C A P Í T U L O 39
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Pov ★ Anna
Segunda-feira
Ian desapareceu.
Eu não o vi no domingo e nem na segunda-feira, dois dias sem saber onde o garoto andava. Bem, eu sabia que estava em sua casa sem ânimo para sair. Mas na verdade, estava com medo de encará-lo e não saber o que dizer. Esse era o meu real sentimento, medo.
O sinal estridente tocou anunciando o fim do último período.
Recolhi minhas coisas da aula e esperei que minhas amigas fizessem o mesmo.
— Estou te dizendo que o nome disso é drama masculino. — diz Mia enquanto saímos da sala de aula. Ela se referia a Ian ignorando minha existência ou simplesmente se escondendo por não saber lidar com seus próprios desabafos.
Eu não contei para elas sobre o assunto que o fez querer me evitar a todo custo. Apenas disse que havíamos discutido.
— Eu não acho, Mia. Ian não parece ser do tipo dramático. — questiona Bernice.
— Ele está ignorando Anna. Isso é drama. — volta a defender sua tese.
Não sabia o que dizer, nada parecia fazer sentido. Era como se estivesse numa realidade alternativa. Aquela onde se sente um completo desconhecido e uma incógnita.
Algo dentro de mim doía e eu nem sabia o motivo.
— Eu vou procurá-lo! — digo por fim fechando o armário que nem me dei conta que havia aberto.
Minha cabeça gritava para dizer uma possível verdade que tirava minhas boas noites de sono.
— Foi só uma briga boba, Anna. — diz Mia tentando me tranquilizar.
— Não foi só uma briga boba. Eu gosto da companhia do Ian, gosto da sua amizade e não poder falar com ele me deixa mal. — mesmo que eu não devesse ficar mal. Ian e eu ainda somos de realidades totalmente diferentes.
O tempo passa tão rápido que nem nos damos conta do que perdemos ou do quanto perdemos. Pessoas se vão e a deixamos ir, talvez seja porquê elas devam partir, mas nem lutamos para ficarem. Apenas ficamos as observando irem embora. Não desista antes de ter dado o seu melhor, o máximo que conseguiria, ao menos tentou, porém existem pessoas que nem se dão ao trabalho de tentar.
Você não será fraco por tentar, será corajoso por arriscar.
— Eu vou até ele. — digo decidida olhando para minhas amigas.
Talvez eu parecesse uma louca ou coisa do tipo, mas meu coração gritava por isso. Meu coração gritava para eu deixar de ser corvade.
— Vai lá. Mas antes de tudo seja sincera consigo mesma. — aconselha Bernice tocando meu ombro como forma de reconforto.
Sorri sem mostrar os dentes.
Depois de um tempo encarando minhas amigas resolvi voltar para a realidade alternativa na qual ainda me encontrava.
Respirei fundo depois de alguns passos em direção ao lugar no qual minha intuição tinha certeza que o quarterback estaria.O vestiário. Era fim de tarde e o time obviamente estaria se preparando para o início do treino.
Ajustei o rabo-de-cavalo completamente bagunçado em minha cabeça e respirei fundo entrando no local vazio ao não ser pelo capitão do time sentado em um banco grande.
Ian não era pensativo, mas quando sua mente insistisse em refletir, ele era um perigo. Uma bomba prestes a explodir.
Me aproximei o suficiente para ter seu olhar sob mim. Aquele olhar que parecia queimar cada parte do meu corpo.
— Oi. — foi a única coisa sã que consegui dizer.
Um sorriso sem dentes se arrastou por seus lábios.
— Oi. — sua resposta pareceu uma eternidade para chegar. Mas seus olhos não conseguiam se desgrudar. Era a nossa bolha, a forma recíproca que nos olhávamos como se nada mais importasse, eu não queria ter me descuidado ao ponto de me apaixonar, mas não é uma escolha.
Eu era a garota boa.
Ian o garoto mau.
O garoto mau sempre tinha uma proposta indecente nos lábios.
A garota boa era tão ingênua.
O garoto mau parecia gostar das expressões sérias, mas o sarcasmo o definia mais.
A garota boa não conhecia o lado escuro da lua, aquele que talvez não se pode respirar nem com a ajuda de aparelhos. Ela era ingênua, porém gostaria de conhecer o mundo.
