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Capítulo 113- Elos do passado


Olá, queridos leitores. Esse capítulo ficou enorme, desculpem-me pelo meu exagero. Sempre tento escrever capítulos menores, e quando vejo já ultrapassei a meta da quantidade de palavras a qual me propus. Espero que a história continue interessante a ponto de não ser uma leitura cansativa. Tentei fazer o meu melhor, e espero ter conseguido mais uma vez. Como sempre, espero por seus comentários como incentivo para a continuação da história. Vou revisá-lo depois. Obrigada por tudo. Beijos. Rosana.

ANNE

A tarde de domingo resplandecia diante de raios de sol que surgiam entre as folhas das árvores, encantando a garota ruiva que mantinha os olhos fechados, mas o rosto estava levantado para o céu, e sua expressão era de visível prazer enquanto uma brisa fraquinha agitava-lhe os cabelos e a fazia suspirar satisfeita pelo momento perfeito o qual estava vivendo.

Gargalhadas altas chegaram até ela, e Anne abriu os olhos para se deparar com a cena mais encantadora que tivera naquele dia. Gilbert e Milk correndo pelo Central Park despreocupadamente, com uma alegria genuína que era de encher os olhos de quem pudesse observar os dois. Anne gostaria de se juntar a eles, e participar de toda a diversão na qual ambos estavam envolvidos naquele momento, mas, sua condição delicada ainda a impedia, assim, ela se limitava a ficar sentada embaixo de uma árvore imensa, observando o homem de sua vida brincar com seu cachorrinho como se fosse aquele menino que um dia ele fora em Avonlea, onde brincadeiras assim eram mais comuns do que se podia pensar.

Ele atirou um graveto para longe, e o animalzinho deu o seu melhor na corrida para alcançar o graveto e trazê-lo de volta a seu dono, que repetiu o mesmo gesto várias vezes até que se cansaram e se sentaram na grama onde se envolveram em outra atividade que consistia em Milk deitar com as patinhas para cima, enquanto Gilbert coçava sua barriga e o cachorrinho rolava voltando a sua posição inicial. Eram momentos e descontração que não tinham a tanto tempo, mas que naquela tarde de Domingo eles resolveram que mereciam, e olhando para a felicidade brilhando no rosto de Gilbert, Anne tinha plena consciência do que o último ano e os últimos meses tinham cobrado dele.

Fora incrível e também dolorido ver o amadurecimento dele, que se deparara de repente com situações que teria esgotado as forças de qualquer um, mas Anne nunca o vira desistir ou perder as esperanças, e ainda emprestara para ela muito do seu otimismo quando o dela já estava quase zerado, fazendo-a perceber mais uma vez que homem admirável ele era, sim, pois o garoto Blythe crescera diante dos desafios da vida, e embora ainda houvesse um adolescente incubado dentro daquele corpo atlético que a atraía como um imã, e que se manifestava em momentos como aquele em que ele estava em companhia dos seu animal de estimação, suas responsabilidades jamais eram negligenciadas, principalmente quando se tratava de cuidar de sua noiva que ainda tinha uma semana inteira de repouso pela frente.

Após o episódio com Roy Gardner, no qual ele tivera mais uma épica crise de ciúmes, e depois se declarara para ela de uma maneira romântica que realmente a surpreendera, ele passara a manter esse seu lado vulnerável sob controle, e Anne procurava colaborar com esse seu novo comportamento. Havia algumas arestas entre eles que não tinham sido aparadas corretamente em que nos momentos mais delicados mostravam suas lanças pontiagudas que ainda feriam e magoavam, mas Anne estava aprendendo a encará-las como crescimento de ambos também, O relacionamento deles não começara convencionalmente, e desde o início eles viveram sobre uma nuvem de tensão, que dificultara bastante a sua união, muito embora a conexão entre seus corações tivesse sido perfeita, e o amor nascera mesmo quando Anne lutava com todas as suas forças para não sucumbir a ele, estava escrito nas estrela que seria assim. Então, se esbarrar em velhos obstáculos contornados, mas, não vencidos era natural e inevitável, mas, ter a oportunidade de confrontá-los novamente deixando às claras a sua nocividade para a vida a dois de ambos era aproveitar a chance de eliminá-los de vez de seu caminho

Ainda não era fácil esquecer certas palavras ditas em momentos de raiva intensa, mas, isso também era consequência da complexidade de sua personalidade e de Gilbert que estavam aos poucos se abrindo para a necessidade de serem sinceros um com outro a cada dia em que viviam juntos. Anne entendia que a culpa de muitas discussões que tinham era sua, porque raramente explicava a seu noivo a razão de se decidir por certas atitudes, e ele acabava entendendo errado e tirando suas próprias conclusões, o que levava a um desentendimento que ambos não queriam, mas não conseguiam evitar. O lado positivo era que sempre resolviam suas pendências com muito amor, e esse sentimento entre eles era que regia tudo e que nem em mil anos seria capaz de acabar.

Anne se ajeitou melhor na posição em que estava sentada, sentindo uma leve sonolência envolvê-la, mas, mesmo com os olhos semicerrados ela conseguia continuar olhando para os dois amores de sua vida, enquanto o terceiro estava protegido pela leve elevação de sua barriga que Anne agora exibia com orgulho em roupas que mostravam ao mundo esse milagre. Rilla começara a mexer de leve, mas, na maioria das vezes em que isso acontecia era quando Gilbert estava por perto e falando com ela, e nesses momentos Anne pensava divertida que sua bebê já estava demonstrando o quanto já estava apaixonada pelo pai, o que não espantava Anne nem um pouco, porque o magnetismo de Gilbert Blythe continuava funcionando muito bem com a mãe, então com a filha não seria diferente. Diante desse pensamento, a ruivinha levou as mãos à sua barriga, pensando no quanto já amava aquela sementinha germinando ali dentro, seu amendoinzinho, como Gilbert gostava de chamá-la, e esse mesmo amor era que ainda lhe causava pesadelos e medo de perdê-la de um jeito quase paranoico.

Ela às vezes se lembrava do seu outro anjinho cujo rostinho não chegara a conhecer, e chorava por ele não estar ali em seus braços enquanto sua irmãzinha se desenvolvia em seu útero. Era uma dor que embora tivesse sido amenizada por conta de tantos outros acontecimentos que ocorreram nos últimos tempos, ainda a acompanhava em quase todos os seus momentos. Isso a levara novamente ao divã do Dr. Spencer. Gilbert se preocupara ao vê-la chorando enquanto ela estava preparando o almoço, e seus soluços foram ouvidos por ele que estava lendo na sala. Ele fizera o possível para consolá-la, tentando fazê-la rir com uma de suas piadas costumeiras, e também a desafiara para soletrarem um grupo de palavras bastante difíceis, pensando que assim a distrairia de suas lembranças tristes, mas não tivera o resultado esperado por ele, e assim ele acabara convencendo-a a ir ao médico antes que esses sentimentos se intensificassem tanto que acabariam se tornando uma daquelas depressões graves que não a deixariam aproveitar os melhores momentos de sua gestação. Pelo bem de sua filha de si própria ela tinha aceitado, e os encontros semanais com o Dr, Spencer passaram a ser um grande apoio para que ela superasse aquela fase difícil.

