Acordo no chão do meu quarto. Como fui parar no chão, eu não sei. Mas lembro de ter tido um sonho muito louco. Sonhei que eu estava encolhida no canto direito da parede da minha casa, e meus olhos estavam diferentes, a cor deles na verdade, estavam como faróis, azul brilhante. Estava na minha frente, olhando para mim, Gabriel. Com sua mão sobre meu ombro esquerdo ele estava olhando para mim, assustado. Logo atrás dele estavam três homens de ternos, olhando todos para mim. Aí acordei, sonho muito doido. Porque tive aquele sonho? O que significa? Nunca tive sonhos desse tipo, muito menos com meus olhos daquela cor.

Vou ao banheiro, tomo um banho rápido e assim que me arrumo vou pra sala e encontro Gabriel olhando fixamente para a TV.

− Oi, Gabriel. Bom dia. – digo sonolenta me sentando no sofá ao lado de Gabriel.

− Bom dia, Megan. Dormiu bem? – pergunta Gabriel olhando para mim.

− Dormi. Foi você que me deixou no chão?

− Não. Porque? – pergunta o anjo sem reação.

− Então não dormi bem. Acordei no chão e tive um doido. Você estava nele.

− Como foi parar no chão? Me conte o sonho. – pergunta Gabriel curioso.

− Não sei como fui parar no chão. Tá, vou lhe contar. – Conto meu sonho e ele me olha perplexo, como se temesse por algo. – Porque você está assim? O que houve? – pergunto preocupada e com medo que seja algo muito ruim.

− Seu sonho.

− Foi apenas um sonho.

− Não foi só um sonho, Megan.

− O que você quer dizer com isso, Gabriel? Como assim não foi só um sonho?

− Nada não. Deixa pra lá. Não é o momento. Não posso contar agora e ainda não chegou a hora. – Ele diz se levantando e dando as costas para mim. Me levanto em seguida.

− Não pode contar o quê? Qual é a hora certa, Gabriel? Somos amigos, lembra? O que eu não posso saber agora? – pergunto alterada, com raiva, e algumas lágrimas saindo pelos meus olhos. Minha voz alterada faz Gabriel se virar, ficar frente a frente comigo.

− Não chore, Megan. Não posso revelar minha função, em qual posição celestial estou, entre outras coisas.

− Você não pode. Você deve. – digo com dureza e determinada.

− Eu sou um... – Começa Gabriel, mas somos interrompidos por Lissandra.

− Oi, gente. – diz ela toda animada.

− Oi, Lissandra. – Gabriel e eu respondemos em uníssono.

− Você não bate na porta, não é? – perguntando meia irritada por ela ter atrapalhado minha conversa com Gabriel.

− Calma, Megan. A porta não estava trancada. Dei duas batidas na porta antes de entrar. Desculpas.

− Ok. Foi mal. – digo suspirando. – Lissandra, você pode nos dá licença?

− Claro.

Puxo Gabriel até a cozinha.

− O que você é? Quais são as outras coisas que você não pode contar? Anda. Responda, Gabriel. E qual é o problema com o meu sonho?

− Eu sou um guardião. Um anjo guardião, Megan. E o problema com seu sonho é ...

− O que vocês estão fazendo aí, gente? – E mais uma vez somos interrompidos por Lissandra. Eu mereço. Reviro os olhos em seguida.