C A P Í T U L O 52
Pov ★ Anna
Terça-feira.
Ter um namorado popular significava, querendo ou não, mais visibilidade. Era como se o quarterback hollywoodiano não pudesse ficar fora dos holofotes ou da mídia do colégio, o que particularmente eu achava ridículo, já que estávamos falando do secundário.
As mãos de Ian apertavam delicadamente as minhas, um clima estranho ainda pairava desde a noite de ontem, mas nós havíamos conversado sobre isso e tentado amenizar nossos conflitos. Porém ainda me sentia cega sobre a questão de qual etapa Ian e eu estávamos.
Namoro oficial (real)?
Franzo a testa com meu pensamento e guardo essa pergunta para mais tarde.
— Tudo bem? — pergunta Ian parando em frente a porta da minha primeira aula. Ele havia repetido essa pergunta pelo menos umas seis vezes desde ontem à noite.
— Sim, estou bem. — sorrio beijando levemente seus lábios macios.
— Agora tenho que ir a minha aula extra de física avançada. — grunhiu fazendo uma careta.
— Física? Eca! — reclamo repetindo a careta estranha que ele havia feito enquanto seus braços rodearam minha cintura.
— Ei! É minha matéria favorita. — protesta sorridente. Reviro os olhos logo sorrindo. — Mas agora tenho que ir de verdade. — faço um bico e recebo seu beijo em minha testa.
Em que momento havia ficado tão carente?
— Eu gosto de você. — diz olhando nos meus olhos.
Era muito cedo para um "Eu te amo" seria mais confuso e queríamos dar um passo de cada vez, pelo menos a partir de agora.
— Eu também gosto de você. — declaro recebendo outro beijo e em seguida vendo sua silhueta desaparecer entre o corredor.
Respiro fundo me preparando para entrar na classe. Assim que vejo minhas amigas sigo na direção delas sentando-me na cadeira à frente de Bernice e ao lado de Mia.
— Bom dia! — cumprimenta Bernice sorridente.
— Bom dia! — respondo na mesma sintonia.
— Credo! Como conseguem está de bom humor tão cedo? — reclama Mia incrédula deitando a cabeça sobre a mesa. Bernice e eu a olhamos e soltamos algumas risadas do jeito dramático da garota de cabelos volumosos. Porém logo o som agudo da voz de Dominic aparece fazendo-nos prestar atenção na sua personificação no centro da classe.
— Bom dia. — disse recebendo uma resposta uníssona logo em seguida.
Dominic Hernandez além de treinador dos Wolves Blue era nosso professor de História.
— Hoje iremos fazer uma coisa bem diferente. — apesar da seriedade que o treinador exalava conseguia notar sua empolgação, igualmente a da turma com a ideia de um possível passeio ou coisa do tipo. — Vamos fazer cartazes, cartazes sobre algo que está, infelizmente, sempre presente em nossas vidas: O Bullying. Com certeza já devem ter visto e ouvido matérias, podcasts ou qualquer coisa sobre essa palavrinha complicada e capaz de destruir vidas. — Dominic explicava enquanto mostrava as cartolinas em branco esperando nossa criatividade.
★ ★ ★
Passei fita no cartaz chamativo criado por Luna, uma colega de classe, as cores vibrantes e os sinais de trânsito utilizados para repreender qualquer tentativa de machucar verbalmente ou fisicamente alguém.
— Bom trabalho! — elogia Luna próxima de mim. Sorrio não querendo me gabar de ter colado grande parte dos cartazes, o que fez meu alarme fisiológico acionar indicando que era hora de ir ao banheiro. Entrego a fita adesiva para Luna e sigo em direção ao banheiro feminino mais próximo.
Finalmente deixo a cabine do banheiro caminhando para a pia. Lavo minhas mãos e depois de um tempo percebo o reflexo atrás de mim, no espelho. Suspiro secando as mãos com um papel toalha.
— Oi, Anna Sanderson. — Zaara Gilda me encarava como se quisesse meu pescoço sob uma bandeja.
— Zaara. — meu cumprimento pareceu um questionamento.
— Tenho algo para contar - lhe. — sorriu da sua forma maldosa.
— Não me interessa. — joguei o papel na lixeira e andei ignorando sua existência.
— Nem sobre o Ian? — automaticamente meus pés pararam, minha respiração ficou descompassada e um aperto no peito angustiante. — Claro que isso interessa você. — mesmo de costas consigo imaginar seu sorriso vitorioso por ter minha atenção.
— O que quer? — questiono finalmente a encarando fixamente com seriedade.
— Te contar a verdade. — Zaara Gilda era maldade pura. — Você é cômica, Anna. Achou mesmo que Ian Lewis se apaixonaria de verdade? Eu respondo que isso não aconteceria, o que prova o quanto sou insuperável. A pobre e indefesa Anna Sanderson foi apenas um jogo para ele, você foi usada para me atingir. Confesso que isso me deixou furiosa por um tempo, mas um alívio surge quando se tem aliados ouvindo por aí e se descobre que o namoro era apenas uma farsa. Sinto tanto por, talvez, ter se iludido com a ideia de alguém ter gostado de você, mas não é assim. Anna Sanderson é apenas uma peça na vingança do quarterback, nada mais. — o sorriso sombrio de Zaara parecia não querer deixar seu rosto.