Ele lhe explicara que sentir-se daquela maneira era normal, levando-se em conta tudo o que ela havia passado na primeira vez, e que os hormônios da gravidez também podiam aumentar sua sensação de tristeza e medo, porque a deixavam mais sensível a tudo que já a magoara. O Dr. Spencer também conversara com Gilbert e lhe explicara toda a situação, apelando para sua paciência mais uma vez, Isso era algo que ele não deveria nem ter pedido a Gilbert, pois, paciência com ela seu noivo vinha tendo desde que se conheceram, e se Anne precisava de apoio de peso era ali que estava seu suporte contra qualquer coisa, tendo a consciência de que se era difícil para ela, para Gilbert também não era um mar de rosas.

Quando o Dr. Spencer lhe perguntara em como ela achava que tudo aquilo afetara Gilbert no passado, ela respondera:

- Ele tem sido muito bom comigo, Dr. Spencer. Desde que ele soube do meu aborto, ele tem me apoiado de todas as formas, e imagino o quanto isso deve custar a ele que não pôde viver o próprio luto para me amparar no meu. Eu sei que fui egoísta e muitos momentos , sugando o que eu podia dele, e não nego que nunca perguntei a ele qual era a extensão da sua dor, pois assumi que a minha era maior por conta de eu ser a mãe, e ter passado pela experiência física dolorosa da perda do bebê.- Anne disse envergonhada por admitir em voz alta que negligenciara os sentimentos de seu noivo naquela questão, mesmo já tendo assumido a muito tempo para si mesma que ele também sofrera. Contudo nunca tivera uma boa conversa com Gilbert sobre isso, a não ser daquela vez em que ele pensara que ela tinha tentado cortar os pulsos quando se desculpara com ele por tudo, mas, não chegaram a discutir os sentimentos dele sobre a morte do seu filho antes de nascer.

- Os sentimentos que uma mulher tem em relação ao aborto de um filho é realmente diferente de um homem que passa pela mesma experiência, pois se imagina que por conta da mulher carregar o embrião em sua barriga, e sentir as reações brutais físicas e psicológicas da perda, seu pesar seja maior, mas esse é um pensamento preconcebido. O homem sente da mesma maneira, apenas age de acordo com sua natureza e como a sociedade exige que ele seja, o alicerce sólido da sua família, pois se sua companheira está frágil, ele deve se manter forte do lado de fora, no entanto, dentro de seu coração é que mora essa verdade, então, eu a aconselho que se realmente pensa dessa forma que me disse, você deveria perguntar a ele, pois seria um grande passo na relação linda que vocês dois tem.- Anne assentiu, pensando de que maneira faria isso, porque um assunto delicado assim não podia ser tratado de qualquer jeito., mas, eles tinham o direito de discuti-lo e se perdoarem de uma vez por todas. Gilbert lhe dissera muitas vezes que se sentia culpado por não ter estado lá quando ela precisara dele, mas, não lhe dissera mais nada além disso, e Anne sabia que isso acontecera porque ele focara totalmente na recuperação dela, e não fizera nada em relação à própria recuperação. Os traumas que as pessoas carregavam em si nem sempre eram visíveis ou expostos a olho nu, mas, isso não queria dizer que não existiam, e no caso de Gilbert ele os guardara bem longe dos olhos dela.

- No que minha linda noiva estava pensando? – Anne ouviu Gilbert dizer assim que saiu do campo de suas memórias e se concentrou nele deitado com a cabeça em seu colo, enquanto Milk se acomodava a seus pés.

- Eu estava pensando em nossa filha. - Anne disse passando a mão pela testa suada dele. que parecia exausto depois de toda a correria com Milk.

- A Rilla está acordada? - ele perguntou com seus olhos risonhos.

- Não, creio que ela está aproveitando a preguiça da tarde. - Anne disse rindo olhando naqueles olhos castanhos que resumia seu mundo inteirinho quando Gilbert a olhava daquela maneira. Gilbert colocou suas mãos embaixo da camiseta de Anne, acariciou com o polegar o pequeno volume ali e disse se inclinando sobre ela:

- Olá, Rilla. É o papai. Você deve estar toda confortável aí dentro, protegida de todo esse calor, mas saiba que tanto eu quanto sua mamãe não vemos a hora de ver esse rostinho lindo de cabelinhos ruivos iguais os da mamãe.

- Você não desiste dessa ideia, não é mesmo? -Anne disse toda encantada com a cena. Ela sempre ficava feito boba quando via Gilbert interagir com a filhinha deles.

- Ela vai ser ruiva ,você vai ver. Não é mesmo, Rilla? Diz para a mamãe que você vai ser tão linda quanto ela, e deixar o papai morrendo de ciúmes quando algum garoto olhar para você.- como se entendesse o que se passava do lado de fora de um mundo que ela ainda não conhecia, a bebezinha fez um movimento sutil, e Gilbert olhou com os olhos ainda mais brilhantes para Anne e falou:

- Está vendo? Ela sabe quem tem razão por aqui. - Ele disse se levantando e abraçando Anne.

- Você é um bobo, Gilbert Blythe.

- Um bobo que você ama. - Ele disse fixando seu olhar nos lábios dela.

- Disso eu não posso discordar. - Ela respondeu antes de sentir os lábios de Gilbert colados nos seus, fazendo-a sentir todas as emoções e sentimentos que se agitavam em seus corações desde que trocaram seu primeiro beijo a tanto tempo atrás. Quando se separaram, Anne ainda sentia as batidas de seu coração disparadas enquanto Gilbert não parava de olhá-la e acariciar sua barriga.

- Eu não vejo a hora de tê-la como esposa e ter nossa bebezinha nos braços.

- Eu também. Tenho sonhado demais com esse dia. - Anne disse tocando os cabelos dele mecha por mecha. Ela adorava enroscar seus dedos nelas, ficaria o dia todo fazendo isso se pudesse.

- Como foi que eu tive a sorte de encontrar você? Às vezes eu ainda não acredito que durmo e acordo com essa mulher linda a meu lado. - As mãos dele subiram para seu rosto, onde ele depositou beijos curtos e suaves.

- Acho que nesse caso a sorte foi minha. Eu é que não acredito que entre todas aquelas garotas em Avonlea você foi escolher a mim, uma garota sem papas na língua, temperamental e mal humorada. - Anne disse se lembrando de todas as vezes em que discutiram na escola. Ele a irritava tanto, que Anne sentia que poderia subir pelas paredes só de ver o olhar arrogante que ele lhe lançava em uma calma que a fazia detestá-lo mais ainda. Mas, no fundo não era bem ódio o que sentia, somente não sabia diferenciar seus sentimentos naquela época, e tomava como ódio a sua respiração mais rápida quando estava perto de Gilbert, e sua incapacidade de tirá-lo da cabeça quando estavam longe um do outro.

- Eu sempre adorei seu jeito, minha marrentinha. Você era a única garota que conseguia me desafiar em tudo.

- É claro. As outras estavam mais preocupadas em inflar ainda mais seu ego de playboy. Tudo o que eu queria era vencer você no jogo de soletrar. - Gilbert levantou a sobrancelha e respondeu:

- Você também tinha uma queda por mim, não minta.

