Capítulo 13 - Um príncipe em Nova Iorque
Olá, pessoal. Para quem está acompanhado essa história aqui está mais um capítulo. Espero que gostem e me deixem seus comentários e votos como incentivo. Muito obrigada por tudo. Beijos.
ANNE E GILBERT
Duas semanas sem ter nenhuma notícia de Gilbert, e Anne chegou à conclusão que o rapaz tinha simplesmente se esquecido dela, mas esse pensamento não a impediu de verificar sua caixa de mensagens diariamente, ou esperar por um telefonema dele no meio do dia, ou ainda receber uma visita inesperada a sua casa junto com John Blythe que se tornara uma figura frequente em dias variados da semana quando tomava o café da tarde com Bertha, ouviam músicas antigas na vitrola que fora de seu pai, ou apenas conversavam sobre assuntos amenos e diários.
Sua mãe parecia estar aos poucos voltando a ser quem fora no passado, talvez um pouco mais arisca no que se referia a uma relação homem-mulher, mas pelo menos estava se dando a chance de voltar a rir despreocupadamente, a apreciar a companhia de outras pessoas, e descobrir diariamente que ainda havia muita vida para ela experimentar fora das paredes de seu quarto.
Para Anne que vira sua mãe murchar e se perder em sua dor do luto, era gratificante observar sua recuperação progressiva. Com uma rapidez que vinha surpreendendo a ruivinha, Bertha passara a se interessar pelos assuntos do dia a dia da filha, voltara a se arrumar com esmero, e até mesmo as refeições das quais fugia no passado, ela fazia com Anne todos os dias.
Ter sua mãe de volta à sua vida fora o melhor presente que ela ganhara naquele ano e esperava que dali em diante Bertha encontrasse muito mais motivos para sorrir e recuperar senão toda, pelo menos uma parte de sua felicidade perdida quando o pai de Anne se fora. O que a ruivinha não podia deixar de reconhecer era que John Blythe tinha uma enorme participação nessa nova fase da vida de Bertha, no seu bom humor, no novo brilho que via surgir nos olhos da mãe sempre que estavam juntos. Se eram apenas amigos ou mais do que isso, a Anne não lhe importava. Desde que sua mãe continuasse a sorrir daquela maneira, o verdadeiro motivo não era importante.
Nessas visitas frequentes de John, ela pensara em perguntar sobre Gilbert, mas seu senso de preservação e orgulho não permitiram. Se ele não se dava ao trabalho de ligar para ela pelo menos para saber sobre o seu bem-estar, Anne não perderia seu tempo correndo atrás de um homem novamente. Depois de Roy, ela aprendera bem sua lição, e nunca mais confiaria tão cegamente em alguém, ou deixaria que essa pessoa entrasse de um jeito em sua vida que lhe desse o direito de magoá-la como seu ex-noivo fizera.
Entretanto, seu coração sentia falta de Gilbert, da maneira como ele a fazia rir, a desafiava a contradizê-lo em suas opiniões pessoais, a forma como a provocava com sua beleza incontestável e até mesmo do ciúme que ele lhe causava quando a fazia imaginar com quantas mulheres ele já estivera. O real significado por trás desse ciúme era mais profundo do que Anne queria admitir, e por isso ela ainda se escondia por trás de uma atração física que já tinha evoluído para algo mais a muito tempo, a qual ela teimava em não enxergar.
Por isso naquela manhã em seu escritório quando Cole entrou, ela nem percebeu que olhava para o seu telefone pela vigésima vez desejando que ele ligasse, ao mesmo tempo em que não tinha coragem de tomar a iniciativa e discar aqueles nove números do telefone dele que a faria ouvir a voz que tanto desejava, e acabaria enfim com sua agonia interna.
- Chefinha, está tudo bem? Você não saiu dessa sala a manhã toda.- o rapaz perguntou, assim que se sentou na frente.
- Está sim. Eu estava resolvendo alguns assuntos importantes.- ela mentiu. Se confessasse a Cole que estava ansiosa pelo telefonema de Gilbert já sabia o que ia ouvir.
- Você não me falou mais sobre o site de relacionamentos. Fez alguma amizade por lá?- o rapaz perguntou, questionando-a com o olhar.
- Conheci alguém denominado Peter Pan.- Anne disse com um sorriso divertido nos lábios.
- Que conveniente. Como ele é?
- Fisicamente eu não sei, mas me parece interessante, e ele gosta de charadas.
- Como assim? - Cole perguntou sem entender.
- Ele me deixou uma mensagem pedindo que eu me descrevesse em dez palavras. - Anne disse, vendo uma mensagem chegar em seu celular, e se decepcionando no minuto seguinte por não ser de Gilbert.
