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Capítulo 119- Um espinho entre flores


Olá, pessoal. O que posso dizer desse capítulo é que acabou tomando um rumo totalmente diferente do que tinha imaginado. Quando comecei a escrevê-lo estava tão frustrada e irritada com alguns problemas pessoais que acabei desenvolvendo-o exatamente nessa vibe, pois precisava escrever algo que estimulasse minha imaginação e me tirasse desse estresse todo, então, não sei o que vão pensar dele, pois com exceção do final que já tinha sido previamente planejado por mim, o restante do capítulo foi realmente inesperado. Espero pelos comentários mesmo assim. Beijos, vou corrigir depois. Vejo vocês nas notas finais.

ANNE

Era o último dia de lua de mel, e como comemoração, o dia amanhecera límpido, as ondas estavam calmas na praia , e a cor do céu quase se assemelhava ao tom azulado da íris de Anne, que facilmente poderiam se misturar e serem confundidos com o oceano ali tão próximo.

Deitados na areia branquinha da praia, Anne e Gilbert aproveitavam as últimas horas daquele dia que fechava com chave de ouro todos os outros em que viveram seu amor intensamente como marido e mulher. Ela se virou devagar, tentando proteger com um chapéu de palha seu rosto do sol que ainda não estava tão escaldante, para observar Gilbert que tinha os olhos fechados naquele instante, um braço dobrado embaixo da cabeça como apoio, e um sorriso satisfeito nos lábios que deixava as feições de seu rosto completamente relaxadas. Ele acabara de sair do mar, e seu corpo ainda conservava gotículas de água que aos poucos iam desaparecendo em sua pele e formando pontinhos de sal tentadores, que faziam Anne morder os lábios com força para conter a enorme vontade que tinha de passar a ponta da língua em cada um deles e sentir-lhes o sabor.

Era um pensamento ousado demais, Anne sabia, mas por Deus! Ela estava grávida de seis meses e uma semana para ser bastante específica, seus hormônios pareciam ter triplicados de intensidade, estava em lua de mel, e com seu marido seminu deitado a seu lado. Quem poderia culpá-la por aquele súbito desejo queimando em suas veias, enchendo sua cabeça de imagens inadequadas justamente a luz do dia, e naquele paraíso de águas tão densas e cristalina?

O calor em seu corpo aumentou, enquanto ela não conseguia deixar de olhar para aquela pele bronzeada pelo sol que Gilbert passara todos aqueles dias ao ar livre, nadando, surfando ou simplesmente andando com Anne na beira da praia nos fins de tarde. Gilbert acabara descobrindo outra paixão naqueles sete dias que passaram totalmente isolados do mundo. Depois de aceitar um convite do caseiro que tomava conta de tudo por ali de irem pescar assim que o dia nascesse, o jovem estudante com pretensão de se formar em medicina encontrara em seu coração um pescador nato, que além de andar a cavalo, e desejar ter seu próprio consultório prometera a sua jovem esposa que ainda teriam um barco para velearem ao sabor do vento com sua filhinha a tiracolo, a quem ensinaria tudo sobre o mar.

Anne não podia deixar de concordar que a ideia de estar sentada em um barco, observando seu marido sem camisa, e usando todos os músculos para lançar uma rede ao mar, e pegar todos os peixes que conseguisse com a força de seus braços musculosos, era terrivelmente excitante, e a fazia ofegar como se a cena toda acontecesse diante dela naquele instante.

Anne passou a mão pela testa, e enxugou uma pequena camada de suor que brotara ali, enquanto seus olhos ainda percorriam o corpo de Gilbert de cima a baixo, notando com a respiração cada vez mais alterada como os contornos dele vinham mudando a cada dia, ganhando força, definição e uma beleza selvagem com todo aquela cor morena que a estava deixando sedenta por algo que não podia exatamente saciar naquele momento. Suas mãos foram em direção ao peito de Gilbert, sem que ela conseguisse controlá-las como devia, e com o dedo indicador, ela traçou uma linha imaginária do pescoço até o abdômen descendo bem devagar, enquanto ela via o peito dele subir e descer em uma clara indicação de que aquele toque sutil o estava afetando mais do que Anne pensou que afetaria quando começou com aquilo.

Então, ela alcançou sua parte favorita, o abdómen firme e trincado, onde ela passaria boa parte das próximas horas se divertindo, se tivessem em um lugar reservado. Seus instintos estavam todos ligados nele como se uma força invisível a mantivesse presa àquelas sensações eletrizantes de imaginar, sem realmente poder tocar cada ondulação daquele corpo viril que a deixava simplesmente com água na boca. Seus dedos muito atrevidos se recusavam a parar, assim, ela desceu mais um pouco, alcançando as coxas musculosas e firmes, e quando fez menção de chegar até onde realmente desejava, Gilbert a segurou pelo pulso e a puxou para cima de seu corpo, onde ele a prendeu entre suas pernas, impedindo-a de escapar.

- Gosta de provocar, Sra. Blythe? - ele disse, sussurrando em seu ouvido, mordendo o lóbulo de sua orelha, fazendo Anne ficar sem ar porque simplesmente se esquecera de respirar naquele breve espaço em que seu marido colara seu corpo no dele.

- Na verdade, eu aprendi com o melhor professor. Não gostou da minha iniciativa? - ela perguntou, mordiscando-lhe o lábio inferior, sorrindo triunfante ao ver Gilbert arfar, por mais que ele tentasse esconder o quanto o toque dela o deixava morrendo de desejo. Era engraçado se lembrar do início, quando Anne mal sabia beijar, e ainda assim entre eles a paixão já era grande, e a vontade de experimentar o que era novo sempre os levava degrau acima de sua loucura. Eles se aperfeiçoaram com o tempo, aprenderam a conhecer um ao outro como se mapeassem com cada toque suas partes preferidas, e assim de adolescentes ansiosos se tornaram amantes experientes que nunca se cansavam ou se negavam a dar prazer um ao outro.

- Amo as suas inciativas, principalmente quando sabe que vou pagar na mesma moeda. - A boca dele percorreu o seu pescoço e depois se perdeu no decote cavado do maiô que ela usava. Aquele desejo absurdo que ela ainda sentia por Gilbert quase a deixava maluca, e aos seis meses de gravidez se sentia tão depravada por querê-lo de um jeito que talvez não fosse nada decoroso para uma gestante, mas, quando sentia seu próprio corpo gritar pelo dele, decência ou pudor era o que menos importava, porque Anne nunca se arrependia de deixar que suas emoções falassem por ela.