- Não tinha não. Eu odiava a sua capacidade de rir de mim quando eu estava brava com você. - Anne disse sabendo que mentia

- Mas, não conseguiu resistir a mim depois.

- Nem você a mim. Se esqueceu de que não largou do meu pé desde que voltou do Pacífico? - Gilbert a puxou para seu colo antes de responder:

- Acho que não fomos feitos para resistir um ao outro, e sim para ficarmos juntos. – Gilbert respondeu com os lábios bem próximos dos de Anne.

- Ainda tem dúvidas disso? - Anne respondeu roubando um beijo rápido de seu noivo.

- Nenhuma. Somos realmente bons juntos. Não concorda? - ele disse sugestivamente colocando as mãos de novo sobre a barriga de Anne. Seus lábios alcançaram o pescoço dela, brincando com a ponta da língua naquela região, fazendo o corpo dela reagir necessitado. Eles não vinham tendo um relacionamento íntimo a quase um mês, e embora Anne já estivesse bem fisicamente, emocionalmente ela ainda precisava de um certo tempo para voltar ao normal de antes, e por isso, ela não queria arriscar nada. Eles podiam esperar, ela dizia a si mesma, mesmo que nesses momentos sua pele lhe dissesse outra coisa.

- Gilbert, por favor, não podemos. - Ela disse com a respiração entrecortada enquanto ele continuava a tocá-la de maneira insinuante.

- Diz que não sente a minha falta como eu sinto a sua. - Ele disse sem parar de tocá-la.

- O que é que você acha? - ela estava pegando fogo por baixo de suas roupas e o seu noivo ficava fazendo joguinhos apenas para provocá-la.

- Você é tão ardente, minha noiva. Pena que não posso te levar para casa agora e te mostrar como eu te quero. - Ele disse e Anne soube que Gilbert se controlava por um fio.

-Temos que esperar, você sabe. - Ela disse olhando-o nos olhos.

- Eu sei. - Ele disse dando-lhe um último beijo. - Sabe o que nós precisamos agora? De sorvete. Vou comprar e já volto. - Ele fez Anne se sentar novamente embaixo da árvore, e foi até uma barraca que havia ali no parque.

Anne estava tão distraída observando todos os movimentos de seu noivo que levou um pequeno susto quando ouviu alguém dizer:

- Anne, é você mesma? - ela olhou em direção a voz que falara com ela e se surpreendeu ao ver que era.

- Cinthia! Que surpresa vê-la aqui em Nova Iorque. - Anne disse sorrindo ao se deparar com sua antiga amiga dos tempos do orfanato. Elas eram inseparáveis até o dia em que a garota fora adotada por um casal que vivia em New Jersey e nunca mais se viram.

- Eu moro aqui agora. Trabalho como enfermeira em uma clínica de pediatria, e você? Que bons ventos te trazem até aqui?

- Eu também moro aqui. Faço faculdade de Literatura. - Anne disse sorrindo olhando para a garota com evidente prazer. Cinthia fora uma das poucas amigas que fizera no orfanato, e Anne sofrera muito quando ela fora embora.

- Eu sempre pensei que um dia você seria professora. Vivia perdida no meio dos livros. Você se casou?

- Não, estou noiva. E você?- Anne disse mostrando a Cinthia seu anel de noivado.

- Ainda não me casei. E para quando é seu bebê. - Anne sorriu com a pergunta e disse:

- Para daqui seis meses.

- Você parece feliz. - Cinthia disse olhando para o rosto tranquilo de Anne.

- Sou muito feliz, e você também parece feliz.

- Sim. Acho que afinal de contas nos saímos muito bem, não é? - Cinthia sorriu fazendo Anne se lembrar dos sonhos que partilharam naquela época. Cinthia queria encontrar seu príncipe encantado, casar e ter filhos, e Anne desejava sair do orfanato, ser livre e conhecer o mundo todo. A amiga tinha construído uma profissão para si mesma assim como Anne que estava construindo a sua. Se Cinthia tinha encontrado seu príncipe encantado com quem tanto sonhara naquela época, Anne não fazia ideia, mas, ela sim tinha encontrado o seu, mesmo que nunca tivesse pensando nisso com tanta força aos seus dez anos de idade.

- Nos saímos magnificamente bem. - Anne disse e as duas riram de sua escolha difícil de palavras como sempre ela fazia na infância mostrando ao mundo sua inteligência tão peculiar desde aquele tempo.

- Foi muito bom te encontrar, e saber que está tão bem, mas, agora preciso ir , pois meu turno no trabalho começa daqui a pouco.- ela se deu um beijo no rosto de Anne, e antes que a garota se fosse, a ruivinha disse:

- O prazer foi meu. Venha me visitar algum dia.

- Sim. Me passa seu endereço. - Cinthia disse procurando papel e caneta na bolsa. Ela anotou o endereço de Anne e com um acenou de despedida, ela finalmente se foi.

- Quem era garota que falava com você? - Gilbert disse estendendo a casquinha de sorvete para Anne.

- É uma amiga do meu tempo de orfanato. Esse mundo é mesmo pequeno, não acha? - ela disse colocando uma colherada de sorvete na boca.

- Realmente. Você nunca me contou muita coisa de sua vida no orfanato. - Gilbert disse casualmente.

- É mesmo. - Anne concordou, se lembrando da conversa que tivera com o Dr. Spencer sobre sua mania de guardar as coisas para si mesma.

Sua vida no orfanato nunca fora algo que lhe desse prazer em lembrar, mas, fazia parte do seu passado e do que ela era, pois vivera toda a sua infância naquele local que não lhe trouxera quase nada de calor humano, mas fora responsável pela formação do seu caráter e da força que ela desenvolvera por dentro para sobreviver as suas misérias. Gilbert tinha razão, ele não sabia quase nada de sua vida no orfanato, mas talvez fosse hora de mudar isso.

GILBERT

O envelope tão esperado finalmente chegou na manhã de quarta-feira. Gilbert o encontrou no momento em que foi checar sua correspondência no correio postal do prédio onde ele e Anne moravam. No instante em que seus olhos pousaram no papel perfumado com a caligrafia inconfundível de tia Josephine, ele sentiu uma euforia louca invadir seu coração. Finalmente, ele e Anne poderiam marcar a data tão esperada, e ela seria sua esposa como ele vinha sonhando todo aquele tempo, especificamente desde que se tornaram noivos.

Imediatamente, ele voltou ao apartamento e encontrou Anne tomando o café da manhã parecendo distraída com muitos de seus pensamentos. Sua ruivinha tinha uma mente ativa demais para que sossegasse mesmo naquele período de férias, mas, desde o dia do parque, ela parecia mais absorta neles, como se estivesse analisando algo cuidadosamente. Ele não lhe perguntara nada como normalmente faria, porque preferia esperar que ela por vontade própria lhe contasse.

- Anne, a carta de tia Josephine, chegou. - Ele disse sorridente vendo com prazer o rosto dela se iluminar quando disse:

- É mesmo?

- Sim. Vamos abri-la juntos? - ele perguntou sentando-se ao lado dela.

- Sim. - Anne disse beijando-o no rosto antes de pegar o envelope que ele lhe entregava, e então, ela o abriu. Anne passou rapidamente os olhos pelo papel perfumado com a colônia conhecida de sua querida amiga, e sorriu com o que dizia.

