21 - Você prometeu
Quando eu parei para observar o apartamento de Satoru, fiquei impressionada com a opulência e a sofisticação do lugar. A sala de estar era ampla e bem iluminada, com janelas do chão ao teto que ofereciam uma vista deslumbrante do horizonte de Tóquio. Os móveis eram de alto padrão, com sofás de couro preto e uma mesa de centro de mármore que refletia a luz das lâmpadas de designer. Quadros de artistas contemporâneos adornavam as paredes, e uma enorme televisão de última geração ocupava um lugar de destaque na sala.
A cozinha, aberta para a sala de estar, era um verdadeiro sonho para qualquer chef. Os armários de madeira escura tinham acabamento fosco, e os eletrodomésticos de aço inoxidável reluziam sob as luzes embutidas. Uma ilha central com um tampo de granito preto.
O quarto principal, que eu vi mesmo sem querer... mentira. Eu quis ver mesmo. Tinha uma cama king-size com uma cabeceira estofada em veludo cinza, e estava coberta com lençois branquinhos e travesseiros fofos. As cortinas pesadas, dava para ver o closet um grande guarda-roupa de vidro exibia uma coleção organizada de roupas de grife. No canto do quarto, uma poltrona de leitura e uma pequena mesa lateral. O banheiro adjacente era uma obra de arte, com uma banheira grande, chuveiro de cascata e acabamentos em mármore branco.
Eu me sentei diante dele no sofá de couro, o observando. Ele parecia muito sério. Diferente do alto astral de sempre.
— Pode começar a dizer. — Eu disse desviando o olhar.
— Ainda está chateada comigo?
— Por que eu estaria? Pelas suas mentiras?
— Aki... não foram mentiras. Eu omiti. Tem diferença.
— Tem? Qual? É a minha vida Satoru! Que tipo de pervertido você é?
— Não tem nada disso.
— Conta direito.
— Foi estranho, eu confesso. Fomos chamados por causa de um incidente no monte Odake. Uma explosão. Mas quando chegamos lá o cenário foi ainda pior do que imaginávamos. A família estava morta dentro da cabana. Pai, mãe e uma garotinha de uns 4 anos. Eu e Suguru fomos ao foco da explosão e encontramos 3 crianças feridas. Aliás, achávamos que estavam mortas. Não sabemos a causa. Um menino e uma menina de cerca de 9 anos de idade e um mais novo de uns 7 a 8 anos. O menino de 9 anos estava morto. Completamente queimado pela explosão e uma estaca enfiada no meio do peito. A menina e o menino que depois descobri ser você e seu irmão sobreviveram. Mas nenhum dos dois conseguia lembrar com clareza do que viram. Nessa época descobrimos se tratar dos filhos de Touya Hatori. Um bom feiticeiro, diga-se de passagem. Ele foi muito grato a mim e ao Suguru por ter salvo os filhos dele.
— Vocês... tem ideia do que pode ter acontecido?
— Havia rastros de energia amaldiçoada para todo lado. Misturado entre a sua e a do seu irmão. Ninguém faz ideia do que pode ter acontecido. Mas seu pai assumiu o caso e começou a investigar, ele chegou a me dizer que estava muito perto de conseguir, mas numa dessas missões, ele morreu.
Eu senti o nó na garganta se formar e fiquei olhando para baixo por um tempo. — Era a mesma pessoa? Da explosão?
— Eu não sei ao certo. A energia era similar. Mas sem vestígios concretos. Era como se a pessoa... mudasse de forma.
Senti uma dor no meu estômago quando ele disse isso. Kurogiri estava presente na minha vida desde essa época. Eu tinha certeza disso.
— O Kurogiri muda de forma.
— Exatamente. Antes de morrer seu pai mencionou algo sobre um gato preto.
— Merda...
— Daí eu fui no velório do seu pai. Que foi em Hokkaido. Você me viu naquele dia. Ainda lembro dos seus olhos brilhando. Você devia ter uns 16 anos. Você veio até mim, me agradeceu pela presença e puxou papo comigo. Aí você pediu para eu passar o contato caso soubesse de alguma coisa para investigar sobre seu pai. Que você andou tendo uns sonhos esquisitos.
— Eu... peguei seu contato? — Disse encolhendo os ombros.
— Conversamos por seis meses por telefone. No começo foi somente sobre o que você estava investigando, depois o assunto acabou rendendo.
— Eu estava investigando?
