Escripitas.
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Atrasado.
Logo hoje eu estou atrasado, e sinceramente em minha defesa eu não tenho defesa alguma. Talvez a ansiedade para o hoje tenha me prejudicado ontem.
Tive outra noite mal dormida o que resoltou em meu atraso.
Ainda não acredito que novamente vou voltar para o inferno de todos os adolescentes, para a grande competição de padrões e popularidade. Para a maior e mais importante penetenciaria educacional de São Paulo...
Escola Nostradamus Ensino médio. Mais conhecida como ENEM. Pelo o que me disseram o número de matrículas de intercambistas triplicaram esse ano, o que vai resultar em um caos total nos primeiros dias, sem falar do quão lotado aquele lugar vai estar. Um enorme formigueiro de humanos, por que sinto que esse ano não vai ser tão bom quanto os outros dizem que serão? Bom, pelo menos é meu último ano no colégio então não vou ser obrigado a conviver com algumas pessoas...
*Tô morrendo de fome* penso teclando em meu celular, nenhuma mensagem no grupo "E squesitos kkkkj", talvez eu esteja tão atrasado ao ponto de todos estarem dentro de suas salas e eu aqui, no carro do meu pai em um trânsito absurdo a essa hora da manhã.
As buzinas dos motoristas impacientes estão me deixando surdo. Um casal brigava com outra jovem no trânsito por sabe se lá qual motivo.
- Tá vendo filho, nunca seja como eles, seja paciente e calmo meninow - Comenta Cristopher observando atentamente a briga no trânsito.
Permaneço em silêncio ignorando seu comentário. Meu corpo acordou rapidamente quando meu pai informou as horas e meu cérebro ainda está processando o que está acontecendo. Sem falar que o frio está insuportável, não estou em um bom dia pra conversa.
Principalmente conversas banais como essas.
- Você está bem filho? - Pergunta o mais velho notando meu silêncio.
- Tô. - Digo enfiando minhas mãos no bolso de meu moletom.
- Tá com frio? - Ele pergunta o óbvio.
- E fome - Complemento.
- Hm, e aquele casaco vermelho ali? De quem é? - Pergunta Cris notando uma peça de frio no banco traseiro do carro.
- Ué... - Pego o casaco já sabendo a quem pertencia - O que o suéter do Joui tá fazendo no seu carro pai? - Pergunto a ele confuso.
- É dele? Hm, ele deve ter deixado ai no último treino dele, veste então meninow, já que está com frio - Comenta o mais velho focado no trânsito.
- Hm...melhor não... - Murmuro receoso - E se ele não gostar de me ver usando ele? Sei lá, devo ao menos pedi permissão...
- Meninow! Até parece que o Joe vai se incomodar com algo que te envolva, ele te adora haha - Brinca o mais velho voltando a dirigir percebendo que finalmente o trânsito parecia andar.
Dou de ombros e coloco a peça de roupa, deixando assim a blusa do uniforme da Nostradamus e o casaco avermelhado por baixo e meu moletom preto por cima. Me sentia um pacote de tanto tecido grosso por cima de mim, mas pelo menos o frio passou.
- Já estamos chegando? - Pergunto aflito - Olha, acho melhor eu ir amanhã já que me atrasei mesmo. - Digo notando o horário, já era cerca de 8hrs. Infelizmente estava tarde demais, ou felizmente.
É, felizmente.
- Quem disse que você está atrasado meninow? - Pergunta meu pai pegando seu celular.
- Meu relógio. - Digo mostrando o horário que marcava em meu aparelho.
- Tá falando do relógio que eu adiantei pra certificar que você chegaria no horário certo? - Comenta meu pai calmamente, antes que eu reclamasse o mesmo complementa - Vai me dizer que você é pontual? Isso foi para seu bem filho, não reclame com seu pai.
- Você não pode mexer nas minhas coisas pai! Já te disse isso, são minhas, não suas coi--- O mais velho me interrompe calmamente.
- Eu sei, eu sei. Mas olha só no meu telefone. já estamos chegando e não estamos nenhum pouco atrasados - Explica o homem fazendo uma curva brusca. Meu pai nunca foi o melhor motorista, sempre faz curvas bruscas e perigosas, talvez por isso ele se tornou dublê de cenas de ações.
- Pronto, quer que eu te deixe lá na frente ou--- Saio do carro explicando ao mais velho.
- Não, pode deixar, valeu pela carona pai. - Digo saindo do carro rapidamente, não é necessário toda a escola saber que meu pai é um completo sem noção.
- Ok, vai lá então. Tenha um bom dia meu filho - Comenta Cristopher se despedindo de mim. Aceno para o mesmo me afastando do carro, a Nostradamus é logo na esquina então não estava longe de meu pesadelo,e ele acaba de piorar quando ouço uma buzina atrás de mim junto a uma voz famíliar. Não acredito que ele vai fazer isso mesmo depois da conversa que tivemos sobre isso...
- MENINOW! - Exclama Cristopher na maior altura possível. PAPAI TE AMA, VIU!
Paro de caminhar suspirando fundo, o dia já começou excelente graças a meu pai.
*Ele não vai sair dali até eu dizer o mesmo* penso me virando para o carro extremamente envergonhado com toda a situação.
- Eu também pai. - Digo constrangido ao notar que alguns estudantes estavam observando a cena.
Atravesso a rua observando o grande colégio em minha frente, olho novamente para meu celular e não vejo nenhuma notificação, meu pai disse que não estou atrasado então o jeito é procurar meus amigos pelo lugar. Vou procurar minha sala primeiro, depois os procuro ou eles me acham, o que acontecer primeiro.
Subo as escadas olhando aos arredores, o lugar estava lotado. Novos rostos caminhavam pelos corredores conversando entre si sobre assuntos banais.
Vários armários se espalhavam pelos corredores, não havia isso ano passado, parecia que eu estava em um colégio estadunidense com todos esses armários azuis e seus donos colocando seus materiais neles.
Passo pelo extenso corredor e caminho até a diretoria do colégio. Minha mochila está relativamente pesada, preciso saber em qual turma eu estou esse ano e guarda-lá depressa.
- Ham...Licença - Digo entrando na sala onde a secretária se encontrava conversando com uma jovem loira que reclamava sobre algo.
A jovem estudante loira, com estatura alta e braços fortes vestia um casaco americano de couro com uma gola felpuda alta por cima de seu uniforme, a mesma reclamava sobre algo envolvendo os escripitas, logo cedo eles já arrumaram encrenca? Não me admira isso.
- Eu já avisei que esse ano eu não vou tolerar as babaquices daquele Gal! Vou esfolar ele se não fizer algo a respeito, está me ouvindo? - Pergunta a jovem impaciente.
- Hm? O que Gal fez dessa vez? - Pergunta a moça teclando algo em seu computador, a mesma estava fazendo muitas coisas ao mesmo tempo. Repassando alguns papéis enquanto tentava ouvir o relato da jovem.
- Você ouviu o que eu disse? - Pergunta a loira impaciente cruzando os braços.
- Uhum - Concorda a secretária se levantando caminhando até a impressora do outro lado da sala, a mulher ao notar minha presença pergunta:
- Do que precisa, meu jovem?
- Ah eu... - Olho para jovem loira que encarava a mulher furiosa.
- Me ouviu mesmo? Porque se tivesse me ouvido não estaria me perguntando o que ele fez. Dá pra prestar atenção no que estou falando por um momento se quer??? - Reclama a jovem me interrompendo.
- Escute senhorita Leão, não pode simplesmente entrar aqui e querer que eu deixe meus afazeres, que por sinal são muitos, para eu ouvir suas ameaças contra um estudante do colégio. Quer mesmo brigas logo no primeiro dia de aula? - Pergunta a mulher pegandos as impressões da máquina.
- Eu tenho que cumprir as ameças para você dar atenção pra isso então? - Pergunta a loira indgnada.
- Você não vai cumprir, você é dedicada e uma das melhores alunas desse lugar, Veríssimo ficaria desapontado com seu comportamento, sabia disso? - Explica a mulher respirando fundo. - Evite problemas esse ano, ignore Gal e uma hora ele vai parar com os apelidos maldosos.
- Não são apelidos maldosos, é pior que isso! Ele está perseguindo minhas amigas e eu não posso deixar isso acontecer. Faça alguma coisa ou eu farei. E não estou brincando... - Reclama a loira seriamente.
- Acalme se senhorita Leão, eu estou extremamente ocupada agora. Volte aqui mais tarde e conversaremos sobre o assunto ok? Vou conversar com Gal sobre isso, deve ter ocorrido um grande mal entendido. - Comenta a secretária assinando alguns papéis, a mesma volta a olhar para mim. Abro a boca para falar mas sou bruscamente interrompido novamente, dessa vez por Aghata que entra na sala enérgica como sempre, me pergunto como ela arruma tanta disposição a essa hora da manhã.
Pelo visto não vou achar minha turma tão cedo.
- Nossa, finalmente achei a secretaria! Pra que uma escola tão grande? - Comenta Aghata se escorando no balcão.
- E você quem é? - Pergunta a mulher sem tirar os olhos do computador.
