevendo para Rilla. Curioso, ele começou a ler o conteúdo, e suas mãos começaram a tremer ao ver o que Anne colocara ali.
Lágrimas começaram a rolar pelo rosto o rapaz a cada palavra que lia, e ele não sabia o que estava sentindo, se era tristeza, raiva, dor, impotência, ou se tudo ao mesmo tempo, aliado um sentimento de traição que ele quase não podia suportar. Como Anne pudera esconder aquilo dele? Ela mentira quando ele lhe perguntara do que se tratava as cartas, pois ela lhe dissera que estava apenas retratando seus meses de gravidez para um dia poder mostrar a Rilla como ela fora concebida e amada de todo o coração por seus pais.
Aquelas cartas retratavam mais do que isso, eram cartas de despedidas que deveriam ser entregues a Rilla quando sua mãe não estivesse mais ali, e isso abriu uma ferida na alma do rapaz tão dolorida que ele teve vontade de gritar. Sem pensar muito, ele caminhou de volta ao quarto com os envelopes nas mãos, sem se importar que Anne visse seu rosto molhado de lágrimas.
Assim que ele entrou, Anne sorriu, mas logo seu rosto voltou a ficar sério quando ela viu que Gilbert trazia com ele suas cartas, e assustada com o ar zangado do rapaz ela disse:
- Gilbert.
- Como você pôde, Anne, me trair dessa maneira? Como pôde mentir para mim? – ele perguntou cheio de amargura.
- Eu não menti, eu só...- ela não sabia o que dizer. Ela desejara tanto que ele não tivesse encontrado aquelas cartas, mas agora que ele as encontrara, Anne não tinha nenhuma explicação para dar a não ser o óbvio que cada linha explicitamente revelava.
- Você só omitiu? É isso o que queria me dizer? - ele balançou a cabeça sentindo-se exausto, e então deixou que ela visse sua mágoa ao dizer:- Eu tenho lutado por você todos esses meses, para você retribuir desistindo assim? Porque é isso que parece para mim. Você está desistindo, entregando os pontos quando sabe que eu sou quem mais vai sofrer se isso acontecer. Você disse que iríamos lutar juntos, que você faria o possível para ficar bem e chegar aos nove meses dessa gestação para que Rilla pudesse nascer no tempo certo e vir logo para casa com a gente, e de repente eu me deparo com essas cartas. Por acaso você pensou em mim? No meu esforço? Na minha dor? - Anne estava chorando, mas, Gilbert se recusou a se deixar sensibilizar com seu rosto molhado, pois ele estava ferido, e também chorava, porque cada palavra daquelas cartas era uma flechada em seu coração.
- Gilbert, por favor...- ela tinha se encolhido na cama, como se sentisse tão ou mais dolorida que ele, mas Gilbert ainda não tinha terminado de desabafar.
- Eu sei todos os riscos que essa gravidez representa, e a alguns meses quando falamos sobre isso, você me pediu para ter um pouco de fé, e o que você fez com a fé que custei tanto a deixar aflorar? Você a destruiu com essas cartas, Anne, pois me fez pensar em algo que não quero sequer imaginar que é um mundo sem você.- Gilbert não aguentou mais aquele pensamento, e começou a soluçar junto com Anne, mas, dessa vez ele não ofereceu a ela nenhum consolo, porque não conseguia encontrar nenhum para si mesmo.
A campainha tocou naquele instante fazendo-o enxugar os olhos com a manga de sua camisa. Ele passou por Anne sem olhá-la, pois não tinha coragem de encarar o tamanho da dor que veria ali, e que espelhava a sua própria. Assim que abriu a porta, ele deu de cara com Cole e Sharon que traziam um bolo nas mãos cuja cobertura tinha os dizeres "Feliz sete meses", e o rapaz logo entendeu que eles estavam comemorando os sete meses de gravidez de Anne.
- Gilbert, aconteceu alguma coisa? – Cole perguntou preocupado, e ele não soube o que responder.
- Acho que chegamos em uma má hora, Cole. - Sharon disse achando Gilbert sério demais.
- A Anne está bem? - o rapaz insistiu, e Gilbert fez um esforço para responder, pois Cole não merecia aquela recepção sua:
- Ela está lá no quarto. Se quiserem ir até lá fiquem à vontade.
