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Capítulo 11- Invisível aos olhos


  Olá, pessoal. Capítulo novo de all about. Espero que se divirtam mais uma vez com esse casal teimoso e cabeça dura, e me deixem seus comentários para que eu saiba se estão gostando da história e assim eu possa continuá-la

ANNE E GILBERT

- O canalha teve a coragem de fazer isso com você? - Cole perguntou, segurando na mão de Anne enquanto estavam sentados no escritório da loja antes do expediente começar. Diana tinha se juntado a eles a alguns minutos, e mantinha seu braço direito em volta do ombro da amiga, ao mesmo tempo em que a ruivinha contava sobre o fracasso recente de seu noivado.

- Eu ainda não entendo como me deixei enganar por três anos.- Anne disse em voz alta, o que se perguntará silenciosamente várias vezes na noite anterior , enquanto gastava quase uma caixa inteira de lenços de papel por conta das lágrimas que derramara ao se lembrar do fim de seus sonhos e planos, que idealizara ao lado de Roy Gardner.

Se contasse a Cole, ele lhe diria que não valia a pena desperdiçar lágrimas por causa de um homem como seu noivo que a enganara e traíra, e a fizera acreditar em algo que nunca existira. Porém, Anne pensava diferente, pois as lágrimas que derramara não fora por Roy, mas sim por si mesma, e por isso estava no direito de colocar sua autopiedade para fora, mesmo que fizesse isso trancada em seu quarto, tendo apenas Morgana como testemunha de sua tristeza..

- A pessoa traída sempre é a última a saber, querida. Você acreditava que Roy te amava, e apesar da frieza com a qual ele conduzia o relacionamento de vocês, o rapaz nunca te deu motivos para desconfiar que tinha outra mulher. Eu mesmo, nunca imaginei que um calhorda como ele pudesse ter um affair por aí. Bem, existe gosto para tudo, não é? - Cole disse com uma de suas colocações cínica. - O importante agora é que você fique bem, minha amiga.- o rapaz disse, beijando a mão dela com carinho.

- Você não contou como foi seu jantar com Gilbert Blythe.- Diana perguntou, fazendo Anne corar ao se lembrar de como o beijara e ele tinha correspondido.

- O que? Você saiu para jantar com aquele deus grego e não me contou? - Cole se levantou da cadeira em um pulo, fazendo Anne e Diana rirem ao mesmo de sua expressão chocada. - Agora eu também quero saber tudo desse encontro.

- Não há muito para contar, saímos para jantar como amigos, e depois ele me levou para casa quando eu devolvi meu anel de noivado ao Roy.- Anne finalizou sua narrativa e riu mais uma vez da expressão agora decepcionada de Cole quando disse:

- Só isso?- Anne pensou por um instante se devia contar como sua noite com Gilbert terminara, sabendo bem como Cole iria fantasiar tudo aquilo, mais então ela decidiu que não fazia mal nenhum em partilhar com seus melhores amigos o que acontecera, uma vez que não pretendia deixar que ocorresse de novo.

- Eu o beijei.- ela disse de repente, observando o sorriso discreto de Diana diante de sua confissão enquanto Cole parecia que ia ter um colapso nervoso, tamanha sua agitação.

- Não acredito que ouvi isso. Meu Deus! Minhas preces foram ouvidas. Acho que terei que atravessar toda a nave da igreja de joelhos na próxima missa para pagar por esse milagre. - Cole disse, com as mãos levantadas em prece e de olhos fechados, e assim que tornou a abri-los, ele lhe perguntou parecendo ansioso pela resposta :- Conta para a gente como foi.

- Foi só um beijo, Cole. Não há razão para toda essa sua empolgação.- Anne respondeu, tentando parecer neutra em relação a aquele fato, e não dar importância ao seu coração que agia diferente de suas palavras.

- Ah, não me deixa curioso. Como é beijar aquele homem gostoso ?

- Você só vai me deixar em paz quando eu contar todos os detalhes, não é?- Anne perguntou, cruzando as mãos em cima da mesa.

- Querida, eu estou contando com isso.- Cole disse, esperando que sua amiga fosse boazinha e matasse sua curiosidade.

- Tudo bem. Cole. Você venceu. Aqui está sua resposta. Beijar Gilbert foi digamos, quente. - Anne disse, sentindo a palavra em sua pele. Tinha sido mais do que aquilo, mas não poderia confessá-lo, pois nem para si mesma queria admitir o real significado daquele beijo.

- Você quer dizer que sentiu tesão por aquele pedaço de mau caminho. Não te culpo. No seu lugar eu sentiria o mesmo.- Cole disse de sua maneira direta que fez Anne responder.

- Isso não é verdade. Não coloque palavras na minha boca.- Gilbert era lindo, e não tinha dúvidas que ter um contato mais íntimo com ele seria excitante, mas ela não estava a fim de quebrar seu coração uma segunda vez.

- Então, por que o beijou?- Cole perguntou com as mãos na cintura . Anne olhou para Diana ainda sentada do seu lado, e percebeu que embora a morena não dissesse nada, a ruivinha podia ver nos olhos dela que ela também queria saber sua explicação por ter beijado Gilbert Blythe.

- Eu me senti uma tola por ter me privado de algo que poderia ter acontecido antes porque quis respeitar meu suposto noivo. Mas, não passou disso. Foi apenas um beijo quente que não tenho a menor intenção de repetir. - Anne respondeu, tentando não se lembrar de todas as sensações que sentira quando Gilbert a beijara de volta. Não queria mais pensar naquilo, pois sabia bem como sua imaginação fértil funcionava.

- Não sei porque disse isso, Anne. Você está sozinha agora, o que te impede de se relacionar com Gilbert além da amizade que vocês dois tem?- Diana perguntou, se manifestando pela primeira vez sobre aquele assunto.

