C A P Í T U L O 31
Algumas semanas depois...
Encaro meu reflexo no espelho grande que há em meu closet. Apenas um top de ginástica e um short soltinho vestiam meu corpo com um pouco mais de massa muscular, isso porquê treinar quase todos os dias tem permitido a minha estrutura física mais resistência.
Muita coisa mudou nas últimas semanas, na realidade eu modifiquei muitas coisas. Algo dentro de mim foi recuperado. Entendi sobre oferecer perdão a si mesma, não se sentir culpada por algo que não estava em suas mãos. Entendi sobre ser minha própria protagonista, nada de coadjuvante!
Dizem que quando caímos na real algo muda internamente, por isso que a mudança precisar ser de dentro para fora. Era engraçado pensar dessa forma, meu íntimo estava tão diferente que conseguia refletir fora.
Meus cabelos sempre foram indecisos entre permanecer lisos ou ter ondulações que o permitiam mais volume. Ian dizia que eu ficava linda de qualquer jeito, mas ou prefirir ficar linda do meu jeito, por isso gosto das ondulações.
Entre o tumulto dos pensamentos embaralhados, sorri satisfeita com o que via. Um sorriso que se tornou constante. Quase nunca sorria dessa forma, tudo por olhar no espelho e me sentir tão pouco, insuficiente para qualquer coisa. Mas quando comecei a simplesmente sentir um bem-estar comigo mesma fez tudo mudar.
Era uma sexta - feira importante par o time dos Wolves Blue. O primeiro jogo em casa desde o início do campeonato. Já tínhamos feito três apresentações em quase um mês, mas nenhuma pode ser comparada com essa. A primeira em casa. Até o colégio sabia dessa importância toda já que resolveu congelar as atividades hoje para permitir um bom número de torcedores dentro de casa.
Eu estava nervosa!
★ ★ ★
Tranco a porta com certa pressa. Mamãe e Anny já tinham partido para o colégio há algum tempo, mas demorei um bom tempo arrumando o uniforme da torcida em meu corpo. Com a ajuda de vários tutoriais consegui fazer um delineado em meus olhos. Meu cabelo estava solto e brilhante pelo glitter azul que acabou caindo nele. O tênis branco precisava estar impecável assim como o uniforme azul que abraçava meu corpo.
Observei o loiro encostado em seu carro estacionado na frente da sua casa do outro lado da rua. Seu sorriso cresceu quando me viu. Seus braços estavam cruzados tencionando ainda mais os músculos existentes, Ian vestia o uniforme da escola, mas as calças jeans eram seu toque ali.
Me aproximo com a mochila nas costas e um sorriso no rosto.
— Ei, linda. — reviro os olhos como sempre faço para aquele apelido. Mas já era tão natural. Não posso negar o quanto nos aproximamos mais ainda nessas últimas semanas, sua presença é sempre constante que quando não nos falamos, sinto falta. Isso é muito perigoso!
—Chato! — esbravejo fingindo uma seriedade que não consigo manter com Ian.
Aproximo mais um pouco e abraço seu corpo. Sei que será um jogo importante e ele precisa de todo apoio possível. Logo sinto seus lábios em minha testa, mas não queria sentir seus lábios ali, por isso levantei meu queixo o suficiente para encará-lo diretamente. Ele sorriu e então beijou meus lábios.
Aquilo sim era único.
As probabilidades de você levar ao pé da letra o lema " pega, mas não se apega" são mínimas possível. Beijar alguém é intenso, sentir uma entrega mútua enquanto se troca bactérias é algo suficiente para o coração entender que existe um receptor e já era ora de doar o órgão para alguém. Eu não dei meu coração para Ian, apenas digo que as chances de estar apaixonada por ele são as maiores, porém prefiro ignorar os sentidos.
— Nervoso? — pergunto acariciando seus cabelos sedosos. Encaro seus olhos em busca de uma resposta convincente.
— Um pouco, mas sei que terei uma certa líder de torcida gritando por mim. — um sorriso surge em seus lábios.
Mordo o lábio inferior tentando conter o sorriso.
— Vamos, não queremos nos atrasar. — ordeno abrindo a porta do carro atrás do seu corpo.
— Diz isso por você, senhorita Sanderson. — implica enquanto caminha em direção ao assento de motorista.
Entro no carro colocando a mochila no banco de trás e pondo o cinto de segurança.
No instante em que Ian dirige para o colégio, ligo o rádio buscando nossas músicas favoritas que logo são audíveis.
— Quando me deixará dirigir? — pergunto admirando sua concentração na estrada. Ele sorrir antes de responder.
