Capítulo 2- Chapeuzinho Vermelho ruivo
Olá, segundo capítulo postado. Por favor me deixem seu feedback., pois estou ansiosa para saber sua opinião sobre essa nova história. Beijos.
GILBERT
O ar agradável de outono entrava pela janela de seu escritório, e lá estava Gilbert no quarto andar de seu prédio, admirando a cidade de Nova Iorque como se pudesse absorver tudo dela com apenas a sutileza de seu olhar.
Era um sábado ensolarado, um dia atípico de trabalho para ele. Normalmente àquela hora estaria no clube jogando tênis com seus amigos, ou acompanhando o pai em uma partida de golfe. No entanto, desde que John Blythe decidira expandir seus negócios e construir uma nova livraria no centro de Nova Iorque, suas horas de trabalho tinham se duplicado, e assim, ao invés de estar se divertindo e curtindo a vida no alto dos seus vinte e seis anos, ele estava preso naquela sala em meio a tarefas burocráticas que o entediavam até a alma.
Gilbert olhou para sua mesa abarrotada de papéis para serem analisados e assinados, e suspirou. Não se sentia nenhum pouco atraído para passar a manhã de um dia tão incrível enfurnado em seu escritório, no entanto, sabia que não tinha escapatória e como presidente geral da empresa, ele era a única pessoa apta à liberar ou não o orçamento para a construção do novo empreendimento das empresas Blythes.
Esse papel seria de seu pai, se ele não tivesse se aposentado dois anos antes. Agora, ao invés de se preocupar com os lucros ou prejuízo dos negócios da família, John Blythe preferia colecionar namoradas e gastar sua fortuna em viagens dispendiosas pelo mundo. Separado da mãe de Gilbert a mais de dez, John não fazia segredo de que a companhia de uma bela mulher sempre fora seu fraco, e o rapaz só agradecia aos céus por seu pai ter bom senso e namorar mulheres da sua faixa de idade, porque ele não saberia como encará-lo se um dia ele resolvesse aparecer com uma ninfeta a tiracolo.
Apesar dessa sua tendência de se envolver em mais casos amorosos que Gilbert podia contar, seu pai era um homem de bem, trabalhara duro a vida toda para que suas empresas atingissem o patamar que ocupavam no mundo dos negócios, e preparara Gilbert bem para ocupar o seu lugar quando a hora chegasse. Entretanto, apesar do jovem empresário tomar conta da maior parte dos negócios, John ainda tinha a última palavra em tudo, e Gilbert dificilmente contestava alguma ordem dada por ele. Seu pai queria que a livraria fosse inaugurada na semana do Natal, e o rapaz estava fazendo de tudo para que o desejo dele fosse realizado na data estipulada, e felizmente, a construção começaria na próxima semana.
Não tendo outra alternativa, Gilbert voltou para sua mesa, pensando em finalizar seu trabalho perto do horário de almoço, mas, não sem antes verificar seu celular que sinalizava sem parar mensagens que chegavam a todo instante.
Seu maxilar se travou em desagrado ao ver que as milhares de mensagens pertenciam a uma só pessoa. Amanda era sua namorada a um ano e meio, e quando a conheceu, Gilbert estava em um processo totalmente sem compromisso de conhecer garotas, levá-las para sair uma ou duas vezes, e depois partir para outra sem mágoa ou corações partidos. Namorar não estava nos seus planos, e casamento era um item totalmente descartável em sua mente. Pois após viver por anos em uma casa onde ele ouvia seus pais discutirem todo o santo dia até que o casamento culminou em divórcio, ele decidiu que não queria aquele tipo de vida para si.
Gilbert gostava de se divertir, de ter uma companhia feminina para acompanhá-lo em eventos importantes, ou simplesmente levar para jantar fora e tomar um vinho de vez em quando, mas nada que envolvesse algo mais sério.
Assim, namorar Amanda por tanto tempo ia contra sua filosofia de vida, mas, acabara mantendo-a em sua vida simplesmente porque se acostumara com a companhia agradável dela, porém nos últimos tempos ele começou a mudar completamente de ideia sobre isso.
O que era um bom acordo para ambas as partes, de repente se tornou um mau negócio para Gilbert, que viu Amanda mudar de comportamento drasticamente. Ela se tornou pegajosa, ciumenta, inconveniente, e com uma ideia fixa sobre casamento que o incomodava profundamente. Gilbert sempre deixara claro seu ponto de vista sobre o assunto, mas louca para levá-lo ao altar Amanda passara de todos limites. Por essa razão, ele tinha pedido um tempo no relacionamento dos dois, que ela aceitara de bom grado quando ele o sugerira, mas, nos últimos dias ela se tornara insuportavelmente insistente, o que o fez pensar seriamente em bloquear o número dela, terminar tudo de vez e voltar para o status de solteiro e desimpedido, e só não fizera isso ainda porque por conta do tempo que estavam juntos, Gilbert queria conversar com Amanda primeiro, pois achava bastante desrespeitoso terminar com alguém por telefone, por mais que essa pessoa estivesse testando sua paciência a cada segundo.
Ignorando a quantidade de mensagens recebidas, ele voltou sua atenção para o trabalho, e após examinar alguns documentos com atenção, Gilbert. apertou o interfone e disse:
-Jerry, pode vir a minha sala um minuto?- no que foi prontamente atendido.