Ela não tinha vocação para puritanismo, e muito menos para ser uma mulher reprimida, pois quem foi que disse que uma mulher grávida ou não era proibida de se entregar ao seu parceiro e deixar que ele soubesse qual era a medida dessa sua paixão? Talvez Rachel Lynde se sentisse satisfeita com seu papel de fiel seguidora dos preceitos rígidos da sociedade que via a mulher como apenas a sombra do seu marido, quando a Anne, ela era livre, e por isso, faria amor com seu homem quantas vezes e quando tivesse vontade.

Anne sentiu sua respiração ficar mais rápida ao sentir a alça de seu maiô ser abaixada a um ponto em que seu seio direito desnudo ficou ao alcance da boca de Gilbert que o provocou sem piedade, enquanto sua mão livre massageava o esquerdo por cima do tecido. As unhas de Anne se enterraram no ombro de Gilbert, e os gemidos de seus lábios não soaram nem um pouco baixos, o que a fez ter uma consciência momentânea de que eles tinham muita sorte que a casa de praia de Muddy fosse localizada em uma praia particular, e ninguém mais tivesse acesso àquele pedaço de terra a não ser Anne e Gilbert, porque caso contrário dariam um espetáculo e tanto para quem quisesse ver.

Mas, como recém casados e muito apaixonados, vivendo intensamente seus momentos de intimidade, Anne pouco se importou que estivessem ao ar livre, porque em sua cabeça romântica vitoriana, aquele cenário era perfeito para mais juras de amor, e seus suspiros que o vento levava até as ondas do mar se misturavam com a maresia, a luz do sol que banhava sua pele, e o calor dos beijos de Gilbert que a deixavam fervendo por dentro.

A língua dele subiu pelo seu pescoço, e ela inclinou a cabeça para trás o quanto pôde para dar mais acesso aquele ponto, onde seu marido sabia que a faria perder o controle em poucos minutos de extrema dedicação de seus lábios na pele clara e macia, e para dar a ele o mesmo tipo de prazer, ela movimentou seu corpo sobre o dele, fazendo com que sua intimidade estimulasse a dele por cima do tecido fino de suas roupas de banho, sentindo uma enorme satisfação em ouvir um grunhido rouco escapar dos lábios masculinos enquanto dizia baixinho no ouvido dele:

- E então, Dr. Blythe, como estou me saindo na provocação? - a respiração dele estava entrecortada, e Gilbert a apertou mais contra seu corpo antes de responder:

- Você é toda deliciosa, sua pele tem gosto de mel na minha boca.- e então ele a deixou nua até a cintura, e Anne sentiu as mãos grandes de Gilbert se movimentarem em suas costas, enquanto seus seios entravam em contato com os pelos escuros do peito dele, lhe causando um inesperado prazer, e conforme se ondulava mais e mais sobre o corpo de Gilbert, ela sentia que sua pele inteira entrava em um colapso total, e se não parassem naquele instante, acabariam se entregando ali mesmo em cima da enorme toalha que os protegia da areia e com todas as nuvens do céu por testemunha.

Gilbert forçou seu maiô mais para baixo, e Anne entendeu no ato o que ele queria, e por isso suas mãos foram parar no pulso masculino em uma tentativa de que ele entendesse que deveriam sair dali o mais rápido possível.

- Eu preciso de você agora. - Ele disse sem parar de beijá-la.

- Eu também preciso de você. - Ela disse ofegante. - Acho que devemos entrar. - Ela sugeriu, fechando os olhos com força ao sentir os lábios de Gilbert sugando devagarinho seu mamilo direito mais uma vez. E antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele a pegou no colo em um desespero frenético que se igualava em como Anne se sentia por dentro.

- As nossas coisas. - Anne murmurou quando percebeu que Gilbert estava indo em direção à casa deixando tudo para trás.

- Depois a gente volta para buscar.- ele disse baixinho entre mais alguns beijos e no estado em que Anne se encontrava, ela parou de se importar com isso, no instante em que ele entrou pela porta da sala, foi em direção ao quarto, onde a enorme cama onde eles dormiam todos aqueles dias esperava por eles. Gilbert se sentou com ela em seu colo, enquanto suas mãos hábeis arrancavam seu maiô úmido, e Anne o ajudava a tirar sua sunga minúscula, deixando finalmente seus corpos livres de qualquer empecilho que o impedissem de consumar o que tanto desejavam. Em uma única investida, Gilbert a possuiu, e Anne teve que se agarrar o pescoço dele, enquanto seus corpos se movimentavam de encontro um ao outro. Ela suspirava e ofegava, enquanto seu marido lhe dizia coisas lindas em seu ouvido que a estimulava a se mover cada vez mais rápido. Mesmo nesses instantes em que perdiam todo o controle de suas emoções e gestos, Gilbert sabia ser romântico e nunca lhe falava coisas obscenas como se esperaria ouvir em momentos assim. Ele se preocupava demais em fazê-la se sentir confortável e amada, e nunca colocava seu próprio prazer acima do dela, por isso que era incrível todas as vezes em que ficavam juntos como marido e mulher, e era por isso que Anne era tão perdidamente apaixonada por ele, porque Gilbert era um príncipe até quando faziam amor.

Seus corpos agora pediam pela satisfação total, por isso, se empenharam em ir atrás do seu desejo. Gilbert acelerou os movimentos, levando Anne com ele naquela escalada quente, excitante e ardente. Seu suspiros também aumentaram, e o som dos seus gemidos enchiam o quarto , enquanto suas bocas se perdiam uma na outra, e suas línguas se enroscavam em uma dança tão sensual que Anne sentia que a cada investida de Gilbert um pouco mais de sua sanidade era roubada, e quando por fim a explosão de sensações tomou conta de cada poro e centímetro de pele, Anne deixou que sua cabeça tombasse para frente, e encontrasse o peito de Gilbert como apoio, e ficou assim até que sentiu que seu coração voltou a bater no ritmo normal e sua respiração se regularizou.

-Meus Deus! Isso foi incrível. - Anne ouviu Gilbert dizer.

- Acho que estamos ficando melhores. - Ela respondeu em um fio de voz.

- Melhores? Você quase me enlouqueceu naquela praia com tanta provocação. O que foi tudo aquilo? - ele perguntou, fazendo-a deitar em seus braços.

- Paixão pelo meu marido. - Ela respondeu, acariciando os cabelos dele ainda mais bagunçados por suas mãos no momento do amor.

- Eu também sou completamente apaixonado por você- ele disse beijando-a nos lábios.

- Somos tão bons juntos. - Anne disse com seus lábios tocando os de Gilbert.

- Somos perfeitos um para o outro. - Ele encostou sua testa na dela, e a ruivinha respirou fundo, sentindo o cansaço enfim chegar deixando-a completamente sonolenta.

- Acho que preciso dormir um pouco. - Ela acomodou sua cabeça no travesseiro enquanto sentia a mão de Gilbert alcançar sua cintura, e a última coisa que ouviu antes de fechar os olhos foi:

- Durma bem, meu amor.

