C A P Í T U L O 21
O pânico literalmente se instalou por todo ônibus. Estamos totalmente atrasados. O combinado era chegar com pelo menos com uma hora de antecedência, mas o caos de cidade grande resolveu interferir tamanho às 4:50 P.m deixando todos super nervosos, já que o jogo é às 5:00 p.m.
Pouco a pouco fomos parando e as portas foram abertas e quase todo mundo saiu correndo ao menos para conseguir assistir os últimos segundos de apresentação da torcida adversária. Menos Mia e eu.
— Credo! — reclama Mia incrédula com a forma que todos desceram. — Se você tivesse descido assim, eu te daria uma bifa.
— Acho que a apresentação até acabou. Só faltam dois minutos para o jogo começar. Espero que eles se saiam bem.
— Corrigindo, você quer que um quarterback chamado Ian Lewis se saia bem. — implica enquanto saímos do ônibus.
— Ah, não. Eu quero que o time inteiro se saia bem. Nada mais.
Caminhamos mais um pouco em direção ao resto da equipe, que pareciam impacientes com o atraso do ônibus.
A vista é boa para se dizer que está lotado. Um lado inteiro da arquibancada é dedicado aos torcedores do time visitante, que não decepcionou. Está praticamente sem lugares vazios.
O comitê de boas-vindas do colégio nos guiou até uma parte bem perto do campo cuidado com dedicação.
Sentamos nas cadeiras verdes grudadas lado a lado para esperarmos o intervalo, hora que nossa apresentação aconteceria.
Encolhi meus pés calçados pelo tênis branco até os dois ficarem na cadeira para que pudesse descansar minha cabeça.
O nome de cada jogador do time de casa foi anunciado e eles desfilaram acenando para o público que os aplaudia.
Chegou a vez dos visitantes, Wolves. O nome do time foi anunciado pelo narrador que fez um cacoete legal. A platéia do nosso lado ovacionou de uma forma que quase estouraram meus tímpanos.
Os nomes de cada jogador também foi chamado, mas meus olhos fitavam unicamente o último do time de visitantes, Ian Lewis entrou em campo já completamente equipado. E posso afirmar que aquela roupa o deixa... interessante.
O uniforme é todo branco, apenas com o número e sobrenomenas costas, azul , além do nome da equipe e marcas que podem os patrocinar. Nem sabia que no futebol americano é preciso utilizar luvas, mas a prova está bem na minha frente.
Observo um pouco mais Ian Lewis sem o capacete enquanto declaramos o hino nacional dos Estados Unidos da América em referência ao patriotismo e percebo que em seu braço esquerdo ele carrega algo diferente dos demais jogadores. Um bracelete azul.
Logo alguns se posicionam no centro do campo abaixados. E outros segue em direção a uma cobertura fora das linhas do campo e se sentam no que parece ser o banco dos jogadores reservas. Reservas entre aspas, já que todos praticamente jogam uma partida.
Não entendo muito disso, mas as pessoas ao meu lado parecem saber o nome de cada passe.
—Manda mais atacantes para lá treinador! — grita Jace enfurecido com o posicionamento dos jogadores.
Realmente não entendo nada. Só sei o quanto é um esporte bruto e que precisa de força para derrubar Bryans, muita força. Meus olhos canalizam cada movimento do corpo agiu de Ian. Que assim como o treinador, grita palavras incompreensíveis para meu vocabulário.
Não sei quanto tempo passou, mas pareciam horas e eram. Acordei do transe com Kira me entregando dois pompons, um azul e o outro branco.
— Faça desses pompons parte da sua história. Bem-vinda a equipe.
Meu coração voltou a acelerar suas batidas e o pânico interno dominou meu corpo por inteiro.
Temos apenas dois minutos para chegar até o centro do campo e até nossos passos precisam ser dados com um sorriso no rosto.
Todos já estavam em suas posições , principalmente o mascote do time , o lobo azul. Que até olhando para ele você ria.
Meus olhos fitavam o chão como a parte inicial da coreografia, até ouvirmos a música ou os comandos de Sarah, ninguém fazia nada. E aconteceu exatamente assim, a música iniciou e com ela vieram palavras gritadas de Sarah.