- Tudo me impede de me relacionar com ele. Vocês dois não percebem ? Gilbert pode ser um cavalheiro, mas, ele ainda é o mesmo Dom Juan que nós conhecemos, e isso não mudou só porque ele me levou para jantar ontem à noite. Além do mais, eu acabo de sair de um relacionamento, e não quero entrar em outro logo de cara, ainda mais com um homem em quem emocionalmente eu não confio.- esse era seu maior medo de todos. Gilbert a tinha ajudado naquele seu momento complicado com Roy, mas, isso não queria dizer que confiaria a ele seu coração.

- Sem querer te influenciar, Anne, mas, Jerry sempre me fala sobre o Gilbert, e ele não me parece ser da maneira como o descreve. Já pensou que pode ter uma ideia errada dele?- Diana a questionou.

- Não importa como ele seja, eu não quero me envolver com ninguém. - Anne afirmou, e ela sabia bem porque resolvera colocar na cabeça que Gilbert Blythe era exatamente igual a metade da população masculina em geral. Não queria um motivo para gostar dele, ou aumentar a atração que sentia e que por si só era bastante perigosa. Na noite anterior ela tivera um gostinho de como seria estar com ele em outro nível que não fosse da amizade, e se deixar seduzir por aquela chama que vira nos olhos castanhos por ela, era o mesmo que queimar sua alma em uma fogueira, e depois de Roy, emoções intensas e sem controle eram a última coisa que desejava.

- Então, você resolveu que vai se tornar uma tia solteirona e sexualmente frustrada?- Cole perguntou, inconformado com a resposta que ela dera a Diana.

- Não vejo nada de mal nisso desde que eu possa preservar minha paz de espírito. - Anne disse, consultando o relógio e percebendo que faltavam exatamente cinco minutos para abrirem a livraria.

- Eu não entendo. Você tem um banquete inteiro à sua disposição e prefere recusá-lo a se esbaldar nele. Então, por que não tenta o site de relacionamentos no qual te inscrevi? Quem sabe não encontra sua cara metade por lá?

- Cole, muito obrigada pelo interesse em minha vida amorosa, mas realmente não estou aberta a novos relacionamentos. É cedo demais. Agora, vamos ao trabalho porque nosso horário de bate papo se esgotou.- Anne disse, encerrando o assunto, e saindo de escritório em companhia de seus dois amigos e funcionários.

Em um dos edifícios no centro de Nova Iorque naquele instante, Gilbert olhava pela janela imensa de seu escritório sem realmente prestar atenção no que acontecia do lado de fora. Sua mente viajava até o jantar do dia anterior, fazendo-o lembrar de cada detalhe.

Tinha sido uma noite perfeita em companhia da mulher mais interessante que encontrara nos últimos tempos, até o momento em que cruzaram com o cafajeste do noivo dela. Se não fosse pelo estado de ânimo depressivo de Anne depois do ocorrido, a noite teria terminado da forma como planejara.

Era verdade, que o beijo que ela lhe dera de forma inesperada fora o ponto alto do encontro, mas, eu sua imaginação eles teriam trocado muitos deles e não apenas um. Provar daquela boca macia não aplacara o desejo que sentia por ela como imaginara, mas, sim tornara maior sua necessidade de tê-la, e ficara imaginando quando isso aconteceria ou se aconteceria.

O improvável era sempre mais excitante, e não saber o que se passava na cabeça de Anne o deixava ainda mais interessado em descobrir. Ela era um ponto de interrogação tão grande, que o incitava a se esforçar um pouco mais para chegar até ela, e descobrir o que ela não queria que ele soubesse.

Seu olhar se endureceu um pouco ao pensar em Roy Gardner. Sem o saber, aquele idiota tinha lhe feito um favor, mas ao menos tempo Gilbert desejava que não fosse daquela maneira. O preço pago por Anne fora muito alto, e ele se sentia mal pelo que Roy fizera com ela. Como se perdia uma mulher como aquela? Como Roy não percebera o que jogará fora ao trai-la com outra mulher?

Até o jantar, Gilbert a achava interessante, alguém que valia a pena conhecer, porém, após aquele jantar, o rapaz percebera que apenas conhecê-la no termo superficial não era suficiente, ele precisava conhecê-la profundamente e para isso necessitava de mais tempo com ela e não apenas um jantar.

Fora uma pena que Anne tivesse descoberto a safadeza de Roy justo naquela noite em que ele tinha pensando em convencê-la a esticar a noite até um clube local. Queria que Anne tivesse um pouco mais de acesso à vida dele, do que ele mais gostava e que entendesse como sua cabeça funcionava em relação a determinadas coisas. Gilbert não sabia bem porque era tão importante que Anne mudasse sua ótica a respeito dele, mas, o rapaz admitia que a queria em sua vida por tempo indeterminado.

Seu celular sinalizou uma mensagem, e Gilbert ao checá-la percebeu que era um lembrete do batizado do bebê de Ruby. Ele mesmo o agendara em seu celular para que não se esquecesse, e deixasse a mulher do primo chateada.

De repente a ideia lhe agradou imensamente porque era uma oportunidade de rever sua família, e convidar Anne para ir com ele. Gilbert não tinha ideia se ela aceitaria, mas não custava tentar.

Sem que o planejasse previamente, ele arrumara um outro pretexto para falar com ela às dez da manhã, o que normalmente não faria se levasse em conta sua agenda apertada naquele dia. Segunda-feira sempre era um pesadelo. Ele tinha reuniões frequentes e milhares de e-mails para responder. Às vezes ele se perguntava se o mundo dos negócios sabia o que era fim de semana, porque enquanto ele curtia mais horas merecidas de sono, sua caixa de e-mail ficava abarrotada de trabalho. Ele não devia se espantar, pois seu pai o alertara quando começara naquela profissão, que o mundo corporativo era extremamente exigente, e podia sugar até a última gota de sua vida profissional e pessoal se ele assim o permitisse, por isso, ele deixou qualquer pensamento relacionado ao trabalho naquele instante, e fez o que seu coração exigia..