GILBERT

Era de madrugada, quando Gilbert acordou. Ele olhou para Anne que dormia profundamente, e sorriu ao se lembrar da loucura que tinha sido o dia anterior na praia. Olhando-a ressonar tão serenamente, ninguém imaginaria o vulcão que havia dentro daquele espírito livre, que literalmente o levava para as profundezas de seus próprios sentimentos por ela, fazendo-o descobrir que seu amor continuava tão grande quanto sua paixão por fazer amor com ela.

Assim como ele, Anne amadurecera e continuava surpreendendo-o a cada dia. Era lindo vê-la desabrochar como mulher e se entregar a ele sem seus antigos pudores. Ela estava se tornando o que Gilbert imaginara que ela se tornaria, uma garota forte, decidida, segura de seus desejos e sem medo de encarar a vida, além de estar cada vez mais incrivelmente linda, pois toda aquela sua exuberância ruiva o deixava totalmente rendido por ela.

Rilla teria uma mãe maravilhosa e uma amiga para toda vida, pois Gilbert conseguia imaginar exatamente o tipo de família que seriam. Sua ruivinha era uma pessoa espetacular, um ser humano singular com um coração tão generoso capaz de se doar pelo seu próximo sem hesitar, e por tudo isso, ele e Rilla tinham sorte de ter Anne em suas vidas.

O rapaz a beijou na testa suavemente, e logo em seguida se levantou. Seria sua última manhã na casa de praia da família de Muddy, pois ele e Anne voltariam para Nova Iorque no fim da tarde. Suas vidas acadêmicas recomeçariam logo na próxima semana, e ele sentiria muita falta daqueles dias fantásticos que passara com Anne ali. Não fora como se estivessem em Paris, mas, de certa forma talvez tivesse sido melhor, porque ali ele e sua esposa atingiram um grau de intimidade maior do que já tinham até então.

Gilbert não sabia bem como explicar, mas, era como se o compromisso que tinham assumido diante do altar tivesse melhorado o que tinham antes. Anne parecia mais solta e em nível de paixão, ela superava qualquer expectativa. Ele tivera uma prova de como ela estava mais apaixonada, mais confortável com o próprio corpo apesar da gravidez, e como não se reprimia mais quando desejava mostrar que o queria. Ele adorava aquela nova fase dela, porque tornava o relacionamento dos dois melhor, mais estimulante, e fazia com que Anne enxergasse a vida por novas perspectivas.

O café da manhã foi rápido, pois ele pretendia sair bem cedo para sua última pescaria. Nem em sonho ele teria imaginado que se identificara com algo assim, mas desde o dia em que aceitara o convite do caseiro em saírem de barco e irem para um lugar mais calmo da praia onde podiam pegar os melhores peixes, ele descobrira ali uma atividade que o absorvia tanto quanto ler seus livros de medicina. A calmaria o deixava mais reflexivo, e enquanto exercia a virtude da paciência, ele podia encontrar respostas para suas indagações internas. Naquele momento, ele podia dizer que se sentia um homem completo em todos os sentidos, e Anne o ajudara nisso também, porque através do amor dela, de sua fé em tudo o que ele era capaz de fazer, Gilbert entendeu o tipo de ser humano que queria ser, o tipo de homem que queria se tornar tanto para si mesmo quanto para Anne. Tudo isso, ele descobrira exercendo a sua mais nova atividade, e qual queria continuar a praticar depois que voltassem para casa.

Gilbert prometera a Anne que iria comprar um barco, talvez um veleiro, ele ainda não se decidira, para levá-la junto com Rilla para uma de suas pescaria, e aventureira como era, ela logo se animara com a ideia, e ele prometeu que assim que estivessem em Nova Iorque, ele procuraria por um meio de tornar mais esse sonho em realidade.

Logo que terminou seu café ele voltou ao quarto para se despedir de Anne. Não queria acordá-la, pois na fase da gravidez em que estava, ela precisava de toda as horas de sono possível. Apesar de ali na praia ela estar mostrando-se mais disposta do que antes da lua mel, havia momentos em que Gilbert percebia o cansaço em suas feições, seus movimentos se tornavam mais lentos, e ela ficava mais quieta também. Ele não sabia por que vê-la assim o deixava inquieto, e seu coração se apertava sem querer. Talvez fosse seu instinto super protetor que estivesse se manifestando novamente, mas, algo lá no fundo lhe dizia para ficar atento.

Amar tanto alguém assim criava esses laços invisíveis incríveis, uma conexão que ia além da física. Ele e Anne eram assim, e toda vez que um não estava bem, o outro automaticamente parecia sentir na pele a extensão do problema. Não que realmente estivesse vendo um problema ali, mas seu instinto não o deixava sossegar, pois com seus históricos de catástrofes não anunciadas, Gilbert aprendera nunca baixar sua guarda quando o assunto era Anne.

Ele ajeitou melhor o travesseiro em volta da cabeça dela, abriu a janela devagar para que o ar da manhã arejasse o quarto e ajudasse a Anne dormir melhor, mas manteve as cortinas fechadas porque assim não corria o risco. da luz do sol entrar de repente e acordá-la na hora do seu melhor sono. Gilbert estava louco para beijá-la, mas, não fez porque não queria perturbar-lhe o sono.

Deste modo, ele saiu do quarto e fechou a porta sem fazer barulho, e se dirigiu até a beira da praia onde o caseiro o esperava com o barco e as redes prontos para saírem para a pesca.

- Bom dia, Gilbert.

- Bom dia, Joseph. Parece que vamos ter mais um dia quente. - Gilbert disse sorridente.

- Sim, por isso, é melhor irmos agora enquanto o sol ainda não nasceu, porque depois o sol pode ser tornar inclemente, e não queremos ter queimaduras graves ou sofrer de isolação. - Joseph disse com humor.

- Não mesmo. - Gilbert concordou.

- E como está sua esposa? - Joseph perguntou com gentileza.

- Ela está bem. Deixei-a dormindo, pois ela está em uma fase da gravidez que acaba deixando-a mais cansada que o normal. - Gilbert explicou ajudando ao seu novo amigo a colocar tudo o que precisavam dentro do barco.

- Para quando é o bebê?

- Para daqui três meses. Vai ser uma menina. Tão ruiva quanto a mãe. - Gilbert disse com aquele seu ar jovial que contagiava qualquer um que estivesse perto dele. O otimismo era a característica mais marcante em Gilbert Blythe, pois, por mais que o futuro ainda fosse obscuro e ele não tivesse certeza de nada a não ser os sonhos que queria realizar, ele teimava em acreditar que tudo sempre acontecia para o melhor.

