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Caapítulo109- Parceiros de vida e de amor


Olá pessoal. Não posso dizer que esse capítulo ficou exatamente como eu desejava. Não estou em uma boa semana, então, me desculpem se a leitura não for muito interessante. Ainda assim, espero pelos comentários. Os erros vou revisar depois. O poema postado não tem nada a ver com o capítulo, senti apenas vontade de expressar meus pensamentos aqui. Obrigada por tudo. Beijos.


Quantas palavras existem dentro de uma alma para serem ditas?

Quantos sonhos existem dentro de uma caixinha de lembranças do passado nunca revelados?

Quantos quilômetros vencidos de um deserto árido chamado vida?

Quantas lágrimas derramadas em momentos solitários sem consolo algum?

Se houvesse uma forma de jogar ao vento todas as mágoas

E colher de cada uma delas uma linda flor sem espinhos, eu o faria,

Mas parece tão tarde para encontrar um motivo ou uma razão

Parece tão tarde para curar um coração que viveu demais a s tristezas desse mundo

Sem conseguir se libertar.

Se eu pudesse viver essa vida novamente,

Eu teria caminhado mais vezes descalça na chuva,

Teria acordado mais vezes para ver o nascer do sol,

E teria sorrido mais , me preocupado menos.

Teria sido mais leve ao encarar os obstáculos à frente.

Eu teria deixado o vento bagunçar mais vezes meus cabelos

Sem me preocupar com aquele penteado perfeito,

Teria comido com mais prazer aquela torta da minha infância.

Teria olhado mais vezes no espelho e encarado minha imagem com mais carinho,

Teria sido mais justa comigo mesma, e aceitado que sou apenas humana

E que a perfeição nunca foi e nunca será desse mundo.

Porém, agora parece muito tarde para olhar para trás

E desejar que pudesse ter feito tudo diferente,

Porque o tempo uma vez perdido nunca mais poderá ser recuperado

E o que resta é apenas o silêncio da madrugada como companhia

e as batidas de um coração teimoso demais para dizer adeus.

Rosana Mandelli

ANNE

Anne se movia pela casa sentindo-se nervosa. Ela e Gilbert iriam para Green Gables no dia seguinte e sinceramente, ela não sabia bem como se sentir a respeito disso. Seu coração disparara várias vezes naquele dia ao pensar em encarar o olhar duro de Marilla enquanto contasse sobre o bebê.

Ela não tinha dúvidas de que Matthew ia adorar a novidade. Desde que ela sofrera o aborto, ele vinha torcendo por isso, e também porque seu amor de pai sempre estivera presente em cada olhar e em cada gesto seu desde o momento em que ele colocara os olhos sobre a garotinha miúda e de rosto sardento. Porém, Marilla Cuthbert nunca fora uma mulher de se comover fácil com coisas assim, e Anne não tinha ilusões de que ela faria uma grande festa ao saber que sua protegida estava grávida fora do casamento. Era mais provável que fizesse um daqueles seus enormes sermões sobre o que a sociedade pensaria dela como mãe solteira, mesmo tendo o pai de seu filho ao seu lado, o que na certa seria um grande escândalo, diga-se de passagem.

Marilla era totalmente diferente do irmão cujo calor humano podia-se sentir em seu olhar. Ela era mais rígida em sua postura, sua fala era mais ríspida, e ela não era dada a demonstrações de carinho frequentes como Matthew costumava fazer. Sua afeição por alguém não era mostrada por meio de abraços, beijos ou palavras doces. Marilla era prática e nada romântica, e por isso, sabia-se que ela apreciava alguém quando preparava uma daquelas suas tortas fabulosas, ou costurava um vestido ou uma camisa com total capricho que suas mãos talentosas produziam em sua velha máquina de costura desgastada pelo tempo. Porém, Anne não a culpava por ser assim, Na verdade, a ruivinha a compreendia como ninguém, embora, ela nunca tivesse lhe feito muitas confidências sobre sua vida quando jovem, a garota imaginava como deveria ter sido para ela viver sua vida toda dedicada a sua família, sem sequer ter tido a oportunidade de criar a sua própria.

Anne desconfiava que depois de ter declinado o convite de John Blythe para ir embora com ele em sua juventude, Marilla fechara as portas de seu coração para aquele tipo de sentimento que ela somente tivera pelo pai de Gilbert, e assim criara em volta de si um muro de proteção para que ninguém mais tivesse a oportunidade de se aproximar e partir seu coração outra vez, embora naquele caso, ela tivera que escolher entre viver um amor e sua obrigação como única mulher na família apta a tomar o lugar de sua mãe quando ela adoecera, e acabara optando pelo que pensara ser o certo naquela época, mas, isso lhe custara tudo o que sonhara para si mesma, e no fim, acabara se tornando uma mulher fechada para o mundo.

Quando Anne fora viver em Green Gables ficara magoada com Marilla muitas vezes por sua forma de agir com ela, contudo, depois de um bom tempo observando-a e também conversando com Matthew sobre o comportamento de Marilla, a ruivinha passou a compreender melhor o coração daquela mulher tão decepcionada com a vida, e perceber que ela era apenas o produto do que fizeram dela, roubando-lhe as esperanças de que um futuro melhor a aguardava e que foram sendo aniquiladas anos após anos vivendo naquela fazenda ao lado do único irmão que lhe restara depois da morte dos pais.

Anne não sabia dizer se Marilla se ressentia da vida que levava em uma rotina que pouco mudava no seu dia a dia, mas, também não podia dizer que ela era feliz com o que tinha porque apesar de tudo, ela nunca a ouvira reclamar do que quer que fosse, como se o conformismo de como terminaria os seus dias já fosse parte de sua personalidade peculiar. No entanto, Anne também era a primeira afirmar que Marilla era generosa, nunca deixava um amigo sem apoio em qualquer circunstâncias, e nunca fechava a porta na cara de alguém se pudesse de alguma forma aliviar-lhe o fardo, e por todas as contradições e que a ruivinha não sabia o que a aguardava ao revelar-lhe sobre o bebê.

Um vento suave entrou pela janela e bagunçou seus cabelos, fazendo-a ir até a janela e observar o tempo lá fora. Algumas nuvens se formavam dando-lhe a impressão que um temporal se aproximava, deixando-a apreensiva ao pensar em pegar o trem em meio a um aguaceiro. Ela adorava chuva, mas, não para viajar, pois as estradas se tornavam péssimas, principalmente as que levavam a Green Gables, pois muitas delas ainda não eram asfaltadas, o que transformava o trajeto até lá difícil e nada agradável, mas, já tinham comprado as passagens, então, não havia como adiá-la, e Anne também não queria deixar a viagem para outro dia, pois não via a hora de acabar com a ansiedade que sufocava seu peito.

Ela desceu o olhar para a própria barriga onde um pequeno volume já dava para perceber que ali crescia a filha de Gilbert. Uma menina. Esse pensamento fez Anne sorrir. Um mundo cor de rosa a aguardava, e ficou imaginando quantas coisas queria comprar para a filha. Se soubesse costurar como Marilla, talvez pudesse criar os vestidos infantis mais incríveis do mundo, infelizmente não tinha essa habilidade, mas, pelos menos sabia tricotar, e roupas de inverno personalizadas não iam faltar para a sua menininha. Ainda tinha que pensar em um nome, porém, estava sem criatividade para um nome original no momento, e também preferia esperar que Gilbert lhe desse sua opinião. Não seria justo escolher um nome sem a participação do pai, assim, ela estava aguardando um momento apropriado para falar com ele sobre isso. Talvez ele quisesse dar o nome de sua mãe, ou pudessem fazer uma junção de nomes, pois Anne adorava nomes compostos, só não sabia se Gilbert era da mesma opinião.