- Alô. - A voz de Anne suave do outro lado da linha o deixou desorientado por alguns segundos, pois o lembrou de como a tivera em seus braços na noite anterior por exatos cinco minutos, mas logo voltou a realidade, ao perceber que Anne repetira o alô pela terceira vez.

- Bom dia, Anne. É o Gilbert.

- Bom dia, Gilbert. - Anne respondeu de um jeito bem diferente do que ele esperava . O tom dela era frio, quase formal.

- Como você está? - Ele realmente queria saber, pois ficara preocupado com a reação dela ao ver seu noivo, em termos amorosos com outra mulher.

- Eu estou ótima. - Ela respondeu um pouco alto demais quase como se estivesse zangada por ele ter perguntado.

- Que bom saber disso e estou te ligando para te fazer um convite.- ele disse com cuidado, intimidado pelo tom pouco amigável do outro lado, o que o fez se perguntar o que poderia ter acontecido para terem regredido em seu relacionamento de novo. Era óbvio que não esperava que Anne o tratasse com intimidade como sempre acontecia com as outras garotas um dia depois de ele tê-las levado para sair, mas, o mínimo de simpatia da parte dela já o teria deixado satisfeito.

- Antes que você continue, eu quero esclarecer o beijo de ontem. Espero que não tenha entendido errado o meu gesto, e nem o supervalorize. O que aconteceu foi que eu estava me sentindo péssima pela situação com o meu ex noivo, e acabei te envolvendo no meu problema.- ela estava constrangida, Gilbert sentiu pela maneira como ela falara com ele, mas esse fato não impediu que o rapaz ficasse chateado pelo que ela lhe dissera.

- Quer dizer que me usou como compensação para de certa forma se vingar de seu noivo.- ele disse, embora não pensasse daquela maneira, queria chateá-la da mesma maneira que ela fizera com ele.

- Não foi assim. Mas, eu queria que entendesse que nossa relação não vai passar da amizade.- ela se preocupou em mais uma vez explicar.

- Não sei porque pensou que meu telefonema tem outro intuito a não ser me certificar como amigo que você está realmente bem.- ele disse quase ríspido, pois detestava quando as pessoas pré julgavam suas ações.

- Eu só queria que você não confundisse as coisas.- ela disse dessa vez de forma mais branda, mas essa atitude não aplacou sua irritação que lhe respondeu:

- Eu não sou um moleque ingênuo para não entender o que aconteceu ontem, e muito menos um canalha como seu ex noivo para me aproveitar de sua vulnerabilidade em favor próprio. Eu não sei com que tipo de homem você está acostumada, mas, eu com certeza não me encaixo nesse perfil.- ele sabia que tinha sido mais indelicado do que pretendia, mas, Gilbert estava realmente chateado com as insinuações de Anne a respeito do seu caráter, mesmo que ela não falasse com todas as letras o que pensava dele, estava implícito em cada linha de suas palavras.

- Desculpe-me , eu não queria ofendê-lo.- Anne disse, parecendo estar sem graça pelo jeito como ele expusera tudo às claras.

- Não ofendeu, só quis que entendesse que não deve me comparar ao Roy, pois sou um homem e não um garoto inconsequente. Somos amigos, e entendo isso muito bem.- ele disse, cada vez mais chateado com aquela conversa.

- Entendi, e desculpe mais uma vez pelas minhas conclusões apressadas.- ela se desculpou de um jeito tão doce que ele quase amoleceu, mas, se segurou. Não ia deixar que sua atração por ela o colocasse na posição de desculpá-la quando ainda se sentia atingido por suas palavras.- E o convite que queria me fazer?- ela perguntou, e ainda magoado Gilbert respondeu:

- Esquece, não era nada importante. Fico feliz que esteja bem apesar de tudo. Tenha um bom dia.- ele finalizou a conversa, e mal ouviu o que ela falou, desligando o aparelho com uma sensação ruim por dentro.

Por alguns minutos, Gilbert ficou olhando para o nada e se perguntando por que importava tanto o que Anne pensava dele a ponto de deixá-lo de mau humor, pois todas as vezes que alguma garota o acusara de ser um aproveitador qualquer, ele apenas rira sem pensar uma segunda vez sobre o assunto. No entanto, com Anne ele estava incomodado demais para que agisse de forma indiferente como todas as outras vezes, e esse fato estava lhe rendendo mais preocupações do que devia.

- Gilbert, você me pediu para avisá-lo de sua consulta com o dentista. É daqui a uma hora. – Rebeca, sua secretária o avisou com seu costumeiro sorriso que Gilbert sabia bem que não era apenas por simpatia, mas, porque tinha um apreço especial por seu chefe. Ela era bonita, tinha grandes olhos verdes e cabelos loiros que chegavam até a cintura, bem feita de corpo e bastante inteligente. Gilbert até considerara algumas vezes em convidá-la para sair, mas, depois pensou melhor e chegou à conclusão de que não seria uma boa ideia misturar trabalho com diversão.

- Obrigado, Rebeca. Eu tinha me esquecido completamente.- Gilbert disse sorrindo sem muito humor para a garota que continuava observando-o com curiosidade.

- Por nada. Se tiver mais alguma coisa que eu possa fazer por você é só me avisar.- ela respondeu, deixando uma sutil insinuação no ar. Gilbert a encarou por um breve segundo, e viu os olhos dela brilhando em sua direção. Bastava uma palavra sua e sabia que já tinha ganho a garota sem nenhum esforço, mas, de repente, olhos azuis invadiram sua mente, varrendo de vez qualquer vontade por mínima que fosse para olhar para outra mulher que não fosse uma ruivinha difícil, mas especial.

- Estou saindo, e só volto depois do almoço. Anote todos os recados e me informe por meio de mensagem se aparecer algo urgente.- Gilbert disse, se levantando de sua mesa e caminhando em direção a porta.