- Você parece bastante apaixonado. - Joseph observou admirado.

- E eu sou. Anne é tudo para mim. - Ele disse com seus olhos castanhos brilhando mais que as estrelas na última noite, só porque se lembrava de sua ruivinha exatamente como a vira pela manhã.

-Que sorte a sua, meu rapaz encontrar sua alma gêmea tão cedo. Eu também encontrei a minha, mas, ela se foi a sete anos. - Joseph disse com a cabeça abaixada enquanto tentava ajeitar a rede de pesca dentro do barco.

- Sinto muito. O senhor tem filhos? - Gilbert perguntou logo imaginando como deveria ser horrível perder alguém que se amava de verdade.

- Sim, um rapaz da mesma idade que a sua. Ele está na California estudando para ser arquiteto. É o sonho dele desde menino. - Gilbert pôde ver o quanto Joseph sentia orgulho do filho, e pensou no seu pai que não estava ali para vê-lo se tornar médico.

- Eu quero ser médico. Estou no segundo ano de medicina. É também meu sonho de menino.

- Tão jovem e já tão dedicado. Espero que consiga tudo o que deseja.

- Obrigado, Joseph. Não tem sido fácil, mas, adoro a vida que tenho. Nunca pensei que me casaria e seria pai tão cedo, mas, estou amando a novidade. Não vejo a hora de ter minha bebê nos braços. - Gilbert quase podia ver Rilla da maneira como a imaginava. Uma mini Anne cheia de energia e fogo nos olhos, uma pimentinha em ação, assim como a mãe dela que nunca deixava barato alguma ofensa ou injustiça. Só teria que se lembrar de manter as lousas longe dela, porque se ela puxasse o temperamento da mãe, pobre do garoto que se metesse a besta com ela.

- Os filhos são uma benção. Você vai entender quando a sua filha nascer. - Joseph disse com um ar de sabedoria que lembrou a Gilbert de Sebastian. - Bem, acho que está tudo certo. Preparado? - Joseph perguntou batendo de leve no ombro de Gilbert.

- Sim. - Ele respondeu animado.

- Então, vamos para nossa aventura. - Joseph respondeu com mesma animação.

Durante duas horas, Gilbert se divertiu, compensando a primeira vez em que fora pescar com Joseph e voltara cheio de frustração sem conseguir pegar um peixe sequer, dessa vez o mar parecia querer colaborar com ele, permitindo que sua vara de pesca amadora capturasse vários peixes que seriam uma excelente refeição para o almoço daquele dia, antes que ele e Anne pegassem a estrada. Quando voltaram para a praia, Gilbert estava todo suado, cansado, mas tão contente com o seu feito que logo depois de agradecer a Joseph por permitir que ele participasse mais uma vez daquela pescaria, ele correu para mostrar a Anne o que trouxera para casa.

Sua animação diminuiu um pouco ao entrar na casa e encontrar Anne deitada no sofá da sala, parecendo um tanto desanimada, o que fez sua preocupação por ela ressurgir no mesmo instante.

- Anne, sente-se mal? - ele perguntou, sentando-se ao lado dela no sofá e segurando-lhe a mão.

- Acho que exagerei no sol da praia ontem. - Ela disse tentando sorrir.

- Eu acho que exageramos em outra coisa também. - Gilbert disse, fazendo Anne olhar para ele com a sobrancelha levantada e perguntar:

- O que quis dizer com isso exatamente, Sr. Blythe?

- Eu quero dizer que talvez devêssemos ir mais devagar. Você já está com seis meses de gravidez, e nossas noites de amor continuam intensas desde o começo. Acho que podemos fazer algumas pausas até o bebê nascer.

- Você tem certeza de que quer ir mesmo mais devagar? - seus olhos azuis o provocaram, assim como ela estendeu a mão e tocou o peito dele lentamente onde a camisa aberta em seu peito deixava a pele exposta. Ele sentiu sua respiração se alterar com apenas aquela carícia suave, e disse como se alertasse do perigo de provocá-lo assim:

- Anne, por favor.

- Por favor, o que? Quer repensar o que disse? - ela deixou alguns beijos no local, e Gilbert a abraçou respondendo:

- Mulher, assim, você acaba com meu psicológico.

- Quem manda aparecer aqui com essa cor do pecado? Eu te disse que os meus hormônios estão gritando pelos meus poros. - Ela o beijou no rosto, e seguiu em direção aos lábios dele, que antes de beijá-la, Gilbert disse:

- Deus! Você definitivamente é a minha perdição, ruivinha. - Ele por fim tomou posse dos lábios dela, e o beijo foi longo, apaixonado e quente. E quando não conseguiram mais continuar pela falta de ar, ele disse:

- Agora descanse, pois vou preparar os peixes que pesquei para o nosso almoço, e depois, mais tarde, a gente vai para a fazenda, pegar nossas bagagens e embarcamos de volta para Nova Iorque.

- Está bem. Mas, não pense que nossa conversa terminou, meu marido. Quero discutir melhor essa sua ideia de irmos devagar. - Gilbert riu da cara de desgosto que ela fez e respondeu:

- Anne Shirley Cuthbert Blythe, você está me saindo melhor que a encomenda.

- E você ama isso em mim, não é?

Ele não respondeu caminhando para a cozinha com a intenção de preparar o almoço, mas, pensando consigo mesmo que o pior de tudo era que ele amava mesmo.

GILBERT E ANNE

O sol já tinha se escondido quando Anne e Gilbert pegaram a estrada em direção a Avonlea, e apesar de ainda se sentir um pouco cansada e com uma leve dor de cabeça que começara a incomodar logo depois do almoço, Anne adorara cada minuto daquela viagem, pois foi como se assumisse de vez sua identidade como Sra. Blythe, e sentisse que o mundo girava diferente para ela somente por causa disso.

Era uma sensação maravilhosa estar com ele como sua esposa, e o peso da aliança em seu dedo a lembrava em qual patamar estava agora. Rilla se mexeu, e Anne sorriu, olhando sonhadora para Gilbert que sorriu de volta e perguntou:

- O que foi?

- A nossa pequena mexeu. Acho que ela está tão ansiosa quanto nós para vir a esse mundo. - Gilbert estendeu a mão e tocou a barriga de Anne que disse: - Ela está com saudades de ouvir a voz do pai dela.

- Ah, Anne, acha que seria bobo da minha parte se eu dissesse que estou contando os dias para ela nascer?

- Não, amor, não é, pois me sinto do mesmo jeito. Esperamos tanto para que eu conseguisse engravidar que acho natural toda essa ansiedade. Pena que ainda faltam três meses. - Ela disse fazendo uma careta e Gilbert disse:

- Vamos ter que esperar só mais um pouquinho. Logo nossa pequenininha vai estar aqui conosco.