— Quando os postes forem de borracha. — zomba me fazendo revirar os olhos em desaprovação.
— Que ridículo, Lewis! — exclamo cruzando os braços. — Isso nunca acontecerá!
Ele aumenta o sorriso em seus lábios.
— Talvez, mas não estou pronto para você nos matar.
— Eu não sou tão ruim assim. — faço um biquinho digno de oscar de drama. — Só falta prática.
— E concentração. A cada cinco segundos seus olhos estão em qualquer lugar, menos no volante. — explica ainda mantendo o foco na estrada.
— Claro que não me concentro só no volante! Preciso olhar para o ambiente. — justifico ainda fazendo birra. A verdade é que não consigo manter minha atenção só na estrada, olho para todos os lados a todos os momentos sentindo umas pontadas de desespero e ai Ian sempre tira o volante das minhas mãos nesses instantes. — Você não entende!
— Linda, só precisa se concentrar em duas coisas quando dirigir: 1-O volante e 2- a estrada. Fazendo isso, será a melhor motorista da cidade. — ele sorrir me olhando enquanto para o carro em um sinal fechado. Reviro os olhos novamente. — Mas enquanto você se concentrar nas duas coisas que não deve durante suas aulas de direção, não colocarei nossas vidas em risco.
— Quais são essas duas coisas?
— 1- Meus olhos e 2-minha boca. Já observei seus olhares devassos sobre mim. — ao ouvir isso, gargalho profundamente.
— Ai, que pessoa convencida! — exclamo percebendo seu carro entrar no grande território do colégio. Tiro meu cinto observando Ian fazer o mesmo.
Ainda sorridentes pela fala do loiro, entramos de mãos dadas pelo corredor central. Ninguém mais me olhava estranho por aquela ação e eu nem me importava com a opinião dos outros.
Abri meu armário sentindo os olhos do quarterback dos Wolves Blue sobre mim. Ele sempre fazia isso, me observar.
— E se existisse um bairro onde os postes são de borracha? Me daria a chave do carro? — questiono parando de vasculhar meu armário para encará-lo. Outro sorriso surge enquanto morde o lábio inferior.
— Vem aqui. — me puxa para aproximar nossos corpos, sua respiração está acelerada e com aroma de menta. Nossas testas quase podem se tocar e isso é eletrizantes em um corredor pouco movimentado. — Quando tiver carteira de motorista , conversamos. — diz me fazendo arfar insatisfeita.
— Chato! — esbravejo fingindo irritação.
—Exasperada! — exclama sorrindo. — Linda! — seus dedos acariciam meu couro cabeludo com delicadeza.
— Eu não vou te elogiar. — cruzo os braços.
Seu sorriso cresce e a distância entre nós foi rapidamente cortada. Seus lábios macios tocaram os meus e rapidamente abaixei a guarda levando meus braços para seus ombros.
A antiga Anna nunca permitiria que isso acontecesse no meio de um corredor por medo do que iriam dizer. Mas eu me permito não viver para agradar quem nunca estará satisfeito com o modo que levo a vida.
Seu rosto segue para a curva do meu pescoço onde deposita pequenos beijos.
— Você é simplesmente linda. — sua voz soa em meu ouvido. — Mas é errado algo dentro de mim gritar para qur não vista essa roupa até a apresentação? — pergunta hesitante.
Uma palavrinha pequena e poderosa rondava por meu subconsciente.
Ciúmes!
Ciúmes!
Ciúmes!
Ciúmes!
Ciúmes!
— Por que? — retruco curiosa.
— Ela é muito curta! — sua voz sai abafada por ainda estar com o rosto em meu pescoço.
— Sim, é errado. — respondo sua pergunta anterior. — Pois não namoramos de verdade e nem se fossemos. — era difícil de admitir, mas eu tento tomar banhos de realidade para não esquecer dessa farsa.
— É, quase esqueci, mas você fez questão de lembrar. — seus olhos voltam a me encarar com desapontamento. — Como sempre faz. — acrescenta. — Acho melhor eu ir para o vestiário. Treinador Hernandez quer falar algo antes do jogo.
Não desvio de seus olhos.
— Boa sorte no jogo. — digo com meu peito desesperado para falar algo mais.
— Obrigado. — isso foi tudo antes de virar as costas e seguir em direção ao vestiário.
Podem me xingar do que quiserem, mas só eu sei o quanto é difícil lembrar todos dias que o cara do sorriso mais bonito do universo que faz seu coração acelerar e você não têm absolutamente nada.
Nosso relacionamento não é real. Apenas uma farsa.
Bjs♥
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