O consultório de Billy Andrews ficava a exatamente cinco quadras do escritório, e por isso, não foi um grande transtorno chegar lá em plena segunda-feira no horário em que o trânsito no centro de Nova Iorque ficava impossível de dirigir um carro, sem se atrasar para algum compromisso, e para evitar que isso acontecesse com ele, Gilbert foi a pé até lá, aproveitando para espairecer e deixar seus pensamentos livres de qualquer tensão.

O rapaz já o esperava e assim que a recepcionista do consultório o avisou de sua presença, Billy veio recebê-lo pessoalmente.

- Faz tempo que não aparece. Acho que sua última consulta foi a quase oito meses.- Billy comentou, apertando a mão de Gilbert vigorosamente.

- É verdade. Eu tenho estado bastante ocupado coma nova livraria que estamos construindo na Quinta Avenida, e como meu pai não está mais na ativa, sou o único responsável pelo projeto.- o rapaz explicou, acompanhando Billy para dentro de seu consultório.

- Você também sumiu de nossos jogos de tênis. O pessoal tem perguntado bastante por você.- Gilbert comentou, após se sentar na cadeira a qual Billy lhe apontou.

- Eu também ando muito ocupado com o trabalho. A clientela aumentou bastante, e como sabe, estou morando com meu atual namorado.- Billy explicou, lavando as mãos com cuidado antes de colocar suas luvas de trabalho.

- Eu sei. Josie vai ficar chateada.- Gilbert disse, se lembrando que Billy e sua amiga tinham tido um caso no passado, e mesmo sabendo que o rapaz era assumidamente bissexual, ela não perdera as esperanças de tê-lo de volta algum dia.

- Ela sempre soube que não éramos exclusivos, e eu estou muito bem ao lado de Cole. Ele e eu nos completamos.

- Eu queria poder dizer o mesmo de alguém algum dia.- Gilbert disse, enquanto seus pensamentos o levavam diretamente a Anne.

- E por falar nisso, como vai sua vida amorosa? Na última vez que no falamos você estava tentando um relacionamento com a Amanda. – Billy perguntou, colocando sua máscara e ajeitando os aparelhos que usaria com Gilbert.

- Não deu certo. Ela é carente demais, e prefiro mulheres mais independentes.

- Entendo, mas, no aniversário de Cole eu te vi bem íntimo de Anne Shirley Cuthbert que coincidentemente é a chefe dele. Alguma chance de rolar algo mais sério? Eu sei que ela é noiva, mas, te conhecendo como conheço, não creio que isso seja um grande obstáculo. Estou certo?

- Ela é muito interessante, não vou negar, mas, não acho que eu seja o tipo dela.- Gilbert respondeu, se lembrando automaticamente de seu telefonema desastroso daquela manhã. Ele não quis comentar sobre o término do noivado de Anne com Billy, pois não se achava no direito de falar de algo que só dizia respeito a ela.

- Eu conheço Anne a algum tempo, e ela sempre me pareceu alguém que valesse a pena conhecer mais profundamente. Por que não tenta?- Billy perguntou, sinalizando para que ele relaxasse seus músculos faciais.

- Acho que ela não me daria toda essa abertura.- Gilbert concluiu antes de fazer o que o dentista tinha lhe pedido.

- Nesse caso, se está a fim de conhecer alguém sem compromisso, por que não se cadastra nesses sites de relacionamentos? Eu conheço um bastante confiável que talvez lhe interessasse dar uma olhada- Billy sugeriu ao mesmo tempo em que iniciava o seu trabalho com Gilbert.

Enquanto sentia a picada da anestesia em sua boca fazer efeito, Gilbert pensou um pouco sobre a sugestão do amigo. Nunca lhe passara pela cabeça usar um site de relacionamentos para marcar um encontro, porque realmente nunca tivera necessidade disso, afinal companhia feminina nunca havia lhe faltado, no entanto, por que não tentar? Talvez ele precisasse de algo inovador para tirar uma certa ruivinha do seu pensamento, e prometeu a si mesmo dar uma olhada no site sugerido por Billy assim que chegasse em casa.

O relógio marcava cinco horas quando Anne decidiu que seu expediente do dia tinha terminado. Normalmente, ela ficava até a seis, horário no qual eles fechavam as portas da livraria, mas, naquela tarde em especial, Anne se sentia emocionalmente esgotada, e tudo o que queria era ir para casa e se refugiar em seu quarto. Além do fracasso de seu noivado que ainda era uma pílula difícil de engolir, o telefonema de Gilbert Blythe aquela amanhã acabara com seu pouco de paz. Ela não tivera a intenção de ofendê-lo ao frisar que ele deveria esquecer o beijo que ela lhe dera, e continuarem apenas como amigos, entretanto, o rapaz parecera ficar bem chateado com suas palavras, e ela nem tivera tempo de se desculpar devidamente, pois ele a cortara e terminara a ligação sem fazer-lhe o convite do qual comentara com ela no início da conversa. Ela estava se sentindo mal pela situação, pois de qualquer forma, fora Gilbert quem lhe dera apoio na noite anterior quando descobrira que seu noivo era um embuste completo. Não queria que ele se sentisse magoado com suas afirmações, mas, fora exatamente o que acontecera, e Anne somente esperava ter a chance de se desculpar.

Quando chegou em casa, encontrou Bertha a sua espera, fato que a deixou bastante satisfeita, pois nos últimos dias, sua mãe vinha fazendo um esforço maior para participar da vida doméstica da casa. No que se referia as atividades ao ar livre, Bertha ainda se mostrava extremamente resistente, porém, para Anne que vira a mãe se trancar no quarto por três anos inteiros, observá-la mudar de atitude aos poucos fazia com que suas esperanças de Bertha voltar a viver uma vida relativamente normal fossem renovadas .

