
𝟬𝟱𝟭 | ʟᴏᴏꜱɪɴɢ ʜᴇᴀᴅꜱ
CAPÍTULO 51
PERDENDO CABEÇAS
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ESTAR NAQUELE VESTIÁRIO novamente parecia um pesadelo que insistia em se repetir. Anelise sentiu o estômago revirar enquanto sua mão tocava levemente os pontos em seu abdômen. O traje parcialmente destruído contava a história da última batalha: arranhões profundos cobertos de sangue seco, o buraco que quase a matara remendado às pressas, como um lembrete cruel de sua vulnerabilidade. Não houve tempo para lavar a roupa ou para lidar com o trauma.
Agora, ali estava ela, tendo que se preparar novamente.
O dourado reluzente do peitoral de vibranium e o azul da saia, tão familiares, precisavam voltar à ação. Mas, desta vez, algo estava diferente. Pela primeira vez em sua longa vida, Anelise tremia de medo. Seus dedos trêmulos estavam gelados, a pele pálida contrastando com o vermelho seco em seu traje. Ela, que já havia enfrentado inimigos de todas as galáxias e batalhas que poucos ousariam sequer imaginar, sentia algo que a consumia de dentro para fora. Thanos não era apenas mais um vilão; ele havia plantado nela o mais puro e paralisante medo. Medo da morte, medo do fracasso, medo de não ser suficiente. Sua boca estava seca, e o ardor no abdômen em cicatrização fazia cada respiração parecer uma luta.
Ela se deixou cair contra a parede fria do canto do vestiário, abraçando o próprio corpo em busca de algum calor que não vinha. Seus olhos encaravam o chão sem foco, as memórias do estalo ainda ecoando em sua mente. O peso do que tinha sido perdido e do que ainda podia ser deixava tudo ao redor desmoronar.
Steve entrou no vestiário, o rosto carregado de preocupação. Seus olhos encontraram Anelise ali, encolhida como se o peso do universo estivesse sobre seus ombros. Ele caminhou rapidamente até ela, ajoelhando-se para alcançá-la, as mãos fortes pousando com firmeza, mas delicadeza, em seus ombros.
— Anelise? Querida, olhe pra mim.
Fique comigo. — Sua voz era firme, mas cheia de ternura, como se ele soubesse que era a âncora que ela precisava.
Ela levantou os olhos lentamente, e ele percebeu algo que nunca esperara ver: medo. Não pânico ou desespero, mas o medo cru, congelando até os ossos dela.
— Ele vai estar lá. Eu posso sentir. — A voz dela saiu num murmúrio trêmulo, quase um sussurro entre dentes.
Steve franziu o cenho, preocupado, mas determinado.
— Você não vai. Seus pontos não cicatrizaram ainda. Você precisa ficar.
Ela ergueu o olhar, uma mistura de dor e determinação.
— Não. — A resposta foi firme, embora a voz ainda carregasse a vulnerabilidade do momento. Havia algo nos olhos dela que dizia que, apesar do medo, ela não se permitiria fugir. — Preciso olhar nos olhos dele quando cortar a cabeça dele fora. — Disse com rancor.
Anelise se levantou devagar, sentindo cada músculo protestar, mas se recusando a ceder. Steve, sempre ao seu lado, estendeu uma mão firme para ajudá-la. O toque dele, forte e constante, irradiava uma força que ela não sabia precisar tanto naquele momento. Ele era seu pilar, o equilíbrio entre o amor que os conectava e a determinação que os guiava para o que estava por vir.
— Não vou deixar você fazer isso sozinha, Anelise. — A voz de Steve era baixa, quase um sussurro, mas carregava a promessa de que ele a acompanharia até o fim.
Anelise olhou para ele, e por um instante, o peso em seu peito pareceu diminuir. Era nos olhos azuis dele que ela encontrou o motivo para continuar lutando. Steve estava exausto, como todos eles, mas não havia um traço de desistência nele.
— Eu não faço isso por mim, Steve. É por todos que não puderam lutar, por todos que ele tirou de nós. — Sua voz vacilou, mas ela engoliu o nó na garganta. — É por todos nós.
Steve assentiu, os dedos ainda firmes em seus ombros, como se quisesse transferir parte de sua força para ela.
— E é por isso que nós vamos juntos. Você não precisa carregar esse peso sozinha, entendeu?
Ela não respondeu de imediato, mas o olhar que lançou a ele dizia mais do que qualquer palavra. Mesmo carregando a dor e o medo, ela sabia que não estava sozinha.
A nave estava pronta, um símbolo silencioso do que ainda restava da resistência. Os poucos que sobraram estavam reunidos, cada um perdido em pensamentos, mas unidos pelo mesmo objetivo: pôr um fim ao tirano que havia destruído metade da vida no universo. Anelise entrou na nave ao lado de Steve, com passos mais firmes agora. O ambiente estava carregado de tensão, mas a presença dele ao seu lado era como um farol em meio à escuridão. Ele a ajudou a sentar-se em uma das cadeiras, mesmo que ela protestasse, insistindo que estava bem.