- Aghata. Aghata Volkemann, sou nova aqui então...pra onde devo ir? - Pergunta a morena olhando aos arredores, a mesma se vira para mim e me comprimenta - Ah, oi César.
- Oi. - Digo acenando levemente para a menor.
- O que quer mesmo? - Pergunta a moça novamente.
- Que você escute os outros de verdade - Resmunga a jovem loira cruzando os braços.
- Não ouviu véia? Quero saber onde é minha sala. Tem como fazer isso rapidinho eu já tô atrasada para as aulas - Explica Aghata debruçada sobre o balcão.
- Como? Véia? - Pergunta a mulher com encômodo encarando Aghata - Como me chamou jovenzinho?
- Ué. Véia. - Comenta Aghata chamando a mulher de velha novamente sem entender o porquê do olhar da mulher sobre ela.
- Você é um garoto muito mal educado sabia? Deveria usar os modos que tem! - Reclama a mulher se sentindo ofendida.
- Garoto? O véia cê ouviu meu nome?? Eu sou uma dama! Onde estão os SEUS modos, ein? - Reclama Aghata provocando a mulher.
- Até parece que ela ouve algo. - Resmunga a jovem loira novamente.
- Falta de audição dá nisso, não é não véia? - Comenta Aghata com seu sorriso largo, típico de quem gosta de uma discórdia escolar pela manhã.
Ela não tem jeito mesmo.
- Me respeite garoto! Está violando várias normas do colégio Nostradamus com seu comportamento! - Exclama a secretária impaciente.
- Me respeita você! Eu já falei que sou menina o caralh--- Interrompo Agatha tapando sua boca tentando encerrar essa discussão.
- Olha moça, ela é assim mesmo, te garanto que ela não te ofendeu por mal - Explico tentando amenizar a situação.
- O que? Eu fiz por mal si--- a interrompo novamente explicando a secretária.
- Só queremos saber nossas turmas, o quadro que havia no ano passado não está mais lá então não sabemos onde e qual são nossas turmas.- Explico a secretária que volta a se sentar concentrada em seu computador.
- Vocês deveriam ter procurado isso antes, não acham? - Pergunta a mulher impaciente.
- Mas esse é seu trabalho vei---senhorita-madame-vossa excelência-secretária - Comenta
Agatha calmamente, a mulher encara a jovem por alguns segundos voltando a se concentrar seus afazeres.
- Escuta bem, meu trabalho é punir alunos mal educados como você - Reclama a secretária apontando uma caneta para Aghata.
- Alunas mal educadas! Eu nem falei nada. E é a última vez que vou falar que sou--- ah, esquece - Resmunga Agatha olhando para a garota loira que ainda estava na sala a espera de algo. - O mina, conhece a Nostradamus? - Pergunta Aghata para a jovem a seu lado.
- Não é mina, é Clarissa Leão.
*Leão?* Penso intrigado e curioso com o nome da jovem, posso jurar que já o ouvi em algum lugar.
- Ok Clarissa, conhece ou não? - Pergunta Agatha novamente, a loira acena com a cabeça levemente afirmando sua a pergunta feita. - Ajuda a gente então, a véia tá muito ocupada - Resmunga Agatha me puxando pelo braço para fora da secretaria.
- É sempre assim. Ela só entenderia você mais tarde - Comenta Clarissa nós acompanhando. - Mas enfim, nome e turma de vocês, vamos logo com isso.
- Agatha, tô no segundo ano. - Explica a morena rapidamente.
- Ok, você é do segundo ano então são aquelas duas turmas ali - Explica a loira apontando para duas portas próximas de onde estávamos. - Só tem essas duas turmas então é só perguntar para a Mia, ela é representante de turma do segundo um, se você não estiver na chamada da turma dela então está na outra turma, entendeu?
- Fechou então. Tchau César, boa sorte! - Exclama Agatha caminhando até às duas turmas com pequenas placas acima das portas.
- E você? - Pergunta Clarissa olhando para mim.
- O que tem eu? - Pergunto confuso.
- Seu nome, lerdo. - Comenta a jovem rindo frouxo da situação, talvez rindo de mim.
- Ah foi mal, é César Cohen. Tô no terceiro ano do ensino médio... - Explico a jovem envergonhado.
- Entendi, bom a três terceiros, talvez você esteja no meu. Vamos ver - Comenta a jovem segurando em minha mão me guiando pelos corredores repleto de alunos que entravam e saíam de diversas salas.
Paro ao notar que Clarissa fez o mesmo, olho para a porta em nossa frente com uma pequena placa manchada em cima da porta. Vários alunos entravam e se sentanvam em suas carteiras, duas garotas notando a presença de Clarissa caminha até a mesma a comprimentando.
- Clari! Oiê! - Exclama uma jovem ruiva sorridente. - Esse é o tal Tristan que você tanto fala? - Pergunta a jovem ruiva me olhando, me sinto avaliado com seu olhar me encarando da cabeça aos pés - É, até que é bonito mesmo.
- O que??? Não, Samantha! Esse não é o Tristan. - Explica Clarissa rindo de desespero - Larga de ser doida Sam! - Clarissa a repreende envergonhada.
- Aaaah desculpa então haha - Comenta a ruiva me olhando sem jeito. - Foi mal moço, acabei te confundindo.
- Tudo bem. - Digo sem entender o que eu e Tristan temos haver, o namorado de Bea é literalmente o oposto de mim. Não sei se isso é bom ou não.
- Mas quem é ele então? - Pergunta Samantha curiosa olhando para mim.
- César. Ele tá perdido - Comenta Clarissa indo até um quadro pendurado na parede, a acompanho junto a sua amiga Samantha.
- O que está fazendo Clari? - Pergunta Samantha.
- Vendo um negócio, onde está a Alex? - Pergunta a loira olhando para a sala. - Pra onde ela foi? - Ele ase vira para Samantha preocupada que responde.
- Disse que precisava de um ar, falou que não era para eu ir junto então fiquei aqui plantada, você sumiu e depois ela também.- Explica Samantha cruzando os braços.
- Eu não sumi, fui resolver o problema com Gal. E você não deveria ter deixado ela sozinha! - Reclama Clarissa se virando para mim - Seu nome não está no mapa da sala, vamos para a outra entãa. - Ela segura novamente em minha mão me levando para fora da sala.
- Ela disse pra eu ficar, a culpa não é minha Clari,queria que eu a forçasse a me levar também? - Pergunta a ruiva nos seguindo - Vão para onde???
- Procurar a sala dele. Acha a Alex e fala que depois eu esmago o Gal, ok? Até depois! - Comenta Clarissa apressada.
Olho para ela de relance imaginando o que Gal fez dessa vez com ela e suas amigas.
- Perdeu algo? - Pergunta a loira de forma grossa.
- Não. Foi mal... - Murmuro voltando a encarar o chão.
- Haha tô brincando garoto, você é muito calado, sabia? - Brinca a loira sorrindo para mim.
- Ah, eu sei. - Digo entrando em outra turma. - Será que é essa? - Pergunto ansioso.
- Tomara que não - Comenta Clarissa - Nossa, o representante de turma dessa sala é simplesmente um chato, você ganha mais não ficando nessa turma - Explica a jovem atravessando a sala até sermos parados.
- Ei, o que estão fazendo aqui? Essa não é a sala de vocês - Comenta um rapaz vestindo um colete branco formal com seus cabelos loiros bem arrumados para trás. - O que querem aqui? - Pergunta o rapaz seriamente se aproximando de nós.
- Viu o que disse? - Comenta Clarissa olhando para mim - Só vim saber se tem algum César Cohen nessa turma. Ele tá perdido - Explica a jovem olhando para mim.
- Não. Daqui ele não é, eu saberia se fosse. - Comenta o rapaz me olhando com desprezo - Ele não é mesmo daqui.
- Posso pelo menos confirmar isso no mapa de assento na sua sala? - Pergunta Clarissa revirando os olhos.
- Não pode. Já disse que vocês não são daqui. - Comenta o jovem me encarando.
- Garoto, qual é? - Pergunta Clarissa impaciente. - Larga de ser um pé no---
- É Nathaniel. - Explica o rapaz arrumando seu colete interrompendo a frase de Clarissa.
- Tá, ninguém se importa com seu nome. - Reclama a jovem indo até o mapa sem falar mais nada.
O rapaz vai atrás dela resmungando sobre algo, olho ao redor e vejo finalmente alguns conhecidos. Vou rapidamente até eles para comprimenta-los. Me aproximo de suas carteiras dando um leve tapa na cabeça calva de meu amigo Alex. Meu parceiro de LOL para todas as horas! Um parceiro ruim, mas tudo bem. Como dizem a intenção é o que conta.
- Aí! - Exclama Alex levantando a cabeça da carteira.
- Boiou,levou. - Comenta um jovem ruivo com sua barba e coque bem feito, o mesmo fecha o livro em suas mãos e se levanta me comprimentando formalmente como sempre.
- Oi Alex! Oi Daniel! - Digo feliz em vê-los, foram as férias inteira sem ter que encarar a cara feia deles, senti falta disso.