- Como foi seu dia de trabalho, querida?- Bertha perguntou, mostrando em seu rosto bonito certa preocupação pela filha que havia lhe contado sobre o rompimento do noivado aquela manhã.

- Tudo bem, mamãe. E como foi seu dia? – Anne quis saber, deixando um beijo carinhoso no rosto perfumado de Bertha.

- Ótimo. Comecei a fazer um casaco de lã para você com pontos novo do meu tricô. Depois eu te mostro. – Ela disse com animação, e depois de forma mais cuidadosa comentou:- Você parece aborrecida.

- Eu recebi uma ligação de Gilbert hoje de manhã, e acabei o chateando com um comentário que fiz.- Anne contou com a naturalidade que sempre tivera ao conversar sobre tudo o que acontecia em sua vida para a mãe. Bertha fora sua amiga por toda vida, e não omitiria aquele fato dela justamente porque ela lhe presentearia com um conselho sensato.

- Você gosta dele.- Bertha comentou.

- Apenas como amigo.- Anne rebateu.

- Não precisa fingir comigo, filha. Eu vi como se olhavam no dia em que ele veio te buscar para o jantar, e vou te contar um segredo. Você sabe que sempre amei seu pai, e que ele foi o único homem em minha vida depois que o conheci.- Anne assentiu, dedicando toda a sua atenção a mãe enquanto arrancava os sapatos e se sentava no tapete para brincar com Morgana.- Mas, eu sempre tive uma certa queda por John Blythe.- ao captar o olhar de surpresa da filha, Bertha acrescentou.- Como disse, eu amava seu pai, mas não sou cega, e John sempre foi um homem bonito, charmoso e galanteador. É verdade que ele nunca me passou nenhuma cantada, pois respeitava muito seu pai e já estávamos casados, mas, John nunca precisou de muito para ter qualquer mulher que desejasse a seus pés, e imagino que isso deva também acontecer com Gilbert.

- É exatamente esse o problema. Gilbert já tem mulher demais no pé dele, e não estou disposta a me envolver com um homem que vive cercado de garotas loucas para fazerem sei lá o que com ele.- Anne disse desgostosa.

- Mas, ele quer você.- Bertha disse sorrindo.

- Não, ele não quer, mamãe. Somos bons amigos, e isso é tudo.- Anne respondeu. Não queria encher sua cabeça com suposições de sua mãe, principalmente porque não desejava se envolver com Gilbert mais do que tinha se envolvido. Não se arrependia de tê-lo beijado, mesmo porque o beijo tinha sido melhor do que tinha esperado, mas, não pretendia deixar que passasse disso.

- Se quer acredita nisso, fique à vontade, mas, nós duas sabemos que não existe apenas amizade entre vocês dois.- Bertha concluiu a conversa com essas palavras perturbadoras que assombraram Anne até minutos depois quando ela estava seguramente instalada em seu quarto.

Sentindo que não gostaria de pensar sobre aquilo mais do que pensara, a ruivinha decidiu que para escapar das armadilhas de sua mente em relação a Gilbert Blythe, ela iria fazer sua caminhada habitual em companhia de Morgana, e logo em seguida , se vestiu com suas roupas esportivas, agradecendo mentalmente sua mãe por ter tirado todas as roupas de Roy do seu guarda roupa, e tudo o que restou de seu ex-noivo fora o pacote com o a camisa que Gilbert comprara em reposição a que ficara arruinada, e um porta retrato do qual Anne ainda não se desfizera por motivos sentimentais, mas que naquele mesmo instante ela decidira guardar em uma gaveta da cômoda até resolver o que faria com ele definitivamente.

Seus olhos encontraram a camisa de Gilbert dobrada com cuidado e guardada junto com suas roupas, e fez uma anotação mental de a devolver para ele em uma próxima oportunidade, Assim, ela desceu as escadas apressadamente, pegou Morgana nos braços, e saiu para a tarde de segunda-feira que já estava indo embora, fazendo assim com que o cair da noite se aproximasse.

As ruas continuavam movimentadas apesar de ser o primeiro dia útil da semana, e as pessoas terem que seguir sua rotina de trabalho no dia seguinte. Mas, tudo em Nova Iorque era assim, vibrante, e Anne se sentia privilegiada em fazer parte daquela cidade, e da massa de pessoas que chegava ali todos os dias para viver suas experiências excitantes em uma cidade conhecida pelo mundo todo como o centro das oportunidades. Ela andou mais um pouco, encantada pelas luzes que a hipnotizavam com seus brilhos multicoloridos com Morgana instalada confortavelmente em seus braços.

Foi então que ela ouviu um grito:

- Zeus!- e sentiu seu corpo entrar em alerta assim como sentiu os 'pelos de Morgana se arrepiarem, e a felina deixar as unhas de suas duas patas dianteiras à mostra em posição de ataque.

Anne quis se mexer, mas não conseguiu, especialmente quando se viu de frente com um cachorro enorme de pelo cinza e branco correndo em sua direção. Tudo o que conseguiu fazer foi fechar os olhos, enquanto abraçava Morgana com mais força com medo que o cachorro atacasse sua gata. No espaço dos cinco minutos mais longos de sua vida, ela sentiu uma mão em seu braço, e ouviu a voz inconfundível de Gilbert Blythe que lhe dizia:

- Anne, você está bem?- ela abriu os olhos no mesmo instante, e quase teve uma crise nervosa de riso ao pensar que tinha mesmo que ser Gilbert para estar presente em todos os momentos embaraçosos de sua vida , e respondeu:

- Estou sim. Então, esse é o seu cachorro?- ela perguntou, olhando para o Pastor Alemão Belga de Gilbert que a encarava com uma expressão simpática no rosto.

- Sim, me desculpe. Ele escapou da coleira e não consegui segurá-lo a tempo. Mas, ele não ia te atacar. Zeus é um cachorro muito dócil que adora brincar o tempo todo.- Gilbert explicou, enquanto pensava que de todas as pessoas daquela cidade, ele tinha que se esbarrar na única que estava tentando não pensar.

