Pov★Anna.

O despertador grunhiu fazendo-me colocar o travesseiro sobre o rosto na tentativa de amenizar o barulho irritante daquela coisa que Ian amava ter em casa.

—Bom dia, minha vida. Acho que o Sr. despertador diz que já é hora de acordar. — ouço a voz sonolenta de Ian Martin Lewis um pouco distante, o que me faz perceber que o lugar ao meu lado nas cobertas estava vago.

—Não quero! — reclamo me enrolando mais na cama.

—Sem essa, nós precisamos estar no aeroporto em menos de uma hora. — seu tom ainda era de calmaria. Hoje é véspera de natal e iríamos para Houston como tradição todos os anos desde que fomos para Nova Iorque.

Bem, os Wolves Blue levaram o campeonato estadual e o nacional para casa, já a equipe de animação ficou em segundo lugar na competição nacional, o que foi uma vitória gigantesca para cada um de nós e nos rendeu bolsas em várias universidades e escolas espalhadas pelo país. Eu ganhei minha bolsa de Dança na Universidade Columbia, na qual coincidentemente meu namorado Atleta escolheu fazer parte do time Columbia Lions football enquanto estudava física.

Atualmente já estou formada e exercendo meu diploma em um Studio artístico de Manhattan, o que me rendeu apresentações nacionais e alguns troféus, mas minha maior paixão era ensinar, simplesmente amava ter me tornado uma das professoras do lugar.
Ian por sua vez brilhou nos quatro anos em que esteve no time da Universidade se tornando um dos melhores capitães da história (meu loiro foi para Wikipédia!!!!) e atualmente é uma das estrelas de um time profissional de Nova Iorque.

Nos sete anos que somos habitantes da cidade que nunca dorme devo admitir que vivemos poços fundos, no exemplo de quando Ian buscava a titularidade no seu time atual,que está há três anos, teve uma contusão, aquilo foi uma batalha difícil, ele ficou parado por meses e eu nem sabia o que fazer, algumas massagens ajudaram e o grande amor de Anna Sanderson também, mas foi principalmente a vinda e a ajuda de Mia, nossa fisioterapeuta de Houston  para cá e é  claro a família também.

Moramos juntos há três anos e confesso que foram os melhores.

—Estou enjoada!— reclamo outra vez.

—Eu sei, amor. — o encaro pela primeira vez. —Esteve assim a semana inteira, mas precisamos ir para Houston. — logo o lugar vago na cama é ocupado pelo musculoso quarteback. Seus lábios fazem uma trilha de beijos por meu rosto na tentativa de me seduzir para sair da cama e eu odeio quando funciona.

—Certo, mas vai ter que me carregar!— estico meus braços em sua direção. Ele levanta uma sobrancelha e leva sua boca até minha barriga, que estava com a blusa de seda um pouco levantada, fazendo um barulho estranho. Sorri  mordendo o lábio inferior pensando que ele não tinha nem ideia que uma parte de nós estava ali dentro.

—Vem! — seus braços desnudos me rodeiam nos guiando para o banheiro.

Ian se tornou minha âncora em anos de namoro, ele é meu maior apoiador, aquele que simplesmente eu nunca abriria mão, ainda mais agora que nossa dupla se tornaria um trio. Sim, eu estou grávida, uma grávida enjoada e mal humorada que não consegue mais acordar ouvindo o som irritante de um despertador. Já faziam três semanas que uma coisinha habitava em mim e apenas três dias que sabia disso.

Após nosso banho fui forçada a comer panquecas.

— Eca! —reclamo rejeitando o prato.

—Eca nada! — repreendeu-me empurrando novamente o prato para minha frente. Dei de ombros sabendo que seria uma batalha perdida, então comecei a comer enquanto ele via algo em seu celular.

Minha mente planejava uma maneira criativa de contar a novidade, por isso havia decidido dizer na noite da ceia de Natal onde os fogos surgissem no céu.

—O treinador está dizendo para ninguém engordar com as comidas das festas de fim de ano. — sorriu digitando algo.

—Digita aí que a Anna está dizendo que vai te encher de amor e amor engorda. — brinco sentindo os braços de Bonnie me abraçando por trás.

—Bom dia, casal! —minha amiga fala manhosa mexendo em seu cabelo acima dos ombros meio ondulado.

