5. Amor e Ódio (p.3)
O espanto foi geral por toda a casa quando, pela manhã, o celular de Marina começou a tocar. Todos se acumularam em volta do aparelho, o encarando como se fosse um bicho de outro mundo.
Afinal, quem teria o número de telefone dela?
Diana aproximou-se decidida e atendeu o telefone, colocando no alto-falante, para que todos pudessem ouvir. E de fato, ouviram o alvoroço do outro lado da linha, indicando que também tinham um grupo de pessoas em torno do celular.
— Alô? — a voz soou do outro lado da linha.
O rosto de Diana se contorceu em uma careta indecifrável.
— Jack? — ela perguntou, e a admiração contida em sua voz era palpável.
— Diana? — o tal Jack pareceu reconhecer a voz dela também. — Por Merlin! Você está com Marina Ignis? Eu devia ter adivinhado.
— O que quer, Jack? — ela perguntou, e sua voz começava a adquirir um tom de irritação.
— Encontrar vocês, é claro — ele disse. — Sou o líder dos Híbridos, e vocês estão simplesmente com a mais importante de todas.
— Não vou entregar Marina pra você, Jack — Diana afirmou.
— Eu não pediria isso. — Havia um tom de diversão no tom de voz dele. — Na verdade, tenho a oferecer.
— O que?
— Um minuto — ele pediu, e puderam ouvir a movimentação. — Pronto, perdão. Estava na frente das crianças.
— Crianças? — Diana tinha a sua confusão estampada no rosto. — Mas que...?
— Como disse, tenho algo a oferecer — Jack repetiu.
— E o que seria?
Marina notou quando Arthur deu as costas e deixou o quarto. Quis segui-lo, porém não podia deixar de ouvir a conversa de Diana e o tal Jack. Se sentiu um pouco melhor quando Chloé foi atrás dele.
— Eu ofereço proteção a vocês — ele disse. — Serão convidados dentro de minha própria casa.
— Em troca de quê?
— Apoio político — ele disse. — Consegue imaginar minha popularidade tendo Marina Ignis comigo?
— Não me interessa!
— Fique calma, querida — ele disse, e não era ironia. Existia uma certa intimidade na forma de falar. — Não precisa me dar uma decisão agora. E, além disso, pretendo oferecer um presente.
— Um presente? — Diana aproximou o celular do rosto, interessada no que Jack diria a seguir.
— Ofereço de volta alguém que passou anos no mundo dos mortos.
— Impossível... — ela sorriu de deboche.
— Bom, graças a essa ligação, e a uma ideia da minha maravilhosa filha, acabam de me informar a localização exata de vocês. Não vão embora, aguardem algumas horas. Vai descobrir que eu cumpro o que eu digo.
E a ligação foi desligada, deixando todos no quarto sem saber o que pensar.
— O que vai fazer? — Miguel perguntou para Diana. Era raro que ele se dirigisse diretamente a ela, e se estava fazendo isso agora, significava que estava realmente preocupado.
— Esperamos — ela disse, e deu as costas para sair do quarto.
— Não sabemos o que esse Jack vai fazer — Miguel falou rapidamente.
— Nada que nos prejudique — ela disse, se virando de volta. — Você o ouviu, ele a quer. — indicou Marina com uma leve inclinação de cabeça.
— Parece precipitado acreditar que um estranho seja confiável.
— Ele não é estranho — Diana respondeu. — Jack é confiável, ele joga limpo.
E dizendo isso, enfim deu as costas para eles definitivamente.
***
Os três jovens esperavam para saber o que Jack teria para falar. Estava conversando no celular quando ele de repente decidiu que iria falar em particular.
Ao voltar, Jack imediatamente se direcionou para Zac.
— Arrume suas coisas — ele disse. — Um carro vai te levar até seus amigos.
Zac ergueu as sobrancelhas surpreso.
— Não precisa me agradecer — Jack adiantou-se em falar, levantando uma das mãos espalmada no ar. — Você vai fazer algo por mim.
— Claro — Zac confirmou antes mesmo de saber do que se tratava.
— Vai convence-los de que devem vir para cá — Jack disse, e uniu as mãos atrás do corpo. — Entenda, eu posso mantê-los seguros. Apenas convença-os.
***
Já passava do meio dia quando o carro preto estacionou em frente a casa, e apenas Marina e Miguel viram quando um garoto alto e de cabelos loiros desceu dele.
Ele os olhou, parecendo tão perdido quanto os outros dois que observavam a cena, ao mesmo tempo em que o carro ia embora e o deixava alí.
— Ofereço de volta alguém que passou anos no mundo dos mortos... — Marina ouviu Miguel sussurrar ao seu lado as exatas palavras ditas por Jack no celular. E ainda assim, não pareceu fazer sentido.
***
Zac entrou pelo portão, se sentindo bastante constrangido.
— Olá — ele disse, e ergueu uma mão no ar.
— Oi — respondeu a garota ruiva, o encarando com os olhos azuis arregalados. Era a garota das fotos do celular de Arthur. Era Marina Ignis.
— Zac? — manifestou-se o garoto que estava ao lado dela, com uma expressão totalmente diferente. Tinha a pele morena, cabelo cacheado... E Zac o conhecia! Sim, estava mais velho, mas era ele!
— Miguel? — Zac franziu o cenho. — Você também está aqui?
— Em primeiro lugar, você está vivo? — perguntou Miguel erguendo as sobrancelhas.
— Aparentemente — ele deu de ombros.
Uma mulher passou pela porta, e parou.
— Então era verdade — ela disse. — Jack não mentiu...
Zac deu um sorriso envergonhado. Não sabia o que Jack tinha conversado com eles no celular, mas com certeza não o suficiente para evitar expressões de espanto até mesmo de Diana, que era uma feiticeira com séculos de idade.
— Mas como? — ela quis saber.
— Uma longa história — Zac respondeu com uma careta.
E então, foi a vez de Chloé surgir por detrás de Diana, reclamando:
— Por que estão fazendo tanta balbúrdia?
E o mais engraçado da situação, é que ela direcionava a questão para Miguel e Marina, e não o viu ali. O que justificou seu assombro quando ele a cumprimentou:
— Oi, Chloé.
Os olhos se arregalaram em espanto, mas ela foi a primeira a se aproximar para confirmar se ele era real. E confirmou isso de uma maneira bem estranha.
Chloé estalou os dedos contra sua bochecha sem prévio aviso, fazendo sua face arder com a bofetada.
— Isso foi pelo beijo! — ela disse, e o abraçou apertado. — Fico feliz que esteja vivo.
— Você me abraçando é a realização de um sonho — Zac brincou. — Ainda quero me casar com você.
Ele quase se arrependeu da brincadeira quando ela se afastou bruscamente, mas ficou feliz com o que ela disse em seguida.
— Arthur está no quarto.
Ela o levou por um corredor na lateral da casa. A saída do quarto era pra uma área externa, o que pareceu estranho. No entanto, Zac não questionou.
— Ele está aí — ela disse se afastando.
E quando finalmente estava sozinho, Zac encarou a porta como se fosse um monstro, e sua mão tremeu ao empurrá-la.
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