— Estava. Sobre a morte do seu pai. Depois de seis meses você veio até mim aqui em Tokyo. Falou para sua mãe que era uma visita a uma amiga que tinha conhecido e veio atrás de mim. Eu fui um pouco resistente, você tinha acabado de fazer 17 anos. Ainda era muito jovem aos meus olhos. Mas você persistiu bastante. Disse que me amava e que seria grata a mim pelo resto da vida. Que eu tinha te salvado naquele dia.
— E depois? — Eu disse me emocionando.
— Eu sempre me envolvi com várias mulheres ao mesmo tempo, nunca quis um relacionamento e não passou nem de longe me envolver com uma menina tão jovem como você. Mas... o jeito que você olhava, a forma como você sorria e o quanto você me admirava acho que acabou me conquistando. Só que... eu não queria destruir a sua vida. E eu tentei me manter longe. Mas não consegui. Aí eu disse a você que eu teria que conversar com sua mãe primeiro. Falando em voz alta parece até brega, mas eu tinha muito respeito pelo seu pai e não seria certo da minha parte fazer isso com a filha dele.
— Eu insisti muito?
— Muito mesmo! — Ele deu uma gargalhada. — E ainda ficou chateada comigo quando eu disse que não podíamos ficar juntos.
Ele se levantou e caminhou até onde eu estava e me segurou pela não e me guiou até a porta e tocou em meus ombros para que eu encostasse as costas na porta.
— O que isso tem a ver com a história?
— Aqui foi onde a gente se beijou pela primeira vez.
— Sério?
— Eu te trouxe para cá quando você veio para Tokyo. Quando você se declarou pra mim. Você pediu um beijo. O primeiro.
— Eu achei que tinha sido o Izumi.
— É... eu fiquei chocado quando soube que beijou ele. Mas acho que entendo porquê. Eu te dei um gelo, ele se declarou pra você e você beijou ele. Mas aí... — Ele tocou meu rosto delicadamente. — Eu fui até Hokkaido conversar com sua mãe. Ela só pediu para esperar você fazer 18 anos.
— Caramba... — Eu passei as mãos nas costas dele e depois foi descendo por seus quadris e quando me dei conta ela já estava em seu pau, ainda por cima da calça. Senti um calor descendo pelo meu ventre quando vi que ele estava duro.
— Mas que safadinha... Não quer nem acabar de ouvir a história?
— A gente fez algo que não devia?
— Muitas coisas que não devia. — Ele deu uma risadinha. — Pena que durou muito pouco. Eu fui embora de Hokkaido e logo depois você entrou em coma.
— Disse que eu estava investigando, né?
— Sim. Eu desconfio que tenha descoberto alguma coisa.
— Quero me livrar desse infortúnio.
Ele me puxou para um abraço e beijou o alto da minha cabeça. — Vamos dar um jeito.
— E o Kurogiri?
— Nem sinal dele. Mas temos que ir atrás da Sakura antes que seja tarde.
— Eu estou tão cansada. — Eu apertei o abraço em seu corpo. — Ele me deixou lá presa, sozinha... Eu senti tanto a sua falta, me senti tão culpada! Eu devia ter ao menos te ouvido.
— Tá tudo bem.
Ele me segurou pelos ombros e secou minhas lágrimas. — Eu ouvi vocês conversando. Suguru disse que você só queria se aproveitar de mim.
— Minha fama não é muito boa.
— Fama? — Lembrei de Maki falando sobre isso.
— Minha fama de infiel e mulherengo.
— Eu vou sofrer para caramba por você, não é?
— Eu vou te dar muito... prazer. — Ele disse isso com os lábios quase colados aos meus e sua mão estava dentro da minha calcinha.
— Que mãozinha boba.
— Elas são bem espertinhas na verdade.
Ele começou a me beijar de forma intensa enquanto sua mão me acariciava por dentro da minha calça. Seus lábios percorreram meu pescoço e senti uma leve pressão de seus dentes.
— Assim você acaba comigo... — Eu disse tentando controlar minha respiração.
— Eu achei que tinha te perdido para sempre.
Ele me pegou no colo e me carregou com um braço só até seu quarto. Me jogou sobre a cama e tirou as minhas roupas com urgência e depois tirou as próprias roupas e me puxou pela perna até a beirada da cama.
— Ainda estou chateada com você. — Eu disse sem tirar os olhos do pau dele.
— Mentira. — Ele abriu minhas pernas e senti ele me penetrar com vontade.