Anne se lembrou da aposta que fizeram, e sorriu novamente. Gilbert ainda não lhe dissera o que queria de prêmio, mas, se o conhecia bem, ele estava aprontando alguma e ela estava louca para saber o que se passava naquela cabecinha masculina, que quando o assunto se relacionava aos dois, ele sabia ser mil vezes mais criativo que Anne, e felizmente ele nunca a decepcionava. Mesmo quando tudo estava a favor dele, Gilbert sempre dava um jeito de pensar em algo que a deixasse satisfeita também, por essa razão, que ela tinha certeza que qualquer que fosse a exigência dele, ela também seria beneficiada.

De repente, a porta da sala se abriu e Gilbert entrou, sorridente, com seus cachos completamente despenteados pelo vento que sua boina azul naquele dia controlava muito bem, mais, ainda assim lhe dava aquele ar do garoto de quinze anos que andava pelas ruas de Avonlea sonhando em conhecer o mundo e ser médico um dia. Ele era um lindo rapaz agora, mas, nem por isso tinha perdido aquele brilho no olhar de quem esperava as melhores coisas a vida, mesmo que já tivesse experimentado o pior lado dela também. Porém, a maneira como ele a olhava era o melhor de tudo, porque todas as vezes que seus olhos se encontravam, Anne sabia que ali estava o seu amor verdadeiro que lhe dava a certeza absoluta de que estarem juntos era a coisa mais certa do mundo.

Seu olhar escorregou para as mãos dele que se encontravam escondidas em suas costas. A curiosidade dela foi aguçada naquele instante, e ela tentou imaginar o que procurava com tanto empenho esconder dela, e por isso, perguntou:

- O que está escondendo de mim, Gilbert Blythe?- seu sorriso maroto não lhe entregou nem por um instante quando ele respondeu:

- O que acha que estou escondendo?

- Não faço a menor ideia, mas, você vai me contar, não vai?- ela perguntou esticando o pescoço para tentar ver melhor, mas ele encostou na parede da sala, impedindo-lhe a visão.

- Não consegue mesmo adivinhar?- ele insistiu.

- Eu arriscaria uma caixa de chocolate, mas, como você já me deu uma ontem, acho que não iria repetir o presente.- Anne disse com seu ar de inteligência que fez Gilbert rir.

- Bem, nisso você tem razão.- ele tirou as mãos de suas costas e revelou a Anne um buquê de rosas vermelhas perfeitas que fez os olhos dela brilharem de alegria. Gilbert se aproximou dela om uma expressão apaixonada disparando o coração de Anne de tal maneira que ela colocou sua mão direita sobre ele tentando acalmá-lo. Não importava quantas vezes ele a olhasse assim, ela sentia as mesmas sensações tomarem conta dela. Era amor, paixão, desejo, e uma gratidão imensa por ele ser o homem que era, e transmitir-lhe aquela segurança que ela sempre precisava como naquele momento em que se sentia tão preocupada com a reação de Marilla. Gilbert sempre seria seu escudo contra qualquer adversidade, e a força que sentia dentro de si para enfrentar qualquer coisa que estivesse à sua frente, ela devia a ele que lhe ensinava todos os dias que ela não tinha que temer nada, porque ele estava ali bem atrás dela, e nunca a deixaria cair.

- Achei que tinha perdido o hábito de me presentear com rosas vermelhas.- Anne disse fazendo alusão ao passado quando ele costumava roubar rosas dos mais variados jardins somente para agradá-la.

- Isso é algo que nunca vou deixar de fazer. Principalmente porque toda vez que olho uma rosa vermelha ela me faz lembrar a cor de seus cabelos, e hoje quando passava pela floricultura, e vi essas rosas expostas na vitrine foi a primeira coisa na qual pensei.- ele disse pegando uma mecha dos cabelos de Anne e deixando-a deslizar por entre seus dedos.

- São lindas. Obrigada, Gilbert. Você não sabe o quanto isso significa para mim.

- Significa ainda mais para mim, porque essas rosas que estou te dando agora é uma forma de agradecimento.- Gilbert respondeu, pegando uma delas e colocando atrás da orelha de Anne.

- Agradecimento?- ela perguntou franzindo a testa.

- Por me dar essa ruivinha que cresce em sua barriga todos os dias.- as mãos dele estavam em seus rosto, e o acariciaram devagar.

- Você nem sabe se ela será ruiva, amor. – Anne riu com aquela certeza absurda que Gilbert tinha sobre a filha deles.

- Ela será ruiva e linda com o a mãe dela.- Gilbert insistiu abraçando-a pela cintura fazendo o tronco de Anne encostar em seu peito.

- Você como estudante de medicina sabe que isso é pouco improvável.

- Mas, não impossível, e eu tenho certeza de que dessa vez o gene ruivo vai vencer essa batalha.- ele disse rindo.

- Espero que esteja certo.- Anne disse balançando a cabeça em resposta a teimosia de seu noivo.

- Eu estou sempre certo.- Gilbert respondeu de um jeito superior que quase fez Anne torcer o nariz de brincadeira.

- Quanto a nossa aposta...- ela começou a dizer

- Que eu ganhei.- ele fez questão de lembrá-la.

-Eu sei, não precisa tripudiar em cima de mim, seu convencido.- Anne disse com um dedo no peito de Gilbert.- De qualquer jeito, você ainda não me disse o que quer de prêmio.

- Curiosa?- Gilbert perguntou com um sorriso que era pura malícia.

- Bastante.

- O que acha que vou pedir?- ele incentivou Anne a dizer.

- Alguma coisa bem picante.- Anne se atreveu a dizer.

- Como você é maliciosa, Sra. Blythe.- Gilbert disse com uma risada.

- Estou aprendendo com o melhor professor.- Anne respondeu com as mãos em volta do pescoço de Gilbert já se preparando para beijá-lo. Não se viam desde de manhã, quando ele tinha saído para resolver algumas coisas na rua, e ela já sentia falta daqueles lábios sobre os seus.

- Que ótimo saber disso.- ele disse, colando seus lábios nos dela enquanto suas mãos corriam pelas costas de Anne a puxavam para mais perto, deixando-a colada a seu corpo.

Anne aproveitou cada minuto do beijo, saboreando tudo o que podia daquela boca masculina deliciosa que era uma tentação em todos os sentidos, além do homem que a apertava em seu braços e a quem nunca cansaria de ter em sua vida.

- Nossa. Você se supera sempre, querida.- Gilbert disse assim que se separaram deixando que Anne percebesse o quanto aquele beijo o afetara.

- Você também se supera, querido. A cada dia me deixa mais apaixonada por você, e não pensei que depois de todo esse tempo isso ainda seria possível.

- É o charme dos Blythes , querida. Ninguém resiste.- ele disse olhando Anne de um jeito divertido.

-Eu até gostaria de dizer que você está errado, mas, até Marilla caiu de amores pelo seu pai, então, eu me pergunto qual é o segredo dos homens dessa família. - Anne disse admirando os traços perfeitos de Gilbert.

- Você ainda vai descobrir, pois tem todo o tempo do mundo para isso.- ele disse roubando um beijo curto de Anne.

- O que quer fazer essa tarde? Estou totalmente livre para você.- ela disse.

