C A P Í T U L O 27
Fecho os olhos ainda sentindo meu corpo em contato com a grama úmida. Mesmo com as pálpebras descansando, sinto a queimação passar por cada canto do meu corpo, por conta dos olhos observadores de Ian.
—Por que o sr. Davis te chamou de Lawrence? — pergunto ainda de olhos fechados. Confesso que isso estava me deixando curiosa.
— Porque Lawrence é meu último sobrenome. É o do meu pai na verdade. Mas nunca uso. — agora faz sentido.
— Ian Martin Lewis Lawrence. Belo nome. — elogio finalmente abrindo os olhos. Ele sorrir e revira os olhos. Encaro cada movimento de seu corpo, desde os cabelos desgrenhados até o jeito aleatório que movimentava seus pés. Tudo em Ian chama atenção.
Estou ficando louca!
Meu corpo está louco!
Meu coração está louco!
Meus pensamentos estão loucos!
Só pode ser isso! Loucura pura. Querendo ou não, Josh Mackenzie não era mais o dono dos meus sonhos e pelo que me parece nem o dos meus pesadelos.
Escuto o sinal tocar indicando o fim das aulas. Respiro fundo e lembro que tenho treino hoje. Me levanto com a ajuda de Ian já de pé.
Sinto nossos corpos juntos o suficiente para respirarmos o mesmo ar, sem muita distância. Mas logo volto a recordar do ensaio, então saio de seus braços e sigo novamente para o corredor.
Nem sei quanto tempo passamos conversando, mas sei que mesmo que toda essa farsa acabe mal, quero o levar como um bom amigo. Aquele que insistiu em mim quando todos desistiram.
Os corredores do colégio sempre são cheios, mas hoje pareciam aglomerados de tanta gente em um mesmo lugar. E o pior era receber tantos olhares curiosos, isso se dá pela mais nova fofoca e talvez pela concretização do tal namoro. Ian caminhava ao meu lado um pouco sério. Quase esqueci que ele gosta de ser neutro às vezes e estar em um corredor onde o centro dos olhares é você, não me parece ser fácil. Por isso um sorriso involuntário surge em meus lábios, o que faz com que pareça uma doida. Mas uma doida excentricamente adorável.
— Do que está rindo? — Ian questiona arqueando sua sobrancelha direita. Engulo a risada para poder responder.
— Esqueci que você gosta de ser neutro. — zombo colocando minhas mãos na boca. — Pena que não é tão possível assim.
— Pode rir, Anna. Fique à vontade para fazer isso. — retruca enquanto continuamos a andar sob os olhares curiosos de todos. Cochichos aparecem me deixando um pouco desconcertada. Atenção demais!
— Fica tranquila. — sinto a mão de Ian em contato com a minha.
E por mais algum tempo senti algo diferente crescer em meu peito e uma autoconfiança surgiu permitindo que cada passo dado em direção ao vestiário, fosse como o primeiro na lua. Meus pés não estavam pisando em ovos, como sempre sinto.
—Anna. — ouço a voz de Bernice me chamar. Olho para trás e vejo minha amiga com a bolsa de ginástica nos ombros. Sorrio em sua direção e ela respira fundo quando finalmente consegue se aproximar. — Te procurei por cada canto nessa escola!
— Ah, oi Bernice. Estou bem, obrigada por se importar. — questiono cruzando os braços e lhe lançando um olhar reprovador.
— Desculpe. — ela finalmente parece notar o loiro ao meu lado. — Oi Ian.
— Oi. Bonnie? — ele parece instigar seu cérebro a se lembrar da morena a nossa frente. — Tenho que ir. Não posso me atrasar para o treino e sua amiga já está aqui. — diz se virando de frente para mim.
— Certo. Suas funções como segurança particular acabaram por agora Sr. Lewis. — brinco percebendo o loiro revirar os olhos e se aproximar. Seus lábios quentes depositam um beijo em minha bochecha e seus nariz cheiram meu pescoço. Ele começou com esse hábito que no início me imcomodava bastante. Mas é normal hoje.
— Tchau Bonnie. — dito isso o carinha sai andando em direção ao vestiário masculino.
— Boa sorte com o Sr. Hernandez. — grito percebendo seu olhar sob mim novamente. — Espero que ele não te odeie. — concluo parecendo novamente uma doida.
