C A P Í T U L O 23
Não sabia com exatidão como os quartos de hóspedes estavam. Então, não querendo arriscar, disse a Anna que dormiríamos em meu quarto. Sem milícias ou qualquer coisa do tipo.
Meus pensamentos voavam além da atmosfera terrestre. Me sintia um verdadeiro idiota a usando para atacar Zaara. Anna não merece isso! Ela é uma boa garota. E quem insistia dizendo isso era minha consciência, aquela que pesa quando algo não não está certo.
— Tudo bem? — desperto da minha viagem lunar e percebo a bagunça que fiz ao colocar alguns cobertores no chão.
— Sim. Tudo bem. — respondo tentando ajeitar os edredons.
— Parece pensativo.
— Não é nada. Só estou cansado pelo jogo. — o jogo da vida no caso.
— Foi um bom jogo. — sorrir fazendo um nó no meio de seu cabelo. — Mas é ruim quando não se entende nada de futebol americano e principalmente o que é um Touchdown. Tive que pesquisar no Google.
—Fazia tempo que não fazíamos um Touchdown. São seis pontos importantes. Ainda mais que era o último jogo com o treinador Evans. — aquilo me deixou um pouco triste. — Ele vai se mudar para o Canadá.
— Espero boas vibrações nessa nova etapa da vida dele. — a maneira que Anna falou foi engraçada. Ela tinha um bom humor às vezes.
— Vamos fazer uma surpresa de despedida na Segunda-feira. Está convidada como minha namorada. — seu rosto ganhou um tom de vermelho me fazendo sorrir com a cena. Meus olhos percorram seu corpo em minha camisa azul que lhe caiu muito bem. — A camisa ficou linda em você. — elogio percebendo que isso afetou ainda mais seu rosto.
— Obrigada. — agradece seguindo para cama e se cobrindo. Desligo a luz do quarto e sigo para meu espaço no chão — Boa noite, Ian!
— Boa noite, Anna.
Pov ★ Anna Sanderson
Meus olhos permaneciam abertos encarando o teto. Meus pensamentos eram reduzidos a Nick tentando me agarrar. Ele deixou mais que uma marca avermelhada em meu braço.
Milhares de mulheres sofrem assédio moral, sexual e psicológico todos os dias. Elas se calam porque ninguém quer as ouvi de verdade. Abusos caracterizam nossa sociedade atual. Não se pode confiar em ninguém.
— Está acordada? — Ian pergunta do chão. Não sei quanto tempo passou desde que tentei fechar os olhos pela primeira vez.
— Sim. Ainda não consegui dormir. — respondo ligando o abajur em cima do seu criado-mudo.
— Eu tentei. Mas falhei. — brinca sorrindo. Seu corpo atlético estava esticado em cima de edredons espalhados pelo chão. Retiro o lençol do meu corpo e engatinho para a ponta da cama.
— Seremos como Peter Kavinsky e Lara Jean? — pergunto colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Não. Você não é descendente de coreanos e nem eu jogo Lacrosse. — zomba abrindo mais ainda o sorriso. Jogo um travesseiro no seu rosto e o acompanho na risada. — Aí! — reclama.
— Estou falando sério! — questiono contendo a risada.
— Eu sei. Mas podemos criar regras e incluir a de não se apaixonar.
— Não temos como controlar isso. É irracional, Ian. — esclareço sabendo da besteira que me coloquei.
— É irracional quando só se quer sentir e não pensar. — reviro os olhos diante da sua constatação barata. — Vamos pensar apenas como amig...
—Que irão fingir um namoro?!
— Deixa eu terminar. — questiona minha interrupção. — Amigorados. — a criatividade de Ian sempre foi incontestável.
— É sério isso? — questiono incrédula. — Ian... vai dormir é muito mais produtivo nesse momento. — percebo seu sorriso se alargar me fazendo revirar os olhos. Ian Lewis é bem irritante quando quer. Volto a me aconchegar em sua cama grande e macia. Meus cabelos se espalham por seu travesseiro. O seu cheiro exala por todo lado e é inevitável não senti-lo.
★ ★ ★ ★
—Você só pode ser maluco! — xingo mais uma vez o garoto de olhos azuis sentado a minha frente no gramado de sua casa.
Ter conseguido enrolar minha mãe na noite de ontem me fez sentir uma perfeita criminosa. Só que foi preciso. Quero esquecer totalmente da noite de ontem, mesmo que Mia e Nice não permitam que isso aconteça.
— Estou me sentindo ofendido com esse xingamento. — disse colocando a mão sobre o peito e fazendo uma expressão de ofendido.
— É para se ofender. — replico revirando os olhos. Ele apenas volta a abrir seu sorriso, o faz com que seus olhos dominuam um pouco, mas não percam o brilho.
— Pode tirar uma foto. Eu autorizo. — exibe seus dentes branquinhos e bem alinhados. — O céu combina com meus olhos. — convencido!
— Voltando ao assunto você é maluco. — recapitulo. — Acha que alguém vai acreditar que estamos namorando?
— Por qual razão não acreditariam? — questiona com o tom de voz sério e o olhar hipnotizante.
— Não é visível? — gesticulo mostrando o poço de desleixação que sou. — Você pode ter a garota que quiser. Por quê justamente Anna Beth Sanderson?
— Porque parei de me importar com o que as pessoas acreditam ser o certo para minha vida. Eu simplesmente não ligo para o que os outros pensam, não me acrescenta em nada. — suas palavras conquistaram minha atenção. — E por que Anna Beth Sanderson? — refaz minha pergunta anterior. — Gosto de garotas fora do padrão.
Senti uma imensa vontade de sorrir e acabei fazendo isso internamente. Ian Lewis é um cara legal. Me sinto bem perto dele. Sem desconfortos ou inseguranças.
— Serei conhecida como a namorada de Ian Lewis, não serei? — fecho os olhos respirando fundo.
— Não. Você será conhecida pelo seu próprio legado, não por namorar um cara popular. — abro os olhos e percebo seu olhar no sol que se põe anunciando a chegada da noite. — Você fará sua própria história. Não tente ficar escondida atrás de alguém. Seu lugar é ao lado e se alguém não valorizar, seu lugar é na frente. — mantém seu olhar no além. — Não tenha medo de ficar sozinha.
Passei muito tempo não entendendo o motivo pelo qual todos amavam Ian. Para mim ele era apenas mais um garoto idiota e convencido que existia no mundo, nada de muito surpreendente. Mas olhando indiretamente a pessoa ao meu lado, percebo o quanto estava errada. Ele é mais que um rostinho bonito.
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