- Você não vem com a gente? - Sharon perguntou.
- Não. Eu vou ficar um pouco na sacada do apartamento. - E assim ele o fez, enquanto os dois amigos se dirigiam para o quarto.
Em alguns minutos, ele ouviu que conversavam em tom baixo, mas, ele não conseguia entender do que falavam. Na verdade, aquilo não importava, nada importava naquele instante em que tudo o que desejava era ficar sozinho. Não demorou muito, e Cole apareceu com um pedaço de bolo na mão e disse:
- Bem, papai. Achei que gostaria de comemorar com a gente os sete meses de gestação de sua esposa.
- Como ela está? - ele perguntou, pegando sem muita vontade o pratinho de bolo que Cole lhe estendeu.
- Ela está triste, pois pensa que você está com raiva dela.
- Eu não estou com raiva dela, eu só estou tentando entender. - Ele disse sem encarar o amigo de Anne.
- Acredite, eu sei como está se sentindo, mas quero que saiba que ela não fez isso pensando em te magoar. Ela escreveu as cartas, porque ela pensa que se o pior acontecer, Rilla saberá de toda a história de sua mãe sem precisar depender de outras pessoas para contá-la, como aconteceu com Anne quando ela foi em busca de suas origens. Eu imagino que deve ser difícil para você perdoá-la agora, mas, por favor, Gilbert, tente não ser severo demais com ela nesse momento, pois não é disso que Anne precisa. - Cole apertou o ombro dele com simpatia e o deixou sozinho novamente.
Uma hora depois, ele ouviu a porta da sala se fechando, e logo imaginou que tanto Cole quanto Sharon tinham ido embora. Ele deu mais um tempo de dez minutos, e voltou para o quarto para encarar Anne. A primeira coisa que notou, foram os olhos marejados dela, e não esperava que ia sofrer ao vê-la assim. Cole estava certo, por mais que ele tivesse magoado pela maneira como descobrira sobre as cartas, Anne não merecia ser tratada com tanto rigor justamente naquele dia em que ela parecia estar se sentindo melhor. Ele falaria com ela sobre as cartas um outro dia, pois tudo o que Gilbert queria naquele momento era que ela sentisse que seu amor por ela continuava igual.
Logo que Anne viu Gilbert dentro do quarto, ela disse:
- Amor, eu sinto muito.
- Eu sei. Deixa isso para lá. Não precisamos ter essa conversa agora. - Ele se sentou na cama e segurou a mão dela com carinho.
- Mas, você está magoado comigo. - Ela disse chorosa.
- Eu estou magoado sim, mas vai passar, está bem? Eu não quero que se preocupe com isso. Me desculpe por ter sido tão insensível. Às vezes eu deixo minha estupidez falar por mim, e acabo te machucando também, e você não merece isso da minha parte.- ele acariciou os cabelos dela, e Anne fechou os olhos, e quando os abriu de novo ela estava sorrindo, o que deixou o rapaz imensamente feliz.
- Quer ver o pôr do sol comigo?
- Eu adoraria. - Ela disse empolgada.
Deste modo, Gilbert a pegou no colo, a levou para a sacada do apartamento, e se sentou em uma cadeira de vime com Anne em seu colo. E enquanto, eles observavam o céu se tornar alaranjado, e o horizonte também mudar de tom, Anne tocou o rosto dele com carinho e disse:
- Eu te amo, Gilbert. É disso que eu quero que sempre se lembre toda vez que duvidar do que eu sinto por você.
- Eu não duvido. O seu amor vive em mim como o meu vive em você, e é por isso que nunca estaremos separados.- ele a beijou e ambos deixaram que todas as emoções daqueles dias aflorassem entre eles, levando qualquer sentimento ruim ou mágoa para longe, pois tudo o que precisavam estava em seus corações, e nada conseguiria destruir ou roubar deles a genuinidade do que sentiam, pois era puro, forte e verdadeiro.
O sol por fim se pôs e deu passagem a lua que naquela noite estava ainda mais bonita, pois celebrava em sua graciosidade romântica a união de dois seres que juntos eram a personificação de tudo o que o amor entre um homem e uma mulher deveria ser.
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