- Eu tenho algo em mente, mas, terá que vir comigo para descobrir.

- É mesmo? E o que é?- ela perguntou cheia de curiosidade.

- Boa tentativa, Sra. Blythe, mas, só vou te contar quando estivermos lá.

- Está bem. Vou colocar essas rosas em um vaso e assim podemos ir,- Anne respondeu contagiada pela animação dele.

Nos minutos seguintes já estavam na rua, e enquanto andava de mãos dadas com Gilbert, Anne não pôde deixar de se perguntar quais surpresas seu noivo estava lhe preparando naquela tarde.

GILBERT

A rua não estava tão movimentada naquela tarde, nem as praças e alamedas pelas quais passavam. Era um calmaria incomum em Nova Iorque, onde o barulho do tráfego era constante em uma poluição sonora de irritar os ouvidos. Gilbert não pôde deixar de sorrir ao olhar para Anne que mantinha sua mão entrelaçada na dele. Os olhos dela brilhavam a espera da surpresa que ele lhe prometera assim como nos velhos tempos em que ele lhe sugeria algo diferente para fazerem juntos, porém, o que preparara para ela era realmente especial para ambos, e Gilbert sabia que Anne iria adorar.

Ele ainda estava encantado com a ideia de ser pai de uma menina. Não que se fosse um menino, ele não ia amar do mesmo jeito, mas, era que desde que Shirley nascera, ele se apaixonara pelo mundo infantil feminino dela, e quando pesava em ter um filho com Anne naquela época, era sempre a imagem de uma garotinha ruiva que surgia em sua mente. Talvez por amar tanto a cor dos cabelos de Anne que ela por muito tempo detestara, e somente recentemente por conta da descoberta de suas origens tinha mudado de opinião, era que sonhava em ter uma menininha ruiva em seus braços.

Gilbert sempre tivera a impressão que aquela cor por não ser tão comum nos arredores de Avonlea e mesmo em Nova Iorque onde a população era mista, e muitos imigrantes de outros países viviam por ali, lhe dava uma sensação de força e coragem. Ele não sabia bem porque, mas, depois de conhecer Anne tão intimamente, e descobrir cada particularidade de seu caráter, ele entendera que tinha muito de verdade nessa sua suposição. Por isso, ele passara a amar o vermelho como sua cor favorita, e sempre a associava com Anne em qualquer circunstância e lugar.

Ele deu mais uma espiada no rosto de Anne que naquele instante parecia completamente absorta com a paisagem a o seu redor. Era nítida sua adoração por flores, e por esta razão, a primavera sempre fora a estação que ela mais gostava e também combinava com ela incrivelmente. Gilbert se lembrava que em Green Gables, Anne costumava usar coroas de flores nos cabelos pelo tempo que durasse a estação. Ela enfeitava seus chapéus, vestidos, ou simplesmente as carregava em uma cesta e as distribuía para as pessoas mais queridas. Tal hábito no início foi visto com estranheza por parte de seus colegas de classe, mas, para Gilbert , que a admirava desde o começo por sua espontaneidade, era algo tão adorável de se ver que ele poderia observá-la por horas daquela maneira. Pena que em Nova Iorque, Anne se tornara mais contida ao expressar seus sentimentos a respeito de determinadas coisas, mas, no fundo, ele acreditava que a antiga Anne que adorava falar sem parar, que pouco se importava com os olhares de descrença em sua direção, e que tinha um profundo amor pelas coisas da natureza ainda estava lá, e bastaria uma oportunidade para que voltasse a florescer.

Ele sabia que ela andava preocupada acerca da visita a Green Gables no dia seguinte, e mesmo já sendo uma mulher adulta e dona do próprio nariz , Matthew e Marilla Cuthbert tinham todo o seu respeito e consideração, assim como os de Gilbert que sempre fora tratado como se fosse um filho pelos dois irmãos. Só não sabia como Marilla o encararia ao saber da gravidez de Anne, pois quando saíra de Avonlea levando Anne com ele para Nova Iorque, ela lhe pedira que tomasse conta dela, e agora eles retornavam para Green Gables com Anne esperando um filho dele sem terem as bênçãos da igreja. Ele esperava que as boas novas do casamento fossem suficientes para abrandar seu coração severo.

Contudo, ele sabia que Marilla não era uma megera. Então, o receio se dava mais pela maneira como ela encarava aquele tipo de coisa, e como lidaria com o fato de que Anne era uma mulher de outra geração com a mente mais aberta para os direitos que as mulheres tinham em relação aos homens. Ele também acreditava na mesma filosofia que sua noiva, e por isso a encorajava a fazer o que tivesse vontade, levando em conta que tanto a mulher como o homem deveriam viver em pé de igualdade sem a supremacia de um sobre o outro. No entanto, ele compreendia que Marilla Cuthbert estava muito longe de pensar assim, mas já dera alguns passos em direção ao progresso quando permitira que Anne fosse morar com ele sozinha em Nova Iorque, e embora a sociedade ainda engatinhasse no sentido de inovações, Gilbert via em Marilla algo muito promissor nesse sentido.

Matthew Cuthbert era outra história. Fora criado exatamente como Marilla, com os mesmos valores e crenças, porém, era capaz de enxergar a frente sem deixar que a opinião alheia lhe envenenasse o que considerava certo e justo. Ele, assim como Marilla, não conhecia muita coisa fora de Avonlea, portanto, não era um homem viajado, conhecia bem pouca coisa além daquelas terras, mas, seu coração tinha asas assim como o de Anne, e por isso, ele compreendia bem que o que a sociedade pregava não era o que correspondia à realidade do mundo. Um amor como o de Anne e Gilbert deveria ser exaltado, e não exposto como vergonhoso só por que não seguia as linhas estreitas da igreja, mas, ainda assim era abençoado, porque se duas pessoas como eles tinham se encontrado tão cedo, se apaixonado, e com isso gerado um filho, fora Deus que permitira esse milagre e não uma mera casualidade.

- Por que me olha como se tivesse me vendo pela primeira vez, Gilbert? Você sabe que me deixa encabulada.- Anne disse encarando seu noivo que caminhava a seu lado.

- Eu estou para te perguntar a algum tempo por que se sente tão envergonhada com meus olhares quando já os teve sobre si tantas vezes e de todas as formas?- ela estava corada de novo e tal fato era encantador.

- Não sei. Apenas me sinto inibida. Talvez por que sinto que se me olhar por muito tempo vai ver defeitos que até agora consegui esconder de você.- ela disse apertando os lábios.

- Como o que?- Gilbert perguntou espantado ao ouvir tamanho absurdo.

- Não saberia enumerá-los para você, mas, sei que são muitos.- Anne disse com um pequeno sorriso.

- Quando vai se convencer de que é perfeita?- ele lhe acariciou o dorso da mão com o polegar.

- Não existe perfeição, Gilbert Blythe, e você sabe bem disso.- Anne disse olhando-o com um ar sério.

- É claro que existe, e um deles está bem aqui ao meu lado agora.

- Você não perde a mania de me adular, não é?

- Eu não estou te adulando. Quero apenas que entenda como me sinto em relação a você. Não vejo defeitos em você porque os aceito como parte de sua personalidade maravilhosa, e por isso, eles deixam de existir para mim.- Gilbert explicou com um sorriso radiante.

- Você sempre diz todas as coisas certas. Às vezes eu tenho vontade de me beliscar para ter certeza de que você não é uma ilusão da minha cabeça. Como aqueles príncipes que encontramos nos contos do Rei Arthur.- Anne disse parando de andar por um minuto para tomar fôlego.- Será que podemos nos sentar um pouquinho?

