Pov ★ Anna

—Vai Ian! — grito tentando prender meu cabelo no alto da cabeça.  Não sei ao certo quantos gritos já soltei, mas me parecem não ter sido suficientes.
Meu rosto estava vermelho por ter feito a apresentação junto com os outros animadores a menos de quinze minutos. 

— Calma, flor! — diz Jace rindo de toda situação. 
Os Wolves Blue parecia menos desgastado que o outro time, mas o impressionante é que os touros faziam faltas brutas e sem necessidade alguma , apesar de estarem com só seis pontos de diferença e ainda poderem correr atrás do prejuízo.

— Se eles deixarem os touros virarem, não teremos pizza de comemoração.  — lembro toda a equipe que pareciam cansados pela coreografia um pouco desgastante. Mas ao ouvirem pizza  acordam e me ajudam a gritar.

Wolves Blue!

Wolves Blue!

Wolves Blue!

Wolves Blue!

A torcida em número superior logo se anima e entram na nossa loucura fazendo vozes em uníssono surgirem em apoio ao nosso time.

Depois de algum tempo, minhas mãos estavam vermelhas de tanto nervosismo misturado com ansiedade. O jogo termina e os Wolves Blue ganharam em casa! 
Nem esperei muito tempo antes de esvoaçar meus cabelos na corrida em direção ao quarterback que havia acabado de respirar fundo tirando o capacete azul. Ian me encarou e então sorriu, não o sorriso forçado e sim o espontâneo e sincero, aquele que exibe suas covinhas fofas.
Me joguei contra seu corpo suado sem me importar e seus lábios beijaram minha testa.

Quando finalmente consigo encará-lo, um sorriso mútuo surge.

— Você literalmente gritou. — diz me fazendo sorrir ainda mais.

— Bom, você confiou em mim para isso. — concordo colocando meus braços ao redor dos seus ombros alheia a tudo a nossa volta, o barulho, as pessoas, a comemoração, as risadas altas...nada importava!

Era difícil admitir, mas aquele sorriso que sempre surgia em seus lábios me faziam bem. Ian me fazia bem.

★ ★ ★ ★

A lanchonete mais conhecida da cidade ficava há alguns quilômetros do colégio e como todos os fins de semana, ela estava lotada. Ainda mais que o time Wolves Blue e a equipe de torcida estariam presentes.

Quando entramos no estabelecimento o cheiro gostoso de comida invade não só meu nariz, invade meu coração.

— Pizza! — Bonnie e eu falamos animadas ao mesmo tempo.
Ian olha curioso para nós duas ao seu lado. Mas logo volta seu olhar para a grande junção de mesas para receberem os jogadores e convidados.
Bryan assim que colocou seus olhos no capitão,  começou a uivar chamando mais atenção. Ainda não me acostumei com esses uivos.

— O vídeo da nossa apresentação está bombando no canal da Bonnie.  — exclama Henry se aproximando com Mia, entusiasmado por está ajudando nossa amiga a ser uma influenciadora digital. Ele sorrir abertamente e sinto a mão de Ian pressionar um pouco mais a minha.  — Ah, ótimo jogo, Ian. — Henry mantém seu sorriso ao elogiar o quarterback.

— Valeu. — agradece com um sorriso sem dentes.  Ele se vira para mim e olha nos meus olhos. — Quer pizza do que?

Penso antes de responder.

— Hum... Calabresa?  — foi mais uma sugestão. Ele finalmente sorrir e concorda.

— Vou ali com o pessoal do time. — um beijo na testa e se vai.

Nós estávamos estranhos. Talvez fosse pelo que falei antes do jogo. Será que o ferir? Muita das vezes falo as coisas sem pensar, mas era a nossa realidade.  Não namorávamos de verdade, tudo era apenas fachada. E isso doía em mim também.

— Tudo bem? — Mia questiona meu silêncio repentino. Minhas duas melhores amigas são as únicas pessoas que sabem de todo esse caos.

— Acho que sim. — respondo observando o loiro com alguns jogadores conversando sobre o jogo. Henry parecia alheio e sem entender nada. Porém logo sua expressão foi ignorada e os papos fluíram novamente.

Nós ficamos bem próximos nas últimas semanas, conversamos sobre tudo e rimos por qualquer motivo. Me sinto feliz ao lado deles, isso não tem preço.

Quase vinte minutos depois a lanchonete estava lotada de rostos conhecidos, cumprimentei um batalhão de pessoas e finalmente consegui me sentar respirando fundo. 

Não consegui nem me trocar no vestiário. Penso fechando os olhos.

— Cansada? — Bonnie pergunta sentando ao meu lado direito. Abro os olhos encarando minha amiga que retira os tênis.