- No que posso ajudá-lo, Gilbert?- Jerry disse, tratando-o pelo primeiro nome, pois Gilbert detestava ser chamado pelo sobrenome pelos seus funcionários, ignorando totalmente a regra empresarial de que entre patrão e funcionário não deveria ter um tratamento tão informal por conta da hierarquia que deveria ser respeitada. Mas, desde que viera trabalhar ali, ele exigira que até sua secretária o chamasse pelo primeiro nome, pois lhe dava a sensação que tinha cem anos quando alguém o chamava de Sr. Blythe.
- Eu queria saber se o alvará para a construção da livraria foi aprovado pela prefeitura?
- Foi sim. Já está tudo regulamentado e assinado pelo prefeito.- Jerry explicou mostrando-lhe o documento.
- Que bom, isso quer dizer que já posso contactar a construtora que fará todo o trabalho para nós. - Gilbert disse, com uma expressão satisfeita no rosto. Em seguida, ele olhou para Jerry que tinha ficado sério de repente e perguntou:
- O que foi? Parece preocupado com alguma coisa.
- Eu estou a uma semana para falar com você sobre isso, mas não achei uma oportunidade. - o rapaz disse sem jeito.
- Então, aproveite que estamos só nós dois aqui e me diga o que está te aborrecendo.
- Justamente na Quinta Avenida onde seu pai quer construir a livraria, existe uma outra que ocupa aquele espaço há mais de vinte anos.
- E ?- Gilbert perguntou não sabendo onde Jerry queria chegar com aquela conversa.
- É uma livraria bastante familiar, com uma reputação excelente, eles trabalham até em uma programação de contação de história para crianças. Seria uma pena atrapalhar os negócios deles por conta da construção da livraria de seu pai.
- Jerry, você sabe tão bem quanto eu que o mundo empresarial é assim, cheio de competitividade e inovações, e aqueles que não se adequam a isso acabam perdendo seu espaço para o que é mais interessante e criativo. No entanto, se essa livraria tem excelente reputação como você diz, o negócio.de meu pai não cai causar-lhe nenhum mal.- Gilbert sabia que esse tipo de pensamento era cínico, mas, era exatamente dessa maneira que o mundo dos negócios funcionava, frio e prático, pois não havia espaço para sentimentalismo ou meio termo quando se tratava de fazer um empreendimento funcionar.
- Minha noiva trabalha nessa livraria.- Jerry disse ainda mais constrangido que antes.
- Ah, então é isso? - Gilbert disse, entendendo finalmente onde seu advogado queria chegar. :- Caso sua noiva perca o emprego que eu duvido muito que aconteça, peça a ela para me procurar que encontrarei uma excelente colocação para ela na livraria de meu pai, não se preocupe. Agora, se me dá licença preciso terminar tudo isso antes do almoço.- ele disse, voltando sua atenção novamente para o trabalho.
- Claro, vou deixá-lo trabalhar. Com licença. - Jerry disse, visivelmente aliviado ao sair da sala de Gilbert.
Duas horas depois, o jovem empresário encerrava seu expediente excepcional naquele sábado, mas, ao invés de pegar o carro e ir diretamente para casa, ele sentiu uma súbita curiosidade de conhecer a livraria que Jerry tinha mencionado. Gilbert não tinha intenção de entrar e ver como funcionava, mas estava curioso por saber como um lugar pequeno e familiar poderia ter sobrevivido por tanto tempo naquela selva de pedra que era Nova Iorque cujo todo sistema comercial girava em torno do glamour e da ostentação.
Ele estacionou o carro a algumas quadras da Quinta Avenida, e foi a pé até onde ele avistou uma adorável loja rosa na esquina. Era um local pequeno, mas cuja decoração o encantou de cara, pois lhe lembrava sua infância, e a casa se sua avó onde ele desenvolvera um imenso amor pelo mundo da literatura, pois nos domingos à tarde a boa senhora costumava ler histórias para ele acompanhado de chocolate quente ,e uma fatia imensa do seu bolo de chocolate favorito. Sua avó já havia falecido a alguns anos, mas as memórias daquele tempo nunca foram apagadas de suas lembranças.
Gilbert se aproximou mais um pouco da livraria, e através da janela ele viu várias crianças sentadas em volta de uma moça que lia um livro de histórias para eles, e os pequenos pareciam tão envolvidos pelas palavras que aquela voz suave e musical pronunciava que não ousavam sequer piscar, e até Gilbert que não acreditava mais em contos de fadas a muito tempo se sentiu hipnotizado pela leve ondulação que aquele timbre de voz tão agradável chegava até ele, mesmo que o rapaz estivesse do lado de fora e não se atravesse a entrar, e quebrar a suave harmonia e magia que sentia flutuar dentro daquele lugar adorável.
A garota levantou a cabeça, e Gilbert se espantou ao ver que seu lindo cabelo ruivo combinava perfeitamente com a capa de chapeuzinho vermelho que ela usava, e tanto seus olhos azuis quanto suas sardas que pontilhavam boa parte de seu rosto incrivelmente lindo eram elementos perfeitos que não ficariam bem em mais ninguém a não ser nela
Algumas pessoas passaram por ele, e o olharam de forma estranha, por isso, ele achou que já era hora de ir. Já tinha visto o que queria e não lhe caía nada bem ficar parado na calçada, observando uma garota e um bando de crianças ao seu redor como se estivesse a ponto de invadir o local. Sabe-se lá o que as pessoas que passaram por ele não estavam pensando desse seu comportamento estranho.
Por isso, ele caminhou até seu carro, e começou a dirigir de volta para casa, mas por alguma razão desconhecida, a garota vestida de chapeuzinho vermelho não saiu de seus pensamentos.
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