- Claro. Está se sentindo mal?- Gilbert perguntou preocupado, guiando-a para uma banco na praça pela qual passavam naquele momento, se perguntando se não tinha exagerado e feito Anne caminhar demais, mesmo que o lugar onde queria levá-la não fosse tão longe do apartamento.

- Não, só estou um pouco cansada mesmo. Nessas últimas semanas parece que qualquer coisa me cansa.- Anne reclamou.

- Eu não devia ter insistido para que viéssemos a pé. Poderíamos ter vindo de carro.- Gilbert disse olhando para a testa suada de Anne onde alguns fios de cabelo se grudavam.

- Eu não sou tão fraca assim, Gilbert. Posso muito bem caminhar. Não me trate como se eu fosse de vidro, pois não sou frágil a esse ponto.- ela disse acariciando o ombro de Gilbert por sobre a camisa.

- Eu sei que você é forte, mas, nesse momento tem outra vida crescendo dentro de você, e isso pode ser um desafio para as mais robustas das mulheres.- o polegar dele escorregou pela bochecha dela e Anne o beijou assim que o sentiu passar perto de seus lábios.

- Você às vezes me trata como se eu fosse delicada demais, e eu posso suportar muita coisa, Gilbert Blythe.- Anne disse encostando a cabeça no peito dele.

- Você já me provou isso milhares de vezes, mas, isso não quer dizer que não possa me deixar cuidar de você de vez em quando. – Gilbert disse acariciando a nuca de Anne que respondeu:

- Acho que tem razão.- ela olhou para Gilbert com um sorrisinho feliz e continuou.- Não vou mentir. Adoro quando cuida de mim.

- Só por ter admitido uma vez que precisa de mim vai ganhar um beijo agora mesmo.- assim, ele segurou o rosto de Anne entre as mãos e a beijou com gosto, o que fez Anne corresponder na mesma medida. Quando libertou o rosto dela de seus dedos, Gilbert perguntou;

- Está pronta para continuarmos ? Vai demorar no máximo cinco minutos agora

.- Sim. Vamos lá.- Anne respondeu animadamente.

Realmente não demorou muito tempo, e logo estavam em frente de uma loja de artigos de bebê. Anne o olhou interrogativamente, e Gilbert lhe respondeu com o sorriso mais feliz do mundo:

- Achei que já era hora de escolhermos o berço da nossa filha.- os lábios de Anne tremeram, assim como suas mãos, e ela não sabia o que dizer enquanto olhava para Gilbert com seus olhos marejados.

- O que foi, meu amor? Não gostou da surpresa?- Gilbert perguntou ao ver uma lágrima escorrer pela bochecha de Anne e se apressando em enxugá-la.

- Como você pode ser tão incrível assim? Esse foi o meu melhor presente da semana.

- Então, vamos até lá dentro escolher um berço lindo para nossa princesinha.- Gilbert disse pegando na mão de Anne e entrando na loja.

Uma vez lá dentro, Anne parecia deslumbrada pelo mundo encantado infantil que havia ali dentro. Gilbert ficou impressionado de ver como ela arregalava seus olhos azuis como se pudesse engolir com eles a enorme quantidade de vestidos, tiaras, sapatinhos e lacinhos que havia por toda parte. Gilbert escolhera aquela loja por descobrir que era a melhor da cidade em artigos infantis. Anne o arrastou para a loja inteira, não querendo perder nenhum detalhe e nenhuma novidade que pudesse encontrar. Ela se agarrou a um ursinho de pelúcia branco e parecia não querer largá-lo, deixando Gilbert na dúvida se ela queria o urso para a filha ou para si mesma. Enfim, chegaram ao departamento onde ficavam os berços, e Anne sorria sem parar e sentindo-se completamente indecisa sobre qual escolher, porém, Gilbert já tinha um em mente, e quando disse a Anne, ela simplesmente arregalou os olhos e disse:

- Você não vai colocar nossa filha para dormir em um berço rosa, Gilbert Blythe. Você sabe o que penso dessa cor.- as mãos dela estavam no quadris e Gilbert riu da cena divertindo-se imensamente.

-É uma cor linda, meu amor. Adorável e tão feminina.

- Você está louco se pensa que vou deixar você comprar um berço rosa. Se tem uma cor que não combina com ruivas é o rosa.- Anne disse indignada.

- Nós nem sabemos se ela vai ser ruiva mesmo, embora seja o meu maior desejo.. Mas, se ela nascer tão linda quanto a mãe dela , nossa bebezinha vai ficar adorável em meio a tules rosas.

- Você quer mesmo me provocar não é?- Anne disse bufando, enquanto a vendedora que os atendia se divertia com a situação. Era a primeira vez que via um casal brigar pela cor de um berço, normalmente eles entravam em um acordo logo sem muito drama, mas, a jovem que acompanhava o rapaz charmoso não parecia muito disposta a ceder, por isso, ela disse com um sorriso educado no rosto:

- Vou deixá-los sozinhos para que decidam, quando estiverem prontos me avisem.- e assim que ela saiu, Gilbert se aproximou de Anne que continuava a bater o pé inconformada com a teimosia de Gilbert em querer adquirir um berço da cor que menos lhe agradava.

- Vamos, amor, não faça essa cara. Admita para mim que o berço que escolhi é lindo e digno de uma princesa.- Anne ia protestar, e ele lhe deu um beijo que fez com que a carranca dela acabasse no mesmo instante. Quando eles se separaram, ela tentou protestar novamente, e Gilbert roubou-lhe outro beijo que fez com que ela se agarrasse ao pescoço dele dessa vez e não o soltasse nos próximos cinco minutos. Quando se separaram por falta de ar, ele perguntou ofegante:

- Consegui te convencer dessa vez, ou terei que me esforçar mais?- Anne sorriu como se não conseguisse acreditar que ele havia vencido seu argumento com apenas alguns beijos. Gilbert estava ficando cada vez melhor nesse tipo de jogo.

- Só dessa vez.- Anne admitiu.- mas, não pense que isso se tornará um hábito.

- Veremos em nossa próxima discussão.- ele disse maroto.

Uma hora depois estavam indo para casa com a nota da compra do berço cor de rosa que Gilbert havia escolhido a contragosto de Anne a tiracolo.

GILBERT E ANNE

O trem tinha partido da estação de Nova Iorque exatamente às sete da manhã daquela sexta-feira, e embora notasse a empolgação de Anne por finalmente estar indo para casa depois de tanto tempo, Gilbert também percebia pela maneira como ela passava as mãos pelos cabelos a cada cinco minutos, ou mordia a pontinha da unha do seu dedo indicador que estava extremamente inquieta. Ele compreendia a tensão dela por enfrentar Marilla Cuthbert, e por isso entrelaçou seus dedos nos dela de maneira que Anne pudesse sentir todo o seu apoio naquele momento. Ela tinha que saber que não estava sozinha, e que resolveriam aquela questão juntos como devia ser.

- Está nervosa?- Gilbert perguntou ao ver Anne se mexer inquieta a seu lado.

- Eu queria dizer que não, mas, sinto como se estivesse a ponto de surtar. Eu sei que é ridículo. Afinal. é só a Marilla, e não a sociedade inteira de Avonlea, embora, eu confesse que se tivesse que encarar todos aqueles rostos hipócritas e revelar-lhes minha condição de moça grávida sem estar oficialmente casada, eu não me sentiria tão nervosa. Mas, Marilla é como se fosse minha mãe, e é um membro importante da minha família assim como Matthew, e pensar na possibilidade de magoá-la me deixa muito triste.