Passos sintonizados e pompons agitados surgiram e logo as acrobacias começaram a ser desenvolvidas. Os meninos eram as bases e algumas meninas elevações. Não sei ao certo quais acrobacias eram desenvolvidas atrás de mim. Só sei que por minutos ninguém parecia existir ali. Foi como se meu corpo se movimentasse sem platéia alguma. Só eu e... Ian. O quarterback estava nos meus pensamentos e rapidamente busquei me concentrar na equipe inteira que estava a minha volta. A última acrobacia foi feita e shawzan! Sorrisos quase rasgaram o rosto de todos.
Aplausos foram ecoados juntamente com assobios altos.
Meu coração voltou a funcionar normalmente, sem mais alterações.
Seguimos ao lugar de inicio, suados e eufóricos. Abraços acompanhados de sorrisos apareceram e me senti grata por está fazendo o que amo. Dançar é minha paixão desde sempre e poder fazer isso me deixa muito feliz. Anna é sinônimo de dança.
Não sei mais quanto tempo passou depois do intervalo, só sei que pelo cronômetro pareciam ser os minutos finais. O placar estava apertado, e perdi a conta de quantas vezes vi um jogador ir ao chão e meu coração saltava achando que ele havia sofrido algum tipo de lesão grave.
Meus olhos captam a corrida frenética de um jogador que é chamado de retornador quando ele recebe a bola e como flash passa por vários dos jogadores adversários. Até quase ser derrubado e precisar jogar a bola para Ian Lewis, que corre e busca Thales que é Wide Receiver (recebedor), mas o companheiro de equipe foi derrubado. Sou tão boa em leitura labial que percebo Roberto gesticular: "Vai!". Ian o obedece rapidamente e corre como se sua vida dependesse daquilo. Me levanto calmamente para olhar o que o quarterback fará e o vejo ainda correndo. O cronômetro dizia que poucos segundos restavam e meu peito se apertou de nervosismo.
Seus passos estavam ágeis e ninguém o alcançava, ele sabia exatamente o que estava fazendo.
Faltando apenas dois segundos, Ian praticamente se joga contra a linha de gol, alcançando a endzone adversária. Todos ficam em pânico para saber se o ponto valeu ou não, já que o tempo esgotou. Apenas observo preocupada o quarterback jogado no chão, com a bola na mão.
Então o placar muda adicionando mais seis pontos para os Wolves Blue, que terminam o jogo com setenta pontos. Isso indica que a jogada valeu. E todos ovacionam o time.
— Touchdown! — alguém grita. Nem sei o que é isso, mas sorrio animada.
A torcida da arquibancada abandona seus lugares e invade o campo carregando os jogadores suados e sujos nos braços. Todos parecem está soltando fogos de artifícios pelos lados. Fiquei imensamente feliz pelo time e por nossa equipe.
Touchdown parece algo importante.
★ ★ ★ ★
Cindy Hartford, uma das animadoras. Resolveu dar uma festa de última hora em homenagem a vitória de hoje. Confesso que não ter parabenizado Ian pelo jogo me deixou chateada e sem vontade para ir. Mas Mia conseguir convencer Nice e eu. Acredite , depois de ter ouvido Kael, menino da torcida, cantar o caminho da volta inteiro músicas de Ed Sheeran, pode ser muito pior que ter meus tímpanos detonados com a música alta, ou minha sanidade mental evaporada com as manias loucas de jovens em festas.
A casa já está lotada. E me arrependo seriamente de não ter ido em casa me trocar. O moletom azul não ajuda muito no frio, principalmente com as pernas expostas na mini saia.
— Vai ser puck ! — exclama Mia animada com a bebedeira adolescente.
— Com certeza! — finjo animação enquanto seguimos em direção ao Jace que sorrir gentil.
— Oi lindas. — cumprimenta já exalando álcool.
— Oi. — respondemos em uníssono.
— Foi uma apresentação magnífica!
— Sim, mas eu notei a Sarah um pouco distante da Terra. — comenta Mia curiosa.
— Ela terminou o namoro a pouco tempo e ainda o ama muito. — esclarece Melinda com um copo de bebida na mão.
Depois de um tempo os ouvido sobre a fase ruim de Sarah, decido entrar na conversa para mudar de assunto. E logo começamos a conversar coisas aleatórias e divertidas. Deixei escapar boas risadas das piadas de Mia e das histórias fictícias de Jace. Mas decido deixá-los conversando e seguir meu caminho pela casa até me cansar e resolver ligar para mamãe vir me buscar.