- E o que você escreveu?- Cole perguntou cada vez mais interessado naquela história.
- Achei bem difícil me descrever em dez palavras. Nunca fiz isso antes, mas coloquei essas palavras: eclética, amo literatura, adoro fantasia, música romântica, felinos, comida italiana.
- E você não fez nenhuma pergunta a respeito dele?- Cole perguntou, segurando o queixo nas mãos.
- Na hora não pensei nisso. - Anne respondeu, olhando de novo para o telefone.
- Ficou maluca, chefinha? E se o cara for feio?
- Eu não tenho nenhum problema com isso. - Anne disse estranhando a pergunta de Cole.
- Eu não falo tipo feio simpático, e sim daqueles que dá medo de olhar.
- Cole, que preconceito é esse? A beleza interior é a que importa.- Anne respondeu quase rindo do exagero do amigo.
- Eu não tenho preconceito nenhum. Antes do Billy, eu me interessei por caras que não eram tão atraentes assim. Mas, no seu caso, depois de namorar um ogro como Roy Gardner você precisa de um príncipe encantado.
- E ele tem que ser bonito?- Anne perguntou com ar de riso, vendo seu amigo querer dar uma de conselheiro sentimental.
- E sexy, tudo o que aquele seu ex não era.- Cole respondeu como se fosse conhecedor de causa.
- E como você sabe que Roy não era sexy?- Anne perguntou, encarando o amigo com curiosidade.
- Anne, o cara só andava de terno e gravata do tipo mais antiquado possível, usava óculos de grau que parecia ter roubado da minha avó, e aquele cabelinho partido no meio. Pelo amor de Deus! Não quero nem imaginar as roupas íntimas.- Anne não conseguiu mais conter a gargalhada. Cole era cômico demais, e a imagem que se formou de Roy na sua cabeça, ela tinha certeza de que nunca mais ia se esquecer.
- Está bem, Cole. Vou pedir mais informações sobre o Peter Pan. Mas você sabe que ele pode mentir.
- Não custa tentar. E por falar em príncipe encantado, como vai nosso concorrente gostosão?
- Não tive mais notícias.- Anne respondeu, fingindo-se de desinteressada.
- Mas quer.- Cole a olhou de um jeito como se dissesse eu estou certo e não ouse me contradizer.
- Cole você está sempre querendo me jogar para cima do Gilbert.- Anne disse balançando a cabeça em negativa
- Eu não preciso fazer isso, meu amor. Vocês dois já se jogam um para o outro sem minha ajuda.- Cole disse com a voz cheia de humor.
- Isso não é verdade.- Anne tentou negar, mas Cole foi mais rápido e disse:
- Não negue, docinho. Já vi você checar esse telefone milhares de vezes hoje, e tenho certeza que está esperando um contato dele.
- Está tão na cara assim? - Anne perguntou sem graça.
- Só para quem sabe da história de vocês dois. Se ele não te ligou, por que não liga você mesma?- Cole sugeriu.
- Eu queria ter um motivo para isso, mas não tenho. - Ela disse desanimada. Não queria que Gilbert soubesse o quão louca estava para ouvir a voz dele.
- Por que não cria um?- Cole perguntou, já animado com a ideia.
- Cole, eu não sei se tenho coragem de fazer isso. - Anne disse quase negando aquela possibilidade.
- Ah, tem sim amor. No fundo você tem. É só pensar um pouquinho. Se eu fosse você, não desperdiçaria a chance de ficar perto daquele deus. - Cole disse, e em seguida se levantou e completou: - Vou voltar ao trabalho antes que Diana surte com minha ausência. Até daqui a pouco, chefinha.
Logo que Cole saiu, Anne pensou no que ele dissera. Teria mesmo coragem de criar um motivo para ver Gilbert? Ela nunca fizera algo assim, e só de pensar nisso seu rosto queimava de vergonha. No entanto, será que não estava na hora de sair de sua zona de conforto e ser um pouco mais ousada? Talvez pudesse procurar Gilbert sem deixá-lo saber por qual motivo o fizera. De repente, ela se lembrou de algo, e sorriu. Acabara de encontrar o motivo perfeito.
Em seu escritório na Quinta Avenida, Gilbert Blythe quase morria de tédio em uma reunião de diretoria. Ele afrouxou a gravata que parecia sufocá-lo, se serviu de mais de um copo de água enquanto ouvia Jerry repassar aos acionistas da empresa todos os resultados das vendas durante o último trimestre, e lançou um olhar para o seu telefone, pensando em Anne.
Fazia duas semanas que não falava com ela, e não fora intencional. Ele ficara atolado no trabalho e quando chegava em casa à noite estava tão cansado que comia algo rápido, alimentava Zeus, e acabava adormecendo no minuto que colocava a cabeça no travesseiro. Assim os dias foram passando sem que ele tivesse um minuto sequer livre para ligar pra ela, e sentia falta de ouvir aquela voz aveludada que se apegara em suas memórias e o torturava a noite.