- Você vai ser um excelente pai, amor. - Anne disse tocando-o com carinho no ombro.

- É o que espero, mas eu às vezes tenho tanto medo de falhar com ela. - Gilbert confessou em um tom sério que fez Anne olhar para ele e dizer:

- Com o amor que você já sente por ela, é impossível que vá falhar em sua missão de ser pai. Não se preocupe, vamos aprender a cuidar dela juntos.

-É impossível não amar esse presente que você me deu. Foi a prova de amor mais incrível que recebi. - Gilbert disse olhando para Anne com ternura.

- É por isso que eu queria tanto te dar um filho. Para te ver feliz como está agora.

- Eu seria feliz com você de qualquer jeito, mas, não posso negar, que Rilla deu a minha vida um sabor especial.- Gilbert sorriu de novo, e Anne pensou no quanto amava aquele sorriso, e esperava que nunca mais ele se apagasse do rosto de seu marido, pois ela já tinha visto Gilbert triste, e odiara a sensação.

- Espere só quando ela nascer, nossa felicidade vai triplicar. - Anne disse suspirando, enquanto deitava sua cabeça no ombro de Gilbert e permaneceu assim até quando finalmente chegaram na fazenda.

Como da outra vez, Mary e Sebastian os esperavam, e ficaram imensamente felizes em vê-los de volta completamente felizes.

- Parece que a lua de mel fez maravilhas por vocês. Olha esse bronzeado do Gilbert, e você Anne, está resplandecente. - Mary disse abraçando os dois.

- Obrigada, Mary, eu realmente me sinto muito feliz. - Anne disse sorrindo para amiga.

- Pelo jeito aproveitaram mesmo essa lua de mel. Eu não via o Gilbert rir assim a um tempão. - Sebastian disse rindo, e Mary o olhou com reprovação resmungando:

- Sebastian!

- O que foi, mulher. Eu não disse nada demais. - Ele reclamou, tocando o lugar em seu braço onde ela havia beliscado.

- Não disse, mas insinuou, e você nunca dá ponto sem nó.

- Deixa para lá, Mary. Sebastian é assim mesmo. – Gilbert disse sem realmente se importar com as insinuações do amigo. Vivera com ele quase um ano em alto mar, e conhecia bem esse jeito debochado dele. - Agora, vou pegar nossas bagagens, pois o trem parte em uma hora para Nova Iorque.

Por esta razão, ele subiu rapidamente as escadas, e pegou o restante das bagagens que ficara ali quando viajaram para a praia, e voltou em seguida com duas malas na mão, as quais Sebastian o ajudou a levar para o carro.

- Bem, minha amiga, creio que é aqui que nos despedimos. - Anne disse abraçando Mary que respondeu:

- Faça uma ótima viagem de volta, e por favor, não deixe de nos avisar quando o bebê nascer.

- Pode deixar.

Assim, eles foram para o carro, no qual Sebastian os levaria até a estação de trem, e durante os minutos em que permaneceram dentro do veículo, Gilbert percebeu Anne apertando as têmporas, e perguntou com a testa franzida:

- Está com dor de cabeça de novo?

- Sim, mas, não é forte. Deve ser o calor.- ela respondeu, recostando sua cabeça no assento do carro.

- Quando chegarmos a Nova Iorque, vou levá-la ao seu obstetra. Precisamos saber a causa dessa dor de cabeça. - Gilbert disse tocando seus cabelos.

- Isso não é nada, amor. Eu já te disse, todo mundo tem dor de cabeça de vez em quando. Você se preocupa demais. - Anne segurou a mão dele e a beijou com carinho.

- Eu prefiro não correr risco nenhum. - Ele disse irredutível em sua decisão.

- Está bem. Se isso te deixa mais tranquilo, nós vamos ao médico. - Anne disse não desejando preocupá-lo mais.

Sem grande demora, eles chegaram na estação de trem. Sebastian ajudou-os com as bagagens novamente, e assim se despediram rapidamente, pois, estava quase na hora da partida do trem. Deste modo, o casal se acomodou nas poltronas as quais lhes eram destinadas, e quando a grande locomotiva começou a se mover vagarosamente, depois ganhando força, e correndo nos trilhos, Anne se despediu mentalmente e sua cidade tão querida, se perguntando intimamente quando ela e Gilbert voltariam ali novamente. Ela estava feliz de ir para o apartamento deles em Nova Iorque, ir finalmente buscar Milk que ficara confortavelmente instalado em um canil que se prontificava a cuidar dos animais de estimação quando seus donos precisavam se ausentar, recomeçar a faculdade que se iniciaria na quarta-feira, e voltar a velha rotina de estudos e trabalho, enquanto não tivesse Rilla para tomar conta. Depois disso, sua vida mudaria radicalmente, e teria que fazer um novo planejamento para que conseguisse dar conta de tudo sem se estressar, e estava muito confiante que conseguiria.

Eles chegaram em Nova Iorque no início da noite, e após pegarem um táxi até o apartamento, Gilbert subiu até o andar deles com Anne e as bagagens, e depois saiu novamente em seu carro que estava estacionado na garagem do prédio, e foi buscar o filhote peludo da família que Anne estava louca para rever.

Assim que se viu sozinha, Anne foi até o quarto trocar suas roupas de viagem por algo mais leve, e depois se dirigiu ao banheiro onde lavou o rosto e as mãos, e mais uma vez ao observar os próprios pés ela percebeu que estavam levemente inchados como consequência das horas dentro do carro, do trem, e depois no táxi onde ficou totalmente sem se movimentar, dificultando assim sua circulação sanguínea. Por isso, enquanto Gilbert não chegava com Milk, ela se deitou no sofá com as pernas para cima e tentou descansar o quanto pôde seus membros exaustos.

Uma hora mais tarde, Gilbert chegou, e quando abriu a porta, foi como se uma festa peluda e totalmente branca explodisse pela sala. Anne não pôde deixar de rir quando seu bebê peludo de oito meses pulou em seu colo, e começou a lambê-la por todo o rosto.

- Olá, meu amor. Que saudades eu estava de você. Está cada vez maior, quase nem consigo mais segurá-lo.- ela disse afagando o pelo do cãozinho que logo deitou sua cabeça entre suas pernas, e a fitou com seu olhar caramelado. Gilbert se juntou a eles e perguntou, encarando a íris azul de Anne que parecia mais escura naquele dia por conta da cor da blusa que ela vestia naquele momento:

- Está melhor da dor de cabeça?

- Sim, esses dias estão muito quentes, e com essa barriga aumentando a cada dia, parece que sinto o triplo do calor.- ela disse encostando a cabeça no ombro de Gilbert.