— Ele... é bem grande né? — Arfei quando ele se movimentou de novo.
— Ainda não se acostumou? Teremos que transar mais vezes então.
Ele segurou minhas duas pernas e as inclinou para cima colocando o peso de seu corpo sobre mim. Eu estava custando a respirar pois sentia ele cada vez mais fundo. A cada estocada, eu queria mais força, eu sentia mais prazer.
— Me fala... como você quer? — Ele disse se movimentando cada vez mais dentro de mim.
— Eu... quero mais forte.
Ele se levantou e me puxou mais para a beirada da cama e me virou de costas. E me segurou pelos quadris.
— Abaixa bem as costas, minha linda.
Do jeito que eu estava ali, qualquer coisa que ele mandasse eu faria. Eu acreditava nele, em cada palavra que ele me disse. Eu o amava a ponto de querer ser dele para o resto da vida.
Levou um bom tempo até ele ficar completamente satisfeito. Mesmo que a gente tivesse feito antes, a cada vez ficava melhor que a anterior e muito mais intenso.
— Sabia que eu adoro o fato de você se soltar toda quando está comigo? — Ele sussurrava em meu ouvido me penetrando por trás, abraçado a mim segurando meu seio.
— Eu não consigo me controlar quando estou com você. — Ele virou o meu rosto e senti sua língua na minha boca outra vez.
— Você é só minha, Aki.
— Só sua... eu te amo...
Eu queria ter ouvido um eu te amo de volta. Mas naquela época eu ainda não entendia como as coisas funcionavam. Em algum momento eu iria entender da pior forma possível.
Eu apaguei depois do último orgasmo. Dormi tão profundamente que nem me dei conta. Exceto pelos sonhos de sempre. Eu vi Kurogiri atrás de uma porta de vidro olhando para mim com raiva.
— Se divertindo, sua vagabunda?
— Muito mais do que imagina. Nem eu imaginei que pudesse ter tanta elasticidade. — Eu disse debochada. — Precisava de ver onde coloquei a perna na última posição.
— Acha isso engraçado? Depois de tudo que viu que eu posso fazer? Eu roubei suas memórias! Eu posso muito bem roubar elas de novo!
— Por que essa obsessão? Eu nem sei direito quem é você!
— Eu nunca signifiquei nada para você, né? Mas ele sim foi importante. Você entregou tudo para ele de bandeja! E foi a mim que você prometeu!
— Prometi o que?
— Que ficaríamos juntos para sempre. E você vai cumprir, querendo ou não.
Acordei no susto com Satoru abraçado a mim. Ele se mexeu e abriu os olhos e ergueu o corpo ao me ver assustada.
— Sonhando de novo?
— Era o Kurogiri. Que merda! Nem transar em paz eu posso.
— Você está comigo, ele não vai mexer com você aqui.
— Mesmo assim, eu preciso dar um jeito de me livrar dele. Já tem o endereço da Sakura, não tem?
— Tenho. Mas não posso dizer. Vou ter que levar sem você saber onde, ou trazer ela até você sem dizer quando.
— Por que?
— Eu tenho uma suspeita de que Kurogiri sabe de tudo que acontece com você.
Eu me levantei e peguei o celular e pesquisei: Caso da família Fushi em Odake. Não havia muitas informações, o caso foi considerado como incêndio e não como um crime.
— Eu tenho uma dúvida.
— Qual, meu amor? — Ele me chamando de meu amor me deixava ainda mais apaixonada do que eu já estava, ele me abraçou por trás beijando meu pescoço.
— Daisuke Fushi era o menino que estava comigo no dia da explosão? O que morreu? — Eu mostrei a ele a foto.
— Não dava para ver direito, o menino estava todo queimado. Mas Fushi era o nome da família do monte Odake. Por que?
— Eu acho que o Kurogiri é o Daisuke.
Eu olhei para Satoru assustada e trêmula. Pelo franzir das sobrancelhas dele eu acho que ele concordou comigo. Ele se levantou no mesmo instante e começou a se vestir.
— Vou pedir ao Ijichi a ficha dele. Enquanto isso, vou entrar em contato com a Sakura.
Enquanto ele falava vi o vidro da janela embaçar levemente e uma escrita surgir:
JUNTOS PARA SEMPRE.
Senti o calafrio percorrer meu corpo inteiro. Se eu quisesse ficar livre, teria que dar um jeito de eliminar Kurogiri antes que ele matasse todos que eu amava.
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