14 - Foi você que quis saber
A sensação de medo tornou-se vertiginosa. Dava para sentir o estômago revirando, a boca amarga e salivando como se eu estivesse fisicamente ali. Eu olhei para a velha costurada diante de mim e não conseguia me mexer. Ela estava maior do que eu a vira antes.
— ... É Kageba...
Ela dizia com a voz gutural. Parando para pensar era óbvio que a velha de antes fosse ela. Mas não imaginava que ela estava o tempo todo ali tão perto. Ela se apressou na minha direção e eu, paralisada, pensei em erguer a mão para o selo. Mas eu não conseguia me mexer. Apenas fechei meus olhos esperando o que viria.
Ouvi apenas o som das duas criaturas grunhindo entre si. Ainda trêmula, abri os olhos e os vi em combate. A velha Costurada, a Kageba, lutava com o ser sem rosto.
A batalha entre Kageba e o ser sem rosto era feroz. Cada movimento parecia ecoar pelo ambiente, como se o próprio ar estivesse vibrando com a intensidade do confronto. Kageba, com seus movimentos ágeis e precisos, parecia uma dançarina macabra, enquanto o ser sem rosto, com sua presença ameaçadora, atacava com uma força bruta e descomunal.
Eu, ainda paralisada pelo medo, observava a cena sem conseguir desviar o olhar. A cada golpe trocado, a tensão aumentava, e eu sentia meu coração bater mais rápido, quase saindo do peito. Kageba, com um grito gutural, conseguiu desferir um golpe certeiro, fazendo o ser sem rosto recuar momentaneamente.
Aproveitando a brecha, Kageba se virou para mim, seus olhos brilhando com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes. Ela estendeu a mão, e eu senti uma onda de energia percorrer meu corpo, quebrando a paralisia que me prendia.
— Rápido! — ela gritou. — Use o selo agora!
Com as mãos trêmulas, eu ergui a mão e disse a frase que Satoru me passou. A energia ao meu redor começou a se concentrar, formando um vórtice de luz que envolveu o ser sem rosto. Ele lutava para se libertar, mas a força do selo era implacável.
Finalmente, com um último grito de desespero, o ser sem rosto foi sugado para dentro do vórtice, desaparecendo completamente. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Kageba, se aproximou de mim.
— Você fez bem — disse ela, com um sorriso cansado. — Mas isso é apenas o começo.
— O que aconteceu?
— O selo expulsou o ser. Por enquanto pelo menos. — Kageba voltou a forma habitual de velha.
— Como assim? Não devia expulsar você também? — A risada da velha ecoou por todo o labirinto me causando calafrios. — O que foi, velha maldita?
— Não tem como me expulsar, menina insolente. Sou parte de você....
Eu olhei para ela com os olhos arregalados e saí correndo desesperada. Repetindo o selo sem parar. Queria sair dali, precisava sair dali. Quando me dei conta estava diante dela outra vez.
— Que?
— Sou sua técnica. Seu poder.
— Mentira!
— Herdada do seu pai.
— É MENTIRA!
— Apenas aceite, Aki. Alguns têm como representação de poder um animal como shikigami, você tem uma velha costurada e debochada. É a vida!
— Isso tudo é uma grande mentira!
— Você já via maldições desde criança. O gato tirou essas lembranças de você também. Ele tirou tudo de você. E enquanto ele estiver por aí, vai continuar tirando de você.
— Não! — Eu caí de joelhos no chão tapando os ouvidos com as mãos e chorando sem parar. — É mentira!
— Recupere suas memórias e veja por si só. Eu não posso dizer mais nada. Estou limitada desde que você fez o pacto com o gato.
— Eu não tive escolha!
— Vá embora menina. Recupere o que tiraram de você.
— Espera! O que disse sobre meu pai ter uma técnica?
— Até breve... Akira...