Bonnie e Roberto moravam perto daqui e como também passam as festas de fim de ano em Houston resolveram dormir aqui para irmos todos juntos.

—Bom dia, flor. —  cumprimenta Ian colocando café em uma xícara.

Logo Roberto se junta e os três dão início a uma conversa aleatória enquanto fico totalmente aérea.

Como vou criar uma criança? — essa pergunta rondava minha cabeça tirando por completo minha sanidade mental. Ian mal tinha tempo de respirar quando uma temporada se iniciava ainda mais criar um bebê, pois obviamente não vou trocar fraldas sozinha.

Suspiro chamando a atenção do loiro que me encara curioso enquanto Bonnie e Roberto conversavam alheios a sua volta.

—Tudo bem? — pergunta com seus grandes olhos sob mim.

—Sim. — respondo não desviando meus olhos dos seus.

—Sabe que pode dividir o que anda te preocupando comigo não é? Afinal somos um casal por isso. — afirmou  segurando minha mão com nossa aliança de noivado, nosso casamento será em alguns meses.

—Sei que posso confiar em você para todas as horas, boas ou ruins. — sorri também segurando suas mãos.

— Eu te amo. — aquelas palavras sempre foram minha zona de segurança, elas sempre aqueciam meu coração e o sorriso que surgiu em seus lábios em seguida só apaziguaram qualquer dúvida sobre a construção da nossa família, aquele serzinho que estava sendo gerado em mim era a consolidação do nosso amor.

—Eu te amo.

Essas palavras fecharam nossa noite de natal após o silêncio atormentador que Ian Lewis precisou usar para processar a informação de que seria pai, também foram essas palavras usadas quando nossas almas se uniram ainda mais sob o altar, apesar da barriga um pouco ressaltada consegui caminhar sem bolhas no pé até o homem que escolhi dividir minha vida e as cargas, e com as mesmas três palavrinhas susurramos um ao outro enquanto nosso pequenino Liam vinha ao mundo, e claro que eu xinguei (agradeci) por ter carregado nove meses e o rapaz ter vindo loiro.

Estávamos todos reunidos em uma casa de praia, todos que de alguma forma ajudaram na construção da minha história. Minha mãe e meu pai corriam em direção ao mar com sorrisos estampados o rosto, afinal Anny já estava indo para a Universidade junto com Steven, algo na Pensilvânia e hoje os nossos universitários comemoravam com um banho de mar. Jess e Dominic brincavam com a pequena Ashley de quatro anos, ela literalmente era a cara do pai. John, nosso jogador de futebol americano de um grande time de Houston brincava com os cachos da sua fisioterapeuta particular, Mia, que demorou para assumir seu amor pelo, agora, homem John Hernandez. Bonnie e Roberto continuavam na mesma melação, porém com a grande barriga de seis meses da minha amiga. Já eu admirava os dois homens da minha vida vindo em minha direção, Ian com o sorriso de sempre e o pequenino Liam em seus braços.
Nossos lábios logo se tocam e um grunhido é ouvido, meu filhotinho sorria satisfeito com a cena. Ele em seus sete meses apenas murmurava coisas que ninguém compreendia.
Logo os dois se sentaram ao meu lado tentando, talvez, entender o que se passava na minha cabeça, porém não era fácil assim, quando você se descobre e percebe que exitem coisas que precisam ficar em segredo, coisas que só você precisa saber.
Anna Sanderson não era a mesma garotinha que foi traída e não sabia para onde seguir, pois sua atenção estava toda em um relacionamento que só existia em sua mente, ela foi ingênua e vulnerável, hoje não sou assim, aprendi na dor que tudo bem as pessoas irem embora, algumas delas precisam mesmo dizer adeus,só que você precisa ser fiel a si mesma, se amar e respeitar seus limites para poder conseguir ser uma boa mãe, uma boa esposa e principalmente uma boa mulher. Uma mulher forte.

É,  essa sou eu depois de tudo, sinto muito se agora excluo quem não some ou multiplique coisas boas na minha vida, mas felizmente essa é:

         Anna Sanderson.

Acho que agora é a despedida real😩😩 mas saibam que sempre estarei aqui e lembrarei da Anna e do Ian com muito carinho, assim como me lembrarei de cada raiva que enfrentamos juntos.

Amo vocês💞

Bjs🌙💖