- Aqui diz que podemos fazer o casamento na praia de Avonlea, e ela também me pediu para enviar o modelo do vestido e minhas medidas que ela mesma vai providenciá-lo para mim. Como ela pode ser tão incrivelmente generosa? - ela disse secando os cílios úmidos com a manga da sua blusa.

- Ela te ama, meu amor. Assim como todos nós que a conhecemos. Você merece o melhor dessa vida.

- Gilbert, você acha que será feliz comigo? - ela perguntou olhando para ele séria, deixando-o espantado pela pergunta.

- É claro que sim, eu já sou feliz com você. Que pergunta é essa? Você tem alguma dúvida sobre isso? - Gilbert realmente não estava entendendo o que se passava na cabeça dela.

- Não, você é tudo o que eu quero, ainda mais agora com Rilla a caminho, eu quero muito viver esse momento com você, mas, eu ando me perguntando se tudo isso não é responsabilidade demais para você.

- Anne, eu juro que não estou compreendendo tudo isso que está me dizendo. Eu achei que queria se casar tanto quanto eu. - O coração dele começou a mudar as batidas, de alegria para apreensão. Será que ela tinha mudado de ideia?

- Amor, é claro que eu quero me casar com você. Eu seria uma tola se não quisesse. Você é o amor da minha vida, mas, eu de repente me dei conta que você tem assumido tudo isso como sua única e exclusiva responsabilidade, e acho que é muita coisa para um rapaz de vinte anos que tem se esforçado demais para se formar na profissão que escolheu. De repente, você teve amnésia, perdemos um filho, você me trouxe para morar em Nova Iorque, eu engravidei novamente, e você decidiu que íamos nos casar em dois meses ao invés de em um ano. É muita coisa para administrar.

- Eu não decidi que íamos nos casar, você concordou comigo, então não tomei nenhuma decisão sozinho. - Gilbert disse aborrecido. O que estava acontecendo ali?

- Eu sei, amor, eu concordei em me casar porque é isso que realmente quero, eu só estou te falando tudo isso porque não quero que um dia se arrependa e sinta que perdeu o melhor de sua vida, quando poderia ter feito tudo com mais calma.- ele a olhou tentando encontrar alguma indicação no rosto dela que levasse a toda aquela conversa estranha., mas, apenas encarou aquele azul oceano que espelhava a sinceridade que havia dentro deles.

- Anne, eu não sou mais um adolescente que faz as coisas por impulso. Tudo isso que aconteceu conosco só me provou o que eu mais quero na vida além de ser médico, e o que eu mais quero é formar uma família com você. Eu te amo, então, não vejo sentido em esperar um ano ou até me formar para me casar. E não estou fazendo isso por peso na consciência ou porque você está grávida. Eu sempre deixei isso claro para você, então, eu não estou entendendo onde quer chegar com essa conversa. - Ele começou a ficar nervoso, e em consequência disso suas mãos foram parar em seus cabelos, bagunçando totalmente os seus cachinhos frontais.

- Querido, desculpe-me por te deixar chateado, Eu só toquei nesse assunto para saber como realmente se sente sobre tudo isso, porque, eu percebi que aceito tudo que me propõe porque é exatamente o que desejo, e nunca te pergunto sobre seus reais sentimentos. Eu não duvido que me ama, e estou realmente feliz por ter certeza de que tudo isso é o seu ideal de vida para nós dois.

- Anne, entenda de uma vez por todas. O amor que sinto por você é para sempre. Eu não quero outra mulher, eu quero você, e quero nossa filha, e quantos mais bebezinhos pudermos ter.

- Gil...- ele a interrompeu ao ver seu desconforto

- Eu sei que vai dizer que não sabe se podemos ter mais filhos. Não importa, podemos adotar outras crianças se você quiser, ou podemos ter somente nossa Rilla, já é suficiente para mim. O que quero dizer é que tudo o que desejo nessa vida é envelhecer com você, morar naquela casa que estamos construindo em Avonlea e viver do meu trabalho. Você é minha felicidade, Anne, e é com você que quero passar o resto da minha vida. Por favor, não chora. - Ele disse ao ver lágrimas escorrendo pelo rosto de sua amada.

- Perdoe-me, são os hormônios da gravidez. - Ela disse rindo, encostando sua testa na de Gilbert. - Obrigada, meu amor, por ser esse homem maravilhoso. Eu não tenho palavras para explicar o quanto tudo que disse significa para mim. Você é tudo o que sonhei, e também quero envelhecer com você, porque eu te amo demais. - Ela o beijou e Gilbert sorriu entre o beijo ao dizer:

- Que alívio. Por um momento, eu pensei que queria desistir de mim.

- Desistir de você? Só se eu estivesse fora do meu juízo perfeito. - Ela disse dando vários beijos nos lábios de Gilbert até que ele a abraçou e disse:

- Se quiser posso colocar um outdoor no edifício mais alto de Nova Iorque só para dizer para todo mundo nessa cidade o quanto te amo.

- Você não teria coragem. - Anne disse rindo.

- Quer apostar? - Gilbert disse encarando-a seriamente.

- Não, eu sei que você é maluco o suficiente para fazer isso.

- Maluco eu sou só por você. - Assim, ele a carregou até o sofá, beijando todo o rosto dela, o pescoço, as mãos descendo frenéticas pelo corpo dela em uma saudade que durava a um mês. Ele sabia que não podia avançar demais, mas, também não conseguia parar de tocá-la. O cheiro dela o intoxicava, a boca dela o incitava a continuar mesmo que um alarme soasse em sua cabeça dizendo que devia ir devagar.

- Gilbert. - Anne disse e ele entendeu o tom de alerta em sua voz.

- Calma, meu amor. Não vou ultrapassar nenhum limite, eu sei que você ainda tem medo que isso possa prejudicar o bebê.

- Só espere mais alguns dias, e prometo que tudo vai voltar ao normal entre nós. - Ele ofegava ao dizer essas palavras e Gilbert sabia que ela também sentia falta daquela parte do relacionamento deles.

- Faça tudo no seu tempo, não se apresse por mim. Só me deixe te tocar mais um pouquinho. Sinto falta de te sentir toda minha. – E assim eles continuaram trocando carícias intensas até que Gilbert sentiu que não poderia mais continuar sem perder o controle, e apenas ficaram abraçados no sofá falando sobre os preparativos do casamento.

Naquela noite, seus amigos apareceram para uma reuniãozinha familiar, e enquanto Anne ficava conversando com Sharon, Carlos, Jonas, Patrick e Gilbert jogavam algumas partidas de xadrez. Jonas jogava em par com Patrick enquanto Carlos era o parceiro de Gilbert, e já tinham ganho duas partidas, e quando na terceira Gilbert disse "xeque mate", Jonas olhou para o tabuleiro e disse:

- Cara, não acredito que perdemos de novo.

- A culpa é sua Jonas. Eu te disse para não mover o cavalo, mas, não me escutou e perdemos mais uma vez. - Patrick disse se levantando da mesa.

- Vocês deviam saber que estão jogando com um as no xadrez. - Anne disse sorrindo orgulhosa para seu noivo.

- O que? - Jonas perguntou incrédulo.