Desde o último encontro seus pensamentos sobre ela tinham se tornado mais constantes, e estava difícil ignorar o que vinha sentindo. No início, ele conseguira se enganar com a ideia de que a atração física entre eles era o que o empurrava para Anne em todas as ocasiões, mas conforme o tempo foi passando, ele percebeu que o calor que sentia em seu peito toda vez que olhava dentro daqueles olhos azuis era mais do que apenas uma questão de pele.
Ele queria aquela mulher para si e esse era um pensamento seu recorrente. Gilbert ainda não sabia bem como classificar o que estava sentindo, porque nunca sentira nada parecido antes. Entretanto, o rapaz compreendia que não era algo passageiro, como um resfriado que em sete dias vai embora, e sim um sentimento maior do que isso, e por esta razão, Gilbert precisava estar perto de Anne para descobrir de uma vez por todas o que ela significava em sua vida.
A reunião terminou sem que ele tivesse realmente que emitir algum tipo de opinião, pois Jerry sempre fazia um excelente trabalho quando o assunto estava diretamente relacionado a números, o que Gilbert agradecia imensamente, pois apesar de saber tanto quanto seu assistente sobre o rendimento da empresa, a Gilbert não agradava a tarefa enfadonha de explicar a terceiros detalhe por detalhe de suas transações comerciais. O que ele gostava era de fazer as coisas acontecerem, ver o progresso de seus esforços dando frutos, e sentir-se realizado em seu trabalho. Serviço burocrático nunca fora seu forte, por isso deixava para Jerry a parte mais chata dos negócios.
- Parece que deu tudo certo.- Jerry disse ao final da reunião.
- Sim, meu pai vai ficar muito satisfeito. Você se saiu muito bem.- Gilbert disse, batendo no ombro do rapaz com afeição.
- Obrigado. Tem falado com a Anne?- o rapaz perguntou enquanto se encaminhavam para o escritório.
- Não. Essas duas semanas tem sido uma loucura. Agora que entramos na primeira semana de dezembro, o trabalho se tornou mais intenso, e tenho que deixar tudo preparado para a inauguração da loja na próxima semana. Quase não tive tempo para minhas coisas pessoais. - o rapaz respondeu se lamentando.
- Acho que pelo menos para uma das coisas vai ter tempo agora. Olha quem está sentado na sala de espera.- Jerry disse, e ao seguir o olhar do amigo, Gilbert sentiu seu coração bater mais rápido ao ver Anne com o celular nas mãos, totalmente concentrada no que estava fazendo sem ter ainda percebido sua presença. Ele ficou espantado com a alegria que sentiu ao vê-la ali. Anne mais uma vez o surpreendera, e não importava por qual motivo ela o tinha procurado, tudo o que sabia era que sua ruivinha estava ali mais linda do que nunca.
- Gilbert, essa senhorita apareceu aqui sem hora marcada. Eu disse que você não costuma atender se não tiver agendado antes, mas ela insistiu em esperar. - Rebeca disse com um olhar de reprovação para Anne.
- Anne é minha amiga, Rebeca. Ela não precisa marcar hora.- Gilbert respondeu, vendo Anne lançar um olhar de triunfo para a secretária de Gilbert que fechou a cara no mesmo instante.
O rapaz não podia saber que Anne estava se perguntando a natureza do relacionamento dele com a uma moça tão bonita quanto aquela, pois a forma como Rebeca foi contra à sua insistência em ver Gilbert lhe sugerira que os sentimentos da garota iam além da relação secretária-chefe. Será que Gilbert e ela alguma vez tinha ficado juntos? Um ciúme violento a acometeu e Anne nem percebeu que tinha endurecido o olhar ao fitar a moça perto de Gilbert, e levou um pequeno susto quando o ouviu dizer:
-Venha, Anne. Vamos conversar no meu escritório. - Ela o seguiu até a sala mais próxima, mas não sem antes olhar Rebeca de cima embaixo com desprezo.
- O que a traz ao meu escritório essa tarde, Anne? - ele perguntou logo após ter apontado a ela onde poderia se sentar.
- Eu vim te devolver isso.- Anne abriu a bolsa e de dentro tirou um pacote que entregou ao rapaz.
- Minha camisa? Eu tinha até me esquecido dela - o rapaz disse ao abrir o pacote e ver o que tinha dentro.
- Eu a guardei e estava esperando uma boa oportunidade para devolvê-la.- Anne disse, observando a aparência de Gilbert naquele dia.