— Você pode ser uma guerreira, mas eu sou seu marido, lembra? Cuidar de você também faz parte do meu trabalho. — Ele disse com um sorriso cansado, mas genuíno, enquanto ajustava o cinto dela.
Ela revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso. Era nesses momentos que ela se lembrava de quem era, do que realmente importava. Rocket, sentado no painel de controle, lançou um olhar impaciente.
— Vocês dois já terminaram? Porque estamos prestes a decolar e, com todo respeito, não temos tempo para declarações de amor épicas. — Rocket desdenhou.
Steve lançou um olhar divertido a Rocket, enquanto Anelise cruzava os braços, ainda com um ar teimoso.
— Estamos prontos. — Steve respondeu, firme.
A nave decolou, a pressão crescente enchendo o ambiente. Anelise fechou os olhos por um instante, sentindo o peso do momento. A lembrança dos que se foram preenchia sua mente. Ela não podia falhar. Não desta vez.
Steve percebeu o aperto das mãos dela sobre os braços da cadeira e pousou a sua por cima.
— Ei. Não importa o que aconteça, vamos terminar isso. Juntos.
Ela abriu os olhos, fitando-o com determinação renovada.
— Juntos.
A vastidão do espaço se estendia diante de Anelise como uma tela infinita de possibilidades. A imensidão do cosmos parecia envolver a pequena nave como se fosse um grão de poeira vagando em um mar de estrelas. Era a primeira vez que ela se encontrava fora da segurança do planeta que chamara de lar durante toda a sua vida, e a visão roubava seu fôlego.
A janela da nave era seu portal para um mundo que ela nunca sonhara explorar. Nebulosas em tons de roxo, azul e dourado brilhavam à distância, como pinceladas de um artista em uma tela negra. As estrelas pareciam tão próximas, pulsando como pequenos corações vivos. Cada constelação era uma promessa de histórias que ela nunca ouvira, de mundos que talvez jamais conheceria.
— É... é tão lindo. — Ela murmurou, sem conseguir desviar os olhos.
Steve, ao seu lado, observava em silêncio, o sorriso discreto em seus lábios indicando que ele estava tão encantado com a reação dela quanto com a paisagem. Ele sabia o que aquilo significava para ela. Anelise era uma guerreira acostumada ao chão firme sob os pés, mas ali, cercada por uma beleza infinita, parecia vulnerável de um jeito diferente: uma vulnerabilidade que vinha do deslumbramento, da descoberta.
— Não é como eu imaginei. É maior... mais vivo. — Sua voz carregava uma nota de reverência, quase como se estivesse com medo de quebrar a magia daquele momento.
Steve apertou levemente a mão dela.
— É algo que faz você se sentir pequeno, não é? Mas ao mesmo tempo... faz você querer lutar ainda mais por tudo isso.
Ela assentiu, sem desviar o olhar. Cada planeta distante, cada luz piscante, era uma lembrança do que estava em jogo. O espaço, tão vasto e indiferente, parecia ao mesmo tempo cheio de vida. Era um contraste com o vazio que Thanos havia deixado na Terra.
Anelise se inclinou para mais perto da janela, quase tocando o vidro frio com os dedos. Seu reflexo encarava de volta, mas ela não via apenas a mulher ferida e exausta que entrara naquela nave. Ali, sob as estrelas, via a guerreira que ainda tinha algo pelo que lutar.
— É lindo... e assustador. — Ela admitiu, os olhos brilhando.
Steve, paciente e sereno, respondeu com carinho.
— Assim como você.
A nave avançava pelo espaço, cada segundo os levando mais perto do confronto final. Thanos estava lá fora, esperando. Mas, desta vez, Anelise, Steve e todos os outros estavam prontos. Não havia mais espaço para hesitação. Eles enfrentariam o Titã Louco, por aqueles que ainda podiam ser salvos.
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— MUITO BEM, QUEM aqui nunca esteve no espaço? — Rocket perguntou, girando na cadeira do painel de controle.
Com exceção de Thor, Carol e Bruce, todos ergueram a mão.
— Ótimo Não quero ninguém vomitando na minha nave. — Rocket resmungou algo inaudível enquanto Nébula fazia os ajustes finais nos controles.
— Se aproximando do salto em 3, 2,
1... — Ela anunciou, com a voz firme.
De repente, uma lufada de cores envolveu a nave, um espetáculo deslumbrante de luzes e energia enquanto atravessavam o salto. A velocidade aumentou de forma esmagadora, fazendo Anelise apertar com força o encosto de seu assento. Com a outra mão, agarrou a de Steve, que estava ao lado dela. Por um momento, parecia que todo o ar havia sido sugado de seu corpo, deixando-a em um estado de puro desamparo. Então, como se um peso tivesse sido removido, a nave desacelerou suavemente assim que cruzaram a barreira dimensional.
Carol foi a primeira a se mover, deixando a nave para fazer uma vistoria ao redor do planeta que se aproximava no horizonte. Anelise então, notou a tensão no rosto de Steve, que encarava a tela com um olhar distante.