- Fala ae emo, tá magro, tá comendo não tá? - Pergunta Daniel me encarando desconfiado.
- Claro que estou, mas me digam como estão? - Pergunto a eles.
- Com sono. - Resmunga Alex voltando a se debruçar em sua carteira.
- Joga mais videogame até tarde Alex, garoto burro sabia que tinha aula hoje e simplesmente foi virar a noite! - Reclama Daniel acertando a cabeça de Alex com seu livro, ao contrário de mim o ruivo não pensou em sua força.
- PARA! ISSO DÓI! - Exclama Alex indgnado.
- Dói? Quem mandou ser calvo! - Exclama Daniel dando de ombros.
- Só fazem maus tratos comigo... - Resmunga Alex choramingando.
- Oh meu Deus, não fiz por mal não Alex - Digo o confortando. - Foi só uma brincadeira, não sabia que se sentia assim - Explico me desculpando com meu amigo.
- Eu fiz por mal mesmo.E pode para de agarrar ele também,o Alex é dramático e você sabe César - Comenta Daniel me olhando torto.
- Tá com ciúmes, é? - Pergunto o provocando apertando mais o ombro de Alex.
- E se eu estiver? - Pergunta o ruivo me olhando com aquele olhar assustador. Nunca sei quando ele vai tirar uma arma de seu sobre-tudo e atirar em todos em sua volta. Daniel sempre foi imprevisível. Talvez seja isso que Alex gosta tanto nele.
- Nossa ... - Me afasto de Alex vagarosamente com medo do olhar de Daniel.
- Para de ciúmes Dan! - Reclama Alex olhando torto para o ruivo que retruca.
- Ih, não sabia que calvos tinham direito a fala nessa conversa - Comenta Daniel o provocando.
- Haha eu não deixava essa passar Alex - Digo tacando lenha na fogueira.
- Deixa ele. Ele vai ver engolir isso mais tarde - Comenta Alex voltando a sua carteira.
- Vou, é? Pera vou? Ei, falei brincando Alex... Alex? Vai me ignorar?? Ei, falei só zuando cara! - Explica Daniel com certo desespero - Qual é Alex? César me ajuda aqui cara, Alex eu tava só brincando cara.
Dou de ombros me afastando aos poucos dos dois, esse assunto está tomando um rumo estranho e isso não me convém. Me aproximo de Clarissa que observava o quadro.
- Caramba é muita gente nessa turma, mas não parece ter seu nome aqui César - Explica Clarissa observando o quadro.
Vejo alguns nomes, dentre eles os nomes de Thiago e Elizabeth, eles estão na mesma turma de novo. É sempre assim, todo ano.
- Olha só, o Tristan tá aqui também- Comenta Clarissa sorrindo bobo para o quadro.
- Bom, como eu havia dito, não tem nenhum César Cohen aqui então já podem ir embora? - Reclama Nathaniel encostado na parede próximo ao quadro.
- Vamos César. - Comenta Clarissa ignorando Nathaniel. - Só falta uma sala, é lá que você vai estudar - Explica a jovem me levando para outro corredor. - É logo ali, é só você explicar ao representante da sua turma o motivo do atraso. Se não me engano o Dante é representante do terceiro três.
- Dante? - Pergunto encarando a porta.
- Sim, conhece ele? - Pergunta a jovem me encarando.
Afirmo com a cabeça levemente vendo a mesma se afastar aos poucos se despedindo de mim:
- Bom então é isso, missão cumprida! Te vejo por aí César Cohen! - Exclama Clarissa acenando para mim, aceno levemente me despedindo da jovem. Me viro para a porta respirando fundo antes de entrar na sala.
Abro a porta e vejo alguns rostos familiares, dentre eles lá estava Arthur que conversava alegremente com Dante, ao me ver o Gaudério caminha até mim.
- Bom dia César, já guardou suas coisas? - Pergunta Dante olhando para minha mochila.
- Minhas coisas? Como assim? Eu acabei de chegar... - Explico ao loiro calmamente.
Sinto os braços de Arthur me apertarem em um confortável abraço.
- Bom dia migo lindo! - Exclama Arthur animado. - Como está? Primeiro dia aula hehe, o que tá achando até agora???
- Oi Arthur, bom dia, tá forte ein - O comprimento tentando não perder o fôlego já que o mesmo me apertava fortemente.
- Ah... eu malhei! Você notou? - Comenta Arthur fazendo charme - Hahaha tô zuando! - Explica o gaudério animado.
- Hm...onde estão os outros? - Pergunto confuso já que não vi o resto da equipe em suas salas. Achei que estariam aqui por algum motivo.
- Chegaram muito tarde, o porteiro não deixou eles entrarem. Parece que só entram com a permissão do diretor. - Explica Arthur dando de ombros - De qualquer forma, nessa turma só tem eu e você da equipe E. Joui ficou no terceiro dois e Liz e Thiago no terceiro um - Comenta Arthur voltando a se sentar em sua carteira.
- Ah, que pena. - Digo caminhando até uma janela mais próxima - Acha que eles estão precisando de algo? - Pergunto olhando para algumas pessoas no portão do colégio, indentifico Elizabeth com seu jaleco branco conversando com um rapaz de moletom cinza, possivelmente Thiago.
- Quando diz "eles" você quer dizer o Joui, né? - Pergunta Arthur me fazendo desviar o olhar - Haha olha só pra você, você nem disfarça essa boiolagem entre vocês dois - Brinca o jovem alegremente.
Dou de ombros e caminho até uma próxima carteira do Gaudério, vejo Dante nos acompanhando.
- César você deve gaudar suas coisas em seu armário. - Comenta Dante me explicando as novas normas do colégio. - Agora com os novos armários os alunos devem colocar seus pertences lá para facilitar a organização e a segurança de suas coisas. - Explica a jovem calmamente.
- Hm, entendi mas como vou saber onde é meu armário? - Pergunto me levantando.
- Você vai localizar seu armário de acordo com sua turma e seu número de assento. - Explica Dante olhando para um quadro no canto esquerdo da sala. - Somos o terceiro três e sua carteira é a oito, então você vai até o corredor com a placa três e procura o oitavo armário.
- Ah sim. Saquei - Digo saindo da sala acenando para Arthur - Já volto Tutu. - Me despeço do jovem com minha mochila em mãos, caminho até o corredor indicado por Dante a procura de meu armário, no caminho penso em como Joui vai se inturmar em uma sala totalmente nova, sem nenhum de nós com ele. Espero que dê tudo certo, possivelmente sim já que Joui é...ah sei lá, ele é perfeito, não tem como não gostar de Joui jouki. Ele com certeza vai fazer muitas amizades aqui.
Caminho até o corredor três e avisto um armário azul com o mesmo número de minha carteira. Abro o armário e guardo minhas coisas deixando somente o que preciso para aula, decido voltar a meu armário e pegar meu caderno de desenhos e rabiscos, até porque isso também é extremamente necessário, principalmente para mim que possivelmente serei consumido pelo tédio dentro daquela sala.
Fecho a porta novamente e ouço passos acoando pelos corredores, continuo a caminhar enquanto os passos aumentam em minha direção, acabo esbarrando com uma jovem de cabelos escuros e curtos que ao me ver me encara aflita.
- Hm? Tudo bem com você? - Pergunto para a jovem a encarando preocupado, em silêncio a jovem recuperava o fôlego, parecia estar correndo. Olho confuso para a direção que a mesma vinha entendendo o porquê de seu desespero.
Vejo o tão infeliz grupo caminhando em nossa direção, infelizmente, reconheço alguns rostos familiares, dentre eles estavam Henry e Antony, acompanhado por um jovem de pele clara e cabelos longos amarrados em um único rabo de cavalo. Lá estava ele,com seu sorriso largo e seu olhar profundo sobre mim. Não tenho dúvidas que Gal Sal notou minha presença.
- Temos que ir - Cochicha a jovem me olhando angustiada, seu medo é nítido em seu olhar. Ela está com medo, medo dos Escriptas.
- Como assim? - Pergunto confuso ainda encarando Gal e seu grupo que se aproximava de nós. Parece haver mais pessoas o acompanhando, será que o grupo escripitas cresceu? Era só o que me faltava, mais pessoas no grupo significa mais implicâncias e mais implicâncias significa menos paz.
*Por que decidi vir mesmo?* Penso suspirando fundo.
* Talvez as coisas tenham mudado durante as férias, bom, uma hora eles terão que crescer e ter noção das coisas. Apesar que noção eles sempre deveriam ter...*
- Ei - Sinto a mão da jovem em meu maxilar me fazendo virar a cabeça para a direção sua direção - Pare de os encarar - Noto a tensão em sua expressão.
- Hm? - Murmuro baixinho - Quem é você mesmo? - Pergunto não a reconhecendo.
- Ah, a gente não se conhece mas...por favor, pode fingir que nós temos alguma amizade, eu sei que isso é estranho mas... - Explica a jovem notando a aproximação do grupo - Eles estão me perseguindo desde que cheguei, por favor, eu odeio estar sozinha perto desses cara... - Explica a jovem como uma súplica segurando em meu braço enquanto dava alguns passos para trás tentando me levar para longe dali.
