12. Véspera (p.1)
Diana abriu a porta, dando passagem para Arthur entrar.
— Você está estranho — ela disse assim que girou a chave na fechadura.
— Por quê? — ele perguntou, passando a mãos pelos cabelos ainda levemente umedecidos pela chuva.
— Eu não sei, eu te conheço. — Ela chegou mais perto. Os cabelos escuros ondulavam na lateral do rosto e desapareciam atrás dos ombros, pendendo sobre as costas. — O que está aprontando, Arthur?
— Nada — ele respondeu, desviando os olhos para a cama dela e aproximando-se, afim de sentar-se. Arthur pigarreou — Er... Eu acordei hoje e você não estava no quarto.
Ela deu um sorriso torto e caminhou na direção dele.
— Está desviando do assunto porque está mentindo — Diana subiu sobre ele, e sentou em seu colo, pousando as mãos em seus ombros. Ela riu, e balançou a cabeça com incredulidade. — Acha mesmo que consegue me enganar?
Ele aproximou o rosto do dela e a beijou suavemente, sentindo o calor de sua respiração em sua bochecha. Arthur tocou sua cintura, e ela arranhou de leve a pele de seu pescoço, fazendo com que um arrepio lhe descesse pela espinha.
— Só não faz nenhuma besteira — ela pediu, se afastando por um momento, mas ele se aproximou outra vez, pondo o rosto próximo ao pescoço dela, sentindo o cheiro familiar do perfume de flor de macieira. — Você é rei em se meter em confusão.
— Eu deveria achar isso ofensivo — Arthur sussurrou próximo ao seu ouvido.
— Mas você não acha, porque sabe que é verdade. — Diana pressionou as mãos contra seu peito e o empurrou de costas sobre o colchão, engatinhando acima dele. Ela baixou o rosto em sua direção e seu lábio inferior foi prendido entre os dentes da feiticeira, provocando uma dor muito sutil no local. — Jack convocou todos os líderes dos híbridos ao redor do mundo para uma reunião.
— Sabe algo sobre os planos dele?
— Ainda não. — Diana se sentou sobre ele enquanto tirava as botas dos pés. — Mas Marina e eu conhecemos a líder africana, Tamela Okorie. Particularmente, eu gostei dela.
Arthur deslizou as mãos por debaixo do tecido vermelho da blusa que Diana usava, tocando a pele quente e macia de sua barriga.
— Essa reunião já tem data e hora pra acontecer?
— Amanhã, às oito da noite
Arthur arregalou os olhos surpreso. Era o mesmo horário em que ele e Miguel precisariam encontrar Morselk em Londres, por conta da diferença nos fuso-horários. Tentou disfarçar a o próprio abalo sorrindo e a puxando para perto, entretanto, nada passava despercebido para a feiticeira.
Ela o encarou com um olhar severo.
— Me diga, agora, Arthur Paeon, o que você está aprontando pelas minhas costas?
***
Miguel praguejou assim que Marina o informou a respeito da reunião. Ele, definitivamente, não parecia nada satisfeito.
— O que houve? — indagou ela.
Ele apenas abanou a cabeça.
— Nada que você precise de preocupar, mas eu agradeço pela informação.
Ele virou-se em direção à porta, pondo a mão esquerda sobre a maçaneta, entretanto, Marina segurou seu pulso com firmeza.
— Não vai sair daqui sem me dizer. — Ela franziu o cenho. — Chega de segredinhos. O que está acontecendo?
Ele girou o braço de maneira gentil, apenas para livrar-se do aperto dela. Miguel baixou a cabeça e sacudiu-a em negação.
— Eu não posso te dizer.
Marina perdeu a paciência.
— Você nunca pode! Você guarda um milhão de mistérios que ninguém pode descobrir. — Seu dedo indicador foi colocado em frente ao rosto dele, acusadoramente. —Eu posso apostar que você só faz isso pra se sentir superior, pra querer estar sempre um passo a frente em tudo.
— Se esse fosse o caso Isso me faria igual a Diana — disse ele, encarando-a com os olhos semicerrados. Miguel deu um passo em sua direção, e Marina recuou. — Mas eu não estou vendo você a julgando pelos segredos que guarda.
— Essa não é a questão! — Marina deu mais um passo para trás, e acabou descobrindo que já estava com as costas na parede. — Eu sinto que os seus segredos me envolvem.
— Talvez alguns deles sim — confessou Miguel, colocando as mãos nos bolsos e a olhando com uma expressão indecifrável. — O que não me obriga a conta-los pra você.
Marina apertou os dentes.
— Isso quer dizer que não confia em mim.
— Não! — Miguel se aproximou dela, pondo as mãos em seus ombros. Ele negava veementemente com a cabeça. — Olha... amanhã, na reunião, algo vai acontecer. Você deveria deixar Diana prevenida, pois é possível que tenham que sair daqui. — Seu polegar deslizou sobre a pele rosada da bochecha dela.
— Por quê?
— Eu, infelizmente, não posso explicar.
— Está vendo?! — Marina se irritou outra vez. — Você sempre...
Sua fala foi interrompida quando Miguel a beijou. Os dedos dele se perderam entre os fios ruivos de seu cabelo, e sua boca tocava a dela de maneira sutil. Cada movimento que ele fazia, era com carinho e gentileza.
Estavam tão próximos que ela podia sentir a pulsação acelerada de Miguel contra a própria pele, e o ritmo não era tão diferente do seu.
Marina não podia negar que estava gostando daquilo, mas as incertezas de sempre fizeram-na empurra-lo para longe, e ele cedeu.
— Eu estou apaixonado por você, não vê? — ele disse. Suas mãos estavam caídas dos lados do corpo, e as maçãs de seu rosto estavam ruborizadas.
Marina balançou a cabeça.
— Você ainda não se resolveu com Chloé.
— Você não entende? — Ele suspirou pesadamente. — Não há nada para ela e eu resolvermos.
— Então me explica essa história direito!
— Eu não posso! — respondeu ele, exasperado.
Marina fechou a cara em uma carranca.
— Ótimo — disse ela, e desviou dele para abrir a porta. — Fique com seus segredos então. Eu não confio em você.
Ele pareceu querer protestar, mas apenas a encarou por um longo momento antes de atravessar o vão da porta e deixá-la sozinha em seu quarto.
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