CAPÍTULO 31
VISÃO
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O DIA ACABAVA de amanhecer em Seul, onde o laboratório da Dra. Cho se encontrava. Steve e Anelise desceram do Quinjet e correram para dentro da enorme instalação, indo direto para o andar principal de pesquisa e desenvolvimento. O local estava parcialmente destruído, com faíscas estourando de fios rasgados e uma fina camada de fumaça poluindo o ambiente.

— Dra. Cho! — A Erskine correu e se abaixou na altura da mulher ferida jogada ao chão, pressionando o ponto hemorrágico.

— Ele está se transferindo pro corpo. — Ela os alertou, ofegante.

— Onde? — Anelise ameaçou sair para buscar suprimentos, mas foi segurada pela doutora.

— O poder de verdade está dentro do Berço Regenerador. O poder da gema é incontrolável. Não adianta só explodirem, devem levar o berço até Stark. — Suspirou.

— Temos que achá-lo primeiro. — Anelise referiu-se ao berço.

— Vão. — Insistiu e assim eles saíram.

— Ouviram tudo? — Steve perguntou pelo intercomunicador.

— Ouvimos. — Barton confirmou.

— Um jato particular vai decolar do outro lado da cidade, não há registro. Deve ser dele. — Romanoff informou.

— No caminhão, do laboratório, abaixo de vocês. Estão no viaduto. — Clint deu a localização. — São eles. Três com o berço e um na boleia. Eu cuido do motorista.

— Não! — A voz de Anelise fez Barton cancelar qualquer operação contra o caminhão. — Se aquele veículo bater, a gema vai destruir a cidade inteira. — Disse, subindo com Steve para o viaduto acima de onde o caminhão passava.

— Temos que atrair o Ultron. — Rogers acrescentou, vendo que o caminhão passaria debaixo deles em alguns segundos, agarrando a mão de Anelise e se preparando para pular com ela.

Pularam em cima do veículo em movimento, derrapando com a instabilidade e escorregando para as portas traseiras de metal. Como uma sugestão, Ultron explodiu tal porta, jogando cada um para um lado, ainda pendurados. Outra rajada de energia foi desferida quando os dois voltaram, fazendo com que a rampa de acesso desprendesse e se arrastasse pelo asfalto.

— Tão feliz em nos ver... — Anelise comentou com sarcasmo, se segurando para não cair na rodovia movimentada.

— Vamos fazer com que continue assim. — Steve acrescentou.

— Não é páreo para ele, Capitão. A Anelise talvez. — A voz de Clint ecoou entre os dois.

— Obrigado, Barton. — O Rogers balançou a cabeça ao mesmo tempo que Anelise deixava escapar uma risada, tentando voltar para dentro do caminhão.

Ao conseguirem se estabilizar, Ultron apareceu e emitiu ondas sonoras poderosas o suficiente para lançar os heróis com tudo no carro atrás deles, rachando o vidro com impacto. Anelise foi a primeira a se recuperar, tendo a ajuda de Steve para ser arremessada de volta para o topo caminhão.

— Sabe o que tem naquele Berço? — A força do mal surgiu no ar, com o corpo de vibranium melhorado.

Ultron atirou uma rajada de energia da palma de sua mão, que foi facilmente rebatida pelos braceletes dourados em xis que Anelise colocou em sua frente para proteger-se.

— O poder para fazer mudanças reais. — Continuou. — E isso aterroriza você.

— Só vou ficar tranquila quando tiver a sua cabeça de lata pendurada na ponta da minha lâmina. — Rosnou de volta, apontando seu bastão para o robô, emitindo um som agudo de metal rasgando o ar quando uma das extremidades liberou uma lâmina.

Steve conseguiu alcançar a parceira e ambos lutavam contra Ultron, mas foram jogados para fora do caminhão por ele e seus múltiplos semelhantes. Se penduraram nas laterais quando caíram, perdendo suas armas na estrada. Ambos conseguiram voltar para o topo, encarando o inimigo, sem armas para revidarem.

O Capitão caiu com as costas no chão, então Ultron foi pra cima de quem estava de pé. A máquina preparou seu corpo para um soco certeiro e possivelmente letal, indo com tudo para cima de Anelise. Por puro reflexo, a mulher segurou o punho de vibranium com a própria mão, sentindo até os dentes tilintarem com o som agudo que aquilo emitiu.

Por sorte, Romanoff apareceu de moto e lançou a Steve seu escudo, esse que atingiu o braço que Ultron usou para tentar acertar a Erskine. Anelise conseguiu seu bastão de volta, e ambos continuaram a lutar contra o robô. Ao mesmo tempo, Clint conseguiu distrair os dois sentinelas que guardavam o Berço, dando chance a Natasha de alcançá-lo.