- Gilbert não te contou que ele ganhou vários campeonatos em Avonlea?

- E só agora é que você nos conta isso? Qual é, Blythe? Isso foi golpe baixo. – Jonas disse com cara de aborrecido.

- Que isso, amor? Você tem que saber perder. - Sharon disse tentando consolar seu namorado que mesmo emburrado fazia todo mundo rir com suas caretas engraçadas.

- Quer dizer que temos um cérebro superdotado entre nós? - Patrick perguntou enchendo seu copo de coca cola.

- É sério que você ainda não sabia? Gilbert gabarita todas as provas da Faculdade. Se isso não é um cérebro de gênio, então não sei o que é.- Carlos disse sorrindo, batendo de leve no ombro de Gilbert que ria com a discussão dos amigos. Eles eram ótimos, e ele se divertia toda vez que estavam juntos, mesmo que o assunto da discussão fosse ele e suas habilidades acadêmicas.

- Anne também é muito inteligente. - Sharon disse se intrometendo na conversa.

- Que isso, Sharon. Eu não tenho nem a metade a inteligência de Gilbert. - Anne disse olhando diretamente para Gilbert que também não tirava os olhos dela.

- Bem, espero que sua filha nasça com sua inteligência Blythe, pois de beleza você não tem nada. - Jonas disse tentando implicar com Gilbert.

- Como pode dizer isso do meu noivo? Gilbert é o homem mais bonito do mundo, além de ser um gênio. - Anne disse sorrindo atraindo o olhar de Gilbert para seu rosto.

- Tantas qualidades em uma pessoa só. Isso é impossível. Eu não acredito que esse homem seja tão perfeito. Tem que ter algum defeito. - Patrick disse balançando a cabeça.

- Pois ele não tem. - Anne disse abraçando Gilbert pela cintura.

- E você tem razão, Jonas. Minha filha vai se parecer com a mãe dela porque ela é maravilhosa. - Gilbert disse com os olhos grudados em Anne.

- Ah, olha o Blythe, todo apaixonadinho. - Patrick disse em tom de brincadeira.

- Eu não sou só apaixonado, eu sou completamente louco por essa mulher. - Gilbert disse puxando Anne para um beijo intenso.

- Nossa, vai começar troca de carinho explicito. Ei, vocês dois. Não esqueçam que tem visitas. - Patrick disse bagunçando o cabelo de Gilbert.

- Vão logo para o quarto. – Jonas disse levando um beliscão de Sharon que lhe lançou um olhar zangado.

- Vocês não param de amolar, não é? – Gilbert disse enquanto Anne não parava de rir, escondendo a cabeça no ombro dele.

- Que tal jogarmos outra coisa para passarmos o tempo.

- Que tal jogo de soletrar? - Anne piscou para Gilbert.

- Gostei da ideia. Como vai ser? - Patrick perguntou.

- Eu e o Gilbert contra Sharon e Jonas, Carlos e Patrick.

- Ótimo. Essa não tem como a gente perder, amor. - Jonas disse dando um beijo em Sharon.

- Qual é a primeira palavra? - Carlos perguntou.

- Você escolhe. - Gilbert disse.

- Ok, que tal metátese? - Jonas sugeriu, - Você é a primeira Anne. Quer que eu explique o que quer dizer.

- Não precisa, Jonas, eu sei o que é metátese. Você se esqueceu que moro com um futuro médico? Quem você acha que o ajuda a estudar para as provas? - Anne disse beijando Gilbert no rosto.

- Ah, eu sabia que devia ter uma explicação para seu bom desempenho nas provas. Acho que você se enganou, Carlos. O gênio aqui é a Anne. - Patrick disse debochando de Gilbert mais uma vez.

- É acho que você descobriu o meu segredo. - Gilbert falou piscando para Anne.

- Ok, chega de conversa fiada. Vamos começar. - Carlos disse.

E assim eles passaram o resto da noite mais divertida que tiveram em tempos. E quanto aos vencedores do jogo de soletrar, sem dúvida foram Anne e Gilbert que deixaram Jonas muito bravo de novo ao saber que eles eram os melhores nesse jogo nos tempos de colégio em Avonlea. Assim, a noite terminou em muita risada e um convite para os amigos de ambos para serem seus padrinhos de casamento que se realizaria daí a um mês e meio.

GILBERT E ANNE

A sexta-feira amanheceu um pouco nublada, e observando o céu, Anne percebeu que talvez tivessem chuva no período da tarde, mas, nem isso a fez desistir do que tinha planejado para aquele dia.

Ela estava fisicamente forte novamente, e por isso, se sentia plenamente capaz de viajar de trem para uma cidade que não era muito longe de Nova Iorque. Em três horas de viagem chegaria a seu destino, e assim poderiam voltar para casa no mesmo dia.

As passagens tinham sido compradas por Sharon a pedido de Anne, que não quisera fazer isso por si mesma, pois Gilbert saberia, e ela o queria fazer uma surpresa. Não sabia se ele iria gostar do que planejara, mas, era algo que sentia que devia fazer, pois se quisesse que ele conhecesse todas as partes dela, ela deveria abrir as portas do seus passado e deixar que ele se enveredasse por ela, por mais desagradável ou difícil que isso fosse para si mesma.

Por isso, ela se levantara mais cedo, preparara o café, e foi acordar Gilbert que ainda dormia e sequer imaginava que eles viajariam logo de manhã.

- Acorda, Dorminhoco. - Anne disse distribuindo milhares de beijinhos pelo rosto de Gilbert, até que ele segurou o rosto dela e a beijou de verdade. Depois, com seus olhos sonolentos, ele perguntou:

- Que horas são?

- Sete horas, amor. - Anne respondeu admirando o peitoral nu de Gilbert que era tudo que a coberta deixava à mostra, mas era o bastante para fazer sua garganta secar. Ela desviou o olhar antes que outros pensamentos a desviassem de seu intento naquela manhã.

- Por que me acordou tão cedo? -ele disse bocejando.

- Por que vamos viajar. - Ele a olhou espantado e perguntou sentando-se na cama.

- Viajar? Para onde?

- É uma surpresa, - Gilbert lhe deu um meio sorriso com o canto da boca e perguntou:

- O que está aprontando, Sra. Blythe?

- Acha que somente você pode me surpreender? Eu também tenho meus segredinhos, meu amor.

- Está bem. Vou confiar em você. - Gilbert disse se levantando. - Vou tomar banho, fico pronto em quinze minutos, espere-me para o café. - Ele foi em direção ao banheiro, e como prometido se reuniu a Anne quinze minutos depois para o café da manhã.

- Que horas sai o nosso trem? - ele perguntou se deliciando com as rosquinhas que Anne havia lhe preparado.

- Às oito horas. - Anne respondeu observando com atenção o rosto de Gilbert aquela manhã. O tempo podia passar, e ele continuava lindo e atraindo-a cada vez mais. Ela não tinha vergonha de admitir o quanto o seu coração era entregue a seu noivo, e em um mês e meio seu marido. Não via a hora de ser oficialmente a Sra. Blythe.

- Pode me dizer pelo menos para onde estamos indo? - Gilbert perguntou, também admirando-a demais naquela manhã. A gravidez estava fazendo um bem enorme a Anne. A cada dia ela resplandecia como um anjo vindo dos céus, e seu amor por ela continuava crescendo de um jeito assustador. Ele nunca imaginara que poderia amar tanto alguém a ponto de não enxergar mais nada a não ser a dona dos eu coração.

