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Capítulo Seis

Victor Decker:

O escudo que protegia nossa posição se desfez em meros segundos, enquanto Caleb, com uma expressão fatigada, cuidava de alguns de seus ferimentos. Minha cabeça latejava intensamente, e a escuridão ameaçava invadir os cantos da minha visão. Respirei profundamente várias vezes para recuperar a clareza. Pouco a pouco, a escuridão tumultuada se dissipou, e eu me forcei a ficar de pé, examinando a sala do trono. Um silêncio pesado havia caído sobre o lugar, exceto pelo eco ensurdecedor da batalha que ainda ecoava do lado de fora, quase ensurdecedor aos meus ouvidos. Manchas de sangue salpicavam as paredes e formavam poças grotescas no chão, destacando-se horrendamente contra o gelo pálido que cobria o chão. O altar que antes abrigara o Cetro das Estações agora estava vazio e desolado, suas partes fragmentadas espalhadas pelo chão gélido.

— Victor, você está bem? — a voz de Caleb soou, enquanto ele se aproximava, mancando ligeiramente.

Aproveitei a distração momentânea para recolher os fragmentos restantes e guardá-los na mochila que havia chamado a atenção de Caleb quando apareceu. Bond, nosso fiel companheiro, se aproximou, seus pelos salpicados de sangue. Joguei-lhe uma guloseima enquanto abria a mochila e pegava um kit de primeiros socorros.

— Eles planejaram este ataque! — desabafei para Caleb enquanto passava o material necessário para cuidar de suas feridas. — E o pior de tudo, o Cetro das Estações foi quebrado.

— E levaram a ponta dele — Caleb murmurou, aceitando as gazes para aplicar em seu abdômen e braço. — Você precisa ir, Man terá pensamentos nada agradáveis quando te encontrar aqui. Vá, e vá rápido.

Revirei os olhos, mas ele me entregou um mapa.

— Para que serve isso? — perguntei, examinando o mapa com curiosidade.

— Ash me deu quando viu Oberon saindo da carruagem. Ele mostra uma passagem secreta para fora do palácio, mas você também pode usar as sombras para se mover — explicou Caleb, apontando para um ponto específico no mapa. — Esta é uma localização que Ash me passou quando chegou no palácio.

Olhei para a localização marcada, enquanto Bond me lançava um olhar triste, acariciei sua cabeça.

— Caleb está decidido a ficar e contar o que aconteceu — ele continuou. Hesitei por um momento. — Eu sei que você está furioso pelo que eu fiz, mas precisa confiar em mim, ou melhor, na Ash e na Rainha Megan.

A contragosto, assenti e peguei o pedaço de papel. Fui para trás do trono, ouvindo uma voz aguda ecoar pelo corredor abaixo. Sabia que era hora de partir. Passos se aproximavam, e eu pressionei a palma da mão contra a parede, fechando os olhos.

Me entreguei às sombras, tão frias quanto a sala que eu deixava para trás. Num instante, eu via tudo; no próximo, estava mergulhado em total escuridão. Mantive minha mente focada apenas nas palavras escritas no papel que Caleb me deu.

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No minuto seguinte, as sombras se dissiparam, revelando um novo cenário à minha vista. Encontrei-me à entrada de uma caverna escura, e a poucos metros de mim, avistei o cavalo que imediatamente reconheci como sendo o de Caleb.

Minha abordagem à criatura foi cuidadosa, os passos deliberadamente lentos para não assustá-lo. O animal, com olhos faiscantes de reconhecimento, permitiu-me chegar até ele sem hesitação. Com movimentos confiantes, subi na sela, e o cavalo feérico respondeu ao meu toque, chicoteando a cauda e aguardando minhas ordens.

Entretanto, meu cavalo de repente emitiu um relincho alto e partiu em disparada. Virei-me rapidamente para olhar para trás, através das densas árvores que contornavam o local. Lá, no topo de uma montanha nevada, uma figura solitária a cavalo observava-nos. A única árvore próxima a ela parecia ter contorcido seus galhos longe da figura, como se temesse sua presença. Os ramos estavam retorcidos e distorcidos, mas o cavaleiro não parecia se importar. Enquanto nossos olhares se encontravam, o sol rompeu as nuvens, fazendo a armadura de aço do cavaleiro brilhar com intensidade.

