C A P Í T U L O 25
Pov ★ Ian Lewis
—Calma merda! — grita novamente Roberto. Respiro fundo mais uma vez tentando controlar minha raiva de Nick Jonas. Estamos no vestiário dos jogadores do Wolves Blue. Bryan, Roberto, Thales e eu nos encaramos. O time inteiro estava aqui conversando sobre como torturar Nick Jonas.
—O que houve para essa raiva toda? — pergunta Thales William Foster cruzando os braços.
— Sabemos que Anna Sanderson está envolvida. — completa Bryan fazendo a mesma ação que William.
Não está em meu direito falar nada. Isso é algo pessoal. Algo da Anna, não meu.
— É ciúmes? — sugere Roberto arqueando sua sobrancelha. — Nem nos contou que estão juntos, Lewis. — seu olhar é reprovador.
— É recente. — respondo com desdém. Não é ciúmes. É indignação!
— Recente? Vê a forma como defende ela? — questiona Bryan sorrindo alegre demais.
— Vocês não tem que cuidar das suas vidas não? — desconverso me levantando de uma das cadeiras do vestiário e sorrindo pela primeira vez desde o conflito co Nick no refeitório.
— Você faz parte da nossa vida gato. — zomba William encenando uma tentativa de beijo.
— Concordo gatinho. — meus três amigos resolvem entrar na encenação. Senti tanta vontade de rir que minha barriga doeu.
★ ★ ★ ★
Andávamos pelo corredor central onde temos o painel de avisos. Pelo horário estava vazio.
Assim que nos deparamos com o painel retangular extenso coberto por mais de dez folhas com linhas em branco para inscrição nas aulas extraclasse, as quais são obrigatórias. Esse é o período em que os mais variados clubes abrem vagas para novos integrantes. Parece que estamos decidindo nossa faculdade.
Pouco a pouco o time dos Wolves Blue está completo decidindo o que fazer. Temos permissão do diretor para estarmos escolhendo nossas atividades antes do fim das aulas. Pois hoje faremos uma surpresa de despedida para o treinador Evans.
— Eu vou tentar Xadrez! — exclama Mike, um dos caras da defesa, animado com sua escolha.
Ano passado participei do clube de debate. É legal, mas quero algo diferente. Sempre pensei em teatro, não para atuar e sim para projetar cenários e essas coisas. Então me inscrevi no clube de teatro juntamente com Roberto. William preferiu o jornal do colégio. O resto dos jogadores pareciam em dúvida.
— É melhor irmos terminar de organizar a surpresa do treinador Evans. — comunica Roberto quando finalmente todos conseguem escolher seus grupos. Parecia um grande tumulto, falas ao mesmo tempo e risadas escandalosas.
Faz parte da vida se despedir. As pessoas são aventureiras e possuem a necessidade de novas fronteiras. Conhecer lugares diferentes está em nossa veia, mas saber disso não impede que doá. Treinador Evans está presente desde que entrei para o time. Seus conselhos me apoiaram nos piores momentos da minha adolescência. Fui um idiota desiludido que quis jogar tudo para o ar, por causa de uma garota. Mas ele estava lá e não como um treinador.
"O jogo contra os Uranos estava próximo, e minha cabeça só explodia com a cena que se repetia, Zaara e Josh. Nada mais. Eles juntos.
Eu sou insuperável.
Isso doía mais. Saber que fui um brinquedo e uma cobaia para um teste de amor. Fui usado e me afundei inteiro nessa merda. Como ela pôde? E o pior é que não consigo odiá-la.
— Ian! Mas que porcaria acha que está fazendo? — treinador Evans grita de perto da arquibancada, onde fazia uma avaliação dos jogadores que seriam titulares. — Sai desse campo, agora!
Meu corpo inteiro estremeceu. Olhei por todo campo e percebi as jogadas erradas que estava fazendo. Meus colegas de time me lançaram olhares de compreensão, ninguém sabia o que havia acontecido. Mas entendia que algo de errado aconteceu. Logo encaro Josh Mackenzie, o idiotinha. Seu sorriso se alargau e uma provocação surgiu em seus olhos. Parti para cima do mesmo e soquei tudo que meu corpo fadigado permitiu.
— Continua Ian! — grita brutalmente Josh com o nariz ensanguentado. — Continua seu bostinha. Ela preferiu à mim! — sorrir amargo.
Meu corpo congela com sua constatação.
Ela realmente tinha preferido ele? Eu mataria por ela.
Aquilo doeu! Me senti impotente e descartavel.
Sinto braços me tirarem de cima de Josh estirado no chão. Os companheiros de equipe pareciam assustados com a cena toda.
Sr. Evans praticamente me puxou para o vestiário, onde me sentei num canto e coloquei as mãos no cabelo.