- Graceland. - Ela respondeu com um sorriso.

- Graceland? Você tem amigos lá? - ele perguntou com a testa franzida.

- Mais ou menos isso. - Ela continuava a fazer mistério e por isso, Gilbert desistiu de fazer mais perguntas e terminou seu café.

Às oito em ponto, eles pegaram o trem para Graceland que chegou lá em pouco tempo. Gilbert conhecia a cidade somente por nome, e nunca havia estado ali antes, porém, ele podia notar que era um lugar pitoresco que atraía vários turistas, principalmente em período de férias em que estavam, ou em temporada de festas de fim de ano. Anne pediu um táxi e deu o endereço de onde estavam indo, e durante todo o percurso, ela se manteve calada e parecia mergulhada em seus pensamentos, mas, se agarrava a mão de Gilbert com tanta força que ele quase lhe perguntou o motivo daquela tensão nervosa que ele podia sentir nela da cabeça aos pés, mas, não se atreveu. Iria esperar que o mistério fosse elucidado logo, e tinha certeza de que a resposta para suas perguntas estava justamente no lugar para onde o táxi os levava.

Logo, eles entraram em uma estrada sem asfalto, e pararam em frente de uma casa que mais parecia um mausoléu. Anne pagou o taxista, e abriu os portões de ferro enferrujados pelo tempo, e assim entraram em um jardim imenso onde havia um roseiral com vários tipos de rosas onde uma freira cuidava delas com esmero. Gilbert elevou o olhar e viu uma placa na sacada do lugar que dizia "Orfanato Santa Monica". Ele olhou surpreso para Anne e perguntou:

- Anne, aqui é...

- O lugar onde vivi até Matthew e Marilla me adotarem. - Anne terminou por ele, pois Gilbert ficou meio inseguro para clarear suas suspeitas.

- Mas, por que me trouxe aqui?

- Porque uma vez você me disse que queria me conhecer por inteiro, então eu acho que chegou o momento de você saber tudo sobre mim. E também quis trazer nossa filha que ainda está em meu ventre para conhecer o lugar da onde vim. Eu sei que não nasci aqui, mas, a minha infância inteira envolve esse lugar, e se realmente quer saber quem fui antes de ir para Green Gables, o melhor lugar para começar é aqui.- ela pegou na mão dele e o puxou em direção a freira que os olhava com simpatia.

- Olá, vieram visitar o orfanato?

- Sim, pode me dizer se a Madre Madalena está? - Anne perguntou, sentindo aromas familiares de sua infância chegarem até ela. Alguns eram bons, outros nem tanto, mas, não deixavam de ser tudo o que se lembrava de sua vida dentro daqueles portões.

- Ah, querida. Ela não trabalha mais aqui faz tempo. Quem toma conta de nossas crianças é a Madre Cecília. - A freira disse enxugando sua testa suada com um lencinho branco.

- Madre Cecília? - Será que era ela? Anne pensou. Será que era a irmã Cecília que fora uma das poucas almas boas que a tratara com decência enquanto ela morou naquele lugar? - Será que posso falar com ela?

- Claro, meu amor. Sigam-me, por favor.

Anne e Gilbert caminharam pelo longo corredor que levava até a sala da Madre, e durante todo o tempo, Gilbert apenas observava o rosto de Anne que parecia um universo inteiro de emoções misturadas. Ele não conseguia identificar cada uma delas, mas, ele bem podia imaginar como Anne deveria estar se sentindo pisando naquele lugar depois de tanto tempo. Pelo que ela lhe havia contado, sua vida ali não fora fácil, e embora não entendesse bem o motivo de ter voltado aquele orfanato onde passara por todo o tipo de sofrimento, ali também estava a sua história, e tudo o que fazia parte daquela garota incrível com quem se casaria em breve, e por isso, ele ficava feliz por Anne dividir algo com ele do qual ela sempre fugira.

Eles pararam em frente a uma porta de madeira com o nome de "Madre Cecília" nela, e ouviram uma voz grave dando-lhes permissão para que entrassem no momento em que bateram nela.

- Em que posso ajuda-los? - a boa mulher perguntou ao ver Gilbert e Anne à sua frente.

Anne examinou a freira por alguns segundos e constatou que era mesmo a irmã Cecília que lhe dera aulas de literatura. Foi ela que lhe apresentara o mundo dos livros, e cuidara dela com carinho e amor. Anne nunca se esquecera da vezes em que ela se refugiava no quarto chorando por causa dos pais que nunca conhecera, e a irmã sempre a consolava e lhe dava um livro para ler, talvez imaginando, que enquanto Anne vivesse no mundo do faz de conta ela poderia fingir que a dureza e a solidão da vida nunca a atingiria.

- Não se lembra de mim, Madre? - Anne perguntou olhando firmemente para a religiosa que puxava pela mente de onde conhecia aquela garota ruiva de rosto tão marcante, e então, um sorriso iluminou seu rosto, indicando que ela tinha se lembrado.

- Anne Shirley, como eu poderia me esquecer desse seu rostinho inteligente? Como vai, querida? - ela disse dando-lhe um abraço afetuoso. - Como você está linda. E esse rapaz a seu lado, quem é? - ela perguntou olhando diretamente para Gilbert.

- Esse é meu noivo, Gilbert Blythe. -Anne disse sorrindo.

- Muito prazer, Gilbert.

- Muito prazer, Madre. - Gilbert respondeu com respeito.

- Vejo que está grávida. - Ela disse, olhando para a barriguinha saliente de Anne.

- Sim, O bebê vai nascer daqui a seis meses. - Anne disse com orgulho acariciando sua barriga com carinho.

- É menino ou menina? - a Madre Cecília perguntou olhando para a barriga de Anne com interesse.

- É menina, e vai se chamar Rilla.

- Rilla? Espere aí, esse não é o nome da heroína daquele conto que te emprestei uma vez? - A Madre disse empolgada.

- Sim, eu gostei tanto do nome que resolvi colocá-lo em minha filha.

- É realmente um nome lindo, querida. De uma pessoa valente, assim como você é e também será sua filha.

- Obrigada, Madre, por suas palavras tão doces. - Anne disse emocionada.

- Eu só disse a verdade, querida. Você não imagina, Gilbert, o que essa garota teve que suportar dentro desse orfanato, mas, nada nunca conseguiu abater esse espírito forte que ela tem.

- Eu posso imaginar.- Gilbert disse dando um beijo no rosto de Anne, sabendo bem do que a Madre falava, pois, ele mesmo presenciara a força que havia em Anne em vários momentos pelos quais passaram, e não duvidava do quanto ela lutara para se manter assim toda a sua infância dura.

- E o que tem feito de sua vida depois que saiu do orfanato? - Madre Cecília perguntou interessada em saber um pouco mais da vida de sua antiga pupila.