- Você acha que ela reagirá muito mal a essa notícia?- Gilbert perguntou interessado sem saber o que se passava realmente na cabeça de Anne para deixa-la tão apreensiva. Ele achava que ela não deveria se preocupar tanto, mas, ela conhecia Marilla melhor que ele, portanto, somente sua noiva poderia dizer o que realmente esperar daquele encontro.

- Não sei o que dizer sobre isso. Marilla é uma mulher imprevisível. Eu nunca soube como lidar com ela em situações desse tipo, mas, se a conheço bem, ela não vai soltar fogos de artifício quando souber que seremos pais solteiros.- ela disse com um suspiro.

- Isso não é totalmente verdade. Em dois meses estaremos casados, portanto, essa é um situação temporária.- Gilbert lhe garantiu, apertando-lhe a mão para encorajá-la.

- É isso mesmo que quer?- Anne perguntou de repente pegando Gilbert de surpresa.

- O que quer dizer com essa pergunta?

- Apenas me perguntava se é certo fazê-lo assumir uma responsabilidade assim tão cedo. Não estou falando do bebê que vamos ter e criar juntos, mas, sim de forçá-lo assumir esposa e filho ao mesmo tempo quando ainda tem que terminar sua faculdade, e não era esse o nosso plano inicial.- Anne disse tentando ser realista. Era óbvio que queria se casar com Gilbert. Esse era um sonho desde que tinham começado a namorar seriamente, porém, não queria atropelar as coisas e depois fazê-lo se arrepender daquele passo que estavam dando. Ela o amava demais para deixar que ele se privasse de qualquer sonho que tivesse em mente antes de saberem da gravidez dela.

- Anne, eu nunca quis tanto uma coisa como quero que você seja minha esposa. Eu te fiz a proposta e não o contrário. Não me importo de adiantar o casamento para daqui a dois meses. Afinal, já vivemos uma vida em comum, apenas vamos tornar oficial algo que já sabemos em nossos corações. A não ser que você tenha mudado de ideia nas última horas.- ele disse olhando-a como se esperasse uma resposta para o que dissera.

- É claro que não mudei de ideia. Eu sou louca por você e ser sua esposa é o que mais desejo. Eu apenas levantei essa questão, porque eu queria que você soubesse que tem opções, e que não precisaria assumir nada para o qual não estivesse preparado. Eu posso esperar até que esteja.- Anne disse com uma mão na lateral do rosto de Gilbert.

- Não se preocupe, meu amor. Eu estou preparado para isso desde a primeira vez que te vi, e estou mais feliz ainda por termos criado uma vida juntos. Eu sei que é muita responsabilidade para nós dois e teremos muito trabalho pela frente, mas, confesso que estou louco para começar a viver tudo isso com você em breve. Ele colou sua testa na de Anne enquanto a ouvia dizer:

- Obrigada, Gilbert.

- Eu não sei bem pelo que está me agradecendo.- ele disse fitando os olhos azuis dela tão próximos dos seus.

- Eu estou te agradecendo pela vida maravilhosa que tem me proporcionado até aqui. Você tem noção do que é para uma órfã como eu ser amada do jeito que você me ama? Nem toda minha imaginação poderia imaginar um destino como esse para minha história de vida. Você é o responsável por eu ser tão feliz como estou sendo nesse momento. Eu não tenho palavras para te dizer o quanto tudo isso significa para mim.- ela o beijou no rosto e Gilbert disse sorrindo.

- Anne Shirley sem palavras? Isso é novidade para mim.

- Você me deixa sem palavras sempre, Gilbert. Eu já falei isso milhares de vezes.

- Eu estava brincando, amor. Eu é que tenho que te agradecer por ser esse anjo em minha vida. Por ser essa mulher tão apaixonante que toca meu coração como ninguém. Minha vida era um deserto até você chegar e transformá-la em um jardim completo.- Gilbert disse beijando-lhe as mãos com ternura.

- Não disse que você era um verdadeiro poeta? Ninguém te supera quando resolve usar essas palavras melosas. – Anne disse brincando com os cachinhos dos cabelos dele.

- Acha que sou muito meloso?- ele perguntou com uma sobrancelha arqueada.

- Não se preocupe, querido. Eu amo esse seu lado meloso e tão clichê. – Anne respondeu e trocaram um beijo suave que aqueceu a alma dos dois apaixonados.

- Por que não tenta dormir um pouco? Ainda temos algumas horas de viagem pela frente.- Gilbert sugeriu assim que se afastaram.

- Acho que vou fazer isso. Estou começando a me sentir sonolenta.- Anne respondeu bocejando.

- Quando estivermos chegando eu te aviso.- Gilbert disse ajudando Anne se acomodar no banco com sua cabeça no colo dele.

A chegada a estação de Avonlea durou cerca de quatro horas, e assim que Gilbert viu sua cidade Natal despontando diante de seus olhos , ele chamou Anne e ela despertou esfregando os olhos, tentando espantar o sono que a incentivava a continuar dormindo. Gilbert tocou seu rosto com carinho e perguntou:

- O que quer fazer? Prefere ir para Green Gables direto daqui ou prefere ir para minha fazenda e tomar um café antes de enfrentar a "fera"?- Anne sorriu com o jogo de palavras de Gilbert e respondeu:

- Prefiro resolver logo essa questão. Você sabe que não vou conseguir comer nada enquanto essa situação não estiver terminada.

- Então, vamos para Green Gables.- Gilbert disse ajudando-a a sair do trem, e ir até o compartimento das bagagens para pegar as duas malas que foram colocadas ali antes de embarcarem.

Assim, ele alugou um carro, e logo estavam a caminho de Green Gables, e a cada curva da estrada, ele sentia Anne ficar cada vez mais tensa, se agarrando em seu braço como se ele fosse a proteção contra o pânico que ela sentia dentro de si. Anne ainda tentava encontrar em sua cabeça uma maneira de encarar Marilla sem que se sentisse culpada pelo que ia dizer. Era como se estivesse indo confessar um pecado do qual na verdade não se arrependia, e esse fato a deixava mais ansiosa do que o normal. Gilbert sentiu as unhas de Anne se cravarem em seu pulso, e para deixá-la mais tranquila, ele disse:

- Calma, amor. Vai dar tudo certo. Eu estou aqui com você e prometo não te deixar um minuto sequer.- Anne apenas sorriu em agradecimento.

Quando Green Gables se tornou visível aos olhos dos dois, Gilbert pôde ver no rosto de Anne um misto de saudade e alegria. Ele sabia o quanto voltar para a fazenda dos Cuthberts era a maior felicidade de sua noiva. Ela amava aquele lugar como se tivesse nascido ali, e seus olhos azuis brilhando cheios de lágrimas não deixavam que ela escondesse esse sentimento.

Eles desceram do táxi e se encaminharam para a casa da fazenda, e Anne imaginou que àquela hora Marilla deveria estar terminando de fazer o almoço, pois o cheiro que chegava até eles do lado de fora, lhe trazia lembranças adoráveis do tempo em que Marilla pacientemente ensinava à garota ruiva e estabanada a preparar um simples macarrão. No princípio ela destetara, mas, com o tempo, ela percebeu que conseguia cozinhar algo apresentável sem que Marilla exibisse sua costumeira carranca, e assim ela foi aperfeiçoando seus dotes culinários, contudo, ela sabia que nunca chegaria à excelência de Marilla como cozinheira.

