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C A P Í T U L O 7

As palavras de Anny ecoaram durante toda noite na minha cabeça,  tanto que nem consegui dormir, o que ocasionou a minha não ida para o colégio no dia seguinte. Meus olhos se enchiam de lágrimas todas às vezes que escutava a voz de Anny.
Meus hormônios estão a flor da pele. Eu queria tê-lo inteiramente.  Eu posso o perdoar e recuperar tudo que havíamos vivido, eu necessito disso. Eu esquecerei de qualquer traição e o amaria mais que tudo, a quem eu quero enganar? Eu ainda o amo. Mas a tristeza do meu coração retornou e me forçou a chorar novamente.

Até meu pai resolveu vir no meu quarto tentar intervir na situação.

— Anny me contou o que aconteceu. — diz sentando-se na minha cama e colocando carinhosamente sua mão no meu joelho por cima da coberta.

James não é meu pai biológico, mas foi quem me criou desde os seis anos quando ( finalmente) casou-se com minha mãe.
Luke é o nome do indivíduo que me gerou e depois de três anos traiu minha mãe ( traição é de família) e nos abandonou logo após.  Eu não o vejo há anos e não sinto falta disso.
James Dean foi quem me criou e cuidou de mim como uma filha. Me tornei a neta de Juan e Laila Garcia ( meus avós prediletos) por causa dele e, não o trocaria por ninguém.

— Que ela me chamou de burra e idiota? 

— Também.  Mas ela preferiu frizar a parte em que ela aconselhou você a seguir em frente sem olhar para trás , porém você não a escutou.

— É, eu resolvi frizar o burra e idiota.

— Anna,  sua irmã está preocupada com você.  Assim como sua mãe e eu. Nós queremos que você siga em frente sem olhar para trás. — ele faz uma pausa e a expressão séria toma conta de seu rosto. Sua pele tem um tom um pouco mais claro que o chocolate, seus olhos são cor de mel, igualmente como de Anny que tem a aparência completa do pai. Já eu puxei completamente a mistura de  Luke e mamãe dos cabelos castanhos aos olhos âmbar. — Mas o nosso querer não é o seu efetuar. É você quem decidirá sobre sua vida. — ele deposita um beijo calorento em minha testa e sai.

Passei o resto do meu dia enfurnada dentro do meu quarto com o coração doendo, a cabeça latejando e os olhos marejados.
Então resolvi ir para a reunião do grupo de apoio a mulheres traídas, pois é isso que somos.

T R A I D A S . C O M.

Fecho a porta de casa e caminho em direção ao carro. Minha mãe insistiu para me levar e eu obedientemente não a questionei ( pois quem nega carona) .  Mas antes que eu pudesse abrir a porta para entrar no carro e lamentar minha desastrosa e cruel vida, Ian grita meu nome alto suficiente para quase deixar-me surda com a possível explosão dos meus tímpanos.

— O que quer? — questiono grosseiramente enquanto ele se aproxima. Afinal caras populares não devem conversar com meninas desleixadas.

— Calma! — levanta o braço em um claro sinal de rendição. 

— Ian, o que quer? — repito tentando ser paciente. Acho que não funcionou muito bem.

— Você está brava comigo?  — pergunta com seu tom de voz suave e por um momento observei seus lindos olhos azuis no contraste perfeito com o a luz do pôr do sol.  Aqueles olhos triunfantes que me analisam cuidadosamente quase me fazem salivar.
Que isso Anna? Ele é seu vizinho há anos, safado, futriqueiro, sarcástico, idiota... entre outras.

— Por qual razão isso te importaria? Não somos amigos! Nem conversamos. — respondo incisiva.

— Sabe qual é o motivo pelo qual não conversamos?  — retruca impaciente e ofendido.

— Sei lá! Talvez seja seu sarcasmo sem fim ? Ou sua habilidade em me tirar do sério?

— Não. É o fato de você sempre me atacar com  sete pedras na mão imaginando o quão fútil e idiota eu vá ser.  Acredite, eu não sou o Josh Mackenzie! — ele suspira frustrado.  —Só vim a parabenizar por ter entrado na equipe de torcida.  Mas vejo que não valeu a pena. — ele dá as costas a mim e volta para seu jogo de basquete com Steven, tendo como platéia Anny.

Resolvo entrar no carro e imediatamente sinto o olhar reprovador da minha mãe. Aquele olhar que penetra minha alma e embrulha meu estômago.  Sento-me no banco do carona ao seu lado e imediatamente coloco o sinto de segurança olhando para todos os lados, menos para ela.

— Ele tem razão. — comenta dando partida no carro.

— Não percebi que eu fazia isso. — declaro desconfortável com essa conversa.

—Claro que percebia! Você faz isso por saber que ele não gosta do Josh, e você é fanática naquele garoto que nem ao menos sabe respeita-lá. — a forma que eles falam do Josh me deixa irritada.

— Não coloque o Josh no meio disso tudo. Ele é o menos culpado! Eu não converso com Ian porquê o acho idiota.

— Você o acha idiota? Saiba desde já,  que não podemos sair listando os defeitos de ninguém quando não somos perfeitos. Entenda que a única lista de defeitos que deve fazer é a sua própria. Você nem sabe a metade das coisas que Ian precisou enfrentar,  mas está ai disposta a fazer uma lista de defeitos de alguém que você só deu um beijo na sétima série.  — o último comentário me fez arregalar os olhos. E imediatamente fiquei arrependida de ter contado a ela que meu primeiro beijo foi com Ian quando tínhamos doze anos. Tecnicamente foi um beijo roubado, então eu resolvi apagar da minha mente.

— Mãe!  — a repreendo.

— Anna, quero que entenda que não pode julgar ninguém. Você não tem esse direito.

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