- Acho que Morgana não tem a mesma opinião.- Anne disse ao ouvir os pequenos e baixos rosnados de sua gata toda vez que seus olhos e de Zeus se encontravam.

- Isso é normal, afinal ela está na defensiva e com medo de se machucar assim como a dona dela.- o rapaz disse, fazendo Anne encará-lo, enquanto seu corpo tomava consciência da presença dele tão perto depois que o susto tinha passado. E foi inevitável não olhar para a boca masculina e não se lembrar do beijo que tinham trocado, e todas as sensações que acompanharam aquele breve instante de loucura sua. Anne afastou a tentação do seu pensamento antes que quisesse repetir a dose da outra noite, e se concentrou no que ele acabara e lhe dizer para responder:

- Gilbert, eu queria me desculpar pelo que aconteceu hoje no telefone. Eu realmente não quis te ofender. Acho que anda estava sob o efeito do que me aconteceu ontem e acabei descontando em você. - o sorriso dele foi verdadeiro quando respondeu ao que ela dissera , fazendo as borboletas em seu estômago despertarem e voarem feito loucas. O que aquele homem conseguia fazer com ela apenas com um sorriso era louco demais.

- Anne, está tudo bem. Não nego que fiquei chateado por você pensar que sempre tenho segundas intenções com você, como também não nego que você me atrai terrivelmente, mas isso não quer dizer que não possa ser seu amigo. Nem todo homem é um Roy Gardner na vida.- ele riu de novo, e ela sabia que aquele som agradável iria acompanhá-la até em casa, ao mesmo tempo em que sua mente registrava a parte da fala dele que reconhecia se sentir atraído por ela, mas, Anne decidiu que não o deixaria saber que o sentimento era recíproco, porque aí sim estaria perdida.

- Eu sei, me desculpe. Vou tentar melhorar nesse meu modo desconfiado de ser.- ela disse, tentando soar divertida para disfarçar seus batimentos cardíacos acelerados.

- Você não precisa mudar nada, é perfeita do seu próprio jeito.- Gilbert disse, olhando-a com admiração, mas tentando não deixar que seu coração suspirasse por ela naquele instante em que o por do sol fazia os cabelos dela brilharem como fogo. Anne deixara bem claro que queria só sua amizade, e era melhor manter as coisas daquela maneira por enquanto, embora ele tivesse que ser honesto consigo mesmo e admitir que era um sacrifício manter a cabeça no lugar, e não desejar beijá-la mais uma vez.

- Obrigada. E quanto ao convite que queria me fazer?- ela perguntou sentindo seu rosto queimando pelo elogio dele de minutos antes.

- Não sei se você iria aceitar. É algo bastante familiar.- ele disse sem jeito.

- Por que não faz o convite e me deixa decidir se aceito ou não?- ela disse cheia de expectativa.

- Meu primo e sua esposa vão batizar o filho deles nesse sábado, e pensei que talvez você quisesse ir comigo.

- Convite aceito. Que horas você me pega?- Gilbert piscou três vezes antes de entender que ela tinha aceito.

- Às oito está bom?- ele perguntou ainda espantado por ela não ter pedido tempo para pensar.

- Está perfeito. Agora preciso ir. Muito prazer em te conhecer, Zeus.- ela disse, enquanto o cachorro abanava seu rabo de forma frenética, e Morgana ainda o olhava de bastante desconfiada.- E Blythe, não se atrase, pois estarei te esperando.- ela disse antes e caminhar para casa, e deixar o rapaz sorrindo feito bobo como se tivesse ganho na loteria.

Assim que chegou em casa, Anne tomou banho e quando desceu para o jantar, teve uma grata surpresa de ver sua mãe colocando a mesa pra ambas. Essa era a primeira vez em três anos que não jantaria sozinha em companhia de Morgana. Quando foi para a cama naquela noite, Anne resolveu visitar o site de relacionamentos que Cole a tinha inscrito somente por curiosidade, e logo encontrou seu perfil que se intitulava "Ruiva Misteriosa", e logo abaixo havia uma descrição de todos os seus gostos, falava de sua idade, porém, Cole tinha sido bastante cuidadoso em não mencionar a livraria, ou colocar uma foto de perfil de Anne. No lugar, ela colocara a foto de uma gata de pelos avermelhados, o que fez a ruivinha rir ao pensar na criatividade original do amigo.

Em uma busca rápida, ela não encontrou muitos perfis masculinos que a interessassem, mas, em uma observação mais atenta, Anne descobriu que um novo registro havia sido feito naquele dia, e um rapaz que usara como pseudônimo de "Peter Pan em busca da terra do nunca", e uma foto do personagem deixara uma descrição de si mesmo, e se dissera aberto a novas amizades e talvez algo mais sério se uma química rolasse entre ele e a pessoa que quisesse lhe mandar uma mensagem no seu perfil. Pensando na possibilidade de aquilo ser divertido, Anne mandou uma solicitação de amizade, depois, desligou o computador, escovou os dentes, e logo caiu em um sono profundo e reparador.

O resto da semana passou rápido, e embora Anne esperasse que Gilbert lhe mandasse alguma mensagem, ou mesmo ligasse para ela, isso não aconteceu, deixando-a de certa forma frustrada, o que não confessou a ninguém, nem mesmo a sua mãe, mas, Bertha Cuthbert era esperta o suficiente para entender que a obsessão pela organização da casa na qual Anne se envolvera naqueles dias tinha alguma coisa a ver com o rapaz.

O que Anne não sabia era que Gilbert não ligara ou mandara mensagens propositalmente, pois queria dar a ela o gostinho da amizade que ela tanto desejava, e que necessariamente abolia qualquer tipo de contato por parte dele. O rapaz não estava tentando se vingar, ou desejando fazê-la se sentir mal depois do que acontecera. O que ele desejava era que ela começasse a enxergar a enorme diferença que existia entre ele e seu ex noivo farsante, e que ele nunca faria nada que pudesse magoá-la deliberadamente.

