C A P Í T U L O 46
Hoje a narração é toda dele.
Pov ★ Ian
Estava acostumado a acordar cedo durante dias da semana, e na manhã daquela quinta - feira não podia ser diferente.
Abri os olhos tentando me acostumar com a claridade do quarto que sempre ficava nas visitas aos meus avós. Porém esse ano tinha algo diferente, ou alguém. Anna dormia pesadamente ao meu lado na cama, seus cabelos estavam espalhados por todo travesseiro e eu admirei a bela imagem que estava diante dos meus olhos. Sai da cama sem fazer barulho indo para o banheiro.
Eu precisava de um banho.
A água quente descia por todo meu corpo fazendo com que me sentisse relaxado.
Não gostava de viagens familiares, isso desde a separação dos meus pais. Era complicado encontrar todos em um só lugar e exibir um sorriso dizendo que "Está tudo bem" quando não estava.
Coloquei minha cabeça no chuveiro tentando eliminar esses pensamentos.
Demorei mais alguns minutos até sair com uma toalha branca amarrada na cintura.
— Bom dia. — digo observando Anna sentada na cama com os cabelos bagunçados e uma expressão de sono.
— Bom dia. — ela boceja. — Eu ronquei?
— Não, mas se mexeu muito. — respondo cruzando os braços. — Acho que ainda estava desconfortável e depois de um tempo parou. — fiquei a observando, cada traço seu chamava minha atenção e eu tinha tanta coisa para dizer que ficava difícil organizar minhas palavras.
— Por qual razão está me olhando assim? — questiona com um sorriso curto. — Ah, esqueci que acabei de acordar. Devo estar horrível! — lamenta pondo as mãos no cabelo.
— É... — brinco recebendo um olhar mortal acompanhado de um travesseiro.
— Ian! — repreendeu com seus olhos fixos a mim. — Você tem que dizer que eu fico linda de todas as formas.
— Você fica linda de todas as formas, menos quando acorda. — brinco com um sorriso sarcástico no rosto. Ela abriu a boca, mas ficou emburrada e não disse nada. Andei em sua direção e me sentei perto de seu corpo. Levantei seu queixo buscando seus olhos. — Você é linda de qualquer jeito, até não tentando ser. — dou um selinho em seus lábios. — O café da manhã é em meia hora. — digo me levantando para conseguir me vestir.
★ ★ ★
Saio do quarto já devidamente vestido e de cara encontro com Anna e Maggie (minha prima) conversando como se já se conhecessem a anos. Me aproximei delas e beijei a testa de Anna e abracei a garota de cabelos pretos.
— Eca! — reclama Maggie em meus braços. — Você está fortinho. — zomba tocando nas minhas costas. — O futebol faz milagre!
— Muito engraçada! — brinco me afastando e observando o desconforto de Anna.
Ciúmes?
— Parece que já conheceu minha prima Maggie, Anna. — a incluo na conversa.
— Sim, vamos dividir o quarto. — responde tímida.
— Sinto muito. Maggie ronca feito uma porca. — gargalho recebendo um olhar assassino da minha prima.
Eu gostava da família Lawrence, são parte de mim e da minha história. O problema era ele, o meu pai. Só de imaginar os vários feriados que comemoramos aqui faz meu peito doer.
— Tá na hora do café da manhã! — grita Maggie eufórica levantando os braços para o alto e praticamente correndo em direção ao andar debaixo.
Olho para Anna que estampava um sorriso divertido no rosto e admiro mais ainda cada detalhe.
★ ★ ★
Depois de um café da manhã de apresentações e felicitações sobre meu namoro decidimos ir ao shopping de Los Angeles.
Os carros do vovó eram os mais variados possíveis, ele amava carros e colecioná-los foi seu maior hobbie por tempos.
Fiz a baliza com um Jipe Compass no estacionamento do local. Meu avô e eu tínhamos nossas diferenças, ele era extravagante e esbanjador já eu preferia a discrição e a economia.
Tirei o cinto de segurança encarando Anna logo após.
—O que foi? — questiona meu olhar enquanto coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Nada. — sorri de lado mordendo o lábio inferior em seguida.
— Vocês sempre trocam esses olhares? — pigarreia Maggie do banco de trás.
— Que olhares? — pergunto curioso.
— Os olhares que parecem querer dizer algo. — disse com desdém. Maggie não precisava tentar esclarecer sobre aquilo, pois eu sabia, sabia que tínhamos uma espécie de conexão e gostava disso, era algo só nosso.
— Acho melhor irmos. — afirma Anna saindo do carro as pressas. Maggie dá de ombros e faz o mesmo. Acompanho as duas com o olhar e observo o resto das minhas primas se aproximando delas. Respirei fundo tentando reprimir tudo em mim
Após um tempo caminhávamos no primeiro andar do shopping. Os meninos e eu conversávamos sobre esportes e faculdade, em quais queríamos ingressar. Eu tinha uma ideia de para onde iria, na verdade não consegui compartilhar ela com minha mãe, não por agora, mas meu desejo era que fosse em Nova Iorque, talvez Columbia ou NYU, o importante era a cidade. As oportunidades em times são maiores.
— Vamos nos separar, meninas para um lado e meninos para outro. — segure a autoritária prima Ember.
— Por quê? — questiona meu primo Luke agarrado com sua namorada, Maya.
— Porque sim! — foi a vez de Maggie.
Genealogia:
Kate e Martin tiveram cinco filhos.
April - que teve três filhos, Ember de dezenove e os pequenos gêmeos Tomy e Tony de apenas quatro anos.
Charlotte - que teve quatro, Desiree e Dean de dezoito, Luke de dezessete e Becky de sete.
Nolan - que teve dois, Maggie de dezesseis e Nike de dezoito.