— Vai dar certo, Steve. — Ela falou, mas sua voz carregava uma nota de incerteza. Tentou compensar com um sorriso.
— Eu sei que vai, porque... porque eu não sei o que fazer se não der. — Steve desviou os olhos da tela e a olhou, o azul de seus olhos transbordando preocupação e algo mais profundo — amor e confiança.
Ele apertou a mão dela em silêncio, sem precisar dizer nada. Logo, Carol retornou rapidamente, parando de frente para os companheiros do lado de fora da nave.
— Sem satélites. Nem naves. Nem exército. Nenhuma defesa de qualquer tipo. — Sua voz era firme, quase fria. — É só ele.
— Ainda é o Thanos. — Nébula interrompeu, seu tom carregado com o peso da experiência. Ela o conhecia melhor do que qualquer um ali, e sua expressão era de um alerta que ninguém podia ignorar.
O planeta era um lugar de serenidade inquietante, tão diferente da devastação causada pelo Titã. "O Jardim", como Thanos o chamara, parecia um paraíso perdido. Cachoeiras deslizavam entre as rochas, o som da água ecoando pelo silêncio absoluto. Montes verdes cercavam a casa simples que ele havia construído, iluminada pela luz dourada de um sol distante.
Anelise desceu da nave ao lado de Steve, sentindo um nó apertar em seu peito. A armadura de Thanos estava montada como um espantalho no meio de uma clareira, como um símbolo grotesco de sua vitória.
— Isso é tão... errado. — murmurou ela, sua voz quase sumindo.
— Vamos acabar com isso. — Steve respondeu, a mão tocando levemente as costas dela, guiando-a adiante.
Carol foi a primeira a agir, uma explosão de fótons atravessando o ar e atingindo a casa de Thanos com um impacto estrondoso. Antes que ele pudesse reagir, ela o agarrou pelo pescoço, imobilizando-o contra o chão com força brutal.
A armadura Hulkbuster e o Máquina de Combate entraram logo depois, segurando o Tita com todo o poderio de seus trajes, enquanto Thor desceu seu machado com precisão implacável, decepando o braço que segurava a manopla. Os restos da manopla caiu no chão, ecoando pelo ambiente.
Anelise, Steve, Natasha e Rocket chegaram instantes depois, apenas para testemunhar o grito de dor de Thanos.
Apesar de tudo, ele parecia... calmo.
Rocket foi o primeiro a se aproximar da manopla caída. Ele a virou, examinando com olhos arregalados.
— Ah, não... — Murmurou o guaxinim.
— O quê? — Steve perguntou, a tensão em sua voz evidente.
— As Joias... não estão aqui. — Rocket disse, suas palavras carregadas de incredulidade.
— Onde elas estão? — Steve perguntou, tenso.
— Responda. Agora. — Carol apertou o braço ao redor do pescoço de Thanos, sua voz cortante.
Thanos tossiu, mas havia algo de insolente em sua expressão.
— O universo precisava de correção. Depois disso, as Jóias não tinham mais propósito... apenas a tentação.
Bruce, com raiva contida, deu um empurrão brusco no Tita, derrubando-o no chão com força.
— Você matou trilhões! — Gritou ele.
Thanos olhou para eles com desprezo, o rosto marcado pelo esforço evidente de suas ações recentes.
— Então me agradeçam... — Antes que ele pudesse terminar, o punho da armadura Hulkbuster colidiu com seu rosto, silenciando-0.
— Onde estão as Jóias? — Natasha perguntou com sua voz trêmula e olhos marejados.
Thanos riu fracamente.
— Jóias? Reduzidas a átomos.
— Mentira! — Bruce exclamou, o tom incrédulo. — Você as usou dois dias atrás!
— Eu usei as Jóias e então as destruí. Isso quase me matou, mas o trabalho está feito. — Ele respirou fundo, os olhos ainda cheios de desdém. — Eu sou... inevitável.
— Temos que procurar por toda parte. — Rhodes disse, claramente nervoso. — Tem que ser mentira.
— Meu pai é muitas coisas... mas mentiroso não é uma delas. — Nébula rosnou, sua voz cheia de rancor.
— Obrigado, filha. Talvez eu tenha sido cruel com você... — Thanos começou, mas sua frase foi cortada abruptamente.
Anelise, quieta em seu lamento pessoal, avançou antes que qualquer um pudesse reagir. A lâmina do bastão de vibranium cortou o pescoço do Titã com precisão mortal, espalhando sangue pelo chão e manchando o dourado de seu peitoral.
— O que você fez?! — Rocket gritou, claramente chocado.
Anelise limpou a lâmina contra o tecido de sua bota, sem desviar os olhos do corpo inerte de Thanos.
— O que deveríamos ter feito antes. — Sua voz era fria, destituída de qualquer arrependimento.
No lugar de medo ou hesitação, restava apenas o ódio.
OLHA QUEM VOLTOU!!
Vamos terminar essa história de uma vez por todas, sim?
Vejo vocês em breve, muito em breve!
Até a próxima!
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