A luta fora estendida para fora daquele caminhão quando Steve conseguiu derrubar Ultron para dentro de um trem de metrô que passava logo abaixo do viaduto onde estavam. O esforço que faziam para manterem ele ocupado foi valioso para que Clint recuperasse o Berço, mesmo que Natasha houvesse sido capturada.

De repente, um golpe que debilitaria de maneira significativa o trem e os heróis que tentavam proteger as pessoas que ali dentro estavam, foi interrompido por alguém tão veloz que era difícil vê-lo. Grades de metal prenderam Ultron, controladas por ondas telecinéticas de energia escarlate.

Wanda e Pietro Maximoff vieram para ajudar, mesmo receosos com a recepção dos Vingadores. Anelise sentiu um arrepio desagradável em sua espinha ao lembrar-se do que a garota lhe havia mostrado, mas engoliu aquilo acreditando que qualquer um podia ser melhor se quisesse de verdade.

Ultron sabia que não conseguiria contra os quatro, então atirou no maquinista e fugiu, deixando o veículo descontrolado e fora dos trilhos, invadindo as ruas de Seul. Pietro tirava as pessoas da frente da rota do trem, enquanto Wanda parava a derrapagem com seus poderes, freando antes que fizesse mais vítimas.

Quando o trem parou, os passageiros desceram assim como quem lutava por eles. Steve ajudou Anelise a sair, dando de cara com os gêmeos, exaustos.

— Agora não é hora de descansar. — Rogers avançou, ressentido pelo o que sua parceira havia sofrido na mão daqueles dois.

— Steve... — Anelise o chamou, impedindo qualquer confronto.

— O Berço... vocês pegaram? — Perguntou Wanda, preocupada.

— Stark vai cuidar dele. — A Erskine garantiu.

— Ele não vai. — As expressões da Maximoff mudaram drasticamente, como se algo muito maior e mais perigoso fosse acontecer entre Tony e o berço.

— Não sabe do que está falando. Stark não é louco. — Steve rebateu.

— Ele vai fazer o que for para consertar o que fez. — Wanda reafirmou, implantando uma dúvida na cabeça do Rogers.

— Stark, responda. — Mandou pelo ponto em seu ouvido, com Anelise também atenta a resposta. — Stark? Tem alguém escutando aí? — Não houve retorno para nenhum deles.

— Ultron não sabe a diferença entre salvar o mundo e destruí-lo. — A garota voltou a dizer. — Onde acha que ele aprendeu isso?

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JUNTOS, STEVE E Anelise conseguiram retornar para Nova York, de volta a Torre dos Vingadores e desta vez com os gêmeos Maximoff. As botas pesadas da Comandante faziam um barulho grave a medida que a mulher marchava em direção ao laboratório do Stark. Steve e os gêmeos a seguiam, sentindo que era o que deveriam fazer, ir com quem estava no comando.

— Stark! — A morena entrou no ambiente parcialmente escuro chamando pelo bilionário, com sua lança em mãos.

O Berço estava conectado a muitos fios, alguns deles maiores que outros. Informações piscavam a cada segundo em várias telas de computador suspensas ao redor do corpo humanoide e do Dr. Banner, além do próprio Anthony ali.

— Só vou dizer isso uma vez... — Ela começou.

— Que tal nenhuma? — Stark rebateu.

— Desligue agora. Já não nos colocou em risco o suficiente com esse projeto?! — Perguntou, levemente irritada.

— Não, não vai rolar. — Deu de ombros.

— Vocês não sabem o que estão fazendo. — Steve colocou-se ao lado da parceira, segurando firme seu escudo.

— E você sabe? Ela não tá na sua cabeça? — Ressentido, Bruce quem respondeu.

— Eu sei que está com raiva. — Wanda tentou.

— Estou com muito mais do que raiva. — Banner a interrompeu. — Eu te estrangularia agora, e nem precisaria ficar verde.

Uma discussão generalizada se iniciou. Uns contra os outros, argumentando contra e a favor da realização de outro projeto, quando de repente Pietro toma partido e com sua super velocidade puxa a maioria dos fios que pareciam importantes ao redor do Berço, gerando vários pequenos curtos.

— Continuem. — Foi irônico, encarando Banner e Stark, quando no segundo seguinte o chão de vidro sob ele foi estilhaçado por Barton de surpresa.

Se o confronto verbal já estava preocupante, tudo piorou quando começaram a se atacar. No segundo seguinte, raios e trovões rasgaram os céus, quando Thor entrou com tudo no laboratório, acertando seu martelo energizado no Berço, causando uma explosão de estilhaços de vidro por toda parte.

O humanoide que dentro estava, emergiu após uma breve explosão, apoiando-se em um de seus joelhos e absorvendo o que estava acontecendo. Seu corpo vermelho e com alguns detalhes em prata e dourado estava completamente imóvel, quando num ato súbito ele avançou em Thor.