O selo da minha mão brilhou intensamente e não vi mais nada. Ouvi apenas vozes. Parecia tão longe. Eu me perguntava quanto tempo havia se passado dessa vez. Se eu havia ficado mais um ano presa lá. Lembrei das palavras de Kageba. Tudo ainda parecia confuso. Abri os olhos devagar e vi um teto do que parecia um quarto. Virei o rosto devagar e vi uma mesinha no canto. Havia selos nas paredes. Talvez eu estivesse na escola outra vez ou vai ver tudo que vivi até lá tinha sido um sonho e eu iria acordar no dia seguinte e não tinha ficado em coma. Não tinha perdido minhas memórias nem tantas partes importantes da minha vida. Ouvi destrancar a porta e ergui meu corpo ainda zonza.
— Calma. Levanta devagar. — Satoru entrou pela porta. Ele parecia preocupado.
— Onde estou? — Disse levando a mão à cabeça
— Na casa de um amigo.
— Quanto tempo eu dormi?
— Uns dois dias só.
— A minha mãe?
— Ela ficou em Hokkaido com alguns feiticeiros. Trouxe você para Tokyo.
— Nossas viagens são sempre rápidas. — Ri fraco pelo nariz.
— Eu não viajo de um jeito tradicional. — Ele sentou-se ao meu lado da cama e me puxou para um abraço. — Como está se sentindo?
— Melhor. — Lembrei do túmulo do meu pai e minha garganta começou a queimar outra vez. — Ainda tentando aceitar.
— Eu sinto muito que tenha descoberto desse jeito.
— Você sabia?
— Sabia...
— Vocês vivem escondendo coisas de mim.
— Não é por mal, minha linda. Tem coisas demais acontecendo ao mesmo tempo. Além do mais, você já tinha passado por isso.
— Eu sinto como se ele tivesse morrido duas vezes. Isso me destroi.
— Sinto muito. — Ele beijou o alto da minha cabeça e se levantou. — Vista-se e me acompanhe. Vou te apresentar meu melhor amigo.
Eu me levantei da cama ainda meio zonza e peguei a roupa que ele tinha deixado separado. Vi em cima da poltrona várias sacolas de lojas.
— Comprou roupas novas?
— Sim. Foi meio rápido, então comprei outras para você.
— Obrigada... — Eu disse meio sem graça. Ele tirou algumas peças e literalmente me ajudou a me vestir. Meu corpo parecia pesado. Eu queria apreciar aquele momento dele me tocando com delicadeza enquanto me vestia. Mas eu estava confusa demais naquele momento. Eu tinha tantas perguntas. — Prontinho.
Calça e blusa de moletom mais folgadinha, uma regata branca. A blusa de moletom era aberta. Ele tinha bom gosto, não podia negar e pensou no meu conforto.
— Amanhã vamos atrás da Sakura.
— Tá.
Eu o segui pelo que parecia ser um templo. Passamos por varandas de madeira e, do alto, pude ver um enorme pátio com um torii na entrada, marcando a transição para o sagrado. Chegamos a uma enorme sala, onde o ar parecia mais denso, carregado de uma energia antiga e poderosa.
No centro da sala, havia um altar adornado com velas e amuletos. A sala em que nos encontramos era imponente e carregada de uma energia antiga. As paredes eram feitas de madeira escura, polida até brilhar, refletindo a luz suave das velas que estavam dispostas em suportes de ferro forjado ao longo das paredes. O teto era alto, sustentado por vigas robustas, e decorado com intrincados desenhos de dragões e flores de lótus, pintados em cores vibrantes que pareciam quase vivas à luz das velas.
No centro da sala, havia um grande altar de pedra, coberto com um tecido de seda vermelha bordado com símbolos antigos. Sobre o altar, várias velas estavam acesas, suas chamas tremulando suavemente, lançando sombras dançantes nas paredes. Ao redor das velas, estavam dispostos amuletos de proteção, pequenas estátuas de divindades e tigelas de cerâmica contendo oferendas de arroz, frutas e incenso.