— O que você tem garoto? — pergunta afastado de mim. Não respondo. — Agredir um colega de equipe é a resposta para seus problemas?
— Não sabe o que aconteceu. Mas eu sou sempre o impulsivo que faz merda e ferra toda equipe. É isso que acha de mim? — esbravejo irritado e com os olhos inundados de raiva. — Se estivesse descontando minha raiva podia ter batido em qualquer um dos garotos, acho que teve um motivo para ser em Josh Mackenzie.
—Mas não pode sair agredindo Josh por está com raiva dele. Continua errado, Lewis. — se aproxima o suficiente para se sentar ao meu lado. Encosto a cabeça na parede e fecho os olhos.
— Vou sair do time.
— Ian...
— Não. Vou sair por não querer ferrar com todos. Sei que não funcionará entrar em campo ao lado de Josh Mackenzie. Não sei ser hipócrita. — digo encarando o treinador com aparência cansada ao meu lado.
— Tudo bem. Sei que ainda é só um garoto. Mas eu vejo muita coisa em você. Liderança.
— Josh é o novo capitão. Ele é o líder agora. — retruco.
— Independente disso! Rótulos às vezes não importam. Sei que nada está fácil para você. Mas quero que saiba o quanto pode contar comigo. Sou seu amigo. E admiro sua coragem. — meus olhos repentinamente se enchem de lágrimas e uma dor no meu peito surge me sugando.
Seus braços me rodeiam e seus ombros afagam minhas lágrimas involuntárias. "
Naquele dia eu soube o que é ter um amigo. Treinador Evans estava em todos os momentos, de sorrisos ao de lágrimas. E me sinto grato por isso.
— Tudo bem? — pergunta Roberto vindo até mim no vestiário do time. — Está pensativo desde que chegamos.
— Sim. Estou bem. — respondo sorrindo da tentativa de decoração do vestiário. Balões azul e branco estão espalhados pelo local e uma mesa repleta de doces e salgados está centralizada. Inclusive com um bolo estampando a foto do treinador.
— Ele já está vindo! — exclama Brad eufórico com a boca cheia de docinhos. Nos posicionamos em esconderijos invisíveis e gritamos assim que o treinador entra.
— SURPRESA!!! — quase matamos o velho de enfarto. Mas logo vimos o sorriso se espalhar por seu rosto. Aquele simples ato fez meu coração se alegrar.
— É uma super festa de despedida! — exclama ainda com um sorriso. E rapidamente todos vão para cima dele, tendo um abraço coletivo.
Depois de um tempo e abraços fraternos , fiquei um pouco distante do resto dos jogadores. Estou com a cabeça cheia demais para ficar na civilização.
Tomo mais um gole de refrigerante para esfriar a cabeça.
Anna Sanderson é um dos motivos para minha sanidade mental está evaporando. Algo que não quero e nem pretendo tentar entender. Não sei os motivos para meus pensamentos rodarem em torno da garota. Só posso está louco!
A partida do treinador Evans também ajuda. Ele tem me ajudado a tanto tempo que fica difícil imaginar o time sem os xingamentos para levantar o astral ,de Luke Evans.
Percebo o treinador pegar um copo de refrigerante e levantar.
— Vamos brindar aos Wolves Blue! — diz sorridente. — O time que pode ir até onde quiser. Sejam uma equipe sempre. Estarei torcendo por vocês, mas desta vez, é da arquibancada. — levantamos o copo e brindamos.
— Eternamente Wolves Blue! — grita Bryan uivando logo depois. Era um ótimo momento para um uivo. E isso aconteceu. O time inteiro uivou em homenagem a Luke Evans, nosso treinador.
★ ★ ★ ★
Cheguei em casa bem mais tarde que o normal e percebi todas as luzes apagadas então deduzi que estaria na casa dos Sanderson.
Passei um perfume amadeirado que estava no carro , só para tirar o cheiro de amotoado de homens do meu uniforme.
Estaciono à frente da garagem percebendo que James não está. Desço do carro com a aba do boné azul para trás e uma sacolinha com alguns doces e um pedaço de bolo para minha mãe.
Toco a campainha ouvindo o som da música entediante. Logo Anny Sanderson abre a porta exibindo sua trança bem alinhada.
— Oi Anny! — cumprimento sorrindo para garotinha.
— Oi Ian. — seu sorriso se alarga mais e um levantar de sobrancelha surge. — Sim, sua mãe está aqui. Se for isso que iria me perguntar. — continuo a encarando sem palavras, pois conversar com Annyta Sanderson tem disso. — Pode entrar.
Entro na casa espaçosa olhando para todos os cantos buscando minha mãe.
— Ela está na cozinha. — parece ler meus pensamentos. — O que tem na sacolinha? — pergunta olhando para minha mão com olhos gigantes castanhos de gula.
— Alguns doces. Quer um? — ofereço observando os olhos castanhos aumentarem ainda mais. Sorrio de lado.
