C A P Í T U L O 26
Pov★Anna Sanderson.
Tento mais uma vez não morder o lápis que persiste e deslizar por meus dedos até minha boca. É sempre um hábito ruim de concentração. Na verdade, é o meu modo de mostrar está concentrada em algo. Principalmente na atividade de Biologia do dia.
— Vai acabar perfurando todo o pobre lápis. — reclama Ian sentado ao meu lado na bancada. Olho para ele e reviro os olhos de uma forma bem visível.
— É um hábito. — esclareço voltando a colocar o lápis mordido entre os lábios novamente.
— Cheia de hábitos estranhos, Sanderson. — questiona com seu sorrisinho detestável no rosto.
— Me considero estranha, Lewis.
— Mas então namorada estranha. — sua fala fez um leve arrepio percorrer meu corpo, acordando para sua aproximação. — Não acha que ainda estamos parecendo apenas dois amigos?
— Mas é isso que somos ou não? — retruco não entendendo. Mas logo me lembro do namoro falso. Isso me faz suspirar.
— Não, Anna. — olha diretamente nos meus olhos. — Não somos apenas amigos. Temos um lance. — ouvir aquilo fez meu coração saltar, não sei o motivo para o órgão irracional está tão animado hoje. — Não acha que eu deveria beijar você em público e te dar carona para o colégio? — um sorriso surge em meus lábios.
Sempre soube que Ian Lewis é um cara maluco. Mas a convivência tem deixado isso bem mais concreto. Só que não é apenas isso que tem ficado mais explícito, seu astral e sorriso iluminam a vida de todos ao seu redor. A forma como trata as pessoas me deixa admirada. Confesso que o julguei e reconheço que ele não é nada do que eu pensei.
— Me beijar em público? — questiono cruzando os braços. Seu sorriso parece se alargar mais.
— Foi a única parte que ouviu? — retruca com um olhar cínico. — Mas vou fingir que não tenha dado mais importância para essa parte. Só que é uma parte importante, então, sim. Eu vou beijar você. — continuo de braços cruzados ouvindo sua constatação. — Tipo agora. — antes de raciocinar direito sobre sua fala, sinto uma bitoca em meu nariz.
Tentei não me importar com aquilo. E muito menos com o fato de estarmos chamando atenção da turma inteira.
— Gostou do meu beijo? — pergunta descarado. — Espero que sim. — zomba com o olhar de sinceridade que transmite sempre. Aquele olhar onde se ele pedisse sua vida, com certeza entregaria.
— Foi bem xóxo! — faço uma careta estranha.
— Está reclamando do beijo de Ian Lewis? Isso é uma insulta! E uma petulância de sua parte senhorita Sanderson. — brinca me fazendo sorrir mais ainda.
— Sr. Davis, Anna e Ian estão atrapalhando minha concentração com suas conversas paralelas. — olhamos em direção a voz de Jamie Oliver que carrega um sorriso debochado no rosto cheio de maquiagem.
— Também percebi isso srt. Oliver. — concorda meu professor com o óculos deslizando pelo nariz. — Os dois para fora! — exclama me deixando assustada. Um frio percorre meu estômago me fazendo sentir um pouco de desconforto. Nunca fui expulsa de sala antes. Tento questionar , mas minha voz parece presa a minha garganta.
— Mas Sr. Davis, não éramos os únicos a conversar na sala. — Ian questiona. Apenas fico alheia ouvindo.
— Quer que eu expulse todos os seus amiguinhos Sr. Lawrence? — pensei que o professor não estivesse falando com Ian, já que Lawrence não era seu sobrenome, até ver o mesmo responder.
— Não.
— Então saiam da minha sala os dois! — repete enquanto arrumamos nossas coisas. Me senti um pouco debochada por está sendo expulsa da sala por conversar. Olhei no fundo dos olhos de Sr. Davis e questionei essa atitude, então sai de cabeça erguida. Mas assim que passei pela porta, algo em meu estômago embrulhou. Culpa? Talvez!
— Tudo bem? — Ian pergunta andando ao meu lado no corredor. Apenas assinto seguindo meu caminho para a sala do diretor. — Para onde vai? — seus braços tocam os meus impedindo que mais um passo seja dado.
— Para a direção. — respondi óbvia. — Não é isso que fazem quando se é expulso de sala? — questiono ainda sentindo seus braços fortes em mim.
— Não linda. Só se vai para diretoria quando o professor manda ir. Sr. Davis apenas ficou bravo e nos mandou sair. — justifica com o mesmo olhar de sempre.
— Tem certeza? — pergunto ainda na dúvida.
— Sim, já fui expulso de sala antes. — claro que foi. Me surpreenderia se não tivesse sido. Reviro os olhos novamente.
— Tem que parar de revirar os olhos.
— Vai me obrigar? — questiono encarando o loiro. Um novo sorriso surge em seus lábios rosados e bem preenchidos. O sorriso provocador.
— Quer que eu te obrigue Anna? — sua voz baixa fez novamente uma carga elétrica passear pelo meu corpo. A proximidade de Ian sempre foi muito perigosa, ainda mais em um corredor vazio.
— Vocês não deveriam estar em aula? — uma voz masculina grave nos faz virar instantaneamente para frente, na qual um homem de tirar o fôlego estava parado. Seus cabelos pretos pareciam sedosos e seus olhos negros eletrizantes. A postura rígida deixava marcado todos os músculos de seu corpo grande e branquelo.
— Alguém irá me responder? — volta a questionar o motivo pelo qual estamos fora da sala.
— Tivemos um problema com o Sr. Davis. — Ian responde com todos os músculos rígidos. Desconforto.