O chão era coberto por tatames de palha, que amorteciam os passos e davam uma sensação de acolhimento ao ambiente. Em cada canto da sala, havia grandes vasos de cerâmica, decorados com cenas de batalhas lendárias e figuras mitológicas, preenchidos com arranjos de flores frescas e ramos de pinheiro. O ar estava impregnado com o aroma do incenso, que misturava sândalo e jasmim.
Uma porta de correr se abriu e a figura de um homem alto e muito bonito surgiu. Tinha os cabelos pretos e longos que ele prendia uma parte deixando uma fina franja sobre seu rosto, o olhar sereno, caminhando devagar pelo salão. Ele vestia um kāṣāya, uma vestimenta tradicional de monge, de cor dourada, um yukata preto por baixo do kāṣāya. Nos pés, ele usava tabi, as meias tradicionais japonesas que se separam entre o dedão e os outros dedos.
O que me levou a crer que ele era um monge. Ele colocou os braços entre as mangas do yukata e caminhou sorrindo na minha direção. Se eu achava Satoru bonito, perdi até o ar quando vi aquele homem.
— Bem vinda! Você deve ser a Akira.
— Obrigada...
Ele tocou minha mão e a segurou delicadamente apoiando a outra mão sobre ela e sorriu gentilmente.
— Sou Suguru Geto, é um prazer te receber aqui. — Ele tinha um cheiro suave misturado ao cheiro de incenso. — Venha, vamos tomar um café.
— Para de conversa mole, seu sem vergonha, e tira essa mão dela.
— Com ciúmes, Satoru? — Ele perguntou debochado. — Não vou morder ela. Não sem ela deixar.
Minhas bochechas esquentaram na hora. Satoru estava com as sobrancelhas franzidas enquanto o amigo dele me arrastava para a cozinha. Vi duas moças me fuzilando com o olhar enquanto ele me guiava. Uma de cabelos loiros e a outra de cabelos castanhos curtos.
Ele sentou-se em cima da almofada e acenou que fizesse o mesmo. Em seguida ele acenou para o chabudai que estava repleto de pratos apetitosos. Eu sorri, agradeci pela comida e começamos a nos servir.
— Não quer se juntar a nós, Satoru? — Ele perguntou olhando para Satoru que estava encostado na parede apenas nos observando de soslaio.
— Não, valeu.
Eu continuei a comer, já tinha muitos dias que não comia direito. Ainda mais eu ainda estando tensa. Eu tinha tantas perguntas, tantas incertezas. A velha costurada, a Kageba, era meu poder? Ou ela só estava me enganando? O pior é que estava com receio de perguntar. E tinha meu pai. Até onde sei ele era uma pessoa comum, que história era essa de ele ter poder?
— Está pensativa. — Suguru disse sorrindo.
— Tem sido muitas coisas.
— Satoru me contou sua condição atual. Quer nos falar sobre o gato?
— Eu não sei sobre o que falaria para ser sincera.
— Vamos terminar essa maravilhosa refeição primeiro.
Quando terminamos de comer, fomos para uma sala menor, o chão de madeira era ainda mais lustroso que o anterior e tinha um tipo de púlpito onde ele se sentou escorando num descanso pequeno que tinha ao seu lado. Ele apoiou o cotovelo e ficou olhando para mim por um tempo.
— Ele não anda com ela, Satoru?
— Não, só vestígios da energia dele.
— Ele deve usar ela de âncora. Vocês dois fizeram um pacto? — Eu acenei positivamente com a cabeça sem graça. — Hum. Caso bem complicado. Não dá para exorcizar se ele não estiver por perto. Normalmente maldições ficam presas a lugares, ou a pessoas. Ele parece ser bem mais que isso. Um espírito rancoroso talvez? Perdeu alguém próximo?
— Eu perdi meu pai... — Disse com os lábios trêmulos.
— Seu amado pai não faria isso. Até porque a energia que sinto é mais... sexual. Tinha alguém que gostava de você. Ou... você fez algo que não devia ter feito?
— Perdi minhas memórias. Não lembro de nada.
— Que condição mais conveniente.
— Acha que posso ficar livre?