Dizer que isso não me atingiu seria uma completa hipocrisia, cada palavra havia quebrado meu coração em pedaços. Porém ela não precisava saber disso, talvez nada do que ela disse tenha sido verdade, Zaara é vingativa e nunca aceita perder.
— Era só isso? — questiono fingindo que nada tinha me abalado, pois algumas pessoas não precisam saber da sua dor.
— Era sim e eu sinto muito por tudo. — fingi comoção.
— Não sinta, se é que seja capaz de ter qualquer tipo de sentimento por alguém. Sabe, quem deve sentir muito sou eu por você, por isso posso dizer que sinto muito por ser tão vazia e incapaz de perceber o quanto você se destrói tentando ser insuperável, mas acaba sendo apenas um estorvo não permitindo que os outros tenham paz. — forço um sorriso. — Eu só tenho dó de você. — com os sentimentos a flor da pele viro novamente de costas respirando fundo.
— Foi só um conselho de amiga, Anna.
— É uma tristeza dizer que não somos amigas. — retruco juntando todas as minhas forças para ir embora.
Quando se permite sofrer uma vez como se sua vida dependesse daquilo, as outras parecem menos dolorosas, não menos importantes, você só sabe lidar melhor. Um sentimento de raiva domina meu peito enquanto caminho em passos rápidos pelo corredor do colégio com objetivo de encontrá-lo. Sabia exatamente onde ele estava.
Depois de mais alguns minutos invado o vestiário masculino bufando.
Eu queria ouvir dos lábios dele toda essa merda.
O loiro estava sentado ouvindo música alta como sempre fazia. Porém parece perceber minha presença, pois me encara e sorrir.
— Hey, já ia tentar de roubar da próxima aula para pensarmos em um bom programa para depois da aula. — disse tirando os fones e se levantando.
— Você acha que sou uma idiota? — questiono mantendo a expressão fechada. Ele franzi o cenho totalmente confuso. — Achou que nunca iria descobrir? — volto a questioná-lo. Desta vez ele pareceu compreender do que falava.
— Linda, você precisa me deixar explicar tudo. — suplica caminhando em minha direção.
— Então é verdade? Foi tudo uma mentira! — exclamo incrédula com aquilo, talvez ainda tivesse acesa uma esperança de que era totalmente mentira. Mas não era, ele admitiu isso quando não negou.
— Não foi uma mentira! Eu gosto verdadeiramente de você. — tenta tocar meu rosto.
— Acha mesmo que acreditarei em qualquer palavra que sair dos seus lábios?! — esbravejo mantendo uma distância. — Eu não confio em nada que disser. Você me usou como se eu fosse um objeto sem sentimentos, Ian. Eu estava completamente machucada e a única coisa que conseguia pensar era em como executar uma droga de vingança. O que ganhou com isso? Está mais feliz por ter se igualado a eles? Pois é isso que Zaara e Josh fazem, usam pessoas como se elas não fossem nada. — gritei cada palavra com os olhos cheios de lágrimas.
— Talvez esse tenha sido o plano no início, mas estava agindo como um idiota, eu não queria magoar você. — se aproxima mais e por uma fração de segundos olhando para seus olhos e percebendo sua dor queria tocá-lo. Mas não faria isso, ele havia me usado e nem pensou nas consequências disso. — Você não sabe o quanto se tornou importante para mim. — seu corpo abraçou o meu que apenas ficou parado no mesmo lugar. Enquanto estava em seus braços as lágrimas escorriam lentamente causando uma vontade de me trancar em qualquer lugar e chorar mais ainda. — Me perdoa?! — sussurra proximo ao meu ouvido. Entretanto apenas uso o dorso das mãos para enxugar as lágrimas e me afastar.
— Eu não quero falar com você. Não quero olhá-lo. Não quero sentir sua presença. — afirmo com tanta convicção olhando no fundo de seus olhos. — Eu só quero esquecer tudo que me lembre você na minha vida. — apesar de saber que talvez nunca consiga. Suas mãos novamente me tocam causando uma carga de eletricidade e mais um misto de sensações quando gruda nossas testas.
— Não faz assim, zangadinha. Por favor não me afasta! — sussurra com os lábios próximos aos meus.
— Sinto muito, Ian. — o afasto. Nesse momento ele só me fazia mal. — Essa é minha decisão. — digo por fim dando as costas para ele e indo embora ou tentando já que minhas pernas pareciam fracas e sem movimento. Mas eu tinha que ser forte, nada de deixar a dor vencer novamente. Desta vez eu era mais forte.
Bjs♥
Eiii esse é o especial pela Barraca do Beijo 2!!!!
Já assistiram?
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