Ele usava uma camisa social azul com uma gravata cinza combinando. Os cabelos estavam em uma linda bagunça de cachos adoráveis, e ele tinha um brilho no olhar que a atraía demais. Deste modo, ela não pôde deixar de pensar no que Cole lhe dissera sobre Roy, e sorriu para si mesma ao observar que Gilbert Blythe ficava sexy até vestindo terno e gravata.
- Obrigado. - Ele lhe sorriu, e Anne sentiu seu corpo esquentar, pois um sorriso de Gilbert Blythe valia mais do que palavras.- Esse foi seu único motivo para ter vindo até aqui?- ele se inclinou e segurou a mão dela por cima da mesa. Tal gesto a pegou de surpresa. Qualquer contato com ele a deixava presa naquele fascínio que sentia por ele, e mesmo temerosa que ele percebesse sua agitação, Anne respondeu:
- Por que mais seria? - o sorriso dessa vez foi malicioso, fazendo um arrepio subir pela espinha de Anne e se alojar em sua nuca.
-Talvez você estivesse com saudades de mim.- ele começou a brincar com seus dedos, acariciando um a um com o polegar. Anne nunca pensou que gesto tão inocente pudesse causar um furacão de sensações dentro de si. Gilbert Blythe sabia o que estava fazendo e o que provocava nela.
- Vai sonhando, Blythe - Anne respondeu, mascarando suas emoções. Ainda não estava pronta para deixar seus sentimentos por ele às claras, mesmo que fosse difícil demais controlar o seu desejo de contornar aquela mesa, e beijá-lo como fizera da outra vez, mas seu receio de parecer atirada demais a impediu
- Eu estava com saudade você.- Gilbert disse encarando-a com um olhar carregado de significados. - Que droga! Por que ele sempre fazia aquilo com ela? A provocava com seus olhares silenciosos, a deixava confusa com suas palavras, e depois a tratava como uma boa amiga deveria ser tratada. Ia ter que aprender a desvendar cada código que Gilbert lhe enviava, ou acabaria maluca mais rápido que imaginava.
- Mas você não me ligou.- Anne disse, tentando não parecer magoada, mas Gilbert percebeu o aborrecimento em seu tom de voz e respondeu:
- Desculpe me, querida. Não quis te dar a impressão que te esqueci. Eu estive muito ocupado com o trabalho.- ele levou a mão dela aos lábios e deixou um beijo suave no dorso dela, e o contato da boca dele em sua pele a fez estremecer.
- Eu entendo. Acho melhor eu ir. Não quero atrapalhar seu trabalho, e muito menos receber outros olhares de reprovação de sua secretária.- Anne disse, fazendo menção de se levantar, mas Gilbert a fez ficar sentada ainda segurando em sua mão.
- Você não atrapalha, e Rebeca não manda no escritório, e eu recebo quem eu quiser. Então, por favor, fique.- ele beijou sua mão novamente, enquanto não tirava os olhos dela. Anne sentiu sua garganta secar. Ela não queria entender o que realmente havia por trás de insinuações veladas de Gilbert Blythe, enquanto ele não largava sua mão e fazia ter consciência que aquele homem ali na sua frente era capaz de fazer o que quisesse com ela, pois seu coração já suspirara por ele milhares de vezes seguidas em um espaço de vinte minutos.
- Eu preciso voltar para a loja. Tenho milhões de coisas para resolver.- Anne respondeu, e embora aquilo fosse mesmo verdade, ela também estava receosa de ficar mais um pouco e perder a linha, porque havia fogo demais nos olhos castanhos de Gilbert e sua vontade de se queimar nele estava cada vez maior.
- Está bem. Posso te fazer um convite? - ele disse, soltando a mão dela finalmente, mas deixando dentro de Anne uma sensação de perda que ela não compreendeu imediatamente, e que a fez responder quase sem pensar:
- Pode.
- Quer sair comigo amanhã?- Gilbert percebeu sua expressão de espanto e se apressou em dizer:- Como amigos, é claro.
- Claro, como amigos. Onde você vai me levar? - ela disfarçou sua decepção, tentando se agarrar ao fato de que iria sair com ele mais uma vez.
- Meu amigo tem um barzinho fora da cidade, bastante aconchegante e animado. Eu sempre vou lá quando quero relaxar. O que acha de ir comigo? - Anne pensou por um segundo, mas nem precisava desse tempo, pois já tinha aceitado antes mesmo de verbalizar sua afirmativa. E não foi uma surpresa para si mesma quando disse:
- Aceito. A que horas devo te esperar?- ela perguntou, se levantando da cadeira onde estivera sentada até aquele minuto.
- Às oito. Não vou me atrasar, eu prometo. - Ele disse também se levantando e a acompanhando até a porta.