— Eu também espero. — uma piscadela e volto a observar os passos. Mentira. Observei tudo, menos seus passos.
Volto a encarar o ser que parece está com um cabide na boca. Os dentes de Bernice estão todos bem visíveis.
— Pegando o quarterback dos Wolves Blue. — minha amiga continua sorrindo feito um maníaca. Mas estamos um pouco atrasadas para conversar. A puxo com certa brutalidade para o vestiário feminino.
★ ★ ★
Grandes colchonetes de ginástica estavam estendidos pela grama. Algumas meninas estavam se aquecendo e logo entendi que precisávamos fazer o mesmo. Depois de cumprimentar todos os companheiros de equipe, sento em uma ponta e inicio um aquecimento igual fazia no balé.
— Foi ótimo a nossa apresentação no sábado! — exclama Mia sorridente se juntando a Bernice e eu no aquecimento. — Me senti viva novamente.
— Foi uma experiência única. — Bernice indaga se pondo de pé. — Mas a festa foi ruim. Tudo graças ao Nick Jonas.
— Não pensem nisso. Ele já foi punido. — respondo não querendo mais lembrar daquele fatídico dia. Ainda sinto vontade de quebrar a cara do idiota.
— Podíamos ter um dia das garotas. — sugere Bernice animada. — O que acham?
— Claro. — concordo.
— Não, precisa ser o dia das garotas e do Jace. — brinca Jace se aproximando e colocando os braços ao redor dos ombros de Mia.
— Dia dos Wolves Blue pink! — a empolgação de Mia quase me instiga. Quase.
— Não, não e não. — o cara questiona ainda agarrado a minha amiga. — Não pode ser o dia dos Wolves Blue.
— Por que? — retruca Bernice não entendendo.
— Porque teremos que chamar os caras que uivam. E isso particularmente é ridículo! — explica Jace me fazendo sorrir de lado. — Eu só uivo no calor da empolgação. — foi a última frase que consegui ouvir. Meus olhos passearam por todo campo, até pararem no time de futebol parado ouvindo o novo treinador falar.
Ouvi no vestiário, que Dominic Hernandez veio de outro Estado para treinar a equipe por conta que o treinador Evans pediu.
Respiro fundo e volto a me concentrar no aquecimento.
— Acha que ele vem? — pergunta Kira diretamente para Sarah enquanto elas passam por nós.
— Espero que sim. Estou contando com ele. — Sarah parece tensa e um pouco aflita. E me deixa curiosa em relação a tal pessoa que virá.
Termino meu aquecimento dando risadas das piadas de Jace. Ele é um cara legal. Divertido ao extremo e o papo nunca fica chato. Mas você precisa ser uma ótima ouvinte, pois o moreno é tagarela.
— Quem estamos esperando? — questiona Mia já impaciente com a demora para iniciar o treino.
Eu também já estava impaciente com toda aquela espera. Só podia ser alguem muito importante para tamanha consideração. Jace olhou por cima dos meus ombros e indicou, como se estivesse vendo a resposta.
— Aquele cara ali. — apenas Jesse estava de frente para o lugar que indicou. Então Mia, Bernice e eu precisamos nos virar para saber quem era. E brutalmente meus olhos se arregalaram.
—Quent MacMillan. — falamos as três em uníssono ainda assustadas.
Quent MacMillan é aparentemente um bad boy de primeira linha. Mas cuidado, as aparecias enganam. Qualquer um que estuda nesse colégio sabe que Quent está na liga de nerds.
Ele fala como um nerd.
Estuda como um nerd.
Anda com os nerds
e principalmente, é um nerd original.
Seus cabelos castanhos me lembram a bagunça que os do Ian são. Seus olhos são escuros, mas transmitem tranquilidade. Pois isso que Quent MacMillan é, a tranquilidade em pessoa.
Sarah anda em sua direção um pouco impaciente. Seus olhos se prendem aos dele e parecem não querer desviar. Eles tem uma conexão.
Não consigo escutar a conversar, mas sei que tem algo relacionado ao seu atraso.
— Há quanto tempo eles terminaram? — pergunta Bernice enquanto viramos para frente novamente.