— Foram expulsos de sala? — o moreno volta a questionar. — Você é o quarterback do time Wolves Blue? — eles se encaram como se quisessem se matar.
— Sim.
— Qual seu nome? — dizem que pessoas de olhos tão escuros parecem felinos e devo admitir que nunca tinha conhecido alguém de olhos tão escuros assim.
— Ian. Meu nome é Ian.
— Ian, não irei admitir esse tipo de ocorrido no meu time. Ser expulso de sala é uma vergonha. — não entendi bem o que o felino queria dizer.
— Deve ser Dominic Hernandez. O novo treinador. — o loiro respira fundo parecendo engolir qualquer sentimento homicida.
— Eu mesmo. E desde já saiba que não irei puxar saco de jogador nenhum. — me enchi de coragem e suspirei bem fundo antes de me pronunciar nessa conversa.
—Fomos expulsos de sala por um mal entendido. E Ian além de ser um ótimo jogador é um excelente aluno. — defendo o garoto que parece surpreso ao meu lado.
— Não disse que ele não era senhorita...
— Anna Sanderson. — completo.
— Apenas não posso tolerar esse tipo de comportamento do capitão do time.
—Claro. Mas não queremos que por uma má impressão,venha criar uma versão paralela de Ian. Ele é uma pessoa incrível e nunca faria nada para prejudicar seus companheiros de equipe. — acrescento tendo a atenção dos dois. — Vem Ian. Até logo Sr. Hernandez. — praticamente puxo o loiro que trata de fazer suas pernas agirem. Nossas mãos se entrelaçam rapidamente enquanto andamos juntos. Meu cérebro insiste em lembrar que enfrentei um treinador de futebol americano. Adrenalina? Talvez.
— Você acabou de questionar o meu novo treinador. — a risada de Ian ecoa pelo corredor vazio. — Isso merece um prêmio. — suas mãos seguram as minhas com mais força e impedem que meus pés continuem a andar. Encaro seus olhos tão próximos e questiono mentalmente sua proximidade. Pequenas borboletas surgem no meu estômago. — Saí comigo na sexta? — procurei algum requisito de ironia em sua expressão, mas não percebi nada.
— Está zombando? — questiono dando uma risada amarga. Ian está drogado de novo?
O loiro revira os olhos e sorrir de lado.
— Sim, Anna Beth. Estou falando sério. — sorri um pouco desconcertada com sua proposta. Mas me lembrei que tudo é pela aparência. Somos um "casal" agora.
— Por mim, tudo bem. — dou de ombros e volto a seguir em direção a área verde do colégio, o mesmo local onde o garoto me fez a tal proposta do cumprimento daquele desafio.
Minhas pernas tremem toda vez que me aproximo deste lugar.
Me sento no gramado e olho para qualquer lado que não seja para ele. Sei que não posso sentir nada do que sinto e principalmente não posso me sentir segura perto de Ian. Quando se sente trilhões de sentimentos diferentes por uma pessoa, só quer dizer que algo mais forte está por vir e será algo que nem eu mesma sei. Meu coração sempre acelera só com sua presença e vou ao céu apenas com seu sorriso, mas não posso me permitir sentir isso, sei que não estarei preparada para essa conversa.
— Por que está tão pensativa? — sua pergunta me traz de volta a realidade. Finalmente encaro o quarterback sentado bem ao meu lado. Sua postura estava preocupada. A calça jeans preta lhe veste perfeitamente. Na realidade, tudo em Ian é majestoso. Reconheço seus defeitos, mas admiro suas qualidades. Não só externas.
— Estou com medo. — admito pela primeira o real sentimento que vem assolando minha mente.
— Faz parte. — olha no fundo dos meus olhos parecendo entender tudo sem que uma palavra saia de meus lábios. — Só não pode deixar ele guiar você.
— Como que vou conseguir isso? O medo tem estado presente desde sempre. — respiro fundo. — A insegurança é minha melhor amiga,sabia? — zombo da minha própria situação.
— Confiando em si própria. Não pode garantir que as pessoas não traiam você. Por isso não é seguro entregar sua vida a quem não pretende cuidar dela. — seus olhos transmitem tantos sentimentos juntos que me deixa mais confusa ainda. O que ele quer de mim?
— É difícil! Sinto como se não houvesse ninguém aqui. — indico o lugar vazio ao meu lado. — Me sinto tão só. Como se estivesse em uma batalha sozinha. E o pior é está ferida lá.
— Anna, todos nós travamos batalhas sozinhos. — sua mão acaricia minha bochecha. — Mas não quero que se sinta só. Eu estou aqui.
— Por quanto tempo Ian? — questiono voltando a lembrar da farsa que estamos.
— Até quando você quiser que eu esteja. — fecho meus olhos sentindo minhas dores descerem como pequenas cachoeiras. Sinto sua testa encostar a minha e seus polegares passearem por minha bochecha vermelha. — Não posso te prometer apenas sorrisos. Mas te garanto ser um ombro para todas as horas. — logo nossos lábios se tocam e me permitem pensar em tudo como algo real. Não uma farsa. Seus lábios são reais. O gosto quente se mistura na junção de Ian + Anna e não sei se estou preparada para que as pequenas borboletas me abandonem. Poder tocar nos cabelos macios do loiro sempre me pareceu uma loucura, mas é uma loucura que gosto de manter como um novo hábito. Afinal, ele disse que meus hábitos são estranhos. Pois bem, ai vai mais um para a imensa lista.
Tocar os cabelos macios de Ian Lewis.
Bjs...
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