— Talvez... mas vai depender de muita coisa. — Ele ficou um tempo olhando para Satoru e depois se virou para mim. — Vamos dar um jeito. Mas antes, qual foi a condição do pacto? Que palavras ele usou?
—Eu Akira, te aceito como meu familiar... A sua dor será minha dor, a minha dor será minha dor. De hoje até o fim de nossas vidas você será meu protetor. Firmando isso, te nomeio... Kurogiri.
— Fizeram um pacto. Dependendo da forma que quebrarem pode ser muito prejudicial para você. Pode perder muito.
— Tipo o que?
— A vida...
Ele pediu licença e se levantou e logo em seguida eu me levantei também. Saí com Satoru para fora do templo. Caminhei pelo pátio, sentindo o ar fresco acariciar meu rosto. Ao meu lado, Satoru acompanhava meus passos silenciosamente. O torii na entrada se destacava contra o céu azul, uma estrutura imponente que sempre me transmitia uma sensação de paz.
Enquanto caminhávamos, observava as folhas das árvores começando a mudar de cor. O outono estava se aproximando, e a natureza começava a se preparar para a transformação. As folhas amarelas e vermelhas criavam um tapete colorido no chão, e eu não pude deixar de sorrir ao ver a beleza da estação.
Satoru e eu trocamos olhares, compartilhando um momento de cumplicidade sem precisar de palavras. A presença dele ao meu lado tornava a caminhada ainda mais especial.
— Está sem os óculos hoje. — Eu disse com um sorriso.
— É. Tenho que ficar alerta. Nunca se sabe quando ele vai voltar.
— Eu ainda tô tão confusa. Por mais que digam que Kurogiri é uma maldição. A sensação que ele me passa é de paz.
— É o que ele quer que você sinta. Por que acha que ele não se aproxima quando eu estou por perto?
— Ele pode vir aqui?
— Aqui é muito bem protegido. Suguru coloca maldições em alerta também. É a técnica dele. Um usuário de maldições.
— Legal.
Satoru ficou um tempo em silêncio e depois soltou um suspiro leve. — Fiquei preocupado com você. Tentei te trazer várias vezes, mas você não acordava.
— A Kageba não deixou.
Ele parou bruscamente e ficou me olhando. Eu tensionei os ombros e desviei o olhar.
— Kageba? Por que você nunca conta as coisas direito?
— Está bravo?
— É, eu estou sim! Faz ideia do quanto eu me preocupei? Aí as coisas acontecem e você não me conta nada! Eu não posso te ajudar pois não sei o que está pensando!
— Eu não sei mais o que pensar! — Desabei ali naquele momento. As lágrimas desciam pelo meu rosto. — Eu não sei quem é certo quem é errado! Não sei de nada! Meu pai morreu e... Eu conversei com ele no celular. Eu não sei te tô sonhando ou se tô acordada! A velha que tinha tanto medo me disse que é meu poder, minha técnica!
— Ela disse isso? — Ele perguntou, mas não havia surpresa em seu olhar.
— Você sabia?
— Eu vejo as técnicas com muita precisão. Naquele dia que você jogou a tigela em mim e ela se manifestou eu vi com clareza. Mas não era ela que estava realizando os desejos. Ela é seu shikigami. Os desejos acho que vem do Kurogiri.
— Como pode vir falar para mim sobre não contar as coisas quando me esconde tanto?
— Eu tenho meus motivos. Não posso te sobrecarregar de informações quando você não se lembra de quase nada.
— Você gosta de mim, Satoru? Ou é somente meu desejo que fez você se interessar por mim?
— Akira... não tem nada disso. — Ele hesitou com uma simples pergunta.
— Gosta ou não?
— Akira, não adianta ficar me pressionando. A questão aqui é sobre você.
— Eu preciso ficar sozinha.
Eu virei as costas e continuei andando pelo pátio. Sentei na escadaria e fiquei pensativa. Às vezes surgiam na minha mente flashes desconexos. Rostos desconhecidos. Fiquei lá por um bom tempo. Depois me levantei e caminhei para dentro do templo.