— A fome é maior. — brinco arrancando sua risada. Mas minha expressão permanece indecifrável.

— Está assim pelo Ian? — pergunta finalmente colocando as meias brancas em contato com o piso colorido do lugar.

— Assim como? — pergunto levemente indiferente.

—Intensa.  — encaro o fundo de seus olhos castanhos.  — Acha que quantos casais que namoraram de mentira, permaneceram na mentira? — Bonnie suspira. — Há sentimentos envolvidos,  Anna. Nada é tão simples.

— Precisa ser simples, Bernice.  — questiono sentindo um nó na garganta, uma dor no peito e diversas outras sensação que não me permito sentir. Não mais. — E se não for, tenho que fazer ser.

— Não é assim. Acha que se fosse tão simples várias pessoas estariam sentindo um sentimento que não é recíproco?  Não é uma escolha! Acontece sem você perceber ou querer. — sinto seus braços envolverem meu corpo de uma forma calorosa e acolhedora. 

Por um momento encarei Ian Lewis de outra forma. Meus olhos passearam por todo seu corpo coberto por uma calça jeans preta, uma blusa branca e a jaqueta azul e branca do time.
O sorriso alegre pairava em seu rosto. Aquele sorriso era capaz de mudar o mundo. Levar paz para lugares em guerra. Talvez ele tenha feito isso em mim.

— A forma como o olha, o jeito que sorrir quando ele está perto...você sorrir só por ele sorrir.  — a voz de Bernice ecoava suavemente por meus ouvidos enquanto meus olhos estavam em Ian. — Se isso era uma mentira, sinto muito em dizer que não é mais. Não é só uma farsa.

Naquele instante compreendi perfeitamente o que Bernice quis dizer.
Os sinais
As sensações
Os avisos
Tudo dentro do meu corpo gritava para que eu pudesse parar de tentar ignorar o que Ian Lewis havia causado em mim.
Não era para eu estar assim!  

"

—Mas podemos criar regras e incluir a de não se apaixonar.

— Não temos como controlar isso. É irracional, Ian.

— É irracional quando só se quer sentir e não pensar.

"

— Eu sei o quanto isso é visivelmente difícil,  mas não pode mais negar.

— Eu não posso admitir.  — questiono ainda com a cabeça em seu ombro.

— Você é a típica amiga que faz tudo ao contrário do que te aconselham. — ouço sua risada nasal.

— Com o Ian é tudo muito intenso.  Ele é intenso.  — esclareço limpando algumas lágrimas involuntárias que caiam sorrateiramente. — Não estou preparada para mergulhar nisso de cabeça.  Sou apenas uma peça no tabuleiro.

Pela segunda vez na noite, fechei meus olhos e busquei forças para travar uma batalha contra mim mesma.

Não sei quanto tempo passamos assim, mas foi o suficiente para ouvir Bryan gritar "Pizza"  e os movimentos na mesa começarem.

— Está tudo bem? — ouço a voz de Ian  próxima, mais exata ao  lado oposto de Bernice.  Abro os olhos e vejo o amotoado de mesas lotado de sorrisos alegres e radiantes por conta da pizza. Me ajeito na cadeira ficando ereta e finalmente encarando Ian ao meu lado esquerdo.

— Sim. — respondo colocando algumas mechas de cabelo atrás da orelha.

— Tem certeza?  — insite com aqueles olhos azuis me analisando.  Eu não tinha certeza alguma se estava tudo bem.
Seus dedos acariciam minhas bochechas como se estivessem tentando desenha - lás.  Mas ele sabia que Anna Sanderson não queria falar, então apenas me envolveu com seus braços. Senti todo seu perfume enquanto mantinha meu rosto sobre seu peito.  — Não precisa dizer. Só saiba que estou aqui.

E sim, ele estava, smpre esteve.

Ainda sendo aquecida por seu corpo escuto Bryan dizer:

— Eu mereço mais pizza! — sua fala é seguida por risadas aleatórias.  — Não é mesmo capitão Lewis?  — sua pergunta foi direcionada a Ian.

Me afasto de  seu peito o suficiente para encarar seu rosto, seus olhos focaram os meus e suas mãos acariciaram meus cabelos enquanto estávamos alheios a tudo.
Bryan diz mais alguma coisa que faz Ian soltar uma risada rouca sendo seguida por um sorriso alegre. Aquele sorriso que trouxe a paz para o meu mundo de caos.
Era difícil de admitir,  mas eu estava completamente apaixonada por Ian Martin Lewis Lawrence.
E isso me fazia pensar o quão ferrada estava!

Bjs♥