O garoto mau fazia parte do mundo.
O garoto mau já havia se machucado antes e não gostaria que isso acontecesse novamente.
A garota boa também já havia sido machucada antes e não gostaria que isso acontecesse novamente.
Mas eles estavam destinados a se machucar, só que a diferença é que precisaria um do outro para se reerguer.
— Você está bravo? — pergunto hesitante.
— Não, não estou bravo.
—Certo. Mas você estava? — cruzo os braços querendo saber sua resposta.
— Não com você. — seu olhar ainda permanecia em mim. Porém sua resposta não foi convincente.
Me aproximo ainda mais sentando ao seu lado no banco do vestiário.
Nós estávamos lado a lado, agindo como dois estranhos. Ouvindo a respiração um do outro, mas sem dizer absolutamente nada. Isso me destruía, essa sensação de ter o que falar só não saber como.
—Você ainda gosta da Zaara? — aquela pergunta fazia muito sentido para minha mente insana, eu precisava organizar muitos pontos.
— Não, com o tempo se entende o motivo de muitas coisas. A Zaara foi alguém que eu quis que fosse embora. Mas ela mesmo com o Josh pareceu não entender, ela precisa ser insuperável, ela precisa continuar infiltrada em você. Só que eu superei, Anna. Antes de recomeçar é preciso deixar para trás o que insiste em não te deixar ir para frente.
— Acha que não superei o Josh?
— Eu não sei. É algo seu. — seu olhar finalmente encontra o meu depois de um longo tempo.
— Então, eu sei que o Josh não significa nada além de uma experiência amadurecedora na minha vida. Uma experiência que eu precisava viver. — digo sorrateira . — Quem diria que eu seria uma líder de torcida, que eu iria em festas e me divertiria com isso, tomaria um porre e assistiria ao pôr do sol.
Ian sorriu.
— Eu sei que sou uma pessoa melhor...
— Anna... — coloco meu dedo indicador sob seus lábios impedindo que ele diga qualquer coisa.
Sentir seus lábios macios tocarem meu dedo acendeu a brasa em meu estômago. Me levanto ainda com o dedo em seus lábios sentando de uma maneira ousada em seu colo.
Minha calça jeans ajudou a poder colocar uma perna de cada lado.
Sua expressão no início foi de surpresa, mas logo um sorriso torto apareceu em seus lábios.
— Talvez nós tenhamos colocado muita coisa em jogo, mas vamos só aproveitar. — sussurro sentindo seus braços rodarem minha cintura.
— Isso é perigoso, Anna. — adverte grudando nossas testas.
— Garotos maus são sempre perigosos. — digo ouvindo sua risada nasal.
Ponho minhas mãos ao redor de seu pescoço e acaricio os cabelos de sua nuca.
Possivelmente ele não tenha entendido minha referência e eu não me importava com aquilo.
— Ainda bem que entende que nunca fui bom. — sussurra sorridente antes de me beijar.
Nós ainda éramos dois covardes, não havíamos admitido nossos sentimentos. Só que nada parecia realmente importante enquanto os lábios de Ian estavam sob os meus, éramos só nós dois longe das nossas próprias confusões.
Não sei quanto tempo passamos apenas nos encarando, porém um pigarreio alto faz com que voltemos a realidade. Reconhecia aquela voz grave e por isso coloquei meu rosto sobre a curva do pescoço de Ian, envergonhada.
— Achei que só iria trocar de roupa, Ian. — diz Dominic num tom ameno.
— Eu também achei. — o loiro responde me abraçando mais. — Só que a zangadinha me fez uma surpresa. — me afasto o suficiente para encará-lo zombando.
Que merda é zangadinha?
— A zangadinha? — questiona Dominic. — Achei que fosse proibida a entrada de meninas no vestiário masculino, Anna.
— E é. Por isso já estou indo. — me levantei do colo de Ian e sorri para Dominic meio sem graça.
— Saúdo você Anna. — cumprimenta o treinador.
— Saúdo você Dominic. — respondo a seu cumprimento. Volto meu olhar a Ian. — E você, continue sendo um excelente quarterback. — ele sorrir e eu saio apressada.
Minha vida realmente é uma loucura.
Bjs♥
2/2
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