No sábado à noite, como era de seu feitio, Gilbert apareceu na casa de Anne às oito em ponto, e quando a viu descendo as escadas vestida para matar, ele quase não conseguiu disfarçar seu olhar impressionado enquanto se esforçava para tomar o café que Bertha lhe servira sem engasgar.

Anne vestia um tubinho preto, cujo decote em formato de coração dava lhe um enorme espaço para sua imaginação, evidenciando o início de seus seios pequenos e firmes. O tecido colante abraçava todas as suas formas e enquanto ela andava em sua direção, o vestido marcava seus quadris arredondados, ao mesmo tempo em que suas pernas nuas lhe davam um certo ar de elegância conforme ela se equilibrava em cima de sandálias de tiras de salto prateadas. Seus cabelos desciam por seu ombro em maravilhosas ondas inteiramente lisas, ao passo que um colar de pérolas discreto enfeitava seu pescoço alvo, fazendo par com os brincos que ela usava. Uma fragrância suave de e marcante chegou as suas narinas assim que ela chegou mais perto, e Gilbert soube que já estava registrada em sua memória, pois combinava inteiramente com sua beleza estonteante.

- Filha, você está linda.- Bertha disse assim que Anne parou em frente ao rapaz claramente perturbado que não conseguia tirar os olhos de toda aquela beleza ruiva vibrante.

- Não acha que estou exagerada, Gilbert? Foi mamãe que me aconselhou a usar esse vestido, dizendo que por mais que a festa fosse de batizado e familiar, ela conhece bastante de sua família para saber que nenhuma festa que vocês organizem por menor que seja é realmente simples.

- Sim, minha família é fã de sofisticação, sua mãe se lembrou bem, e eu acho que você está maravilhosa essa noite. Nada que você veste deixa a desejar, Anne, e olha que já te vi em diferentes situações.

- Obrigada pelo elogio. Você também está ótimo essa noite.- Ótimo não era bem a palavra que ela usaria para descrever Gilbert Blythe naquele momento, porque a verdade era que ele estava sexy demais para seu auto controle. Maldição! Como iria manter tudo na base da amizade naquela noite, se aquele homem aparecia ali usando uma camisa justa e branca que além de marcar todos os seus músculos, realçava seu bronzeado intenso, fazendo Anne imaginar se o corpo dele era todinho daquela cor? A calça preta também era outro item que escandalosamente realçava suas coxas grossas e os quadris masculinos, e a ruivinha teve que se esforçar muito para desviar o olhar do corpo dele, antes que começasse a salivar diante da beleza daquele homem que não precisa de muito para chamar a atenção por onde fosse. Tinha que se lembrar de não tomar nada alcoólico na festa, pois caso contrário poderia perder a cabeça por Gilbert facilmente naquela noite.

- Vamos?- Gilbert disse, e Anne assentiu, se despedindo de sua mãe e Morgana, e acompanhando Gilbert até seu carro esporte vermelho estacionado na frente da casa.

Após alguns minutos na estrada, Gilbert se virou para Anne e disse:

- Quero te avisar para não se assustar com minha família. Eles são extremamente animados, e também invasivos. Vão te bombardear com milhares de perguntas a meu respeito, pensando que estamos em um relacionamento mesmo que digamos que somos apenas amigos. Por isso, se sentir que está desconfortável com alguma coisa é só me dizer.

- Fique tranquilo, sei bem lidar com essas situações. Vamos apenas nos divertir juntos, está bem?- ela perguntou, colocando a mão no braço dele sem perceber, e sentindo um arrepio súbito com o contato da pele de Gilbert com seus dedos.

- Fico aliviado que pense assim.- ele respondeu, e continuou a dirigir sem perceber o desconforto momentâneo de Anne.

Quando Gilbert estacionou o carro, Anne percebeu que a festa seria realizada em um tipo de chácara, e não em um condomínio residencial como tinha imaginado a princípio. O lugar era lindo e espaçoso, e quando a ruivinha teve uma visão geral de tudo assim que o portão automático se abriu para que entrassem, ela quase perdeu o fôlego com a beleza daquele pedaço de paraíso.

- Essa é a casa de meu pai. Ele ofereceu a meu primo o espaço para que fizesse a festa do batizado aqui.

- John Blythe mora aqui sozinho?- Anne perguntou espantada. Nunca imaginara que um homem como ele precisasse de tanto espaço para viver.

- É um exagero, devo admitir, mas, ele disse que é um investimento para meu futuro quando eu me casar e tiver meus filhos.- Gilbert explicou, admirando a beleza dos olhos de Anne e de seu sorriso espontâneo, sabendo de antemão que aquela noite seria um teste para seus hormônios masculinos totalmente balançados por conta dela e daquele maldito vestido.

- É um lugar perfeito para crianças. Pensa em se casar e ter filhos?

- Se eu encontrar a mulher certa, talvez.- ele disse evasivo, e Anne não disse mais nada, percebendo que aquele não era um assunto que agradava a Gilbert discutir.

Eles entraram na parte lateral da casa onde a festa estava sendo realizada, e foram recepcionados por milhares de olhos que observavam Anne com curiosidade.

- Até que enfim, primo. Pensei que tinha desistido de vir. E que é essa moça tão linda que veio com você.- Moody disse, colocando em palavras a pergunta que todos ali deveriam estar se fazendo mentalmente.

- Essa é minha amiga, Anne.- Gilbert disse, e logo a ruivinha estava sendo apresentada a todos da família que tinham se aproximado de ambos, e eram tantos rostos diferentes que ela duvidava que se lembraria de todos eles depois. John Blythe foi o último a cumprimentá-la e disse segurando com carinho em suas mãos.

- Que bom que veio, querida. Espero que se divirta.