- Eu sei. Quando é a inauguração da sua loja?- Anne perguntou por curiosidade, mas a verdade era que estava um pouco apreensiva com a abertura da nova loja. Não se falava de outra coisa na Quinta Avenida.
- Na próxima semana, por que? Está com medo de perder nossa aposta?- ele perguntou com petulância.
- Eu nunca vou perder para você. - Anne disse com uma petulância maior que a dele.
- Adoro uma mulher confiante.- Gilbert sussurrou perto de seu ouvido antes de dar-lhe um beijo no rosto.
Maldito! Porque tinha que deixá-la a ponto de cair das pernas toda vez que fazia algo inesperado daquela natureza.? Tinha que se proteger mais ou entraria na cova do lobo antes que percebesse.
-Te espero amanhã, Blythe.- ela disse já no corredor.
- Estarei lá. - Antes de finalmente deixá-la ir.
O dia seguinte demorou a chegar, e por mais que Anne fingisse externamente que não ligava pelo fato de Gilbert tê-la convidado pra sair de novo, por dentro ela estava quase surtando. Por esta razão, ela se arrumou com todo o esmero possível, e esperou por Gilbert no andar de baixo, olhando de cinco em cinco minutos para o relógio, ansiosa pela chegada dele.
Felizmente sua mãe não estava em casa, pois tinha saído com John para fazerem uma caminhada juntos. Outra coisa pela qual tinha que agradecer ao pai de Gilbert, por estar acrescentando um pouco mais de vida saudável nos dias de sua mãe, que por três anos raramente vira a cara da rua, e se recusara a tomar até um pouco de sol no parque logo em frente da casa quando Anne a convidava.
Se sentiria desconfortável se sua mãe percebesse o quanto já estava envolvida por Gilbert, e não queria que ela testemunhasse sua patética necessidade de esconder o que sentia, depois de ter jurado a quem quisesse ouvir que homem nenhum a prenderia novamente em uma gaiola dourada. E agora se via quase subindo pelas paredes por um homem que a provocava de todas as maneiras, e o pior de tudo é que estava amando cada um desses momentos e não sentia vergonha nenhuma de admitir.
Talvez o seu namoro morno com Roy fosse o culpado de Anne estar de quatro pelo Blythe mais novo. Seu ex-noivo nunca lhe provocara aquele furor de sentimentos que a deixava fora de órbita por incontáveis horas, e nem a fazia sorrir feito boba por um único elogio que fosse, já que raramente a elogiava. Gilbert era um gentleman quando lidava com uma mulher, além de fazê-la se sentir única no mundo quando a olhava daquela maneira especial.
Ele até podia se valer de seus atributos físicos para conquistá-la, e sua lábia de Dom Juan para seduzi-la como desejava, mas Anne nunca se sentira tão valorizada por um homem como Gilbert a fazia se sentir, e queria aproveitar mesmo que fosse por breves momentos essa sensação de ser uma mulher desejada em todas as fibras de seu corpo.
O toque da campainha a fez acordar de suas reflexões, e não precisou de um segundo toque para que ela corresse para atender, sabendo em seu íntimo que era Gilbert. Ao abrir a porta, seu coração quase entrou em falência múltipla ao ver Gilbert usando roupas casuais. Ele ficava bem em qualquer traje fosse ele formal ou não, e aquela combinação de camisa vinho, com as mangas dobradas até o cotovelo, alguns botões abertos que deixavam os pelos escuros daquela região a mostra, calça jeans apertada nos quadris masculinos na medida certa, e aquele cabelo charmoso que ele não fizera questão nenhuma de domar naquele dia com algum produto próprio para isso, caindo ao redor de sua testa em uma profusão única de cachinhos perfeitos eram o suficiente para fazê-la ficar vidrada nele a noite toda.
-Você está linda.- ele teve o cuidado de dizer, enquanto encarava a calça social preta skinny de Anne e sua blusa de cashmere azul marinho que da mesma forma que a calça deixava suas curvas ainda mais femininas, e pensava que aquela mulher era uma deusa que brincava perigosamente com a sua mente. Até onde ele sustentaria aquela ideia de amizade, o rapaz não sabia, mas tinha uma forte impressão que aquela noite seria um teste imenso para sua sanidade mental.
- Obrigada. Você é sempre gentil. - Anne disse.- Quer entrar e tomar alguma coisa antes de irmos?
- Não, acho melhor pegarmos a estrada.- ele respondeu com um de seus sorrisos mais charmosos, e Anne logo imaginou quanta bebida teria que ingerir para escapar do encanto daqueles olhos castanhos a noite toda.