— Menos de duas semanas. Quent é importante para ela. E será para essa equipe. — responde com os olhos presos em nós a sua frente.
Sarah e Quent namoraram durante o ensino médio inteiro. Eles não se importavam com as diferenças ou o que todos iriam dizer. Mas ouvir coisas que você não é, cansa. E foi justamente isso que aconteceu com Quent. Ele se cansou de toda a visibilidade que sua namorada o proporcionou, mesmo sem querer, decidindo ser apenas um amigo. Sei que Quent não perde uma apresentação de sua amada.
— Eles ainda formam um lindo casal. — elogio percebendo os olhares para os dois. Todos rapidamente concordam.
O momento de espera durou mais um pouco. Quent e Sarah pareciam não conversar há algum tempo. Pois a conversa que eles tiveram me pareceu uma eternidade.
Toda equipe se sentou nos colchonetes e esperou com um misto de ansiedade a fala de Sarah Anderson. Mas quem se aproximou foi Quent MacMillan.
— Oi pessoal. — seu tom de voz pareceu um pouco retraído no início. — Meu nome é Quent MacMillan. — obviamente todos sabiam seu nome. — A equipe está com uma baixa em níveis de acrobacias e de acrobatas.
— Você será da nossa equipe? — pergunta Melinda sorridente e confusa ao mesmo tempo.
— Não, serei apenas um suporte. Estão vendo os colchonetes? — pergunta e todos assentem em concordância. — Hoje iremos mostrar o que são animadores de verdade.
— Mas e a treinadora Ally? — Stefani retruca ainda em dúvida.
Quent olha para Sarah que lhe lança um olhar de incentivo.
— Ela abandonou a equipe. — aquilo foi chocante. Apesar da competência de Sarah, precisávamos de um treinador. Meus olhos viajaram por cada rosto presente. Surpresa e incerteza faziam parte das expressões. — Por isso estou aqui.
Cochichos se ouviram e claramente todos estavam em dúvida. Ser abandonado pela treinadora, me pareceu bem complicado para uns.
— E digo que precisamos começar logo.
Acho que entendi errado o propósito do colchonetes. Eles não estavam ali para um aquecimento. A razão pelo qual aqueles suportes estavam espalhados, era para evitar que alguém morresse com algum tipo de traumatismo.
Os veteranos eram bons em acrobacias, ao menos alguns deles eram.
Quent dizia algumas palavras antes de mencionar o que precisava ser feito.
Saltos duplos.
Saltos de costas.
Saltos triplos de costa.
Saltos de frente.
Esses eram alguns dos quais ele falava.
Meu corpo estava elétrico. Talvez fosse o medo ou a adrenalina pulsando. Mas não pareceu ser nada bom.
Sempre fui boa em acrobacias ou saltos, mas minhas finalizações são complicadas. Não sei como parar o impulso que meu corpo tomou e acabo saindo do controle. E saltar quando não se sabe como parar suas parnas, é ruim.
— Anna. — a voz de Quent logo surge chamando por meu nome. Todos já tentavam saltar ou fazer acrobacias razoáveis. — Salto duplo de frente.
Meu coração acelerou. Cada batida era descompassada me fazendo quase ter um enfarto mental. Olhei para o bad boy/ nerd original e concordei.
Só que foi de instantâneo meu corpo não reagir aos meu comandos.
Dançar é minha arte. Mas não sou ginasta.
Dançar são movimentos não tão arriscados, quanto os movimentos de animadores, que envolvem ir ao topo e voltar ao chão no mesmo instante.
Na apresentação de sábado, fiquei feliz por nada ter sido "ousado". Apenas fiquei na coreografia principal. Os saltos, elevações e acrobacias ocorriam a minha frente e atrás.
— Vi sua apresentação. — novamente a voz de Quent. — Você é flexível. Características de um animador. Mas o medo não pode fazer parte. É um simples salto duplo. Sei que é capaz.
— Consigo fazer o salto, mas a finalização é meu problema. — esclareço recebendo um olhar de compreensão.
— Mantenha o equilíbrio estático. Seu corpo recebe comandos do seu cérebro. Então tecnicamente pode fazer isso.
Fecho os olhos novamente e concentro minhas forças em seguir a ordem do salto duplo.
Impulsionei meu corpo para frente e senti a adrenalina novamente quando corri e saltei.