Anne bateu na porta meio incerta de entrar sem ser anunciada, mesmo que ali tivesse sido seu lar por muitos anos. Ela não se sentia no direito de abrir porta e caminhar para dentro da casa, sem que os reais donos lhe dessem permissão para isso. Ela não sabia porque, mas, se sentia uma intrusa em um lugar onde passara quase toda a sua adolescência.

A porta foi aberta, e Matthew Cuthbert surgiu na sua frente. Ele parecia ter acabado de chegar da lida nos campos, pois ainda vestia suas velhas botas de trabalho, um par de calças escuras e camisa xadrez própria de fazendeiro.

- Minha menina! – ele exclamou ao ver Anne na varanda em companhia de Gilbert, e abraçando-a no mesmo instante. O cheiro da colônia que Matthew usava lhe trouxe lágrimas aos olhos, pois era o mesmo que Anne sentira por todo o tempo que vivera ali.- Por que não nos avisou que estava a caminho?- ele perguntou assim que a deixou livre.

- Resolvemos fazer uma surpresa. – Anne disse tocando o ombro de Matthew com carinho.

- Vamos entrar. Vocês chegaram em boa hora. Marilla está terminando o almoço, e acredito que estejam com fome, pois a viagem foi longa até aqui.- Matthew disse dando um abraço caloroso em Gilbert.

Anne e Gilbert seguiram Matthew até a cozinha, onde Marilla estava de costas para a porta, observando o conteúdo das panelas. Anne aproveitou para dar uma boa olhada em sua antiga protetora. Ela usava o mesmo coque no alto de sua cabeça de cabelos grisalhos que Anne se acostumara a vê-la desde sempre. Seu vestido também seguia a mesma linha do rústico e simples sobre o qual o seu avental inseparável protegia-o de ficar sujo ou úmido por conta dos inúmeros afazeres domésticos. Marilla se virou assim que ouviu passos adentrando sua cozinha, e seu rosto normalmente sério se abriu em um sorriso amistoso ao ver o casal de noivos que acabara de chegar junto com seu irmão.

- Anne e Gilbert! Que surpresa boa! Que bons ventos o trazem aqui? Vieram passar as férias em sua terra natal?- Marilla perguntou dando um rápido abraço em cada um.

- Na verdade, viemos passar esse fim de semana, depois voltamos para Nova Iorque onde temos outros planos para as férias, porém, nós queríamos fazer uma visita a vocês antes que não tivéssemos mais tempo para fazê-lo.- Gilbert respondeu, sentindo que Anne continuava muito nervosa pelo motivo que os trouxera ali.

- Vamos nos sentar e almoçar. Assim, podemos conversar sobre tudo o que andaram fazendo naquela cidade grande. – Matthew disse, segurando Anne afetuosamente pelo braço e fazendo-a se sentar a seu lado na mesa.

Nos próximos vinte minutos eles se ocuparam de comer o almoço que Marilla preparara, e conversaram sobre assuntos neutros. Embora Anne tivesse pressa em abordar o assunto que a trouxera ali, ela decidiu esperar o almoço terminar para falar sobre sua gravidez.

Assim, quando todos foram para a sala para apreciarem o café que Marilla tinha servido, Anne limpou a garganta, pegou na mão de Gilbert e disse:

- Eu tenho dois assuntos para tratar om vocês. O primeiro é que eu e Gilbert vamos nos casar em dois meses.- ela deu a primeira notícia primeiro e esperou pela reação dos dois irmãos ante aquela novidade.

- Querida, que ótima notícia. Mas, eu pensei que se casariam quando o Gilbert tivesse se formado.- Marília disse um tanto surpresa pela notícia.

- Na verdade, nos casaríamos no próximo ano em Paris, mas, tivemos que adiantar um pouco as coisas.- Anne disse levantando o queixo em forma de desafio como se pressentisse o que teria que enfrentar em seguida.

- Tem algum motivo especial para isso? – Marilla a encarou de forma neutra e Anne achou ali uma oportunidade para contar de vez:

- Sim, tem. Eu estou grávida, Marilla.- ela disse de uma vez esperando pela primeira recriminação da boa senhora ou mesmo um olhar zangado ou decepcionado, mas, curiosamente, ela não disse nada por alguns momentos, enquanto Matthew a abraçava e a Gilbert em uma explosão de felicidade que transbordava pelos seus olhos.

- Um netinho. Finalmente.

- Na verdade, é uma netinha.- Gilbert respondeu e o sorriso de Matthew se alargou.

Enquanto isso, dois olhares se enfrentavam, um de tonalidade azul que se tornava completamente intempestivo quando tinha uma batalha para vencer, e outro cansado das lutas da vida, nas quais muitas vezes deixara afogar todas as suas esperanças ou ideais de uma existência não tão exaustiva como a qual levava até então, e Gilbert observou em silêncio, as duas mulheres se encarando como se medissem forças de alguma maneira. Ele passou o braço em volta da cintura de Anne protetoramente, preparando-se para defendê-la de qualquer palavra mais amarga ou ofensiva que viesse de Marilla Cuthbert.

Surpreendentemente, Marilla olhou para Anne e disse com um sorriso nos lábios e com seus braços abertos:

- Querida, você não poderia ter me dado a melhor notícia do mundo. Minha garotinha cresceu e vai ser mãe. Esse é um presente maravilhoso.- Anne rompeu em um soluço de alivio, enquanto corria para os braços de Marilla que a envolveu com carinho dizendo:- Estou orgulhosa de você.

- Achei que ficaria zangada.- Anne disse em prantos, por fim, ainda abraçada a Marilla que também tinha a face úmida de lágrimas emocionadas.

- Como eu posso ficar zangada, minha querida? Você vai iluminar nossa família com esse bebezinho e eu nunca pensei que estaria viva para ver isso acontecer nessa fazenda. Eu achei que nossos raízes morreriam sem descendentes, mas, você vai perpetuá-la, mesmo não sendo uma Cuthbert legítima, você o é em seu coração.- Anne não conseguia responder de tão aliviada que estava, e por entre lágrimas ela olhou para Gilbert e viu que ele se sentia do mesmo jeito.

- Seu pai teria orgulho do homem que está se tornando, Gilbert. Bem vindo a essa humilde família.- ela disse endossada por Matthew que lhe deu vários tapinhas amistosos no ombro.

- Eu que agradeço pelo carinho de sempre, e prometo que vou cuidar de Anne e do bebê muito bem.

- Nós sabemos disso, querido. Não se preocupe. Agora me contem sobre o casamento.- Marilla pediu, e assim eles passaram mais um tempo com os irmãos Cuthberts contando todas as novidades da cerimônia que aconteceria em dois meses.

Mais tarde, eles se despediram de Marilla e Matthew prometendo passar por ali antes de voltarem para Nova Iorque, e em seguida, ele se dirigiram para a fazenda de Gilbert no carro de Matthew que o emprestou para ambos.

- Está se sentindo melhor depois de ter falado com Marilla?- ele perguntou enquanto mantinha os olhos na estrada por onde estava dirigindo.

- Você não sabe o quanto.- Anne respondeu sorrindo de leve.

- Até que ela reagiu bem a bomba que jogamos em cima dela. Por um momento pensei que ela fosse nos expulsar de Green Gables quando ela te encarou daquele jeito duro.- Gilbert disse divertido.