Paro de caminhar olhando para trás, específicamente para Gal.
- Está fugindo deles? - Pergunto receoso, é bem óbvio isso. - Eu sinto muito em te dizer mas minha companhia não vai mudar grande coisa, eles ainda vão pegar no seu pé, moça. - Comento com certo desânimo, noto o desespero no olhar da jovem crescer - Ei, não precisa ficar assim...nós daremos um jeito nisso - Explico a consolando, ou pelo menos tentando.
- Como? Não tem como resolver isso, e também não tem a gente - Explica a jovem olhando cabisbaixa para o nada. - Eu não quero que arrume confusão por minha causa...vá embora...
Permaneço em silêncio durante alguns segundos, eu realmente poderia ir embora, eu devia ir embora. Mas se eu for, as coisas nunca vão mudar...
As pessoas vão continuar sofrendo o inferno que eu sofri durante anos cada vez mais e mais, o medo sempre vai alimentar esse grupo doentio. Se eu for...as coisas nunca vão mudar...
- Não é só por você, também é por mim e todos os alvos dos escripitas. - Digo firmemente. - Vai pra sua turma, eu vou conversar com Gal sobre essas babaquices.
- N-não posso te deixar aqui... - Cochicha a garota envolvendo seu braço no meu. - A gente resolve isso juntos então, que tal?
- Não acho uma boa ideia, se alguma merda acontecer nem você vai se escapar disso - Explico já sabendo que além de babacas, os Escriptas também são covardes. - É sério, vai pra sua turma. Eles não vão te seguir...
- Não...? - Pergunta a jovem com receio.
- Claro que não, Gal já me viu, ele não liga para mais nada agora - Explico não deixando de encarar o jovem que fuzilava minha alma com seu olhar penetrante.
- Você? Como assim? Quem é você? - Pergunta a jovem sel distanciando do grupo que já adentrava no mesmo corredor que estamos.
- Eu sou o alvo favorito deles, a saudade que eles sentem de mim é tanta que nem vão ligar mais para você, vai por mim, pode ir para a sua turma. - Afirmo sorrindo fraco para a jovem, não é um título que me orgulhe de ter mas a escolha não foi minha.
Eu nunca fiz nada para ter isso...
Ele simplesmente me odeia.
*Ok...vamos resolver isso de uma vez* Suspiro pesadamente observando Gal e seu grupo virem ao meu encontro.
Lá estava Gal, com seu uniforme tradicional e suas jeans rasgadas, seus longos e negros cabelos estavam amarrados para trás, como sempre seus profundos olhos transpareciam orgulho e superioridade, seu olhar me deixava estranhamente desconfortável. Olho para o lado de Gal e vejo Henry, Antony e mais outras pessoas que não faço ideia de quem são.
Sinceramente não me importo em saber quem são eles, tudo que preciso saber é que eles andam com Gal. Isso já o suficiente para querer distância.
- Olha só quem voltou - Comenta Gal com seu sorriso largo em um tom receptivo. Como se minha presença fosse motivo de comemoração para ele.
- Oi Gal. - O comprimento educadamente.
- Bom te ver Cohen, já faz um tempo, não é? - Comenta Gal olhando para seus amigos que como sempre, concordam com as palavras de Gal.
- Sinceramente, achei que nunca mais voltaria para Nostradamus - Explica Antony me encarando surpreso.
- Também achei, achei que tinha ficado magoado com as... - Gal para sua frase por um momento pensando em alguma palavra em específico. - Brincadeiras que fizemos contigo - Ele complementa dando de ombros com simplicidade.
Como se realmente fossem só brincadeiras.
O encaro seriamente pensando se ele realmente levava aquilo como brincadeira ou ele só estava usando a ironia a seu favor.
- É tipo, a gente tava só zuando César, não precisava sumir por tanto tempo assim cara - Comenta Henry calmamente.
Atura-los agora é minha obrigação, tive que me afastar do colégio no meio do ano, foram tempos difíceis em minha vida e por mais que eu não goste de culpar ninguém as implicâncias dos escripitas tiveram realmente uma parcela de culpa em tudo que passei, isso me afetou de uma forma que...não adiantaria nada se eu explicasse isso a eles...
*E se eu falasse que isso machucou? Tudo isso...eles entenderiam ou tirariam sarro de mim?*
- Eu precisei descansar um pouco - Explico dando a melhor resposta que pude inventar.
- Hm, entendo. Que bom que está de volta, sentimos saudades, não é pessoal? - Comenta Gal perguntando ao resto do grupo. Todos concordam, como sempre. Vejo a distância um rapaz alto e forte de regata branca se aproximar do grupo, o mesmo para de caminhar mudando sua expressão completamente ao notar minha presença.
- César? - Pergunta Bruno me encarando - O que ele está fazendo aqui? - O jovem olha para o resto do grupo a espera de uma resposta.
- Ou calma lá Brunão, isso é um colégio cara, então é totalmente normal pessoas estarem nele haha - Comenta Henry caminhando até o maior. - Não vai acreditar quem voltou, seu velho amigo César! Não está feliz com isso, Brunão?
- Não somos amigos, eu já disse isso. - Comenta Bruno passando por mim indo até seu armário. Como eu odeio a forma que ele age comigo, como se nós nunca tivessemos nos conhecido. Como se eu não fosse nada, e tudo isso porque os escripitas são melhores, os escripitas são mais populares,os escripitas são...são um bando de babacas!
- Que isso Bruno, não trata ele assim não cara - Comenta Antony o provocando - Cadê a gratidão pelos velhos tempos?
- Não tem isso, e não somos amigos. - Comenta Bruno novamente - Ninguém vai responder o por que ele está aqui? - Pergunta o jovem impaciente.
- Eu já respondi hahaha - Brinca Henry.
Bruno ignora as palavras de Henry encarando Gal que ainda estava a me encarar.
- Achei que ficaria feliz em ver seu amigo, Bruno - Comenta uma jovem de cabelos curtos em uma cor vinho, sua regata preta deixava seus fortes braços expostos, a cor de sua pele era escura mas havia algumas tonalidades mais claras, isso era visível em toda parte de seu corpo, a mesma não parecia se importar com sua falta de melanina.
- Ele não é meu amigo, Érika. - Comenta Bruno novamente.
- Ai cara, relaxa - Comenta um rapaz de estatura baixa, pele clara e cabelos ruivos claros - A gente só achou que --- Bruno interrompe o rapaz impacientemente.
- Achou errado, parem de repetir a mesma coisa toda hora.
- Nossa, qual foi Bruno? Acordou puto hoje ein - Comenta Henry o provocando.
Noto que enquanto os jovens conversam Gal em nenhum momento deixou de me encarar. Talvez eu deva sair dali e conversar com ele depois sobre o assunto.
Me viro e volto a caminhar decedindo voltar para minha turma, paro ao ouvir Gal se pronunciar:
- Ah Bruno, todo mundo sabe que vocês já foram amigos, e tá tudo bem, todos cometemos erros as vezes - Explica Gal colocando sua mão no ombro do maior - O importante é que agora você tem companhia melhor, não é?
Vejo Bruno concordar com a cabeça levemente, volto a caminhar sentindo o arrependimento tomara conta de mim.
Foi um erro voltar a Nostradamus, eu sinto isso.
- Ei, Cohen - Ouço Gal me chamar - Já está indo?
- Sim. - Digo continuando a caminhar.
- Por que? Mal conversamos sobre as coisas, Cesinha - Paro ao ouvir o garoto ruivo me chamar dessa forma.
- Que...? - Pergunto o encarando seriamente. Por que caralhos ele me chamou assim? Quem é esse garoto?
- É assim que eles te chamam, não é? Seus amiguinhos "E"squesitos - Comenta o jovem em um tom provocativo.
- Hahaha esquesitos, pode crê, essa foi muito boa - Exclama Henry rindo do trocadilho feito por...
*Quem é esse garoto? E como sabe do...*
Não respondo a pergunta do rapaz, penso em como eles sabem sobre isso já que conheci a equipe E em minhas férias, eles estão me perseguindo? Espero que não, isso seria muito bizarro.
- Amigos? Então isso é verdade, Cohen? - Pergunta Gal se aproximando de mim. - Você se amigos com o grupinho mais desajustado do colégio? A patética da Elizabeth e seu namorado riquinho Thiago? - Ele se vira para seu grupo e comenta em meio a risadas - Agora ele inventou de andar com os desajustados, era só o que faltava.
- Fala sério Cesinha, tanto esquisito no mundo e você começa a se amigar com eles? - Comenta Henry seguindo Gal junto ao resto do grupo.
- É mesmo amigo deles? - Pergunta Gal novamente.
- Eu e Érika vimos ele com a tal Elizabeth e outras pessoas no campo de paintball a algumas semanas atrás - Comenta o jovem ruivo olhando para a jovem a seu lado que concorda.
- Verdade, eu e Kish estávamos passando e ele estava lá jogando todo felizinho com os desajustados - Afirma Érika.