Bem, dizem que as primeiras vezes nunca são perfeitas e essa não seria diferente.
Estirada no chão, acabei lembrando dos motivos pelo qual agradecer a quem colocou esse colchonetes aqui. Eles me salvaram de uma dor nas costas pior. Mas eu não desitir. Tentei pelo menos mais umas quinze vezes. Até literalmente tudo em mim doer.
— Tudo bem aí? — pergunta Ian tapando minha vista do pôr do sol. Meu corpo já pedia descanso. E ver os olhos do loiro tão brilhantes por conta da luz, só fez a aceleração em meu peito piorar.
Levanto o polegar indicando que sim.
— Só quis descansar um pouco nesse colchonete tão confortável. — zombo virando para o lado como se estivesse na minha cama. Ian sorrir e estende seu braço. — Só irei aceitar se me der uma carona.
— Vamos logo, linda. — seu sorriso se alarga.
Linda.
Flor.
Fofa.
Gatinha.
Anjo.
Doce.
Esses são alguns dos apelidos que detesto ser chamada e são justamente os que Ian Martin Lewis me chama. Isso tudo porquê mandei uma lista dos apelidos que não deviam sair de sua boca quando se referisse a mim em público ou privado.
— Argh! Detesto ser chamada assim. — ele sabia disso.
— Ah, gatinha. Não fica assim. — Bufo segurando sua mão estendida. Mas me arrependo, pois cada músculo em meu corpo pareceu ter sido espancado. Toco em minha coluna destruída pelas quedas.
— Tudo bem?
— Um caminhão passou por cima de mim. — reclamo dramática lembrando de cada salto mal finalizado que acabou com uma parte diferente do meu corpo. — Dói tanto. — choramingo observando pela primeira o loiro. Seus cabelos estavam mais bagunçados que o normal, sua camisa de treino era carregada junto com sua bolsa de ginástica em seu ombro desnudo e com algumas marcas vermelhas do contato bruto com a grama. Apenas um short de moletom masculino vestia o quarterback chamativo.
Quando finalmente consigo voltar a encarar seus olhos novamente, percebo seu olhar cínico me observar o observando.
— Algum problema? — o sorriso sarcástico de sempre era exibido em seu rosto.
Meu cérebro não conseguia formular uma resposta convincente. Pelo contrário, os comandos involuntários fizeram meus olhos passearam por suas bochechas vermelhas pelo cansaço. Droga!
— Ian! — grita Quent MacMillan se aproximando. Ian desvia seu olhar e segue andando em direção a voz dizendo para eu esperar um pouco.
Suspirei aliviada por não precisar o responder. Não agora.
Meus olhos precisavam ser arrancandos do meu corpo, pois eles traiam a pessoa para quem deviam servidão. Acompanhei, involuntariamente, cada passo do garoto. Quent e Ian pareciam próximos. Na realidade, a maior parte dos populares é próxima. Todos se conhecem, podem não conversar, mas sabem da existência.
Sarah se aproximou da zona dos dois gatos recebendo um abraço de lado e um beijo na testa de Ian. Quent pareceu não sentir ciúmes. Como assim? Outro cara beijou a testa da sua mina e você simplesmente não faz nada?
Uma raiva involuntária pareceu crescer dentro do meu peito. Agora tudo em mim parece involuntário.
— De boa? — pergunta Henry tocando meu ombro enquanto observo mais pessoas se aproximarem do grupinho.
— Sim. — respondo virando de costas para a cena. Cruzo os braços e começo a bater o pé. Infantil eu sei, mas alguns hábitos nunca mudam.
— Parecia que seus olhos eram duas metralhadoras. — brinca não entendendo meu poder de raiva. — E você está olhando para mim desta mesma forma.
— Ei, pessoal! — se achega Bernice impedindo que o meu lado assassina surja.
—Quais são os papos? — é a vez de Mia.
— Quais são os papos? — questiona Henry incrédulo com a fala da minha amiga.
— É uma gíria! — replica repetindo minha ação de cruzar os braços.
Mia é a pessoa mais diversificada que conheço. Se ela quer mudar, ela muda. Suas ideias são sempre para o bem da maioria, não para si própria. Ela mostra ser a mulher guerreira que luta suas batalhas internas antes de travar as contra o mundo.