- O que acha de tomarmos um suco de abacaxi gelado? Talvez te ajude a afastar a sensação desagradável de calor.- ele sugeriu.

- Eu aceito. Obrigada. - Anne disse com um lindo sorriso que fez Gilbert se inclinar e beijá-la no rosto.

Assim, ele a deixou sozinha com Milk na sala, e foi para a cozinha preparar o suco, enquanto pensava no que poderia preparar para o jantar que fosse rápido, pois Anne estava a bastante tempo sem comer, e no estado dela isso não era nada bom. Em questão de minutos, ele estava de volta com um copo grande da bebida e cheia de gelo que fez Anne suspirar de prazer o senti-la descendo por sua garganta e maneira refrescante.

- Meu amor, esse suco está uma delícia. - Ela disse para Gilbert que lhe sorriu malicioso ao dizer:

- Mais do que quem o preparou?

- Gilbert, você está ficando assanhadinho demais. - Anne o repreendeu carinhosamente.

- A culpa é sua. Quem mandou me dizer que estou com a cor do pecado? Fiquei com isso na cabeça.

- Quer dizer que todo esse tempo em que viemos de trem até Nova Iorque você ficou pensando nisso? - Anne perguntou sorrindo de canto.

- Você colocou ideias na minha cabeça, meu amor. Agora aguente as consequências. - Ela o enlaçou pelo pescoço e retrucou:

- E todo aquele papo de irmos mais devagar, fazermos uma pausa por conta de minha barriga de seis meses?

- Eu ainda estou considerando. Se você colaborar comigo, acho que podemos tentar. - Ele disse colocando os cabelos dela para trás.

- E se eu não quiser? - Anne perguntou, colocando seus lábios bem próximos dos dele.

- Aí, vamos ter que negociar. - Ele disse beijando-a suavemente nos lábios.

- Quais são os termos do acordo? - Anne perguntou descendo as mãos pelas costas fortes de Gilbert.

- Ainda não pensei nas clausuras do contrato. - Ele disse se aproximando tanto dela que seus troncos ficaram quase grudados.

- Eu só assino se tiver muitas vantagens. - Anne respondeu se deitando no sofá, e puxando Gilbert com ela.

- Que tipo de vantagens você tem em mente? - Gilbert disse, colocando Milk no chão e se deitando por cima de Anne, mas, sem deixar seu peso realmente cair em cima dela.

- Ter acesso irrestrito ao corpo lindo do meu marido. - Ela disse com uma risadinha.

- Isso você já tem, nem precisa pedir. - Gilbert disse a beijando de verdade, e trocando carícias suaves com ela porque Gilbert não queria que as coisas esquentassem entre eles. Anne estava exausta, e precisava de o mínimo de sossego para que pudesse descansar adequadamente, e se continuassem dali, Gilbert sabia que só iam parar quando fossem até o fim, e já tinham feito de sua lua de mel uma maratona de paixões intensas.

Porém, Anne parecia não estar disposta a seguir as regras, e tudo que conversaram já tinha sido esquecido por ela depois de minutos de um beijo interminável. Ela empurrou Gilbert, mudando de posição, fazendo com que ele se deitasse no sofá e ela ficasse por cima, com uma habilidade que nem Gilbert sabia que ela tinha. Ele já começava a se sentir seduzido por ela, que com os sussurros femininos em seu ouvido estava causando uma combustão em seu corpo difícil de ignorar, ou dizer não. Ainda assim, com o pouco de juízo que lhe restava, ele afastou os lábios dela do seu e disse:

- Você está se esquecendo da nossa conversa agora a pouco. - Anne se inclinou e antes de responder, ela fez questão de arrancar um gemido dele quando seus dentes muito brancos se cravaram na pele bronzeada do pescoço dele.

- Eu ainda não assinei nenhum contrato, e mesmo que tivesse feito, você disse que eu ainda teria acesso ao meu marido gostoso. - Gilbert acabou rindo com as palavras dela e respondeu:

- Querida, se eu soubesse que a lua de mel fosse te deixar tão fogosa, eu teria me casado antes com você.- ela o olhou com seus olhos azuis tão escuros, que Gilbert teve a sensação de estar no meio de uma tempestade no mar.

- Acho que estou liberando meu verdadeiro jeito Anne de ser.

- Eu devia ter imaginado com todo esse cabelo ruivo que você não seria uma esposa comum. - Gilbert disse com a cabeça nas almofadas, e observando o rosto dela bem de perto.

- Aprova ou não aprova minha nova versão de Sra. Blythe? - ela disse deslizando os lábios pelo rosto dele, mordiscando-lhe o maxilar enquanto esperava a resposta dele.

- Quer saber a verdade? - Gilbert perguntou.

- Sim, eu adoraria saber a sua opinião nesse exato momento:

- Amo sua nova versão. – Ele disse puxando-a para si. Quando Anne levou as mãos ao botão da camisa, dele a campainha tocou e ela quase gritou de frustração

- É melhor eu atender – Gilbert disse um pouco sem fôlego.

- Está bem. - Anne concordou, ajeitando seus cabelos, suas roupas, e se deitando de novo no sofá em sua posição anterior.

Gilbert foi até a porta e se surpreendeu ao ver Sharon e Jonas, com uma enorme pizza em uma mão e refrigerantes na outra.

- É aí, Blythe. Faz tempo que chegaram? - Jonas perguntou todo sorridente, enquanto Gilbert tentava ignorar o olhar malicioso do amigo sobre ele.

- Chegamos no início da noite.

- Espero que não estejamos atrapalhando. - Sharon disse sem jeito.

- Não, está tudo bem. - Gilbert respondeu no que foi rebatido por Jonas.

- É claro que estamos atrapalhando. Olha só as bochechas coradas do Blythe. Ele não consegue mentir.

- Eu te disse, Jonas, que devíamos ter deixado para amanhã, - Sharon reclamou com o namorado.

- Ah, mas, ele vai nos perdoar, não vai Blythe.? A gente trouxe comida. - Jonas disse na maior cara de pau que Gilbert conhecia bem.

- Está tudo bem. De verdade. Vamos entrar. – O rapaz disse com simpatia.

- Onde está a Anne?- Sharon procurou a amiga com o olhar pelo apartamento.

- Está deitada na sala. Estávamos conversando lá.

- Conversando, Blythe? Conta outra. Duvido que quando você e a Anne estão juntinhos, perdem tempo apenas conversando. - Jonas disse debochando de Gilbert que a essa altura estava roxo de vergonha.

- Jonas, quer parar? Não vê que está deixando o Gilbert sem graça?

- Era só uma piada. - Jonas disse para a namorada que o olhava zangada.