Gilbert a conduziu até o carro, abriu a porta para ela e esperou que Anne se ajeitasse no banco do carona, antes de sentar atrás do volante, e começar a dirigir seu carro conversível. E durante o tempo em que ficaram confinados no pequeno espaço do veículo, eles conversaram descontraidamente, riram mais descontraidamente ainda, embora nenhum dos dois realmente se sentisse tão descontraídos assim. Havia uma eletricidade no ar que nenhum deles conseguia ignorar, como uma força os puxando de um para o outro.
O barzinho do qual Gilbert lhe falaram ficava a dois quilômetros fora da cidade, em uma área calma, mas bastante movimentada por conta de ser o único estabelecimento daquele tipo por ali. Assim que entraram, Anne adorou o ambiente espaçoso, havia bastante privacidade entre uma mesa e outra, a música era suave e a decoração bastante moderna. Gilbert havia reservado uma mesa discreta de canto onde havia uma enorme janela da qual eles poderiam ter acesso a movimentação do lado de fora. No momento em que se sentaram, um garçom veio atendê-los e tanto Anne quanto Gilbert optaram por canapés de camarão e para beber o rapaz convenceu Anne a provar tequila.
- Eu acho que é um pouco forte para mim. - Ela tentou protestar.
- Onde está seu espírito de aventura, Anne Shirley? Você precisa ter coragem de para experimentar coisas novas.
- Eu ainda não sei.- ela disse hesitante.
- Apenas experimente. Se não gostar pedimos outra coisa. - Gilbert sugeriu com aquele olhar que não a deixava negar-lhe nada.
- Tudo bem, mas se eu ficar bêbada, você vai ter que me carregar no colo.- ela disse cheia de humor.
- Será um prazer.- Gilbert disse, e aquela voz rouca aguçou todos os sentidos de Anne. Ela estava se deixando levar pela onda sensual que tinha se estabelecido entre os dois desde o dia anterior, e não estava fazendo nenhum esforço para sair dela
A comida e a bebida chegaram, e Gilbert a ensinou a espremer umas gotinhas de limão para intensificar o sabor. Ao primeiro gole, sua garganta queimou e algumas lágrimas lhe subiram aos olhos, fazendo Gilbert perguntar:
- Está tudo bem?
- Sim.- ela respondeu, sendo mais cuidadosa ao tomar o segundo gole. Depois de algum tempo, ela se acostumou ao sabor forte, mas tentou não exagerar, pois sabia o quanto era fraca para bebida e não queria acordar de ressaca no dia seguinte.
Às dez horas, o karaokê foi aberto e Gilbert perguntou:
- Quer tentar?
-Eu sou uma péssima cantora, Gilbert. - Anne respondeu balançando a cabeça.
- Onde estão seu espírito de aventura? - ele perguntou pela segunda vez naquela noite, e ela se viu seguindo-o até o palco, e se sentindo incrivelmente tímida por estar em frente a um bando de gente que olhava para ambos bastante interessados na performance dos dois.
- O que vai ser?- Anne perguntou ao ver Gilbert observando a lista de músicas disponíveis.
- Você escolhe.- ele disse.
- Eu quero Don't go breaking my heart. Elton John.
- Ótima escolha.- Gilbert disse animado.
E assim, Gilbert selecionou a música e começaram a cantar:
Don't go breaking my heart (Gilbert)
I couldn't if I tried (Anne)
Honey, if I get restless (Gilbert)
Baby, you're not that kind (Anne)
Don't go breaking my heart (Gilbert)
You take the weight off me (Anne)
Honey, when you knocked on my door (Gilbert)
Oh, I gave you my key (Anne)
Oh-oh
Nobody knows it (Gilbert e Anne)
When I was down (Anne Gilbert)
I was your clown (gilbert)
Oh-oh
Nobody knows it (Gilbert e Anne)
Right from the start (Gilbert)
I gave you my heart (Anne)
Oh, I gave you my heart (Anne)
So don't go breaking my heart (Gilbert)
I won't go breaking your heart (Anne)
Don't go breaking my heart ( Gilbert e Anne)
And nobody told us (Gilbert)
'Cause nobody showed us (Anne)
And now it's up to us, babe (Gilbert)
Oh, I think we can make it (Anne)
So don't misunderstand me (Gibert)
You put the light in my life (Anne)
Oh, you put the sparks to the flame Gilbert)
I've got your heart in my sights (Anne)
Oh-oh
Nobody knows it (Gilbert e Anne)
When I was down (Gilbert)
I was your clown (Anne)
Oh-oh
Nobody knows it (nobody knows) (Gilbert e Anne)
Right from the start (Gilbert)
I gave you my heart (Anne)
Oh, I gave you my heart (Anne)
Don't go breaking my heart (Gilbert)
I won't go breaking your heart (Anne)
Don't go breaking my heart (Gilbert e Anne)
Oh-oh