Sorrio ao perceber as pessoas que foram colocadas ao meu lado, mesmo sem compreender, penso no quanto fazem uma diferença e tanto. Elas acrescentam good vibes em minha vida.
— Do que está rindo? — Mia questiona com seus olhos me analisando.
— Não é nada. — era muita coisa. Algo dentro de mim havia mudado e finalmente tinha entendido que amigos verdadeiros são acréscimos importantes na sua vida.
— Está parecendo uma maníaca doida. — acrescenta Mia ainda curiosa.
— Ah. — chama atenção Bernice. — Uma doida excentricamente adorável. — falamos juntas. Pisco para minha amiga.
Henry e Mia nos olham estranho e parecem incrédulos com nosso novo mantra.
Meu olfato parece sentir a aproximação de um perfume conhecido. Cada bactéria existente em mim instantaneamente ganha vida com um simples cheiro conhecido.
— Vamos? — pergunta Ian bem atrás de mim. Um arrepio deslocou-se por cada músculo.
Apenas assinto em concordância.
— Tenho que ir. — sorrio para a tropa sorridente a minha frente. Ian apenas lança um olhar em forma de cumprimento.
Após me despedir, seguimos em direção ao estacionamento do colégio.
— Como foi seu treino? — pergunto querendo quebrar o silêncio ruim que pairou. Meus olhos voltam a analisar o rosto do loiro ao meu lado.
— Ruim, foi um treino muito ruim. — seu suspiro foi de cansaço.
Ian se dedica muito a esse time. Ele daria a própria vida para defender o Wolves Blue.
— Nauseabundo diria minha professora de gramática. — resolvo tentar amenizar o treino péssimo que ele teve. E me sinto orgulhosa por ouvir sua risada novamente.
— Vem, entra. — pede abrindo a porta de carona do seu carro.
Ajusto a mochila nas costas e entro.
O cheiro permanecia o mesmo e nem precisava mudar. Seu perfume para minha narina era como James Arthur para meus ouvidos, uma preciosidade.
O banco ao meu lado logo é ocupado por um cara suado e sem camisa.
— O que aconteceu no treino para ser tão nauseabundo? — pergunto levemente preocupada com os suspiros de Ian.
— Eu não sou mais o capitão do time. — meus olhos se arregalaram com a novidade. Não de uma forma boa. — E o mais...nauseabundo foi ele não confiar em mim, não entender que não me importo com a porcaria de um título e sim com o time.
Cada palavra proferida de seus lábios era carregada de sinceridade, tanta que doía em mim o peso de suas palavras.
— Ele disse que você não é um bom capitão? — foi a única coisa que consegui dizer.
— Não, mas ele me fez pagar cem abdominais por ter sido expulso de sala e disse que não sabe quem são os bons e nem os ruins. Por isso não poderia manter o bracelete de capitão com um moleque namorador. —Ian não era um moleque e imagino o quanto isso deve ter doído.
— Você não é um moleque.
— Eu me senti insuficiente naquele momento. Ele nem me conhece e me chamou de moleque. — respira fundo. — Senti raiva de mim mesmo por ter permitido suas palavras.
Foi inevitável não o abraçar. Sentir cada músculo seu relaxando por uma simples demonstração de afeto.
Era difícil imaginar Ian Lewis se sentindo insuficiente para algo. Ele é sempre tão dono de si, que parece impossível de acreditar. Mas por alguns instantes naquele abraço, senti algo tão reconfortante dentro de mim. Era como se estivesse onde precisava estar.
Lágrimas involuntárias caiam sem parar, meu coração ainda permanecia destruído e dolorido de todas as confusões em que me coloquei.
— Ei. Não precisa chorar. Só foi um dia nauseabundo, já passou. — as mãos de Ian tiram alguns fios de cabelo do meu rosto tentando me consolar. — Tudo bem, linda. Estou aqui. — e novamente volto a abraçar seu corpo desnudo.
— Você está suado! — reclamo ainda chorando em seus braços. Posso até imaginar o loiro revirando seus olhos e isso me fez rir durante as lágrimas.
Bjs♥
Nauseabundo: tem vários sinônimos, mas gosto de associar a algo ruim. Muito ruim.
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