C A P Í T U L O 55 - P e n ú l t i m o
Pov ★ Anna
Era sábado e eu havia acordado medianamente cedo, onze e meia da manhã, mas poxa era meu aniversário e eu queria aproveitar meu último sono com dezessete anos.
O grande jogo foi marcado para às quatro e contava com a presença de muitas pessoas da nossa populosa cidade, o que me deixava mais nervosa.
Levanto-me da cama ainda sentindo as dores das horas ensaiando, fui designada para ser o topo de uma pirâmide com três bases, o que também me deixava muito nervosa. Sigo para o banheiro de olhos fechados em busca da pia para lavar meu rosto.
Às vezes tinha a necessidade de encarar meu reflexo no espelho, era como se avaliasse a realidade ou a miragem de Anna Sanderson. Deixo de lado meus pensamentos malucos resolvendo tomar uma ducha.
Os rituais de aniversário sempre envolviam os Lewis e o meu não seria diferente. A cada degrau que descia da escada era como se meu coração fosse até a garganta com o nervosismo de estar no mesmo lugar que Ian, porém ele não estava.
— Parabéns, querida! — minha mãe disse me apertando contra seu corpo. — Dezoito anos é uma etapa importante, mas a compra de bebidas alcoólicas só é a partir dos vinte e um. — adverte com o sorriso caloroso de sempre.
— Obrigada, mãe. — agradeço retribuindo seu sorriso.
Quando ela finalmente consegue me largar Jess e Steven ganham deixa para se aproximarem.
— Meus parabéns, Anna! — disse Steven animado me abraçando. Ele me lembrava Ian em muitos aspectos, os olhos brilhantes, as covinhas em cada bochecha ou o jeito tímido de colocar as mãos nos bolsos.
— Parabéns, linda! — foi a vez de Jess, a loira me abraçou de um jeito aconchegante. — Ian pediu para desejar-lhe feliz aniversário. — sussurrou em meu ouvido.
Aquilo não deveria ter me tocado, era normal que ele me desejasse feliz aniversário, apesar de eu detestar sua presença, ele estava todos os anos ali, sempre sentado na cadeira à frente da minha com um sorriso divertido.
— Obrigada. — forço um sorriso.
Sentia-me estranha e uma maluca por sentir a necessidade de Ian aqui, a presença dele nos meus aniversários nunca foram importantes, o que mudou?
A porta foi aberta e a eufórica Anny passou correndo para me abraçar.
— Feliz aniversário! — grita com seus braços rodeando meu corpo. — Eu quebrei o cofrinho e te comprei um presente. — me entregou um embrulho pequeno azul tiffany.
— Achei que eu era o benfeitor do presente. — brinca James entrando na casa. — Parabéns, filha. — foi a vez do grande homem me abraçar, aquele abraço paterno capaz de fazer qualquer um feliz.
— Ei, o papai pode ter pago, mas quem escolheu fui eu! — questiona Anny cruzando os braços.
Reviro os olhos abrindo a pequena caixa em minhas mão. Olhei incrédula para o que havia dentro, uma chave. Sem acreditar coloquei o objeto metálico em minhas mãos enquanto a campainha tocava e vozes conhecidas falavam.
— Cadê a aniversariante? — Bonnie pergunta.
Ainda com a chave nas mãos encarei James.
— É o que estou pensando? — pergunto ainda sem expressão.
— É sim! Está lá fora. — eu pretendia correr e gritar: Eu tenho um carro! Mas me contive quando minhas amigas se aproximaram com embrulhos nas mãos. Elas sorriram me abraçando e dando felicitações. Agradeço com um sorriso enorme que aumentou com a visão de Steven com mais dois embrulhos.
— Aqui. — o loiro dois me entrega uma caixinha pequena. — Esse é meu e da mamãe. — abro observando um lindo e discreto relógio de pulso, sorrio em agradecimento. — Agora esse é do Ian. — mesmo receosa pego a caixa maior respirando fundo antes de abri-lá. Havia um par de tênis branco com duas listras azuis na lateral, meu azul favorito. — Ele disse que era para dar sorte hoje.
Observei o tênis dentro da caixa sentindo o cheiro dele, como se ele mesmo tivesse tido todo trabalho para embrulhar.
— Obrigada! Obrigada a todos— agradeço engolindo seco. — Mas agora tenho que testar se um poste é de borracha. — brinco praticamente correndo para testar meu carro. Ninguém entendeu a referência, porém eu sabia o que ela significava e de quem ela me lembrava.
Todos me seguem, mas apenas minhas amigas e as duas crianças tem a ousadia de entrar no carro.
Apertei o volante sorridente e sentido o cheiro de carro novo. Talvez fosse um Renault Kwid usado e em ótimo estado, mas para mim era novo e feito para Anna Beth Sanderson.
★ ★ ★
Depois do almoço Bonnie e Mia foram embora junto com Steven e Jess deixando apenas os de sempre na casa. Conversei um pouco mais com minha família antes de subir para arrumar minhas coisas para o jogo.
Suspirei fundo encarando o tênis novo que Ian me deu.
— Deveria usá-lo. — Anny aparece em meu quarto.
— Acho que não. — discordo deixando o tênis de lado.
— Por que não? — insiste.
— Porque quando queremos esquecer algo temos que deixar tudo para trás. Você disse isso, suas palavras sobre buscar alguém que acrescente não subtraia.