- Sua mãe não está por aqui? – Anne perguntou, olhando ao redor a procura de alguma mulher de cabelos escuros, que era como ela imaginava que a genitora de Gilbert seria.

- Não, e por motivos óbvios ela não viria.- Gilbert respondeu, apontando discretamente para John e sua acompanhante, ao que Anne assentiu silenciosamente.

Logo ela estava se divertindo, enquanto era servida e conversava com a maior quantidade de pessoas possível. Porém, não lhe passou despercebido os olhares de algumas garotas para Gilbert que se aproximavam dele descaradamente, e o puxavam pra dançar. Apesar de se sentir incomodada, Anne fingiu não ligar, pois como ela mesma frisara a ele no início da semana, eles eram apenas amigos, e ela não tinha direito nenhum de se importar.

- Você não fica com ciúmes?- Anne olhou para Ruby que embalava seu filho que fora batizado naquele dia, e respondeu:

- Não.

- Se fosse comigo, eu já estaria explodindo de raiva. De jeito nenhum eu deixaria meu marido dançar com outra mulher que não fosse eu.

- Eu e Gilbert somos só amigos, por isso, ele pode dançar com quem quiser.- Anne respondeu com um sorriso.

- Querida, você pode até pensar assim, mas, existe algo entre vocês que eu tenho certeza de que não é só amizade.- ela disse antes de se afastar.

Os olhos de Anne pousaram em Gilbert que naquele momento dançava com uma garota muito bonita. Eles pareciam tão íntimos, que cada vez que a loirinha fazia uma pergunta a Gilbert, o rapaz se aproximava do ouvido dela para responder. Aquela cena começou a perturbar Anne , que não queria admitir que estava com ciúmes, e por isso, ela resolveu dar uma volta pelo salão, tentando ficar o mais longe possível da visão de Gilbert com outra garota.

Quando estava passando por um corredor, um bando de crianças, munidas de um revólver de brinquedo começaram a atirar água umas nas outras, e acidentalmente atingiram Anne que ficou com o colo e rosto todo molhado. Gilbert veio em seu socorro no mesmo instante, o que quase a fez perguntar a ele em voz alta como ele tinha prestado atenção naquele fato já que parecia tão interessado em sua companheira de dança, mas se calou ao perceber o que estava a ponto de fazer.

- Puxa, me desculpa. Minhas primas tinham que ter mais controle sobre essas crianças.- ele disse fazendo Anne rir e responder:

- São só crianças, Gilbert , e não aconteceu nada de mais. Tem um banheiro próximo onde eu possa me enxugar?- Anne perguntou.

- Tem sim, venha comigo.- o rapaz disse, fazendo Anne segui-lo até um corredor enorme, onde ele a levou para dentro de um banheiro luxuoso, e pegou uma toalha para ajudá-la a se secar.

- Deixe que eu faço isso para você.- ele disse, passando o tecido pelo seu rosto com cuidado, descendo pelo pescoço, e quando Gilbert alcançou o seu colo e passou a toalha de leve pelo decote do seu vestido onde haviam algumas gotículas de água, Anne sentiu seu coração ir parar em sua garganta. Ela sabia que Gilbert fizera aquilo sem intenção nenhuma, mas, a sensualidade do gesto não passou despercebido a seu corpo que despertou no mesmo instante fazendo seu coração disparar.

- Anne, tudo bem? Você parece nervosa.- Gilbert disse sem perceber que ele era a causa de seu súbito desassossego.

- Não foi nada, eu...- a voz morreu em sua garganta quando viu os olhos de Gilbert concentrados em sua boca, e quando ele colocou a mão em sua cintura, ela já estava ardentemente desejando que ele a beijasse, e se ele realmente o fizesse, ela não o rejeitaria.

Entretanto, naquele mesmo instante, uma batalha era travada dentro de Gilbert que desde o começo da noite vinha mantendo certa distância de Anne para não cair em tentação e fazer algo do qual se arrependeria. Mas, por Deus! Ele não era de ferro, e naquele momento, cada parte de seu corpo estava consciente da presença daquela garota que o encarava de um jeito que quase o fazia perder a cabeça, e antes que ele jogasse tudo pra o alto e a agarrasse ali mesmo, ele disse no limiar de seu controle:

- Vamos voltar para a festa.- sem alternativa e completamente decepcionada, Anne concordou, e logo eles estavam cercados de pessoas novamente onde as chances de ficarem sozinhos de novo rarearam drasticamente.

Quando Gilbert a deixou na porta de sua casa horas depois, Anne se virou para se despedir e disse;

- Muito obrigada pela noite, eu amei demais conhecer sua família e passar esse tempo com você.-

- Eu também gostei muito que você tenha me acompanhado, podemos repetir outras vezes se quiser, mas, só como amigos, é claro.- Gilbert se apressou em dizer, e Anne sorriu falsamente concordando enquanto por dentro ela ardia de frustração. Como queria que ele deixasse a boa intenção de lado, esquecesse as palavras dela no início daquela semana e a beijasse de vez. Mas quando, ele se despediu, dando-lhe um beijo casto na testa, Anne entrou em casa sentindo como se tivesse perdido o melhor da noite. Ela tinha se arrumado toda para aquela festa, dizendo a todo momento que não estava se vestindo daquela maneira porque queria impressionar Gilbert, mas sabendo no fundo que fora exatamente isso que fizera e acabara a noite como começara, literalmente sozinha por sua própria culpa e estupidez.

Enquanto usava o demaquilante para eliminar qualquer vestígio de impureza da sua pele antes de dormir, e se recriminava mil vezes por não ter tido a coragem de deixar Gilbert saber que tinha sinal vermelho para dar-lhe todos os beijos que ele quisesse, ela ouviu uma mensagem em seu celular e quando foi verificá-la, ela constatou surpresa que sua solicitação de amizade para "Peter Pan" tinha sido aceita.

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