- Eu trabalhei em algumas casas como babá, depois fui adotada por dois irmãos incríveis, fui para escola, conheci o Gilbert. - Ela apertou a mão do noivo com carinho que retribuiu a carícia, e depois ela continuou. - Fomos morar em Nova Iorque onde é nossa casa agora. Estudamos na mesma Universidade, ele faz Medicina e eu Literatura. Quero ser professora como a senhora- Anne disse sentindo-se orgulhosa da vida que estava construindo fora daquele lugar, onde ouvira muitas vezes que nunca teria nada no mundo lá fora, pois ela era uma órfã que fora desprezada pelos próprios pais, e nunca seria amada por ninguém.

- Que alegria saber que você continuou seus estudos, você sempre foi inteligente demais para desperdiçar seus talentos em uma vida improdutiva. Não me espanto por você escolher a profissão de professora, pois sempre cuidou de nossos pequenos muito bem.- Madre Cecília disse, e Gilbert pôde sentir o orgulho por Anne em sua voz, assim como ele tinha por saber pequenos detalhes sobre sua noiva que a tornava ainda mais fantástica diante de seus olhos.

- Madre, eu queria aproveitar que a encontramos aqui, e convidá-la para o meu casamento e de Gilbert. Vai ser daqui a um mês, - A boa religiosa a olhou com uma alegria genuína e disse:

- Me dê o endereço e irei com certeza. Vou adorar ver uma das minhas pupilas mais inteligentes se casando.

- Vai ser uma honra tê-la conosco nesse dia tão especial para nós dois. - Anne disse abraçando sua velha amiga.

- Se quiserem dar um passeio pelo orfanato, vocês são bem vindos. Muita coisa mudou desde que você foi embora, Anne. - Madre Cecília disse assim que se separaram.

- Obrigada pelo convite, vamos sim dar uma olhada por aí. - Anne disse sorrindo.

Assim, eles se despediram da Madre Superiora, e Anne puxou Gilbert para dar um passeio pelo orfanato. Eles caminharam por algum tempo até que chegaram perto de um playground onde várias crianças estavam brincando. Anne ficou ali olhando para aquela cena tão doce e se lembrou e tantas outras parecidas com aquela, só que os protagonistas eram outros, onde ela participara extensivamente. Essa era uma das poucas lembranças alegres que tinha do orfanato quando ela se sentia completamente livre e cheia de sonhos do que faria quando saísse dali. Ela se via correndo, brincando de pega pega em um mundo mágico onde sua Princesa Cordélia tinha o seu castelo e seu sapatinho de cristal. Eram momentos nos quais ela deixava a dor do abandono do lado de fora, e nada era ruim, feio ou sofrido, tudo era colorido e cheio de uma luz que transbordava em sua alma, levando-a até o infinito dos seus sonhos impossíveis para deixá-los por um instante ao alcance de suas mãos.

- Então, aqui era o seu cantinho? - Gilbert perguntou fazendo Anne se virar para ele sorrindo e dizer:

- Bem-vindo ao mundo da gata borralheira, Dr. Blythe.

- Você está mais para princesa do que uma Cinderela sem seu sapatinho, Sra. Blythe. Ele disse se aproximando dela e beijando-a na ponta do nariz.

-Ah, mas eu foi bem menos do que isso. às vezes não eram somente os sapatos que me faltavam, e sim um pouco de tudo. - Anne disse triste, e Gilbert pegou na mão dela, e a fez se sentar em um banco debaixo de uma árvore que havia por ali, e perguntou:

- O que quer dizer?

- Nem sempre havia comida suficiente, muitas noites íamos dormir com fome, ou sede. Se fôssemos bonzinhos talvez ganhássemos um pedaço de pão na manhã seguinte no café da manhã. Se reclamássemos, éramos castigados, e esses castigos variavam de acordo com o humor de algumas freiras. Éramos trancafiados como animais, condenados a tomarmos banhos frios por vários dias, limpar o chão do orfanato, e rezar o pai nosso cem vezes por dia. Essa era minha vida "dourada" nesse lugar, Gilbert. - Anne abaixou a cabeça colocando as mãos em sua barriga. Sua filha nunca teria que passar por algo assim, pois, ela estava ali para garantir que ela fosse muito amada e cuidada.

- Anne, um lugar assim não deveria ser mais caridoso? - Gilbert perguntou chocado com o que ela lhe contara. Como era dolorido saber que a garota que ele mais amava na vida passara por tantas privações enquanto ele tinha um pai amoroso, e dormia em uma cama quentinha com comida na mesa e muito amor. Não era à toa que ela tivesse tantos traumas, que carregasse dentro de si um peso imenso. Ainda assim, ela fora forte para deixar tudo para trás e começar uma nova vida em uma sociedade que ao primeiro olhar não a recebera de braços abertos, mas que reconhecera o seu valor quando Anne não permitiu que passassem por cima dela, como se ela não fosse nada. Ela tivera voz e boa vontade. Ela tivera paciência, caíra e se levantara, não deixara que o mundo a vencesse, e com perseverança e inteligência, ela colocara a cidade de Avonlea a seus pés. Como não amar alguém que apesar de a maldade humana ter-lhe tirado quase tudo, Anne mantivera seu coração puro, sua alma boa, e seus olhos cheios de fé?

- A bondade ou caridade, seja lá como você queira chamar passou muito longe desse lugar. – Anne disse com certa amargura.

- Nunca pensou em fugir? —Gilbert perguntou cada vez mais impressionado com as palavras de Anne.

- Sim, eu até tentei uma vez, mais fui pega, então, fiquei trancada em meu quarto por três dias em penitência, para pensar no "pecado 'que eu tinha cometido.
- Amor, eu sequer imaginei que você tivesse passado por tanta coisa triste assim. Quando eu te imaginava em um orfanato, logo me vinha a imagem de uma garotinha ruiva solitária, esperando que algum casal bondoso que a adotasse, mas, não pensei que a vida aqui tivesse sido tão brutal. - Gilbert disse trazendo-a para mais perto,

- O pior é que com o tempo a gente se acostuma a viver apenas pelo dia de hoje, sem fazer grandes planos para o amanhã, porque quando se ouve todo santo dia que você não vale nada porque é órfã, e que no mundo fora daqui não existe lugar nenhum que vai te aceitar como a pária que você é, fica difícil imaginar que a felicidade pode ser alcançada algum dia.- Gilbert observou que Anne disse tudo isso com os olhos secos, mas, ele não imaginava o quanto ela tinha chorado na vida por ouvir vezes sem conta aquele absurdo, e por isso, não lhe sobrara lágrima alguma para derramar sobre aquele assunto.

- Anne, isso é terrível. Como essas pessoas que se diziam religiosas e tementes a Deus, podiam jogar tão baixo com a autoestima de uma criança? É criminoso destruir os sonhos de alguém assim.

- Isso é para você entender que nem sempre a maldade ou mesquinhez é deixada a mostra explicitamente. Ela também é encontrada nos lugares onde a bondade é proclamada aos quatro ventos.

- Sinto muito que você tenha passado por tudo isso sozinha. – Gilbert disse tocando-lhe os cabelos com devoção. Agora ele tinha muito mais motivos para amar aquela garota com todo o seu coração

- A Madre Cecília foi uma das poucas pessoas que me tratou com decência. Eu devo muito a ela por isso. Fico feliz que ela esteja tomando conta deste lugar, pois as coisas por aqui parecem muito melhores agora. - Anne disse quase sorrindo.