— Eu disse isso para você abrir os olhos diante do seu relacionamento com Josh, ele te diminuía! Mas eu não via isso no quarterback Ian, ele ajudou a enfrentar tudo aquilo que a amedrontada Anna Beth Sanderson não conseguia, ele acrescentava algo que nem os clichês são capazes de explicar. — suspira se jogando na minha cama. — Ele sempre te fazia sorrir.
— Ele me usou, Anny.
—Ele te amou, Anna. — retruca me analisando profundamente com aqueles olhos questionadores.
— E você quer que eu faça o quê? Espere feito uma boba Ian Lewis bater na minha porta? — pergunto um pouco desconfortável com o rumo da conversa, não queria falar sobre ele.
— Eu quero que seja feliz, mas sua felicidade só depende das pequenas escolhas que são capazes de mudar tudo. — se levanta sorridente caminhando até a porta. — Ah, o Ian já bateu na sua porta, porém você não o deixou entrar. — disse por fim saindo do quarto.
Anny ainda era uma criança, só que me dava lições como se fosse a irmã mais velha.
Sento-me na cama focando no uniforme organizado sobre ela pensando que talvez eu tivesse investido minhas expectativas na pessoa errada e acabei me decepcionando. Essa decepção gerou um medo enorme de arriscar minha confiança para outras pessoas, possivelmente eu nunca tenha acreditado que Ian e eu daríamos certo realmente, por isso as palavras de Zaara foram um choque de realidade, no meu íntimo eu só estava esperado um momento de tropeço dele para tirar a conclusão de que nunca nem devíamos ter começado.
Desvio minha atenção desses pensamentos resolvendo focar apenas no meu atraso, eu não iria de carro novo, mamãe me prometeu uma carona e preferi aproveitar.
Terminei de colocar dois pares de tênis dentro da bolsa de ginástica, os que Ian me deu e os que pretendia usar. Corri para o andar de baixo apressando minha família conversadeira na sala de estar.
Minha euforia era visível quando entrei no carro observando meu pai tomar o volante e minha sentar no banco ao seu lado.
Queria gritar para irmos mais rápido, só que não seria tão prudente com James ao volante e Anny ao meu lado, mas quando finalmente conseguimos chegar ao colégio observei a quantidade de carro, seria impossível estacionar ali.
— Vá na frente, querida. Vamos dar um jeito aqui e ir pela entrada da arquibancada. — disse minha mãe e eu apenas concordei seguindo para a entrada principal do colégio.
Assim que entrei pelas grandes portas percebi o silêncio do lugar, todos já devem estar se preparando. Apressei os passos tirando o celular do bolso enviando uma mensagem para Bonnie e quando pretendia enviar para Mia meu celular foi arrancado de mim.
— Oi, Anna.
A merda! Eu estava feita na vida, se não é Josh, é Zaara... agora ainda tenho que lidar com Nick Jonas.
— Me devolve. — peço mantendo minha paciência.
— Vem pegar! — o garoto corre para uma das salas e eu o acompanho.
Os olhos de Nick transmitiam maldade, aquele garoto era tão ruim quanto Zaara e isso me fez querer o sangue fresco dos dois.
— Sabe Anna, eu fui suspenso por duas semanas por sua causa e do capitão dos Wolves Blue, segundo o time " nunca se provoca o alfa de uma alcatéia". — debocha guardando meu celular no bolso da calça de tecido leve da equipe adversária. — Eu fui expulso da equipe de torcida, mas encontrei redenção em Zaara Gilda. Ela me fazia sentir útil. Fui eu que gravei a coreografia de vocês para ela fazer melhorias para nós, fui eu que gravei a conversa de Ian Lewis com o melhor amigo sobre o relacionamento falso. Quer ouvir? — admitiu tirando seu celular do bolso traseiro, apertei a alça da bolsa de ginástica em meu ombro incrédula com tamanha crueldade.
— Não, não está nada bem. — a imagem e a voz de Ian preencheram a sala de química. Roberto e ele estavam no vestiário masculino.
— O que aconteceu? — Roberto pergunta.
— Tudo. Eu me sinto um completo idiota!
—Mas você é! Eu te disse para não se envolver nessa história. Cara, você está usando ela para se vingar da Zaara. Tem noção de como é cruel apenas mencionar isso?
— Eu sei disso, mas sou a porcaria de um egoísta que não quer que ela me abandone, satisfeito? — Ian parecia raivoso.
— Se ela descobrir tudo, seu amor não será suficiente.
— Acho que será mais fácil se ela ainda gostar do Josh.
— Acha mesmo que ela ainda goste do Mackenzie?
—Possivelmente.
Vi o vídeo sem demonstrar reação alguma, afinal não havia o que falar.
Eu não gostava de Josh Mackenzie, sentia apenas nojo dele.
— Ele parecia tão angustiado, Anna. Mas você nem deu a chance para ele explicar o porquê não contou a verdade antes, afinal você é perfeita e nunca falha, nem entende que meros mortais erram mesmo sem querer, só que quando perceber isso será tarde. — disse com a voz afastada e no momento em que percebi ele já estava do outro lado da porta.
— O que está fazendo? — grito batendo na porta trancada com força.
— Dando a chance de você pensar. Até depois do jogo. — seu sorriso se estendeu enquanto esmurrava a porta o observando se afastar. Tentei gritar por ajuda, mas um barulho se iniciou lá fora não pretendendo terminar tão cedo.
Bjs♥
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