- Realmente, Marilla Cuthbert é uma mulher surpreendente.- Anne concluiu e Gilbert concordou com ela com um meneio de cabeça.

Mary e Sebastian os esperavam, e quando Anne e Gilbert chegaram na varanda, a esposa de Sebastian os viu chegar pela janela da sala, e se apressou em chamar o marido e pegar Shirley pela mão que riu alegre ao ver quem estava chegando. Ela começara a falar nos últimos meses com mais facilidade, mas, quando sentia-se tímida como naquele momento, a menininha se limitava a apenas levantar os bracinhos para que Gilbert a pegasse no colo, o que ele fez imediatamente apertando-lhe as bochechas gorduchas, e dando-lhe um beijo suave na testa. Anne se encantou com a cena ao imaginar Gilbert naquela mesma posição com a filhinha dele dali a alguns meses, e não pôde conter um sorriso de pura felicidade.

- Minha amiga, Gilbert nos enviou um telegrama a alguns dias contando a novidade. Nós ficamos tão feliz por você. Eu te disse que a vida sempre age pelo melhor, e que você e o Gilbert teriam seus filhos e seriam felizes.- Anne abraçou Mary apertado, e somente ambas sabiam o que aquele gesto significava. Mary fora a pessoa que estivera com ela no dia mais negro de sua vida, e Anne estava contente por partilhar aquele momento incrível com ela.

- Obrigada por suas palavras, Mary. Naquele dia e hoje. Eu nunca vou esquecer o que fez por mim.

- Eu não fiz nada demais. Só tentei fazê-la encontrar um bote salva vivas quando estava se afogando. Finalmente, você vai ter a vida que merece e sonhou.

- E eu? Não ganho nem um abraço? Eu quero ser padrinho desse casamento e não aceito não como resposta.- Sebastian disse como seu humor sempre em alta. Em todo aquele tempo que Anne o conhecia, a única vez que viu Sebastian sério foi quando Mary passou por uma situação difícil ao dar a luz a Shirley, quando não se sabia se sua esposa sobreviveria ao parto, mas, com exceção desse dia, ela sempre se lembrava ele com aquele sorriso simpático no rosto.

- Fique tranquilo, Sebastian. Você e a Mary já estão em nossa lista de padrinhos.- Anne respondeu abraçando o velho amigo de Gilbert que considerava também seu.

- Ficaremos honrados, querida.

- Querem comer alguma coisa, ou preferem descansar?- Mary perguntou encaminhando-os para dentro da casa.

- Já almoçamos em Green Gables, e acho que é melhor Anne descansar um pouco.- Gilbert sorriu colocando as bagagens no chão da sala.

- Então, vocês já falaram com Marilla e Matthew sobre o bebê. E como aceitaram a novidade?- Mary perguntou.

- Matthew agiu como o pai que sempre foi para mim, e Marilla também não me decepcionou. Achei que me daria um sermão sobre ter engravidado antes do casamento, mas, no fim, ela ficou tão feliz quanto Matthew.- Anne disse acariciando a barriga devagar.

- Que bom que tudo se resolveu bem dessa forma.- Mary disse.

- Sim. Ficamos aliviados.- Gilbert disse colocando a mão nas costas de Anne e massageando-as devagar para relaxá-la.- Que tal dormir um pouco, Anne? Eu sei que a viagem de trem não foi tão confortável para você.

- Sim, eu estou me sentindo um pouco cansada, mas, antes eu queria te pedir uma coisa. Será que não podemos reunir nossos amigos nesse fim de semana? Tenho tantas saudades daquela época em que ficávamos todos juntos.- Anne disse com os olhos brilhando saudosos e Gilbert respondeu acariciando-lhe os cabelos:

- Claro que sim. Se não estiver muita cansada, podemos fazer uma reunião aqui hoje a noite.- ele sugeriu.

- Seria ótimo.- Anne respondeu com um grande sorriso estampado no rosto. Ela esperava que Diana pudesse vir, pois estava sentindo tanto a falta dela. Parecia que fazia séculos que não se falavam.

- Mary, você acha que dá para preparar alguns petiscos para hoje a noite?- Gilbert perguntou para a esposa de Sebastian que lhe deu um sorriso em resposta:

- Claro ,querido. Eu faço isso em um instante. Sebastian ficará encarregado das bebidas.

- Obrigado, Mary.- Gilbert disse beijando-a no rosto em agradecimento;

- Eu é que agradeço Eu estava sentindo falta de gente jovem dentro dessa casa. – Mary disse, indo direto para a cozinha onde pretendia deixar tudo pronto o mais rápido possível.

- Sebastian. Será que você poderia pedir para algum empregado da fazenda avisar nossos amigos?- Gilbert pediu.

- Claro. Vou aproveitar para providenciar as bebidas. - Sebastian respondeu saindo logo m seguida.

Deste modo, Anne e Gilbert foram para o andar de cima, onde trocaram suas roupas por vestes mais leves e assim que se deitaram na cama para tirar um cochilo, adormeceram quase no mesmo instante.

Duas horas mais tarde quando ambos já estavam despertos novamente, Gilbert convidou Anne para irem até a construção da casa deles, o que ela aceitou com enorme animação. Assim, Gilbert retirou seu antigo carro da garagem e levou Anne até onde a casa estava sendo construída.

A construção do lado de fora estava toda pronta, Sebastian ainda estava trabalhando nos cômodos de dentro, mas, assim do jeito que estava já dava a Anne a ideia de como a casa ficaria quando estivesse finalmente pronta. Seu cérebro se encheu de ideia infinitas para a decoração, embora nunca tivesse decorado nada antes, ela sabia exatamente como queria deixar seu lar e o de Gilbert. Na frente da casa , ela imaginava um jardim com diversas flores , quem sabe até pudessem fazer um laguinho pequeno com peixes de decoração?

- Sabe o que consigo enxergar nesse espaço todo?- Gilbert perguntou com os olhos sonhadores virados em direção a Anne.

- Nossa bebezinha brincando em volta da casa?

- Sim, mas, não somente ela.- Anne o olhou surpresa e depois respondeu.

- Gilbert, você não sabe se poderei ter mais filhos. Esse bebê que vamos ter já é um milagre, então, não creio que deveria ter muitas esperanças.- ela disse tristonha. Era lógico que queria mais filhos, porém, já se sentia abençoada demais por aquele pequeno ser em seu ventre, por isso, não ousava pedir por nada mais.

- Quem pode saber? Tudo nessa vida é um mistério. Mas, mesmo que você não possa ter mais nenhum, quero que saiba que ainda não desisti da adoção.- Anne sorriu com aquela ideia e quando voltaram para casa, ela a tinha em sua cabeça,

Às sete da noite, os amigos começaram a chegar, e Anne se sentiu exultante ao ver Diana e Jerry passando pela porta e vindo direto em sua direção.

- Querida, Cole me mandou uma carta outro dia me contando da gravidez e fiquei tão feliz por você finalmente ter realizado o seu sonho. Confesso que toda vez que você pegava meu filho em seus braços, me cortava o coração de ver o quanto você sofria com isso. Agora, meu coração está aliviado por saber que você não terá mais que passar por isso.- Anne ia contar sobre o casamento, mas, então Josie chegou com Muddy, e a ruivinha decidiu esperar até que todas as amigas estivessem reunidas, para finalmente contar todas as novidades .

- Anne querida, que alegria tê-la aqui. Diana me contou sobre o bebê. Espero que não se importe.- Josie disse segurando nas mãos de Anne com afeto.