- Obrigado por me trazer aqui. Agora eu te entendo um pouco mais. E quero que saiba que sinto muito orgulho de ter essa mulher corajosa como minha mulher. - Eles se beijaram e Gilbert disse em seguida. - Quer ir para casa agora?

- Sim. Acho eu essa parte do um passado foi definitivamente encerrado. – Anne disse se levantando do banco e indo em direção aos portões de ferro junto com Gilbert, onde o táxi que ela combinara que voltasse mais ou menos naquele horário os esperava.

No caminho, a chuva espessa que prometera cair desde aquela manhã por fim desabou sobre eles torrencialmente, deixando Anne apreensiva em viajar de trem de volta embaixo daquele aguaceiro, por isso, ela disse a Gilbert:

- Talvez fosse melhor passarmos a noite em um hotel. Existem vários no centro da cidade. Você sabe que eu detesto viajar de trem quando está chovendo.

- Claro, Anne, o que decidir está ótimo para mim. - Gilbert disse segurando-lhe as mãos e beijando-lhe os dedos.

Anne pediu ao taxista que os levasse a um bom hotel, e assim, ele o fez. Logo estavam se registrando e sendo levados até um dos quartos disponíveis naquele local, que pareceu a Anne bastante agradável e confortável.

- Se quiser tomar um banho, fique à vontade amor. Você parece cansada e precisa descansar. Foram muitas emoções para um só dia. Depois, podemos jantar. O que acha? - Gilbert disse em um tom carinhoso que fez Anne sorrir.

- Está bem. - Anne disse dando um selinho em Gilbert e se dirigindo para o banheiro.

Quando terminou o banho, Anne se deu conta de que como não haviam trazido bagagem, ela teria que dormir de lingerie. Isso não seria problema já que a noite estava quente. Ela apenas vestiu um roupão curto que havia no banheiro e voltou para o quarto onde Gilbert a esperava.

- Acho que é minha vez de tomar um banho. Me espere que não demoro. - Ele disse.

Anne se deitou na cama para descansar por alguns minutos, pois o dia havia sido pesado e ela já sentia os efeitos em seu corpo. Suas pálpebras começaram a pesar e mesmo lutando contra o sono, ela acabou adormecendo.

Quando despertou algum tempo depois, o quarto estava todo escuro, ela olhou para a janela e Gilbert estava lá olhando a chuva cair. Ele parecia completamente distraído, e ela engoliu em seco ao ver que ele estava apenas vestindo uma cueca preta, deixando o resto de seu corpo nu destacado pela pouca luz ambiente. Ela levou as mãos a garganta tentando se acalmar enquanto seus olhos não paravam de passear por cada parte musculosa que não lhe passava despercebida naquele momento em que a falta dele em todos aqueles dias começou a ameaçar sua paz. Naquele instante, Gilbert se virou e quando a viu acordada, ele lhe sorriu e disse:

- Você finamente acordou. Que tal se jantássemos? – ela não conseguia responder, a única coisa em sua mente era Gilbert e toda sua beleza masculina nua e crua ali na sua frente. - Anne, me diga o que quer?- ele insistiu.

- Eu quero...você- ela disse tão baixo que Gilbert pensou que tinha ouvido errado.

- O que? - ele perguntou se aproximando da cama. Neste momento, Anne se levantou, olhou dentro dos olhos castanhos de seu amado e disse:

- Eu disse que quero você.

- Anne, tem certeza? - Você me disse que queria esperar mais alguns dias.

- Eu sei. - Ela o enlaçou pelo pescoço deixando seus lábios bem próximos. - Mas, meu médico já tinha me liberado, eu é que estava com esse medo bobo que nem sei bem de onde surgiu. Contudo, eu sinto sua falta e creio que você sente a minha também. - Ela acariciou o peito dele com a ponta dos dedos e Gilbert suspirou. Depois disse como se confessasse um grande segredo:

- Demais.

- Então, não quero mais esperar. - Ela disse colando seus lábios.

Gilbert tentou conduzir o beijo da maneira mais calma possível, mas tudo se misturou em sua cabeça, o perfume dela, o gosto dos lábios femininos, e as mãos macias que desciam por seu corpo como se ela tocasse seda, então, quase como se tivessem vida própria seus lábios intensificaram o beijo , e Gilbert tomou tudo dela cada gemido contra sua boca, cada suspiro , cada toque de língua que brigavam por espaço. Com suavidade, as mãos dele foram até o cordão que fechava o roupão, desfez o laço e o atirou no chão, depois, foi a vez da lingerie que ele tirou com toda a calma do mundo, usando sua boca para acariciar cada parte da pele dela que suas mãos iam revelando até que a lingerie foi atirada ao pé da cama, deixando Anne completamente nua em seus braços. Deus! Como ele sentira falta da pele dela contra a sua completamente despida, e livre para tocá-la como quisesse. Com um gesto rápido ele tirou sua cueca, ficando nu exatamente como Anne, e assim, entrelaçaram seus dedos e se olharam como se fosse a primeira vez que faziam algo assim. Gilbert deitou na cama, trazendo Anne com cuidado sobre seu corpo, enquanto seus dedos escorregavam por toda a extensão da pele dela, fazendo-a arfar sem controle.

Anne trocou as mãos que apertavam cada músculo do corpo de Gilbert pelos lábios, vendo o prazer se desenhar no rosto dele com cada toque dela. Um fogo intenso começou a queimá-lo pela necessidade que tinha de ter Anne completamente sua, pois a exatamente um mês ele fora forçado a se manter longe dela, mas, mesmo assim, ele tentou ir devagar, pois sabia da fragilidade dela, e de seus medos. Contudo o calor da paixão começou a se intensificar, conforme ambos davam prazer um ao outro. Seus gemidos se misturaram, e seus corpos em pouco tempo estavam totalmente loucos naquela urgência que tornava tudo cada vez mais excitante e quente. Anne se posicionou em cima do corpo de Gilbert, dobrando suas pernas sobre ele, e assim ele a tomou como sua mulher, deixando que o ritmo do corpo dela ditasse o seu. Os movimentos começaram lentos, mas em instantes se tornaram mais rápidos até que tudo ao seu redor se fundiu no amor de ambos, e as portas de um paraíso possível somente para os dois se abriu, e assim, não puderam mais controlar suas respirações, as sensações em sua pele, o êxtase puro que os engoliu naquele frenesi insano tão antigo quanto Adão e Eva, eles se entregaram um ao outro mais uma vez.

Quando Anne olhou nos olhos de Gilbert e sorriu, ele a abraçou apertado, beijou-a na testa e disse:

- Você é sensacional. Anne Shirley Cuthbert e em breve Blythe. Eu já te amava antes, mas, depois de saber de toda a sua história, eu nunca poderia deixar de amá-la, mesmo que eu passasse a eternidade tentando.

- Eu também te amo e a cada dia eu encontro um novo motivo para te amar para sempre- eles trocaram um beijo calmo e Gilbert perguntou:

- Quer jantar agora?

- Não- ela respondeu surpreendendo-o.

-Se não está com fome, o que quer fazer então?

- Acho que quero acabar com essa saudade que estava me matando todos esses dias sem você. – Gilbert apenas sorriu sabendo que aquela noite estava apenas começando.

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