- O que você tem haver com isso? - Pergunto rispidamente a Gal.
- Calma Cohen, só te fiz uma pergunta - Comenta Gal colocando uma de suas mãos em meu ombro.
- Eu também fiz uma pergunta - Digo olhando para sua mão. Quando dei intimidade a ele para isso?
- Sabe que eles não são os mais confiáveis, não sabe? Eles nunca serão seus amigos de verdade, Cohen - Afirma Gal apertando meu ombro - É só um comentário, não fique mal por isso.
- Não estou mal com isso Gal, e sinceramente, eu não ligo pra os seus comentários, isso não me afeta mais - Comento com firmeza.
- Do que está falando, Cohen? Eu só fiz um comentário. - Explica Gal tentando passar ingenuidade apesar dele mesmo saber que eu tenho noção de sua intenção. Já estou cansado disso, cansado deles.
- Vou perguntar novamente, o que você tem haver com isso? Ou melhor, o que você sabe sobre amizades? - Pergunto tirando sua mão de meu ombro - Sabe a diferenças entre amigos e baba-ovos, não sabe? - Encaro o resto de seu grupo seriamente.
- Nos chamou de que? - Pergunta Érika em um tom ameaçador - Repete isso de novo, garoto.
- Érika, relaxa - Comenta Bruno tentando amenizar a situação. - Não vamos procurar brigas com---
- Relaxa o caralho! - Exclama Henry apontando para mim - Olha bem como você fala com a gente, entendeu César?
- Em nenhum momento eu citei algum nome, ou citei? - Pergunto olhando para todos antes de voltar meu olhar para Gal que me encarava com certa supresa.
- O que aconteceu com você, Cohen? Está com mais confiança. - Comenta Gal me encarando com desprezo - A quem quer enganar? Você ainda é o mesmo medroso de sempre, e está tudo bem, você nã---
- Não está tudo bem Gal, nunca esteve. - Digo o interrompendo seriamente - Antes que vocês comecem a achar que as coisas vão voltar a ser como eram antes eu já vou avisando que não. Não vão. - Digo o encarando seriamente, aos poucos Gal mudava sua expressão para uma mais mórbida - As coisas precisam mudar... - Digo olhando para todos, esperando uma boa reação. Talvez uma afirmação...
As vezes eu acho que sou tolo por acreditar na evolução humana, outras vezes eu tenho certeza que sou.
- As coisas precisam mudar? - Pergunta Antony com sua expressão debochada de sempre. - Não acho que precisam, eu tô muito bem assim. - Explica ele dando de ombros recebendo a concordância de Henry.
- É, todos estamos tranquilos, você é o único fazendo drama! - Exclama Henry.
Reviro os olhos desistindo de conversar com o resto do grupo, até porque o meu assunto é com Gal já que é ele que lidera o grupo, me livrando dele consigo me livrar de todos também.
Me viro novamente para Gal que não se pronunciou a respeito do que eu disse.
- Gal, eu não quero brigas, eu nunca quis e você sabe disso...só vamos esquecer de toda essa rivalidade sem sentido, ok? - Pergunto estendendo a mão para o moreno que me encara seriamente.
- Brigas? Ninguém nunca brigou com ninguém aqui, Cohen - Comenta Gal virando as costas para mim, suspiro pesadamente ao notar que infelizmente não é aqui que o assunto vai se encerrar. - Henry tem razão, você está sendo dramático e extremamente desnecessário. Você não consegue ficar um segundo sem choramingar por nada? - Ele pergunta de forma ríspida. - Pare de se vitimizar por tudo cara, você não é o protagonista pobrezinho de toda essa merda, já chega de drama.
- Não é assim que as coisas são, eu só acho que isso já deu, fala sério olha só para a gente - Digo tentando o convencer - Já somos grandes pra isso, por que só não podemos viver cada um em seu canto? Não tô me vitimizam de nada, eu realm---
- Porque não é você que dita as regras Cohen, as coisas sempre foram assim e todo mundo sempre se divertiu. - Comenta Gal com simplicidade, como se as coisas fossem realmente simples.
- Todos? Todos quem?! Vocês se divertem com isso! - Exclamo impaciente - Acham mesmo normal estar feliz com o medo dos outros? - Pergunto com indignação.
- Nossa garoto, como você é chato - Reclama Antony suspirando fundo. - Não sabe levar as coisas na brincadeira?
- Quando uma brincadeira derrespeita os outros não é só brincadeira, isso me incomoda e vocês sabem disso. - Digo fechando os punhos, o mais indgnante é que todos sempre souberam que me encomodava, é impossível não notar isso...
Talvez por isso que eles continuam e continuam, esse é um tipo de comportamento tão estranho que nem se eu tentasse entender eu conseguiria. O que alguém ganha com isso?
- Qual é o seu problema? - Pergunta Gal impaciente - Anos de convivência e só agora você vem com esse papo ridículo? Quer dizer como devemos te tratar agora? Por que não fica calado e na sua, Cohen?
- O respeito, é só o que peço - Digo firmemente.
- Você não tem que pedir droga nenhuma - Reclama Gal se virando para mim - As coisas só vão mudar se eu quiser que elas mudem, Cohen. - Ele encara meus olhos seriamente.
Um silêncio paira no ar. Eu não sei o que dizer, não sei como o convencer, mas não vou me calar. Se eu não fizer algo as coisas nunca vão mudar...
E elas precisam mudar...
- Qual é o seu problema? Por que me olha assim?! - Pergunta Gal impaciente quebrando o silêncio de repente. Me assusto com os gritos repentinos do moreno.
*Hãm? O que eu fiz agora?* Pergunto a mim mesmo confuso já que apenas estava o encarando em silêncio.
- Gal? - Ouço Érika o chamando também assutada com o jovem.
- Calma cara, não precisa surtar. - Comenta Henry olhando para Gal.
- A gente devia ir para a aula... - Explica Bruno olhando aos arredores. - Vamos pra aula antes que o zelador nos veja e---
- Fiquem quietos. - Ordena Gal não deixando de me encarar - Ninguém vai sair daqui até esse garoto mudar a forma que me encara, nem se quer permissão pra isso eu te dei - Reclama Gal me encarando seriamente.
*Permissão?* O encaro confuso me perguntando quando eu precisei de permissão para olhar para alguém. Gal já está passando dos limites com tudo isso.
- Então é isso? Você quer mandar até na forma que eu te encaro? - Pergunto contendo minha indignação, Gal tem um sério problema em achar que o mundo deve o obedecer. - Como eu disse Gal, as coisas mudaram. - Digo calmamente voltando a caminhar finalmente encerrando esse assunto.
- Não mesmo. - Ouço Gal resmungar algo com os outros, aperto o ritmo de meus passos ao ver Henry junto a Antony se movimentarem rapidamente até mim, não tenho reação ao sentir as mão de Henry agarrar meus braços me imobilizando.
- O que?! Ei, larga! - Exclamo tentando me soltar sem muito sucesso, força não é e nunca será minha virtude. - Que porra é essa?! - Exclamo olhando para Gal indgnado.
- Gente, pra que isso?! Vamos embora logo --- Bruno é novamente interrompido por Gal.
- Fica quieto Bruno. - Reclama o jovem olhando seriamente para Bruno. - Meu caro Leonardo Gomes, acho que está na hora de provar seu valor ao grupo, não acha? - Comenta Gal se virando para um jovem que eu mesmo mal tinha notado sua estranha presença, o jovem é baixo e magro com seus cabelos loiros cobrindo a visão de seus olhos.
- Hm...- O jovem me encara por alguns segundos. - O que eu tenho que fazer? - Pergunta o loiro calmamente.
*Puta merda...* Tento me soltar das mãos de Henry e Antony desesperadamente.
- Ninguém vai fazer nada - Comenta Bruno se intrometendo no assunto novamente
- Pra quê arrumar brigas logo no primeiro dia? - Pergunta o maior indignado.
- Foi o seu amigo que começou com essa rebeldia, sabe que os escripitas sempre foram respeitados por toda a Nostradamus, quem diabos seu amiguinho pensa que é para mudar as coisas? - Pergunta Gal encarando Bruno seriamente.
Vejo Bruno me olhar com certa preocupação e desviar rapidamente o olhar para o chão - Já disse...ele não é meu amigo. - Comenta Bruno cabisbaixo.
- Se ele não é seu amigo então para de se intrometer. - Reclama Gal caminhando até uma porta branca próximo de onde estávamos - Faz algo de útil e vigia a porta. - Comenta Gal adentrando pela porta sendo acompanhado pelo resto do grupo enquanto Henry e Antony me arrastavam para dentro da sala.
- Henry me solta, caralho! - Exclamo irritado fixando meus pés no chão tentando não me mover nem mais um passo, sinto os dois rapazes fazerem mais força para me tirarem dali - Qual é seu problema?! Me solta! - Exclamo indgnado ao notar que eles não me ouviam, olho para Bruno que após entrar pela porta a fecha rapidamente.
Noto que estamos no grande laboratório do colégio,havia várias prateleiras com livros e equipamentos, diversos frascos de composições e amostras por cima dos grandes balcões brancos da sala.