Enquanto o cavaleiro permanecia imóvel no topo da colina, um numeroso grupo de criaturas com pernas de aranha emergiu ao seu redor. Era evidente que os inimigos que haviam invadido o salão de Mab estavam atentos a todos os possíveis pontos de fuga e até mesmo a espiões dentro do Palácio Winter.

O cavaleiro ergueu a mão em minha direção, e todo o grupo de criaturas desceu escorregando pela encosta da colina em nossa direção.

Sem hesitar, lançamos-nos em fuga, deixando para trás aquele cenário sombrio e enfrentando um futuro incerto.

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O garanhão feérico avançava pela floresta, suas patas leves mal fazendo barulho na neve. As árvores pareciam se fundir em uma paisagem borrada enquanto cavalgamos entre troncos e sob toras caídas, relembrando-me vividamente da minha primeira cavalgada selvagem.

Agarrava-me ao pescoço do cavalo, minha única âncora em meio à vertiginosa velocidade, incapaz de influenciar ou guiar nossa trajetória.

À nossa retaguarda, o som sinistro das criaturas perseguindo-nos ecoava no vento, nunca desistindo, nunca recuando. As árvores caíram rapidamente sob nossos cascos, e uma elevação íngreme surgiu à nossa frente, suas rochas ásperas e cobertas de gelo reluzindo como vidro.

Alcançamos o topo escarpado, e olhei para baixo, percebendo que a base da elevação se estendia até um abismo profundo, com rochas afiadas salientes como espinhos. Mantive o cavalo em disparada na direção da borda, a apenas metros de um trod quando uma criatura salto e avançou sobre nós. Golpei com violência e continuei em frente, tentando invocar as sombras para nos proteger, mas as criaturas persistiam em aparecer. Outra delas saltou em minha direção, mas algo grande e negro interceptou-a, colidindo com a criatura e golpeando-a na coluna. Os outros feéricos olharam para cima, surpresos com essa nova ameaça. A figura virou-se graciosamente, aterrissando no centro da confusão, rodeada por meus espinhos. Era um corvo negro gigante, seus olhos brilhando em verde-esmeralda. Meu coração saltou em meu peito.

Com um grito áspero e triunfante, o pássaro se desfez em uma nuvem negra em espiral. Uma nova forma emergiu da explosão, sacudindo as penas de seu cabelo vermelho flamejante. Um largo sorriso iluminou seu rosto familiar.

— Ei, Victor — Puck chamou, sacudindo as penas de suas roupas e olhando para o caos ao redor. — Parece que cheguei na hora certa.

Os feéricos-aranhas pararam por um breve instante, surpresos com a chegada repentina de Puck. Ele puxou uma bola felpuda de seu bolso, piscou para mim e a lançou no meio dos inimigos feéricos que se aglomeravam abaixo. A bola quicou no chão, saltou uma vez e se transformou em um enorme javali negro, que investiu ferozmente contra os feéricos com um brilho selvagem nos olhos.

Desmontei do cavalo e me uni à batalha, lutando com agilidade e destemor. Ouvindo um assovio, virei-me a tempo de ver o sorriso de Puck.

O tumulto dos feéricos diminuiu rapidamente. No meio da confusão, apenas algumas criaturas resistiram até o fim. Puck, sua camisa agora em farrapos, guardou suas adagas e olhou em volta com um sorriso satisfeito.

— Bem, isso foi divertido — ele comentou, seus olhos encontrando os meus enquanto balançava a cabeça. — Uau, recepção calorosa, hein? Eu só queria fazer uma entrada heroica.

Sem hesitar, pulei em direção a ele, meu coração batendo forte contra o peito. Ele abriu os braços e me envolveu em um abraço apertado. Era real.

— Senti tanto a sua falta — sussurrei em seu ouvido.

Ele me segurou ainda mais forte.

— Eu sempre voltarei por você — murmurou, com uma intensidade que me fez prender a respiração. Então, ele sorriu, e meu coração acelerou.

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Ate a próxima 😘

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