As duas moças de mais cedo me seguiam por todo lado. Mas resolvi só ignorar. Entrei dentro do templo e caminhei devagar pelo corredor silencioso quando ouvi a voz de Satoru. A porta estava entreaberta e eles estavam falando baixo.
Se quer ouvir é só se concentrar, vou ocultar sua presença.
A voz veio na minha cabeça e nem me dei ao trabalho de me perguntar a origem daquela voz. Minha curiosidade era muito maior.
Aproxime-se
Dei mais um passo para frente e me concentrei. Fechei os olhos e podia ouvir com clareza.
— ... Eu te avisei, Satoru. Falei pra você que ia dar merda. Falei que você não devia ter pegado essa Missão e você pegou mesmo assim.
— Ela precisava de ajuda. Quem mais poderia fazer isso por ela se não eu? Sou de nível especial.
— Eu sou, Yuta é, o Itadori é. Mas você quis ir assim mesmo. Você é muito cabeça dura. E além de tudo você ainda foi lá e tirou a virgindade dela. Sabe o quanto isso deve ser importante para ela?
— Eu nem pensei nisso...
— E agora? Vai casar com ela?
— Qual é, Suguru? Estamos em que época?
— Eu vou reformular a pergunta: Vai assumir ela? Fazer dela sua namorada, falar para mãe dela que vai honrar com seu compromisso?
— Você está falando como se estivéssemos no século passado!
— A Akira é uma menina de 19 anos. Você tem quase dez anos a mais nas suas costas! E se não é importante para você, é importante para ela! Ela não é das mulheres que você encontra numa balada, come e depois desaparece. É como se ela ainda tivesse 16 anos. A mente dela tá uma bagunça e você nem pensou nos sentimentos dela!
— Não é nada disso, tá? Eu me importo com ela!
— Sei. Ela já sabe da sua fama? Que não consegue um relacionamento sério porque não consegue ficar com uma mulher só? Que não liga para os sentimentos de ninguém? Ela sabe da sua personalidade ruim?
— Vai à merda, Suguru!
— E o pai dela? — Suguru parecia irritado quando mencionou sobre meu pai e eu me aproximei mais.
— O que tem ele?
— O que diria a ele, se ele estivesse vivo? Olha Touya, você me disse para cuidar da sua filha e eu fui lá e transei com ela.
Cuidar de mim? Abri os olhos e me aproximei um pouco mais. Meu coração batia acelerado. O que meu pai tinha a ver com isso?
— Não foi por querer, Suguru! Eu não podia imaginar que isso ia acontecer! Quando vi ela 3 anos atrás ela nem parecia uma adolescente!
Meu coração parecia que ia sair pela boca. Como assim? Três anos atrás? Ele já me conhecia?
— Ele era um Feiticeiro, Satoru. Deu a vida por esse trabalho. Ele nunca quis ela envolvida com esse mundo e muito menos com você e... Que foi?
— Ela tá aqui.
Ouvi os passos dele na direção da porta e dei dois passos para trás. Quando a porta se abriu ele me olhou assustado. Eu respirava descompassado, meus olhos imersos em lágrimas, minha garganta queimava, meus lábios tremiam.
— Como pôde?
— Akira... o que você ouviu?
— Eu ouvi tudo! Meu pai é feiticeiro? Você me conhecia? Por que tantas mentiras?
— Akira, eu posso explicar.
— Você só quis se aproveitar de mim?
— Akira...
— Kurogiri tem razão.
— Akira! Não faça isso! — Suguru ainda me alertou, mas era tarde demais. Eu me afastei para trás devagar quando minhas costas encostaram na parede, eu vi os selos irem se queimando um a um e eu disse.
— Kurogiri, preciso de ajuda.
Os selos voltaram a queimar todos de uma vez. Fui envolta pela escuridão, os olhos de Satoru olhando para mim decepcionado foi a última coisa que vi. E quem estava decepcionada, era eu.
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