— Não deve alimentar a formiga que existe em Anny. Segundo seus últimos exames, ela está com a glicose um pouco alterada. — a voz de Anna ecoa pela sala de estar enquanto desce as escadas. Meus olhos logo encaram a garota com um rabo-de-cavalo bonito, deixando seus olhos mais atraentes e uma roupa casual. Anna sempre foi assim, simples e casual.
Não sei no que mudou minha forma de olhar para Anna Beth Sanderson, mas seja o que for tem que parar.
— Ela está blefando. Anna não gosta de doces. — explica querendo pegar os doces, mas levanto a sacola o suficiente para baixinhas não pegarem.
— Então Anna Sanderson não gosta de doces. — implico com o mesmo sorrisinho de sempre. A mesma revira os olhos e desce mais alguns degraus da escada.
— Não é bem assim. — se defende. — Apenas não sou viciada. Prefiro um bom salgado.
— Na verdade, se for a mistura dos dois ela fica feliz. Como sorvete de chocolate e pizza. — Anny olhou com um pouco de desgosto para o paladar peculiar da irmã.
— Pizza com sorvete de chocolate? — questiono um pouco curioso com a mistura. — Um pouco diferente seu gosto.
— Estranho, quer dizer. O normal é Sorvete de chocolate ou pizza. Não Sorvete de chocolate com pizza. É nojento! — exclama Anny fazendo uma careta engraçada.
— Não é nojento! Apenas faço a junção de duas coisas que amo. — Anna olha nos meus olhos ao dizer isso.
— Cada um com seus gostos. — digo não desviando meus olhos. Ela parecia irritada ou talvez seja o mal- humor que retornou para seu corpo. Essa versão da Anna me afasta. A versão fria, que nunca permite a aproximação de ninguém.
— Concordo plenamente, Ian. — suspiro fundo antes de retornar meu olhar para Anny.
— Vocês se encaram sempre assim? — pergunta arqueando a sobrancelha direita. Engulo seco arquitetando uma resposta convincente.
— Olha quem chegou. — a voz de tia Amy surge me fazendo agradecer mentalmente. — Vamos jantar. Ian, lave as mãos.
★ ★ ★
As mais velhas eram as únicas que conversavam entusiasmadas sentadas à mesa. Minha cabeça lateja com a estranha sensação dos assuntos que elas falam.
— Ele é incrível! — minha mãe suspirava falando sobre um tal irmão de uma amiga que conheceu no dia do tal reencontro dos colegas de faculdade.
— Vocês já dormiram juntos? — tia Amy pergunta sorridente, para mim foi o ápice. Claro que quero minha mãe feliz, mas não preciso saber da sua vida íntima. Pigarreio chamando atenção de todos.
— Está ótimo seu bife tia Amy. — elogio lançando um olhar de "parem com esse assunto".
— Obrigada meu bem. Sua mãe me ajudou. — sorri simpática.
— Não, não dormimos, apenas conversamos a noite toda. Nunca me divertir tanto. — minha mãe responde a pergunta feita anteriormente.
Bom saber que minha mãe só conversou no sábado. Agora sei o seu tipo de diversão.
Elas papearam por mais tempo sobre o tal irmão da tia Meggie, outra amiga delas, que pareceu uma eternidade.
Bebi mais uma golada de suco antes de respirar fundo e voltar as tentativas de não demonstrar puro tédio com aquela conversa.
— Querida, esqueci de perguntar qual atividade extracurricular escolheu. — tia Amy diz sorridente diretamente para Anna. — Espero que seja algo bem proveitoso.
— Ainda não me inscrevi em nada. As filas estavam imensas no corredor. Mas sei que quero o clube de debate. — Anna responde dando uma garfada em seu bife.
— Ian participou ano passado desse clube. Sei que é bem divertido. — minha mãe olha para mim e sorrir. — Vocês estão combinando isso? — arregalei meus olhos surpreso com a sua fala repentina e ainda mais com o sorriso em seu rosto.
— Não entendi. — Anna se pronuncia tão surpresa quanto eu. — nossas mães se entreolham.
— Sabemos que estão namorando. Quando pretendiam nos contar? — questiona tia Amy nos encarando sorrateira.
— Como sabem? — retruca Anna parecendo nervosa.
— Vimos no site de fofocas do colégio. — minha mãe responde achando isso normal. — E estamos felizes por vocês! Mas quando isso começou? Queremos detalhes. — esse é o tipo de surto que Jess Lewis tem com uma novidade.
Olhei para Anna qua ainda parecia surpresa e receosa com toda a situação. Seus olhos logo encontram os meus e por um momento vi toda aquela barreira cair quando ela sorriu tímida. Mas sei que foi um teatro, somos um teatro. E me dói saber que eu só terei seu ódio no fim de tudo.
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