Prólogo
Lívia chorava deitada em sua cama. Sua tia havia a trancado no quarto depois que ela inundou o banheiro com água. Tinha sido uma menina desobediente e bagunçado a casa, agora estava de castigo.
Mas era estranho. Sua tia parecia muito assustada quando Lívia mostrou pra ela o que aprendeu a fazer. Ela apenas tinha descoberto que conseguia fazer a água se mover com o poder da mente, ela esperava que tia Belinda ficasse admirada, mas ao invés disso, ela pareceu absolutamente chocada e então a trancou dentro do quarto, sem dizer uma palavra.
Lívia já estava ali há algumas horas quando ouviu uma voz diferente vindo de fora do seu quarto. Uma voz que não pertencia a sua tia.
Secou as lágrimas nos babados do vestido e foi até a porta, encostando o ouvido para ouvir melhor.
— ...tão cedo. Com quantos anos ela está? — perguntava a voz, que a menina percebeu que era de uma mulher.
— Sete. Achei que você se lembrava. — respondeu a voz de sua tia.
— Eu nao vejo os anos passarem, Bela. — respondeu a estranha — Eu sinto falta da sua filha.
— O que vai fazer sobre a menina? — perguntou tia Belinda.
A mulher demorou para responder, como se estivesse pensando, e então disse.
— Mandarei livros, e instruções para você. Vai ter que ensina-la. Ela não pode ser completamente indefesa.
— Digo o que ela é?
— Não — respondeu imediatamente — é melhor que ela não saiba. Bela... Será que eu poderia vê-la?
— Como eu poderia dizer que não?
Nesse instante, Lívia saiu correndo e deitou-se na cama, para fingir que não estava escutando a conversa.
Não demorou para que ouvisse a porta ser destrancada e a estranha entrar.
Usava uma longa túnica preta, tinha pele clara e cabelos escuros que iam até os ombros.
— Olá, tudo bem? — perguntou, sentando se a beira da sua cama — É você a menininha linda que se chama Lívia?
Lívia assentiu, mas manteve a boca fechada.
— Meu nome é Louise — apresentou-se — Muito prazer. Soube que você sabe fazer mágica.
A menina assentiu novamente.
— Vou te contar um segredo. — Ela chegou bem perto e baixou a voz para um sussurro. — Eu também sei.
Louise ergueu uma mão, e água surgiu entre seus dedos, flutuando no ar.
Lívia assistiu encantada.
— Eu posso aprender a fazer isso? — perguntou a menina.
— Claro que pode! — a mulher respondeu — você pode tudo, basta querer.
Pois bem, algum tempo depois, sua tia deu-lhe livros. Ensinou lhe algumas coisas, outas aprendeu sozinha. Com frequência, ia até a beira do rio e brincava com a água. Mas sempre que passava muito tempo usando seus poderes, tinha fortes dores de cabeça, e certa vez até mesmo desmaiou. Um dia, quando tinha quinze anos, sua tia chamou-lhe e disse que jamais deveria contar a ninguém sobre o que sabia fazer. E Lívia concordou, mesmo não conhecendo ninguém para quem poderia contar, já que vivia isolada no meio de uma floresta. Prometeu que seria segredo e viveu mais dois anos taciturnos com sua tia.
Até perde-lá.
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