Vejo Gal pegar uma cadeira e se sentar em um canto da sala, Érika e seu amigo o acompanham:
- Como eu havia dito, os escripitas são respeitados por todo colégio, e isso é só o começo. - Explica Gal com um sorriso ganancioso - O respeito é conquistado de várias formas, o medo é uma delas. É claro que as vezes pessoas como César Cohen vão aparecer em nossos caminhos, achando que pode mudar as coisas, como se a sua opinião fosse realmente importante para alguém, temos que dar um jeito nesse tipo de pessoa - Comenta Gal me encarando com desprezo, desvio o olhar ainda tentando sair dos braços de Henry e Antony que me apertavam mais a cada movimento brusco que eu dava.
- Para provar que é digno de ser um escripita você deve dar um jeito nesse garoto - Explica Gal apontando para mim.
- Um jeito? - Pergunta Leonardo olhando para mim - Tipo, é pra matar? - O jovem me encara com simplicidade. - Pobrezinho, ele é tão franzino... - Vejo um pequeno sorriso se formar no rosto do mesmo.
Arregalo meus olhos me perguntando por que caralhos eu voltei par esse colégio.
*Por que?! Por que?!* Me contorso em mais uma tentativa frustada de me soltar.
- O que? Não. Credo Leonardo, não seja estranho. - Explica Gal sorrindo para o loiro. - Quero ver ele com medo, como nos velhos tempos...
- Mas a morte dá medo, não dá? É só matar ele então haha - Comenta Érika olhando para mim, olho incrédulo para a garota que continuava a rir.
- Érika,menos, bem menos - Comenta Kish acalmando a jovem.
- O raciocínio dela até que faz sentido - Comenta Henry apertando meu braço com mais força.
- Aí! Solta Henry! - Exclamo me debatendo.
- Soltem ele, deixem que Léo cuide disso, certo? - Pergunta Gal a Leonardo.
- Certo, certo. Como quiser. - Comenta o loiro não esperando mais nada me desferindo um forte soco em meu maxilar.
Acabo caindo ao chão pelo golpe inesperado, coloco minhas mãos sobre meus joelhos e levanto ainda cambaleando, o tamanho desse garoto não condiz com a força que ele tem, ou talvez eu que seja muito fraco.
- Vai Léo! - Exclama Henry incentivando Leonardo o que resultou em outro soco, dessa vez em cheio em mimha barriga que já doía pelo fato de que não havia comido nada hoje.
Empurro o rapaz o máximo que consigo para trás explicando a ele:
- Escuta Leonardo, sabe que isso não vai acabar bem, não sabe? O diretor não vai gostar de saber disso - Digo dando alguns passos para trás tentando o convencer de não me encher de murros.
- Não ligue para o que ele diz Leonardo, ao entrar para os escripitas você terá a minha proteção, o diretor não é ninguém comparado ao meu pai - Comenta Gal me encarando - Tem a minha palavra, Léo. - Ele afirma a Leonardo.
Olho para Gal que de forma despojada observa seu amigo tentar me atacar, desvio de alguns socos do loiro me afastando para trás, vejo o mesmo começar a se irritar com meus movimentos.
- Dá pra parar de se mexer garoto?! - Reclama Leonardo pegando rapidamente um frasco de amostra no balcão e lançando em minha direção, por pura sorte desvio do objeto fazendo ele atingir a parede, sinto seus estilhaços contra minha pele.
- Mas que merda! - vejo ele pegar mais dois frascos - Por que não está com medo? Tenho que te machucar de verdade pra isso acontecer?!
- Sim! - Exclama Henry recebendo um tapa de Antony:
- Fica queto cara. - Reclama Antony observando tudo atentamente.
Olho para Gal já encomodado com seu sorriso largo e seu olhar sobre mim, ele estava entretido com isso, com minha desgraça. Caminho até ele mas sou bruscamente parado por Leonardo que prende fortemente sua mão em meus cabelos me puxando para trás novamente, me viro para o loiro desferindo um golpe em seu estômago. Não quero o atacar de forma alguma, mas também não posso ficar sem me defender.
- Uou, no cabelo deve doer, ein - Comenta Érika passando a mão em suas mechas cor de vinho.
- Pelo visto não o suficiente, esse merdinha ainda está de pé - Complementa Kish ao lado da jovem.
- Qual é a droga do seu problema Gal?! - Pergunto indgnado tentando alcança-ló, mas Leonardo dificultava bastante minha ida até ele.
- A sua briga é comigo, garoto - Reclama Leonardo me empurrando para mais longe de Gal.
- Me solta! - Exclamo já sem paciência alguma, não tem como resolver isso com palavras, não é assim que Gal vai me ouvir.
Vejo Leonardo avançar contra mim, seguro seus braços o empurrando para trás novamente, suas costas atingem uma prateleira onde havia vários potes e livros.
Alguns acabam caindo no chão, o rapaz já impaciente pega um caco de vidro já não se importando se feriria sua mão.
- Escuta aqui seu merda, eu vou arrancar seus olhos se não parar de me olhar assim, ouviu?! - Ameça Leonardo apontando o caco de vidro em minha direção.
- Do que está falando?! - Pergunto o encarando receoso de que ele possa cumprir sua ameaça.
- Ele está falando desse olhar Cohen - Comenta Gal se levantando, o rapaz faz um gesto apontando para mim e vejo novamente Henry e Antony agarrarem meus braços.
- Gal, seu covarde! - Exclamo tentando me soltar - Pra que toda essa merda?!
- Você é o culpado de tudo isso, Cohen - Reclama Gal me encarando com desprezo.
- De onde tirou essa ideia de que você poderia mudar as coisas, que poder tem pra isso garoto? - Ele pergunta me encarando seriamente.
*Poder? Quem está falando disso?* Penso recuperando o fôlego.
- Eu não acho que as coisas vão mudar, eu tenho certeza disso! Você gostando ou não Gal...elas vão mudar - Digo firmemente.
- É a última vez que eu vou te explicar isso, César Cohen. As coisas só mudam se eu quiser que mudam, entendeu?
- E quem é você pra decedir essa merda?! Você não é nada Gal. Eu não tenho medo de você - Digo o encarando sem oscilar. Não contenho meu sorriso ao ver essa cena, por mais que eu estivesse apanhando, por mais que Gal tivesse por cima. Nós dois sabemos quem ganhou essa discussão, e é por isso que ele está tão irritado.
Vejo Gal fechar um de seus punhos o levantando contra mim, ouço a voz de Bruno o repreender mas mesmo assim acabo levando um murro em meu nariz, sinto algo escorrer dele enquanto noto respingos de sangue cair ao chão.
Encaro Gal sem mudar minha expressão, ele não vai conseguir o que quer de forma alguma. Eu não vou ter medo. Enfurecido Gal segura a gola de meu suéter reclamando de meu comportamento, como eu fosse obrigado a agir como ele quer.
*Garoto mimado do caralho... * Penso amargamente.
- Se você não sente mais medo eu vou te lembrar o por que sentia isso, Cohen - Ele reclama me encarando seriamente, vejo seu olhar desviar para uma prateleira atrás de mim, um sorriso pertubador cresce em seu rosto. - Não tem medo de mim Cohen? E medo delas? - Ele pergunta caminhando até um balcão onde em cima havia um pequeno terrário de aranhas, não tinha notado a presença dos aracnídeos no laboratório. Definitivamente muita coisa mudou na Nostradamus...
- Gal, não faz isso cara - Explica Bruno me olhando preocupado - Não é uma boa ideia, é só o primeiro dia de aula ainda. Não vamos arrumar problemas...
- Bruno por que não está vigiando a porta? - Pergunta Érika ao maior.
- E por que está defendendo esse garoto? - Pergunta Antony calmamente. - Achei que não eram amigos...
- Ele não é meu amigo mas --- O maior é interrompido novamente por Gal.
- Então fica quieto!- Reclama Gal apontando para porta - Vai vigiar a porta e não me atrapalhe!
Sinto Henry e Antony me empurrarem para perto do terrário, Gal me encarava com certa empolgação no olhar, o mesmo se aproxima de meu rosto sussurrando para mim.
- Acha que tem amigos? Acha mesmo isso...? Entenda que você nunca terá isso, Elizbeth Webber e Thiago Fritiz vão fazer o mesmo que seu querido amigo Bruno fez - Ele se afasta de mim tirando a tampa do terrário - Vão se aproximar de você e depois expalhar suas fraquezas...
Permaneço em silêncio vendo o terrário tombar sobre mim, no último instante tento me soltar de Henry e Antony mas o desespero começava a tomar conta de mim, os pequenos aracnídeos de cor acinzentados e a marrons saiam do aquário de vidro rapidamente, sentia suas pernas finas sobre minha pele, algumas entravam dentro do meu suéter picando meus braços e caminhando por todo meu corpo.
Sinto Henry e Antony me soltarem e se afastarem enquanto riam da situação. Olho para Bruno com ódio, maldita hora que fui confiar nele, maldita hora que nós nos conhecemos.