Nobody knows it (Anne e Gilbert)
But when I was down (Gilbert)
I was your clown (Anne)
Right from the start (Gilbert)
I gave you my heart (Anne)
Oh, I gave you my heart (Anne)
Don't go breaking my heart (Gilbert)
I won't go breaking your heart (Anne)
(Don't go breaking my) (Anne e Gilbert)
(Don't go breaking my) (Anne e Gilbert)
Don't go breaking my heart (Gilbert)
(Don't go breaking my)(Anne e Gilbert)
(Don't go breaking my) (Anne e Gilbert)
I won't go breaking your heart (Anne)
Don't go breaking my heart ( Gilbert)
(Don't go breaking my) (Anne e Gilbert)
I won't go breaking your heart (Anne)
Don't go breaking my heart (Gilbert)
(Don't go breaking my) (Anne e Gilbert)
I won't go breaking your heart (Anne)
Don't go breaking my heart (Gilbert)
(Don't go breaking my) (Anne e Gilbert)
I won't go breaking your heart (Anne)
Don't go breaking my heart (Gilbert)
Don't go breaking my (Anne e Gilbert)
I won't go breaking your heart (Anne)
Não Vá Partir Meu Coração
Não vá partir meu coração
Eu não poderia mesmo que tentasse
Querida, seu eu ficar impaciente
Meu bem, você não é desse tipo
Não vá partir meu coração
Você retira um peso de mim
Querida, quando você bateu na minha porta
Oh, eu te dei minha chave
Oh-oh
Ninguém sabe disso
Quando eu estava deprimida
Eu era o seu palhaço
Oh-oh
Ninguém sabe disso
Direto desde o início
Eu te dei meu coração
Oh, eu te dei meu coração
Então não vá partir meu coração
Eu não vou partir seu coração
Não vá partir meu coração
E ninguém nos contou
Pois ninguém nos mostrou
E agora é conosco, meu bem
Oh, eu acho que podemos conseguir
Então não me entenda mal
Você coloca a luz em minha vida
Você coloca as centelhas no fogo
Eu tenho seu coração em minha mira!
Oh-oh
Ninguém sabe disso
Quando eu estava deprimida
Eu era o seu palhaço
Oh-oh
Ninguém sabe disso
Direto desde o início
Eu te dei meu coração
Oh, eu te dei meu coração
Não vá partir meu coração
Eu não vou partir seu coração
Não vá partir meu coração
Oh-oh
Ninguém sabe disso
Quando eu estava deprimida
Eu era o seu palhaço
Direto desde o início
Eu te dei meu coração
Oh, eu te dei meu coração
Não vá partir meu coração
Eu não vou partir seu coração
(Não vá partir meu)
(Não vá partir meu)
Não vá partir meu coração
(Não vá partir meu)
(Não vá partir meu)
Eu não vou partir seu coração
Não vá partir meu coração
(Não vá partir meu)
Eu não vou partir seu coração
Não vá partir meu coração
(Não vá partir meu)
Eu não vou partir seu coração
Não vá partir meu coração
(Não vá partir meu)
Eu não vou partir seu coração
Não vá partir meu coração
Não vá partir meu
Eu não vou partir seu coração
Enquanto a música rolava, e ambos estavam envolvidos por ela, Gilbert não pôde deixar de observar o rosto lindo e corado de Anne como ela também não podia deixar de notar o olhar intenso de Gilbert sobre ela. Seu corpo estava quente como nunca havia estado antes, e ela não sabia dizer se era por causa da bebida, da excitação de estar fazendo algo completamente novo para ela, ou se por causa do rapaz que sabia envolvê-la com seu charme e sensualidade. Talvez fosse tudo aquilo junto, aliado ao fato de que seu coração já tinha sido completamente conquistado pelo homem que a olhava naquele instante como se ela fosse a mulher mais linda da face da terra.
Assim, eles terminaram de cantar, sendo aplaudidos efusivamente pelas pessoas que os tinham observado cantando, e ninguém diria que aqueles dois jovens não estavam apaixonados um pelo outro pela maneira como se olhavam naquele instante. Eles voltaram para a mesa totalmente imersos naquela magia que não abandonou mais os dois até o final da noite quando Gilbert pagou a conta, e eles decidiram ir para casa.
No meio do caminho, o carro de Gilbert inexplicavelmente começou a falhar, e olhando preocupado para Anne, ele disse:
- Eu não sei o que está acontecendo. Esse carro passou por uma revisão recentemente. Vou parar um instante para ver se descubro a causa do problema.- Anne assentiu, e durante quinze minutos, Gilbert tentou de tudo o que sabia sobre carros, e nada de chegar ao problema. Sem ter o que fazer, ele ligou para o mecânico, que disse que só chegaria dali a uma hora. Assim, ele voltou para o carro, e deu a má notícia para Anne que respondeu, tranquilizando-o:
- Tudo bem, a culpa não foi sua. Isso pode acontecer com qualquer um.