- Agora já chega.- ela falou firme e ele concordou com a cabeça. Gilbert coçou a nuca ao ver o rosto de Jonas se fechar em uma carranca, que não teve efeito nenhum em Sharon que pouco se importou com a criancice do namorado, fazendo o marido de Anne perceber que Jonas tinha encontrado a mulher certa para controlar seus excessos.

Os lábios de Anne se abriram em um sorriso ao ver a amiga, a quem apreciava tanto quanto apreciava a amizade de Diana.

- Querida, você está linda. E olha esse barrigão. - Sharon disse admirada enquanto tocava o ventre de Anne com adoração.

- Podemos fazer um se você quiser. - Jonas disse malicioso, e Sharon respondeu sem olhá-lo.

- Nem pensar, Jonas. Só vamos ter um filho quando a gente se casar se você tiver paciência de me esperar.- Gilbert olhou para Jonas admirado, constando pela primeira vez na vida, que o amigo era deixado na seca, e ao mesmo tempo pensando que ele devia estar de fato apaixonado por se deixar ficar naquela situação. Sharon era diferente das garotas que Jonas costumava sair no passado, pois ela dava valor a tradições como só conhecer intimamente um homem depois que ele fosse seu marido. Anne havia lhe contado sobre isso uma vez, e era assim porque Sharon, apesar de amar muito o namorado não confiava nele dessa maneira, por conta da fama dele que circulava pelo campus. Era diferente de Anne e Gilbert que se apaixonaram de verdade, e que quando a ruivinha decidira se entregar completamente ao amor que compartilhavam, ela tivera certeza que se pertenceriam para sempre. Sharon ainda temia que Jonas pudesse se cansar dela se fizesse o que ele queria, embora Gilbert duvidasse que esse fosse o caso, pois o rapaz tinha mudado muito depois que começara a namorar Sharon. Porém, a garota tinha um conceito de príncipe encantado que certamente nunca se encaixaria no perfil de Jonas, o que não deixava de ser completamente injusto.

- Faltam apenas três meses. Dá pra acreditar? - Anne comentou colocando as mãos na barriga para sentir a presença de sua filhinha melhor. Ela adorava seus momentos de mãe e filha, porque às vezes, por mais que amasse a presença de Gilbert ao seu redor o tempo todo, havia momentos que ela gostava de ficar sozinha com sua bebezinha, ainda protegida por sua placenta, pois era como o amor das duas era partilhado e sentido, em uma comunhão de corpos e espíritos.

- Eu sei que você já escolheu a Diana para ser a madrinha dela, mas, não posso ser a madrinha substituta? Eu já considero esse anjinho quase a minha sobrinha. - Sharon disse acariciando a barriga de Anne que sorriu:

- É claro, meu amor. Você, assim, como a Diana é quase uma irmã para mim.

- Ah, obrigada. Você me deixou muito feliz. - Sharon abraçou Anne com lágrimas nos olhos, e então Jonas disse:

- Muito bem, meninas. Já se emocionaram o bastante. Vamos comer nossa pizza antes que esfrie.

Assim, Gilbert foi até a cozinha, pegou pratos, talheres e copos, e trouxe até a sala onde eles se sentaram no tapete, inclusive Anne, e comeram a excelente pizza que Sharon e Jonas tinham trazido para o apartamento do casal. Estranhamente, Anne não estava com fome, e começou a se sentir nauseada no momento em que colocou o primeiro pedaço de pizza na boca. Ela tentou disfarçar, brincando com a comida no prato, e tomando um grande gole de coca cola para aliviar o estômago, mas, quando Gilbert foi para a cozinha novamente junto com Jonas para levarem os pratos sujos, ela se levantou apressadamente e disse para Sharon:

- Com licença. - E correu para o banheiro.

Sentindo-se preocupada com a amiga, Sharon a seguiu até o banheiro, e como a porta estava fechada, ela bateu e disse:

- Anne, você está bem, querida? - nenhuma resposta foi dada, assim como nenhum ruído era ouvido lá dentro. Ainda mais preocupada, ela perguntou novamente:

- Anne, fala comigo, querida. – E de novo ninguém respondeu. Sem esperar mais, ela correu até a cozinha, onde Gilbert estava lavando os pratos e conversando com Jonas que o ajudava, secando a louça.

- Gilbert, é a Anne:- o copo que o rapaz segurava escapou de suas mãos e se espatifou no chão, assim que viu o rosto aterrorizado de Sharon, e a sensação angustiante que sentira algumas vezes nos dias anteriores voltou com força total.

Por instinto, ele correu até o banheiro, tentou abrir a porta, mas, como estava trancada por dentro, ele não conseguiu abri-la. Então, com a ajuda de Jonas, ele a arrombou enquanto o pânico se instalava em seu peito causando-lhe falta de ar. Assim, ele a encontrou sentada no chão, pálida e quase sem forças como se todo o oxigênio tivesse sido roubado de seus pulmões. Anne não estava completamente desfalecida, mas, mal se aguentava em pé. Gilbert lhe examinou os pulsos, seu coração falhando uma batida quando viu que as duas mãos estavam um pouco inchadas.

- Gilbert, olhe. - Jonas disse, e o jovem estudante seguindo-lhe o olhar observou que os pés de Anne também estavam um pouco inchados. Ele olhou de volta para o amigo, seu desespero cada vez maior, pois ambos sabiam exatamente o que aquilo significava.

- Vamos levá-la para o hospital agora. - Jonas disse, e Gilbert assentiu em silêncio, pois se tentasse falar, iria desabar, e a vida de Anne dependia de sua ação rápida. Ele pegou a chave do carro que ainda estava em seu bolso e a atirou para o amigo que correu para o estacionamento do prédio, enquanto Gilbert, seguido de Sharon pegava o elevador com Anne nos braços, que respirava cada vez com mais dificuldade.

Tentando fazê-la se sentir segura, Gilbert falava com ele baixinho, enquanto dentro dele um furacão se formava e ele tentava não pensar no que viria a seguir. Dessa vez, o rapaz não conseguia orar, pois a mão gelada que apertava seu peito empurrava qualquer esperança para um beco escuro em sua alma. Ele então, abraçou Anne com mais força, enquanto alcançava a rua, e entrava no carro onde Jonas o esperava com Sharon se sentando bem a seu lado.

Ele olhou para Anne, e ela estava pálida, sua respiração parecia ter piorado, e seu pulso se acelerava, voltava ao normal, e depois se acelerava de novo. Gilbert tentou negar o óbvio, se recusando a deixar que seu pensamento fosse mais longe do que aquele momento e aquele instante. Seus lábios tocaram a testa dela, e suas mãos acariciavam-lhe os cabelos, enquanto uma dor aguda que começava em seu estômago foi se espalhando dentro dele, e tudo que Gilbert queria fazer era gritar.