O Odinson reagiu rápido e com seu martelo o lançou para longe, sem querer atingindo Anelise. A Erskine e o humanoide atravessaram o vidro ao mesmo tempo que Steve gritou em negação. Os dois se embolaram no ar até que a "coisa" parou no ar num solavanco, segurando a mulher com extrema facilidade. A Comandante engasgou um ofego e se agarrou ao único apoio que tinha: os braços do humanoide.

Anelise estava tensa, apertando os antebraços do sintezóide com certa força, receosa com o fato de que podia despencar dos braços do estranho e mergulhar numa queda livre de metros até o chão.

— Está tudo bem. — Disse a mulher após alguns segundos pensando no que falar, olhando para os olhos peculiares do outro. — Não somos inimigos. — Garantiu, tentando manter a voz firme.

O ser de pele vermelha fosca olhou para a cidade inteira através da grande janela brilhante na sua frente, virando-se para Anelise e iniciando um pouso suave no andar em que os Vingadores estavam reunidos os encarando.

— Isso foi estranho. Mas, obrigado. — Ele diz para Thor ao deixar que Anelise saísse de seus braços.

— Thor, você ajudou a criar isso? — Steve pergunta, indo ao encontro de sua companheira com pressa.

— Eu tive uma visão. Um redemoinho que suga toda a esperança de vida, e o centro é aquilo. — O deus aponta para a gema na testa do androide. — É a Joia da Mente. Uma das seis Joias do Infinito. O maior poder do universo, com capacidade destrutiva incomparável.

— E por que você trouxe...? — Rogers é interrompido.

— Porque Stark está certo.

— É, vamos todos morrer. — Anelise comenta com sarcasmo, se agarrando a Steve pelo susto anterior, agradecendo internamente por sua âncora estar ali por ela.

— Os Vingadores não podem destruir Ultron. — Thor reafirmou.

— Não sozinhos. — O "Visão" fala pela primeira vez após um tempo calado.

— Por que a sua Visão fala como JARVIS? — Steve volta a perguntar.

— Reconfiguramos a matriz do JARVIS para criar uma coisa nova. — Tony responde, rondando a criação.

— Já atingimos a cota de coisas novas. — Steve reclama.

— Vocês acham que sou filho do Ultron. — Concluiu Visão.

— E não é? — A Erskine mantém seu tom neutro.

— Eu não sou Ultron. Eu não sou JARVIS. Eu... eu sou. — Visão afirma, não dizendo mais nada.

— Eu olhei na sua mente e vi aniquilação. — Wanda Maximoff dá um passo à frente, escutando a risada irônica de Barton ao fundo.

— Olhe de novo. — Pediu.

— O selo de aprovação dela não é nada pra mim. — Clint comenta, ainda irritado.

— Os poderes dos dois, os horrores na nossa cabeça, o próprio Ultron, tudo isso veio da Joia da Mente. E não é nada comparado ao que ela pode fazer. Mas com ela do nosso lado... — Thor começa, sendo interrompido por Steve.

— Ela está? E você? Está do nosso lado? — Ele pergunta, olhando para Anthony.

— Não importa o que eles fizeram, mesmo que prejudicial. Não importa mais. — Visão afirmou, e tanto Wanda quanto Tony abaixaram suas cabeças levemente. — Estamos todos do lado da vida.

— Ultron não está. Ele vai acabar com tudo. — Thor segue a linha de pensamento.

— O que ele está esperando? — Tony pergunta.

— Vocês. — O humanoide os olhou.

— Onde?

— Sokovia. Está com a Nat lá também. — Clint revela.

— E se estivermos errados sobre você? — Bruce se vira para Visão. — E se você é um monstro que Ultron construiu?

— O que farão? — Visão devolve, deixando todos sem resposta. — Eu não quero matar Ultron. Ele é... único, e está sofrendo muito. Mas esse sofrimento vai tragar toda a Terra. Por isso ele deve ser destruído. Cada forma que ele construiu, cada traço da sua presença que está na internet. Temos que agir agora.

— E nenhum de nós fará isso sem os outros. — Thor afirma.

— Talvez eu seja um monstro. Acho que eu não saberia se eu fosse um. Não sou o que vocês são... e nem o que planejaram. Talvez não haja como fazê-los confiar em mim. Mas temos que ir logo. — Visão ergue o martelo na direção de Thor.

Todos encararam aquilo com completo choque, seguindo cada movimento até o Odinson segurar sua arma.

— Tudo bem. — O louro sorri. — Vamos lá. — E então, eles se dispersaram pela Torre para se prepararem, já que iriam acabar com aquilo de uma vez por todas.

MAIS UM CAPÍTULO!

O que acharam? Comentem!

Enfim, até a próxima!

⍟ ✵