Capítulo Nove
Victor Decker:
Nós seguimos Blue através da cidade, por um incomumente longo e curvilíneo beco que se tornou negro-azeviche, e subitamente estávamos em frente a uma casa. Notei que algumas mulheres estavam sentadas, reconhecendo-as como ninfas dos ventos. Uma delas acenou para Blue quando ela passou para dentro da casa, e as outras se afastaram enquanto Blue nos guiava pelo caminho em silêncio. Mark estava calado desde que entramos na cidade e não sabia o que estava acontecendo agora em sua mn ete quando chegamos nessa casa.
Blue conduziu-nos silenciosamente pelos corredores da casa, afastando-se do bulício da cidade. À medida que avançávamos, a tensão no ar parecia crescer, e a expressão de Blue denotava uma seriedade profunda. Finalmente, paramos diante de uma porta ornamentada que emanava uma suave luminosidade azul.
— Aqui está. Mas lembrem-se, prometam que não dirão nada quando entrarem. — Blue olhou para cada um de nós, buscando nosso compromisso.
Assentimos, intrigados e curiosos sobre o que poderia estar por trás daquela porta. Blue abriu-a com cuidado, revelando um espaço mágico, iluminado por uma luz etérea. Era um refúgio tranquilo e encantador, onde a energia mágica pulsava suavemente no ar.
Dentro, encontramos uma reunião de criaturas feéricas diversas, incluindo ninfas dos ventos, duendes e seres mágicos de todas as formas. No centro da sala, uma velha ninfa, estava sentada, observando-nos com olhos penetrantes.
Blue aproximou-se dela e, com uma reverência respeitosa, anunciou:
— Avò, como tem passado?
A velha ninfa sorriu calorosamente para Blue, reconhecendo-a com ternura.
— Blue, minha querida, sempre é um prazer vê-la. E quem são esses visitantes curiosos que a acompanham? — perguntou a anciã, seus olhos brilhando com sabedoria. Seus olhos apontaram para Mark. — Aquele é seu namorado/
Blue nos apresentou, indicando cada um de nós com gestos delicados.
— Estes são meus amigos, Deve lembrar do meu namorado Mark. Eles são viajantes em busca de respostas e orientação. Pensei que talvez pudessem encontrar aqui o que procuram.
A anciã estudou-nos com olhos perspicazes antes de acenar convidativamente.
— Bem-vindos, viajantes. Eu sou Selene, a guardiã deste refúgio mágico. O que os traz até aqui?
Mark, ainda um tanto desconcertado, desviou o olhar de Blue e isso me fez dar um passo à frente.
— Eu sou Victor Decker, estamos em uma jornada, querendo ir para o meio do nada o caminho entre nevernever e o mundo Mortal. Blue nos conduziu até aqui, para que possa ajudar a gente.
Selene sorriu, compreendendo a seriedade.
— Vejo que têm corações sinceros e mentes inquisitivas, vejo que você é igual ao que o vento sussurra para mim. Este lugar é um refúgio, um espaço entre os mundos onde aqueles que buscam respostas podem encontrar orientação, onde os feericos que foram abandonados veem ou onde crianças mortais podem ter uma família. Aqui, as barreiras entre o mágico e o mundano se tornam mais tênues. Os receberei como convidados da minha neta.
A anciã nos convidou a sentar e compartilhar nossas histórias. À medida que cada um de nós falava sobre nossas jornadas e desafios, Selene ouvia atentamente, oferecendo palavras de sabedoria e conselhos que pareciam transcender o tempo.
Ao final da reunião, Selene olhou para nós com um olhar significativo.
— A jornada que vocês enfrentam é única, e cada passo moldará o destino de vocês. Lembrem-se, viajar com o coração aberto e a mente receptiva é a chave para desvendar os mistérios que aguardam. Vocês têm o meu apoio e as bênçãos deste refúgio e a permissão para usar meu trod se ele assim deixar que o usem. — Selene disse.
Agradecemos a Selene e Blue se levantou indo atrás de Mark que saiu da sala e olhei para os outro quando Selene levantou a mão para minha direção e a de Puck.
— Para que usem o trod, devem abdicar de algo — Selene disse calmamente. — Os símbolos de quem são, minha neta não poderá ir além disso e o namorado dela está no limite assim com o outro rapaz. A garota das visões irá ir mas o vento sussurra que ela não irá durar assim como a outra mestiça. Só vocês passaram para que possam ter ajuda de seus amigos devem reabrir os trods e deixar que o exército de rebeldes os ajudem por outro caminho.
Surpreendidos pelas palavras de Selene, Puck e eu trocamos olhares inquisitivos. A velha ninfa parecia pesarosa, consciente do preço a ser pago pelo uso do trod, um caminho mágico entre os mundos. Blue retornou, olhando-nos com preocupação enquanto Mark esperava, já ciente dos limites impostos.
— Abdicar de algo? O que isso significa exatamente? - perguntei, tentando compreender o significado por trás das palavras enigmáticas de Selene.
A anciã olhou para nós com seriedade, seus olhos refletindo a profundidade das escolhas que tínhamos pela frente.