Com as mãos trêmulas bato em meus próprios braços tentando tirar as diversas aranhas que subiam por meu corpo, sentia dores agudas por onde elas mordiam, sinto minha respiração falhar e pensamentos que, apesar de serem irreais me deixavam tenso. E se elas me comerem vivo? E se seu veneno for extramamente letal? Eu vou morrer, morrer por aranhas.
*Puta merda, eu vou morrer!*
Vejo um vulto a meu lado e sou atingido novamente por outro alguém, talvez tenha sido Gal ou Leonardo, eu já não conseguia distinguir muita coisa por conta de minha visão turva, todo meu corpo fraquejava e com minhas últimas energias eu tiravas as aranhas de meu corpo, talvez elas me matem. Com certeza elas vão me matar.
- E agora? Está com medo Cohen? - Ouço Gal me perguntar, sua voz está distante de mim. Talvez eu realmente esteja morrendo.
Eu vou morrer...
- Com certeza ele está, hahaha! - Responde Henry tentando conter suas risadas.
Caio no chão recebendo outro soco em meu estômago, não consigo sentir mais nada, não vejo mais nada. Consigo escutar passos saindo apressadamente da sala.
- Tem alguém vindo - Comenta Bruno avisando a todos - Vamos logo embora.
Vejo uma silueta alta e forte, Bruno me observava caido no chão. Ele não fez nada, não me ajudou, alguma coisa caiu de seu bolso.
Não sei quanto tempo se passou mas ouço uma voz familiar me socorrer sobre o chão frio do laboratório, aos poucos eu volto com meus sentidos.
- César? César?! César o que aconteceu??? - Ouço Arthur me chamar com o desepero visível nos olhos.
Acordo olhando aos arredores e vejo o terrário caído no chão, rapidamente começo a tirar meu moletom sentindo um tipo de coceira insuportável por todo meu corpo, me desespero ao ver diversas mordidas vermelhas por meus braços.
- César o que houve?! Quem fez isso?! - Pergunta Arthur tirando uma pequena aranha em meu cabelo.
- Tira, Arthur! - Exclamo assustado bagunçando meus cabelos desesperadamente.
- Calma César foi só essa, era só uma, tudo bem César relaxa... - Explica Arthur tentando me acalmar. - O que aconteceu César? César...? César?! - Foi a última coisa que ouvi antes de perder a consciência novamente.
•FLASHBACK OFF•
- Depois disso eu acordei na infermaria. - Explico ao diretor Veríssimo que observava atentamente meu relato.
- Ele se assustou com toda essa situação, sem falar que gastou as energias que já não tinha no corpo, pelo o que me informaram ele não havia comido na manhã do ocorrido - Explica uma mulher de jaleco branco e cabelos longos e cacheados.
- Mas as aranhas são perigosas, Marcela? - Pergunta Cristopher preocupado.
- Não senhor, as aranhas marrons são comuns em todo tipo de ambiente, sua picada dói nos primeiros minutos mas depois de um tempo a região atingida desincha e tudo volta ao normal - Explica a mulher calmamente. - Eu não quero dizer que eu avisei mas...eu avisei que não era uma boa ideia esse tipo de bicho no laboratório. - A mulher encara Veríssimo a espera de alguma resposta do homem.
- O terrário foi feito para estudos entre os estudantes da Nostradamus, não sabíamos que ocorreria esse acidente Senhor.Cohen, peço desculpas, de verdade - Explica Veríssimo se lamentando pelo o que aconteceu a alguns dias atrás.
- Tudo bem Senhor Veríssimo, eu soube por meio de alguns amigos do meu filho que essas provocações acontecem a um bom tempo - Comenta meu pai seriamente - O que a escola vem fazendo sobre isso? Não só sobre meu filho, pelo visto esse grupo de jovens vem atormentando muitos alunos do colégio.
- Já tomamos medidas sobre isso, o caso do seu filho é um a parte já que mesmo sofrendo bullying durante anos ele nunca nos avisou sobre isso, não tínhamos como ter conhecimento disso, entende? - Explica o diretor olhando para mim com pesar.
- Como não? Há funcionários por toda parte e eles nunca viram nada de estranho? Nenhum comportamento imprudente vindo desses "escripitas"? - Pergunta Arnaldo intervindo na conversa, olho para trás e vejo Thiago encarar o nada enquanto Elizabeth cochichava algo com o mesmo. No outro canto da sala estava Ivete e Arthur que observavam a situação. A gaúcha parecia querer explodir em fúria para cima do grande homem engravatado, o tão falado Kian, pai de Gal Sal.
Todos estavam reunidos na sala conversando sobre o ocorrido de três dias atrás, uma hora eu teria que contar a meu pai o que aconteceu no primeiro dia de aula, e é claro que ele tomaria medidas sobre isso. Agora estamos todos aqui, discutindo sobre o comportamento não só de Gal mas de Elizabeth e o resto da equipe que após eu ter ido para a infermaria eles foram tirar satisfação com Gal sobre mim, odeio colocar todos nessa problema por minha causa.
- Como quer que alguém que passou por anos por isso simplesmente chegue na diretoria e diga "eu sofro bullying extremo" - Pergunta Arnaldo indgnado - O papel como diretor da Nostradamus e garantir que todos os alunos estão bem, onde está a supervisão desse lugar?
- Acalma se Senhor Fritiz, nós estamos resolvendo isso. - Explica o diretor calmamente, ao contrário de todos os pais desse cômodo.
- Depois de tudo isso é claro que estão resolvendo, seria um absurdo se não resolvessem - Reclama Ivete se pronunciando - Não entendo por que meu garoto levou uma advertência por isso, ele só estava protegendo seu amigo César, eu também faria o mesmo se estivesse no lugar dele.
- Você incentiva sei filho a agredir os outros? - Pergunta Kian encarando a gaúcha com certa repulsa. - Essas mulheres...
- Eu incentivo ele a proteger ele e aqueles que ama, algum problema nisso? - Pergunta Ivete impaciente. - E você? Você incentiva a esse pivete a ter bons modos? - Pergunta a gaúcha a Kian enquanto encarava Gal seriamente.
- Olha como chama meu filho, senhora - Comenta Kian firmemente.
- Então o eduque sobre o básico de convivência social, enquanto ele não tiver respeito com os outros eu também não terei com ele. - Comenta a mais velha olhando atentamente para Gal que permanecia em silêncio olhando para o nada. - É uma troca justa, se ele não respeita ninguém, ninguém respeita ele. Pra mim ele é um pivete sem modos.
- Senhores, acalmem se, por favor. - Comenta Veríssimo pedindo a calma de todos novamente - Todos os envolvidos da confusão foram adivertido, principalmente Elizabeth Webber, que iniciou essa discussão. - Explica o senhor olhando para a morena que dava de ombros sem importância.
- Esfolei ele mesmo, só assim pra o engravatado ai aparecer - Comenta Elizabeth apontando com a cabeça para Kian que a encarava seriamente.
- Inclusive, você tem alguma noção de quanta merda seu filho querido faz no colégio? - Ela pergunta se aproximando de Gal. - Pra não falarem que sou uma delinquente eu vou explicar o por que iniciei a briga com Gal Sal. - Ela se senta a uma cadeira próximo a mim, sinto sua mão tocar meu ombro me confortando. Ainda não acredito que ela deu um supapo bem dado em Gal por mim, como queria ter visto isso.
- Liz, relaxa - Comenta Thiago se pronunciando. - Deixa eu explicar como as coisas acontereram, ok? - Pergunta o Fritiz para Elizabeth que concorda. Suspirando fundo e ele começa a falar.
- Bom...
___________
Acordo mais tarde do que o normal, não vejo ninguém em casa, noto uma mensagem de meu pai me desejando um bom dia, como de costume. Mando uma mensagem para Dante e para Bea mas não recebo nenhuma resposta rápida deles, talvez já estejam no colégio...
Espera...
*Puts o colégio!* Penso me levantando rapidamente *Não acredito que é hoje, como pude me atrasar?!*
Desço as escadas com pressa, prometi a todos que iria hoje e não posso gastar mais tempo do que já perdi.
- Ah, oi - Comprimento a empregada da casa, finalmente ela voltou de suas férias, eu já estava desistindo de comer a comida de Dante. Isso definitivamente não é o forte dele. - Pode preparar algo rápido para eu comer no caminho? - Pergunto indo até a lavanderia a procura de meu uniforme.
- Eu tô meio que atrasado hoje.
- Tudo bem, senhor Fritiz - Comenta a mulher preparando alguma refeição.
- Por favor nada de senhor, me sinto velho dessa forma haha - Brinco com a mulher que me olha gentilmente.
Subos as escadas rapidamente até meu quarto, visto meu uniforme e calço meus sapatos. Pego minha mochila enquanto ligo para Elizabeth que também apressada explica que acordou tarde.
Pelo visto eu não sou o único.
- Obrigada! - Digo agradecendo a mulher pegando um misto que a mesma preparou para mim.
Saio de casa pensando se esperar um carro ou caminhar até Nostradamus, não sei o que fazer, ligo para Elizabeth novamente que por um milagre, me atende de primeira.