- Claro que não. Não é um segredo de fato. Vamos nos sentar que tenho algumas novidades para contar.- Anne disse puxando suas antigas amigas pela mão e fazendo-as se sentar no sofá ao lado dela, enquanto Gilbert se reunia com Muddy e Jerry para uma partida de xadrez. Parecia que estavam realmente revivendo os velhos tempos, e o coração de Anne se apertou de saudade ao pensar que nunca mais voltariam, porém, estariam sempre guardados em algum lugar de suas memórias como um dos melhores tempos de sua vida. Mas, agora era tempo de olhar para frente e viver outros momentos tão importantes quanto os que vivera no passado e desfrutar de cada um deles intensamente como sempre fizera.

- E então, o que tem para nos contar?- Josie perguntou curiosa.

- Bem, a primeira novidade é que vou ter uma menina.- Anne revelou toda sorridente.

- Que incrível. Anne. Já escolheu o nome?- Diana perguntou segurando-lhe a mão.

- Ainda não. Eu e Gilbert ainda não discutimos sobre isso. e a segunda novidade é que vamos nos casar em dois meses- os olhos dela brilharam mais ainda ao falar sobre isso, e Josie disse;

- Querida, que felicidade.

- Sim, Gilbert me preparou essa surpresa. Na verdade, era para nos casarmos em Paris, como sempre foi meu sonho, mas, como minha gravidez inspira certos cuidados, ele achou melhor nos casarmos em Nova Iorque mesmo. E adivinha, Diana. Tia Josephine disse que quer fazer meu casamento a moda Francesa aqui na América, já que não posso ir até lá como foi planejado antes.

- Eu não esperaria menos de tia Josephine. Ela é incrível. Nem parece que é da família da minha mãe.- Diana disse balançando a cabeça.

- Realmente, ela é boa demais para ser real.- Anne disse rindo ao pensar em tudo o que a boa senhora fizera no passado para ajudá-la e todos os conselhos que lhe dera.

Desta forma, elas passaram o resto da noite conversando sobre tantas coisas que quando o fim da noite chegou, Anne quase lamentou pelas horas terem passado tão rápidas, mas, logo combinou com as amigas de marcarem algo semelhantes antes do casamento dela e de Gilbert.

Antes de ir para a cama naquela noite, Anne tomou um banho refrescante, pois a noite estava incrivelmente quente. Ela vestiu uma camisola de seda curta e um robe por cima, e foi até a janela observar a lua tão linda naquela noite, e também deixar que a brisa suave tocasse seus cabelos lhe dando uma sensação de alivio para o calor que sentia. No entanto, não ficou muito tempo sozinha, pois logo dois braços musculosos enlaçaram sua cintura fina, e o aroma de sabonete de Gilbert atingiu-lhe as narinas de maneira prazerosa.

- O que faz aqui sozinha?- ele disse com seus lábios deslizando sobre a pele de seu pescoço fazendo os arrepios costumeiros dançarem sobre cada pedacinho daquela região.

- Eu estava pensando.- ela disse fechando os olhos, e sentindo seu corpo se excitar com aquele toque suave.

- No que?- ele continuou seu passeio pelo pescoço dela até chegar nos ombros cobertos pelo robe, que ele fez questão de abrir, deixar que caísse ao chão e plantar beijos molhados nas costas de Anne seguidos pela língua masculina que traçou um caminho de fogo por sua coluna, enquanto ela lutava para responder a pergunta que Gilbert lhe fizera com coerência.

- Eu estava pensando que talvez pudéssemos casar aqui em Avonlea.- Anne disse com a voz falhando quando Gilbert começou a distribuir beijos por sua nuca.

- Faremos o que quiser.- ele disse com a voz rouca, colando as costas dela em seu peito enquanto as mãos dele subiam por cima de sua camisola, passado pelos seus seios onde se demorou por alguns instantes, fazendo Anne gemer necessitada pela excitação crescente que aquilo lhe causava.

- Acho que...poderíamos casar na praia. Aquele lugar.... é tão especial para....nós dois.- a voz dela saía entrecortada, e suspirou alto quando Gilbert deslizou a alça de sua camisola pelos seus braços fazendo com que a peça fosse ao chão..

- Acho sua ideia maravilhosa. Podemos falar com tia Josephine sobre isso.- ele disse virando-a de frente para ele, e foi somente nesse momento que Anne percebeu que ele tinha somente de toalha em volta da cintura masculina, exibindo o peito e abdômen úmidos do banho. Ela sentiu um frenesi intenso tomar conta de seu corpo enquanto pensava que necessitava tocar Gilbert naquele instante. Seus olhos se perderam nos dele, enquanto ela se aproximava um pouco mais dele descendo seus dedos suavemente pelo peitoral dele seguidos por seus lábios. Ela sentiu Gilbert se arrepiar enquanto a puxava para ele e dizia:

- Venha para a cama, querida. Você não faz ideia do quanto te quero.- e assim, Anne o seguiu sem pensar em qualquer outra coisa que não fosse o prazer que a aguardava no momento em que fosse envolvida pelos braços de Gilbert.

A toalha que Gilbert tinha em volta da cintura ficou jogada ao chão perto da cama, assim como a lingerie de Anne que foi retirada por Gilbert e deixada em um lugar qualquer. Ele se deitou na cama e colocou Anne com cuidado por cima dele, ambos se deliciando pela fricção de suas peles quentes. Em seguida, ele tomou os lábios dela com urgência devorando-os como se não a beijasse a séculos. Deus! Gilbert a deixava louca com apenas alguns beijos ardentes. Ela já estava entregue e ansiando por mais a cada toque dos dedos dele pelo seus corpo, e as palavras sussurradas em seu ouvido que nada tinham de inocente a deixavam em brasas. Ela também o deixou maluco, conforme suas unhas o arranhavam em lugares estratégicos, e seus lábios o faziam sussurrar o nome dela vezes sem conta, fazendo Anne sorrir satisfeita por entre os beijos. E então, Gilbert se perdeu em todas as curvas femininas, se deliciando com a maciez daquela mulher completamente sensual que se entregava a ele com todo o fogo que havia em sua alma. Eles incendiavam um ao outro, eram parceiros perfeitos na vida e na cama, seus sentimentos eram potencializados cada vez que deixavam que eles falassem por eles onde palavras seriam completamente desnecessárias, eles era a extensão de tudo o que o amor verdadeiro e profundo deveria ser.

Eles chegaram ao ponto mais alto do desejo juntos, enquanto seus corpos estremeciam naquela vibração imensa de um prazer sem igual que os tornava fortes e vulneráveis, que os fazia chegar a um ponto cada vez mais alto de um horizonte inalcançável para muitos , mas que para eles nunca deixara de ser seu paraíso. Assim, Anne ofegou pela última vez, seus movimentos e de Gilbert cessaram ao mesmo tempo, enquanto ela sentia que ele deixava um beijo doce em sua testa. Ela queria falar, mas não desejava quebrar aquele instante onde seu corpo e de Gilbert ainda pareciam tão conectados por uma energia invisível e intensa, e desta forma, ela fechou os olhos sonolenta, mas antes que adormecesse completamente, ela ouviu Gilbert dizer em seu ouvido:

- Eu te amo, Sra. Blythe.- e com um sorriso cheio de felicidade ela se deixou envolver pela escuridão do quarto que a envolveu em seu manto protetor, até que um novo dia nascesse e trouxesse com ele todos os desafios e surpresas de uma vida vivida ao máximo e plena de amor.

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