O barril de cerveja só pode ser um buraco sem fundo. Não tem fim. E destesto admitir que o fígado desses jovens está detonado.
Trilho um caminho difícil até chegar a cozinha. O som era ouvido com menos intensidade e as batitas pareciam um pouco distantes. Mas ainda atrapalhava meus pensamentos.
— Anna? — uma voz feminina me chama. — Esse é seu nome?
Olho para o ser que me chama.
— É o que parece. — respondo curta para Jamie Oliver. A garota desprezível da trupe de Zaara Gilda.
— Desculpe. É que não tinha certeza do seu nome. — mentiu descaradamente. Jamie Oliver, sabia qual era o meu nome.
—Sem problemas. — minha voz soa tão falsa como a dela.
Seu olhar encara os meus como se buscasse apenas uma fraqueza para se alimentar e ter sua superioridade elevada.
—Vi a apresentação de vocês hoje. — nem esperei um elogio. — Mas sinto dizer que não chegaram nem aos nossos pés. — a cobra da o bote.
— Fico feliz. — demonstro entusiasmo. Jamie apenas franze a testa não entendendo. — Não queremos chegar tão baixo. — faço meu melhor carão e sigo para a porta dos fundos. Não sem dar uma piscadinha antes.
Assim que fecho a porta atrás de mim, percebo que me tornei uma pessoa horrível. Mas ela mereceu.
Tiro o celular do bolso e vizualizo algumas notificações. Inclusive a de Mia , que me marcou na nossa foto juntas. Curto e comento alguma coisa aleatória que vem a mente.
Me encosto no cercado dos fundos da casa enquanto entro na galeria de fotos. Mia e Nice forçaram meu lado fotogênica sair e bater várias selfies alegando o quão importante era registrar nossa primeira apresentação como integrantes da equipe. Gostei de uma em especial. Estou sorrindo sem mostrar meus dentes e pareço com a patricinha de Beverly Hills. Nice é uma ótima fotógrafa. Meus olhos estão realçados e isso é agradável.
Nunca fui alguém muito fã de posts no Instagram. Não tenho nenhuma foto publicada. Na realidade , não tenho nem foto de perfil. Uso o aplicativo apenas para seguir gente que se importe com essa coisa toda de vida virtual. Quase ninguém posta a verdade. Elas apenas tentam parecer o que não são.
Minha atenção está tão vidrada na tela, que nem percebo a aproximação de alguém.
— Anna. — escuto aquela voz grotesca de Nick Jonas. Seu cabelo está completamente bagunçado e seu cheiro exala álcool puro. — Vi você vindo para cá. — suas palavras embaralhadas me deixam apavorada.
— O que você quer? — questiono sua aproximação.
— Conversar com você. — seu olhar tem um brilho esquisito. — Dizer que Josh Mackenzie é um idiota por ter permitido que você fosse. Eu não deixaria. — não entendi onde ele queria chegar. Mas não me permitiria saber. Tento seguir para dentro da casa novamente, só que sua mão me impede.
— Você pode me soltar. — ordeno irritada com seu toque.
Suas mãos se fecham com força ao redor do meu braço. Tento arrancar aquelas patas asquerosas , porém ele é mais forte e aparentar está desorientado.
— Por que tão rápido? — sua risada nasal é alta e assustadora.
— Você está drogado? — pergunto tentando me afastar novamente.
— Cla-claro que não! — gaguejo colocando ainda mais força em suas mãos.
Planejo um bom jeito para socar sua cara ou simplesmente gritar por ajuda. E quando pretendia colocar o máximo de força possível em minhas cordas vocais para pedirem ajuda, sua mão nojenta combre meus lábios e me põe a sua frente.
— Ninguém vai te escutar. — diz bem perto do meu ouvido. Tento não me desesperar. Canalizo coisas positivas e maneiras para me soltar dos braços desse covarde, mas parece inútil. Seus braços são mais fortes e seu corpo é maior. Hora do desespero. Começo a me contorcer e espernear presa em seus braços. — Calma! — volta a dar risadas. — Vamos ver o que Josh Mackenzie viu de tão interessante em você. — suas palavras me fizeram ter ainda mais pânico. Eu só gritava socorro internamente. Tentei morder sua mão com força, mas ele a pressionou com mais força ainda. E pela primeira vez desde muito tempo, me vi perdida e sem saída.
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