Assim, que chegaram ao hospital, o médico de Anne foi chamado, e o coração do rapaz pareceu querer sair do peito e acompanhar sua esposa que foi levada para a emergência no mesmo instante, e Gilbert se deixou cair na primeira poltrona que encontrou na recepção, olhando para o teto, sua mente o torturando com as lembranças, de sua mãe, Mary, e agora Anne na mesma situação. Ele não queria pensar no que sua ruivinha estava passando naquele momento, não depois de toda as alegrias que tiveram nas últimas semanas. Sharon se sentou a seu lado junto com Jonas, mas, nenhum deles disse nada, pois não havia o que falar em um momento tão tenso e tão silencioso ao mesmo tempo em que se uma agulha caísse no chão seria ouvida.

Quase meia hora depois, o Dr. Miller apareceu, e Gilbert se levantou sentindo que não estava preparado para o que iria ouvir. O médico se aproximou devagar, e olhou com pena para o rapaz que claramente estava em um desespero crescente a ponto de explodir.

- Boa note, Gilbert.- o rapaz sequer conseguiu responder em meio a sua aflição, ele apenas balançou a cabeça em sinal de cumprimento.- Venha comigo, meu rapaz.- o médico de Anne disse, e o rapaz o seguiu para uma sala próxima da recepção onde Gilbert estivera antes.

- É grave, não é? - ele conseguiu finalmente perguntar, com a voz estrangulada.

- Sim e não. - O médico respondeu, e Gilbert franziu a testa sem entender o tipo de resposta que ele lhe deu.

- O que quer dizer?

- Bem, você deve saber o que o inchaço das mãos dela e dos pés indicam, mas vou mesmo assim explicar para você.- Gilbert balançou a cabeça em sinal de afirmativa, pois já sabia o que viria, e seu pesadelo estava se tornando realidade de novo.

- A pressão dela está um pouco alta, Gilbert. Não chega a ser algo gravíssimo, mas, também não é algo da qual devemos nos descuidar.

- Então, é... - Ele respirou fundo, antes de pronunciar a malfadada doença que o assombrava desde que nascera.

- Pré-eclâmpsia. - O médico respondeu e ao ver o rapaz estremecer, e apertou o ombro dele, e disse:- Não é motivo para todo esse desespero. Você sabe que tem tratamento, e que ela pode ter uma gravidez normal até os nove meses. A ciência está mais avançada agora do que alguns anos, e se tomarmos todos os cuidados, Anne vai poder ter um a qualidade de vida boa até lá.

- Desculpe-me doutor. Minha mãe morreu no meu parto com eclâmpsia, e uma amiga minha quase perdeu a vida dessa maneira também, por isso fico apavorado toda vez que ouço alguém falar sobre isso. - Ele conseguia respirar melhor naquele momento, mas, ainda se sentia angustiado. Ele queria ver Anne, precisava saber que ela estava bem, e que não ia perdê-la e a sua filha de jeito nenhum.

- Eu entendo. Mas, o caso de sua esposa é menos grave. Inspira cuidados e um tratamento rigoroso, controle diário da pressão, redução de sódio ao máximo, mais consultas de pré-natal, exercícios físicos como caminhada ou natação, e medicação específica. Se Anne seguir todas as instruções, ela não terá nenhum problema adicional, apesar de sabermos antes que sua gravidez é de risco. Fora isso, fique tranquilo, Anne está saudável e a bebê também, e vou fazer o que estiver ao meu alcance para que elas continuem assim.- O Dr. Miller disse, tentando animar Gilbert que continuava abatido.

- Obrigado, Doutor, por me explicar a situação toda. Vou tentar me acalmar, caso contrário não serei grande coisa como marido.

- O que é isso, meu rapaz. É normal que se sinta assim no primeiro momento, principalmente pelo que me contou, mas, Anne é uma jovem mulher valente, e não se deixa abater tão fácil. Eu vi poucas como ela. - Gilbert sabia disso como ninguém, por isso era que a admirava tanto.

- Ela sabe?

- Sim. Eu tive que deixá-la a par do que está acontecendo com seu corpo, para que possa se cuidar como se deve. Agora, eu o aconselho que vá falar com ela, pois ela estava aflita perguntando por você. - Gilbert assentiu, apertou a mão do médico, e foi em direção à sala de emergência.

O rapaz parou na porta assim que a viu. Ela estava com o olhar perdido na janela, onde um passarinho cantava, sentado no parapeito, Anne sorria ao observar a cena e parecia em paz. Uma vontade de chorar apertou sua garganta, ao vê-la tão linda como sempre fora e sempre seria aos seus olhos, fazendo-o pensar em quantas provações aquela mulher incrível teria que passar até que pudesse ter finalmente o que queria. Sem querer, ele fungou alto, e Anne virou o rosto para encará-lo onde ele continuava observando-a, e um só olhar dele lhe contou tudo o que se passava no íntimo de Gilbert. Então, ela estendeu os braços e disse com um sorriso suave:

- Vem cá.- assim ele deu dois passos, mergulhou naqueles braços macios, e afundou sua cabeça nos cabelos perfumados, enquanto pensava em todo amor que sentia por ela, e ainda assim não conseguia livrá-la dos obstáculos que pareciam persegui-la em uma vida tão rica, mas, dura demais.

- Não fica assim, amor. Eu estou bem, Rilla está bem. E vamos ficar todos juntos e felizes. - Ele levantou a cabeça, e acariciou sua tez macia antes de dizer;

- Eu te amo.

- Eu também te amo, acima de qualquer coisa.- ela deu-lhe um beijo rápido nos lábios, e Gilbert deitou sua cabeça de novo no meio daqueles cabelos ruivos que representavam toda a chama da vida que existia dentro de Anne, e deixou que toda suavidade dela, toda sua beleza e todo o seu amor por ele afastassem todos os seus medos.

Notas Finais:

E então, o que acharam? A Anne está bastante intensa nesse capítulo, pois fiquei imaginando como uma garota como ela tão apaixonada pelo marido, e em lua de mel se sentiria ou agiria nessa nova liberdade conquistada. Eu detalhei um pouco mais os momentos de amor, mas, sem ser explicita demais, pois como já disse aqui muitas vezes, o meu intuito nesses momentos é mostrar a conexão dos dois tanto física quanto espiritual, e essa parte do relacionamento é importante para que vocês sintam a extensão desse amor tão imenso que foi crescendo a cada capítulo, amadurecendo, e mostrando sua face verdadeira. por que é assim que eu imagino que duas pessoas como Gilbert e Anne se amam. E confesso que gostei do resultado, mas vocês me dirão se acertei na medida ou não.  ( ou como diria uma amiga minha. Será que mereço uma bíblia na cara?) Beijos, não deixem de comentar, e votar,  por favor.

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