Scott - que teve dois, Ian e Steven.
Julian - que teve uma filha, Kayla de oito.
Saio do transe com Anna sendo puxada por Maggie e Luke erguendo as mãos injuriado. Sorri para Anna percebendo sua dúvida sobre seguir.
— Tudo bem. Nos deixem sozinhos. — reclama Luke. — Que loja vamos? Estamos solteiros agora! — pareceu animado. Rimos e começamos a caminhar em direção a algumas lojas esportivas. Precisava comprar uma lembrança para minha mãe.
Já tínhamos passado em várias lojas diferentes e os papos fluíam com agilidade.
Dean gostava de hóquei;
Luke era fanático por baseball;
Nike amava basquete e eu era louco por futebol americano, tínhamos nossas diferenças, mas dávamos um jeito de conciliar nossas ideias.
Passamos na frente de uma joalheria bonita e Nike parou imediatamente para olhar.
— Eu quero uma corrente de ouro. — afirmou com os olhos brilhantes e correndo para dentro da loja, o seguimos com alguns protestos.
O ambiente era silencioso e excelso me fazendo sentir intimidado por uma fração de segundos. As pessoas estavam bem vestidas e meus primos e eu apenas de bermuda jeans e sandálias, super casuais. A atendente nos olhou com um ar de incredulidade como se fosse um absurdo estarmos vestidos assim em uma joalheria.
Nike parecia empolgado com a compra de sua corrente.
— Posso ajudá-lo? — pergunta outra atendente me observando circular pela loja, essa parecia mais simpática.
—Preciso levar uma lembrança para casa. — respondo encarando a senhora de olhos escuros.
— Algo específico?
— Bem, minha mãe ama pulseiras. — respondo pondo as mãos na bermuda preta que usava, não questione a casualidade, era Califórnia e os raios de sol dominavam o lugar.
— Venha, posso lhe mostrar algumas opções... — interrompeu sua frase.
— Ian. — acrescentei.
A seguir até o grande e transparente balcão no qual por uma portinha atravessou. Suas mãos procuraram entre os espaços e trouxeram médias caixas de veludo.
—Temos várias opções e diversos preços. — mostrou algumas opções, porém nada parecia gritar "Jess". — Qual é a profissão dela? Temos alguns pingentes personalizados.
— Escritora. — a mulher sorriu e andou até a outra parte do balcão.
— Acho que encontrará o que procura aqui. — exibiu uma caixa um pouco maior vermelha.
Haviam pingentes diferentes e organizados inclusive uma máquina de escrever, aquilo sim gritava o nome da minha mãe. Sorri pegando o pequeno objeto em mãos, mas uma outra coisa chamou minha atenção enquanto a mulher abria algumas caixas a procura da pulseira com o pingente semelhante aquele, um colar dourado com um nome significativo ganhou minha atenção.
—Posso? — pergunto me referindo ao colar brilhante.
— Claro. O nome da sua mãe é Anna? — sonda curiosa.
— Não, é o nome da minha namorada. — aquela última palavra ainda saía como uma faísca de meus lábios.
— Acho que isso seria um ótimo presente. — a moça sorriu e exibiu a caixa com a pulseira delicada com pingentes de livro, lápis e a máquina de escrever.
— É, tem razão. Vou levar os dois. — digo convicto.
Andávamos pela praça de alimentação movimentada sentindo um enorme calor de pessoas.
Nike era o que mais tinha sacolas nas mãos, parecia ter comprado o shopping todo e reclamava o tempo inteiro.
Eu havia comprado apenas algumas coisas na loja esportiva, outras em uma social e os presentes da minha mãe e de Anna.
Luke mexia freneticamente no celular ao meu lado, ele digitava e sorria e Dean do meu outro lado perguntava minha opinião sobre Houton, ele queria fazer medicina lá.
Avisto cinco garotas sorrindo em uma das primeiras mesas da lanchonete. Mas uma só chamava minha atenção, ela vestia uma blusa preta de alça fina com um short jeans claro e um tênis branco. Seu olhar rapidamente encontra o meu enquanto se lambuza de sorvete de chocolate com cobertura de granulado, seu favorito.
— Como foi sua manhã? — pergunta assim que me sento ao seu lado expulsando Maggie.
— Engraçada, recebemos um olhar incrédulo por estarmos de bermuda. — sorrir dando uma lambida no seu sorvete e sentindo um gosto diferente. — Menta? — pergunto sentindo o gosto na língua.
— Sim, resovi experimentar sua cobertura favorita. — sorrir de lado levando seu dedo indicador até o canto dos meus lábios e limpando um pouco de sorvete que estava ali.
—E o que achou?
— Hum... Interessante. — seu sorriso se alargou assim como o meu e aquilo aqueceu meu coração.
— E como foi sua manhã sem mim?
— As meninas são legais, nos divertimos muito. — responde colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Seu hábito preferido. — Mas ainda prefiro você. — sussurrou olhando nos meus olhos. Possivelmente ela não fizesse ideia do que aquela última frase acendeu dentro de mim, foi como uma chama que estivesse queimando e torturando meu coração.
"Mas ainda prefiro você. " É eu também a prefiro.
Prefiro nossas conversas.
Prefiro nossos abraços.
Prefiro aquela coisa de troca de olhares que é só nosso.
Prefiro nossos momentos juntos.
Prefiro nossos beijos.
Eu entre trilhões de outras coisas no universo preferia ela, a linda garota que não sabia de tudo que era capaz ainda, a minha garota, Anna Beth Sanderson. E olhando para seu sorriso enquanto degustava de seu sorvete percebi o quão perdido estava, perdidamente apaixonado.
Ele admitiu!!!!!!!!!
Surte!!!!!!!!!
Feliz domingo♡
Bjs ♥
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