- Eu sei, só não queria que nossa noite terminasse assim.- Gilbert disse, se lamentando.
- Eu não estou chateada, Gilbert. Uma hora não é muito tempo.
- O que quer fazer enquanto esperamos? - Ele perguntou, e a maneira como ele disse aquilo ateou fogo em suas veias que respondeu quase em um sussurro.
- Algo que desejo fazer desde o momento que pus os olhos em você ontem.- sem que Gilbert esperasse, Anne o puxou para um beijo, e quando seus lábios se colaram, o desejo entre eles explodiu com uma sede insana. Suas línguas se chocaram em uma dança erótica, e Anne suspirou ao sentir as mãos de Gilbert descerem até os seus quadris, e desejando ficar mais próxima ainda dele, ela se livrou do cinto de segurança, e se sentou no colo dele enquanto Gilbert fazia o mesmo com o dele.
O aroma de Anne começou a seduzir seus sentidos, e o rapaz transferiu as mãos que estavam nos quadris dela para dentro da blusa da ruivinha que não protestou em nenhum momento, deixando-o sentir a pele sedosa que ele estava louco para tocar com os lábios, mas não quis ousar demais.
Anne por sua vez, pouco se importava com controle, pois os beijos de Gilbert a estavam deixando tão fora de si, que tudo o que desejava era experimentar mais daquele homem a quem tinha resistido por tempo demais. Seus dedos subiram pelo peito dele, até alcançarem cada um dos botões da camisa que ela desabotoou um por um até deixar o tórax todo dele exposto ao seu bel prazer. Antes de fazer o que desejava, ela o observou por um instante e disse mergulhada nos olhos castanhos, cuja íris pareciam maiores enquanto esperavam pelo o que ela tinha em mente:
- Você inteiro é uma tentação.- e então, ela desceu os lábios até o pescoço de Gilbert, descendo devagar até o peito, ao mesmo tempo em que suas mãos o tocavam na região mais abaixo até chegarem ao abdômen perfeito que ela vinha cobiçando desde sempre.
Perdido na sensualidade daquela mulher que o tocava sem pudor, Gilbert ofegava, e sentia que ficava mais difícil a cada segundo controlar sua vontade de levá-la para o banco de trás do carro e saciar seu desejo cada vez mais crescente naquele corpo enlouquecedor. Mas não sentia que era certo fazer amor com ela dentro de um carro no meio do nada. Anne merecia lençóis de seda, taças de champanhe e pétalas de rosa, e por mais que a quisesse, não se sentiria bem que tudo entre eles acontecesse daquela maneira.
Por isso, ele a afastou com certa relutância e disse:
- Anne, por favor, pare.
- Por que? - ela disse, olhando-o confusa, e um tanto envergonhada por ter tomado a iniciativa. Talvez se colocasse culpa na tequila, Gilbert acreditasse e não a julgasse tão negativamente, mas o que ele lhe disse a seguir a deixou profundamente encantada por ele ainda mais.
- Eu quero você e a tanto tempo que você não faz ideia. Mas eu acho que devemos ir devagar, pelo menos hoje. Esse carro não é o lugar mais apropriado para fazermos o que queremos.
- Quanto cavalheirismo, Sr. Blythe. - Ela disse brincando, enquanto sentia as mãos dele em seu rosto, tocando-o com suavidade .
- Você não faz ideia do quanto é linda, e do quanto eu tenho sonhado em ter você em meus braços. Você é especial demais para mim para que estrague tudo por um momento impensado.
- E a nossa amizade? Ainda quer ser meu amigo? - ela perguntou, abotoando a camisa dele, ao mesmo tempo em que o olhava com malícia.
- Acho que já ultrapassamos essa linha a bastante tempo, não acha?- ele disse com certo humor, enquanto a ajudava a se sentar no banco do carona novamente.
- Então o que quer fazer com o que há entre nós?- ela perguntou com o rosto sério.
- Me deixa te conquistar da minha maneira, te mostrar que pode confiar em mim. Eu sei que seu coração ainda está machucado, e que precisa de tempo para se curar. Então, me deixa fazer isso por você. Me deixa te curar, Anne.- ela sentiu a sinceridade de Gilbert em cada palavra dele, e não conseguiu dizer não a tanta demonstração de carinho por parte dele, por isso ela respondeu:
- Está bem. Eu te deixo me curar, Gilbert. E em seguida, foi a vez dele de juntar seus lábios para um beijo, e quando se separaram ele a envolveu em um abraço aconchegante e ficaram assim até que o mecânico chegou e eles finalmente puderam ir para casa.
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