— Meu trod é um caminho de sacrifícios e equilíbrio. Quando se atravessa esse portal entre os mundos, é necessário deixar algo para trás, algo que represente quem vocês são. Não é uma escolha fácil, pois a magia exige seu tributo e alguns não sabem o que realmente deverão Abdicar às vezes escolhem o erro de quem realmente são.
Puck franziu a testa, pensativo, enquanto eu ponderava sobre o que estava disposto a sacrificar. Selene olhou diretamente para mim.
— Senhor Decker, o que está disposto a abdicar para seguir adiante?
Percebi que a resposta não seria apenas uma questão de objetos materiais, mas sim algo mais profundo, algo que representasse a essência de quem eu era. Olhei para Puck, e ele devolveu o olhar com uma expressão de confiança.
— Eu abdico do medo - declarei, consciente de que o medo havia sido uma sombra constante em mim desde o início e era essa a situação que me deixava apavorado.
Selene assentiu com aprovação, como se tivesse lido as camadas mais profundas da minha decisão.
— O medo é um fardo pesado. Ao abdicar dele, você se torna mais leve, mais apto a enfrentar os desafios que aguardam além do trod. E você, Puck?
Puck sorriu, uma mistura de coragem e determinação em seus olhos.
— Abdico da dúvida. Não permitirei que ela me detenha em minha busca.
Selene acenou, reconhecendo a coragem em suas escolhas.
— Muito bem. Agora, preparem-se. O trod os aguarda, e que vossos sacrifícios os guiem com sabedoria.
Com essas palavras, Selene conduziu-nos a um lugar especial, onde o trod se manifestava como um portal mágico entre os mundos. Ao atravessarmos, sentimos uma onda de energia mágica nos envolver, sabendo que, ao sacrificar parte de nós mesmos, Então tudo escureceu e me senti caindo na escuridão.
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A sensação de queda na escuridão era vertiginosa, como se eu estivesse sendo arrastado por uma correnteza mágica em direção a destinos desconhecidos. A escuridão ao meu redor era densa e opressiva, sem qualquer ponto de referência. A queda parecia interminável, minhas assas abriram e planei com puck segurando minha mão então ele se transformou em corvo e voou ao meu redor.
A escuridão começou a ceder, revelando padrões de luzes cintilantes, estrelas que pareciam dançar ao redor, formando constelações mágicas no vazio. A queda se transformou em uma descida suave, e percebi que não estávamos mais em queda livre, mas sim deslizando por entre as estrelas.
De repente, a escuridão deu lugar a uma paisagem deslumbrante. Encontramo-nos em um reino etéreo, onde cores vibrantes e formas mágicas dançavam ao nosso redor. Árvores feitas de luz pulsante, flores que pareciam emitir melodias suaves, e criaturas etéreas flutuavam no ar.
Ao me encontrar no chão desse reino mágico, observei Puck descer graciosamente do ar, transformando-se em sua forma verdadeira. O chão tremeluzia sob seus pés, respondendo à sua presença mágica. A transformação foi rápida e espetacular, uma explosão de penas que se desvaneceram para revelar Puck com suas orelhas pontiagudas e olhos brilhantes.
Seu sorriso irradiava alegria e travessura, como se cada pluma tivesse carregado consigo a leveza de sua verdadeira natureza feérica.
— Ah, é bom estar de volta à forma completa! — Puck exclamou, girando nos próprios calcanhares. — Se não me engano nunca estive tão longe assim além da casa da lea.
Quando ele disse isso, ouvi um tremor no chão e, instintivamente, abri as asas, voando. Então, direcionei meu olhar para o horizonte e fui surpreendido ao perceber que uma parte da terra simplesmente desaparecera. Sobre o local, eram visíveis alguns destroços de um prédio, e uma neblina começou a se formar, enquanto eu sentia a magia retornando ao seu interior. Puck lançou-me um olhar curioso quando retornei ao seu lado.
— Pela sua expressão, parece que você viu algo completamente estranho — disse ele com um sorriso. Percebi quando um buraco surgiu ao lado do meu pé. Ele virou-se na minha direção e notou a neblina emergindo pelo buraco. — Isso é Glamour. — Ele se ajoelhou e passou os dedos pela neblina com lentidão. — Está tudo vindo para cá. Sinto uma perturbação nas linhas mágicas.
Levantando-se, ele lançou-me um olhar.
— Puck, você não acha que a Lea está trabalhando com eles? — indaguei.
Permanecemos ali, observando enquanto a neblina se intensificava, revelando padrões etéreos e luminosos. Puck, com um olhar sério, murmurou:
— Isso não posso dizer. Lea sempre toma decisões que podem ser usadas a seu favor. Garanto que ela recusaria receber a ordem de um monarca. Mas o glamour do mundo mortal está voltando com tudo para o meio do nada — ele disse, e a atmosfera ao nosso redor parecia carregada de energia mágica; eu podia sentir a tensão no ar. Puck continuou: — Precisamos descobrir o que está acontecendo. Esta não é uma manifestação comum de Glamour. Está além do que normalmente encontraríamos. Se eu conheço este lugar, ele não aguentará por muito tempo.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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