______________________
Webber
Alô? Quem é?
Joui? O que está fazendo com o celular da Liz?
Oi Thiago sensei! Então você é o "meu fumante"?
Oi? Como assim?
Está salvo no celular da Liz senpai dessa forma, hahaha
Sério???
Bom saber, haha
Hm? Como assim?
Nada não Joui
Cadê a Liz?
Ela está se arrumando, acredita que logo hoje no primeiro dia de aula ela faz isso? Hum, e eu pago o pato com isso
É assim que falam né? O pato
Haha é sim
O pato
Quack-quack haha
Hahaha
Olha, eu vou caminhando até a Nostradamus então, vejo vocês lá.
Beleza?
Ok, ok!
Até breve Thiago sensei!
Até daqui a pouco, Joui!
_____________
Chamada encerrada
*Meu fumante * penso não contendo um sorriso bobo. Apesar de atrasado, o dia já começou ótimo.
Um tempo se passa e como planejado me encontro com Elizabeth e Joui no portão do colégio, nem tudo saiu como planejado já que o portão já estava fechado.
Ou chegamos muito cedo, ou muito tarde. E infelizmente eu já sei o que aconteceu.
Apesar de tentar convencer o porteiro de nos deixar entrar havia novas normas no colégio, deveríamos esperar a primeira aula acabar para podermos entrar, isso se o diretor permitir.
- Não acredito nisso, logo no primeiro dia de aula nos atrasamos - Comenta Joui cabisbaixo.
- Meu tio vai me matar, sem dúvida alguma - Reclama Elizabeth emburrada, hoje ela havia acordado de mau humor.
*Só hoje* penso rindo de minha própria piada.
- Tá rindo do que Thiagão? Sabe que você também se fudeu né? - Comenta a jovem indignada.
- Ainda não entendi o por que você não veio com seu tio, ele trabalha aqui, não é mais prático você vir junto com ele? - Comenta Joui confuso, o jovem se vira para mim também perguntando. - E você com seu irmão que também estuda aqui - Explica o asiático olhando para nós dois em negação.
- Acordei tarde - Dou de ombros calmamente.
- E eu não sou obrigada a ficar no mesmo carro que ele - Reclama Elizabeth respondendo a pergunta do asiático.
- Calma Liz senpai, não precisa disso logo de manhã - Comenta Joui se sentando próximo ao portão.
- Não me enchem a paciência então - Resmunga Elizabeth emburrada. Me aproximo da morena a abraçando por trás apesar de correr um risco de levar um murro por isso, e por incrível que pareça, isso não aconteceu. Menos mal então.
- Tá com frio? - Pergunto a aquecendo, vejo a animação no rosto de Joui ao nos ver tão próximos.
Olho para a morena e a mesma não responde, apenas resmunga algo com sigo mesma se aconchegando em meus braços, olho para Joui e acabo rindo de sua expressão.
- Haha o que foi Joui? - Pergunto ao asiático.
- Nada não, eu só estou animado para hoje, o primeiro dia de aula será incrível! Não acha Thiago sensei? - Pergunta o jovem empolgado.
- O último ano na Nostradamus vai ser foda cara - Comento já me imaginando com a roupa de formatura, me animo bastante ao imaginar meu futuro. Talvez eu siga os passos de meu pai ou quem sabe até algo maior. Não sei o que o futuro me aguarda, eu particularmente acho isso uma ansiedade agradável de se sentir. - Você está animada, Webber? - Pergunto cotucando a costela da jovem que resmunga.
- Não. - Responde a jovem de forma seca.
- Eu acho que vai ser corrido, me adaptar aos estudos daqui... - Explica Joui com certa preucupação - Mas vai ser legal também! Estudar com os melhores amigos! Isso é incrível! - Comenta Joui abraçando Elizabeth junto a mim.
- Você vai conseguir se adaptar aqui, meu querido, relaxa - Comento o confortando, ouço Elizabeth reclamar no meio de nós dois.
- Tão me espremendo aqui o caralho! - Exclama Elizabeth tentando sair do abraço, sinto Joui a abraçar mais forte enquanto a mesma ria.
- Ei Joui, tá na hora do abraço de urso, não acha? - Pergunto ao asiático que me olha empolgado.
- Abraço de urso! - Ele exclama.
- Espera o que? Não se atrev--- interrompemos a jovem abraçando ela fortemente que apesar de reclamar sobre o abraço no fundo sabíamos que ela gostava disso, principalmente dos abraços de Joui.
Lembro bem das vezes que a morena reclamava do asiático que insistia em puxar assunto com ela por meio da internet, em poucos dias o "puxa saco" virou o meu "filho jojo". Estava pensativo quando a mesma me disse que Joui viria para o Brasil, sinceramente tive receio de que Joui não fosse com minha cara, mas ao ouvir o asiático me chamar de sensei me deixa emotivo de certa forma.
Joui é um menino de ouro, entendo perfeitamente o apego que Elizabeth sente pelo mesmo.
- Vamos? - Ouço Elizabeth se pronunciar ao ver o portão se abrindo.
- Yatta! - Exclama Joui entrando mais do que animado no colégio - Bom dia senhor porteiro! - O asiático comprimenta sorridente o porteiro que nos olhava torto, como sempre, tá aí uma pessoa que eu não senti nenhum pouco de saudade.
- Bom dia Sidney - Digo recebendo uma mal resposta pra variar.
- Bom dia pra quem??? - Pergunta o senhor rispidamente. - Estão atrasados, tomem mais responsabilidade com suas vidas.
- Que bom que você falou, NOSSAS vidas. Toma você conta da sua. - Reclama Elizabeth respondendo o porteiro que a olha incrédulo. Apenas dou de ombros, ele estava pedindo por uma mal resposta da Webber.
Caminho pelos corredores a procura de nossas turmas, achamos a sala do asiático que infelizmente é diferente das nossas, demorou um tempo para convencermos a Joui a ficar na sala, o mesmo não queria se separar de nós mas foi necessário.
- Fica de boa Joui, nos vemos no intervalo, ok? - Me despeço do asiático que ainda receoso concorda com a cabeça.
Volto a caminhar pelos corredores junto a Elizabeth, passo por um corredor específico e ouço murmurios vindo do laboratório, vejo a enfermeira do colégio, Marcela, em uma sala conversando com Veríssimo.
- Liz? Tá indo aonde? - Pergunto notando que a morena caminhava até o laboratório.
- Shiu... - Ela cochicha se aproximando da sala olhando para dentro curiosa.
Vejo o diretor sair rapidamente da sala enquanto conversava com Marcela, noto a frustração no olhar do mais velho que acaba chamando nossa atenção.
- Vá socorrer o jovem Cohen, e chame Gal e seus amigos para a diretoria, agora. - Comenta o mais velho firmemente - E vocês voltem para sala de aula - Ele reclama nos encarando seriamente.
- Espera, Cohen? - Pergunto ouvindo a conversa do mais velho - O que aconteceu com ele?
- Não lhe importa, vá para sua sala agora. - Ele ordena caminhando pelos corredores.
Vejo Elizabeth o seguir perguntando tão preocupada quanto a mim.
- O que aconteceu lá dentro? O que o César tem? Foram os Escriptas, não é? O que fizeram dessa? - Elizabeth o enche de perguntas seguindos seus passos. - Tio! Responda-me, por favor.
- Já disse que não lhe importa, eu tenho tudo sobre controle. Vá logo para sua sala Elizabeth - Reclama o homem impaciente.
- Liz, vamos - Digo segurando em seu braço a impedindo de seguir o mais velho.
- Thiago você não ouviu o que ele falou? Ele disse que o César--- interrompo a jovem caminhando até o laboratório.
- Eu sei o que ele falou, não vai adiantar tentar conversar com seu tio - Explico entrando no laboratório. - Vamos ver o que aconteceu aqui e procurar o César depois, ok?
- Ok - Ela concorda me seguindo. Adentramos no local nos deparando com vários estilhaços de vidros por toda parte, alguns livros e até o terrário de aranhas estava caídos no chão, olho para o lado vendo a jovem pisotiar nas pequenas aranhas que estavam pelo chão do laboratório, repreendo Elizabeth
que pisotiava nos aracnídeos com ódio.
- Liz! Para com isso. - A repreendo chamando sua atenção.
- Já parei - Explica a jovem calmamente.
- É claro que parou, já matou todas - Reclamo rindo frouxo da atitude da jovem. Acabo vendo uma pequena aranha caminhar pelo balcão, olho para a morena que observa a aranha atentamente - Deixa o bichinho em paz, Liz. - Digo a encarando seriamente.
- Ok, ok, deixo ela viver, dessa vez... - Resmunga Elizabeth encarando a aranha como se fosse sua arque inimiga.
Caminho pelo laboratório procurando qualquer informação, fazia tempo que eu não dava um de investigador profissional, ou como muitos dizem, carreta curioso. Lembro-me de quando eu, Elizabeth, Daniel e Alex andávamos pelos corredores desse colégio a procura de fatos sobre várias lendas da Nostradamus.
Como a lenda do bunker ou da garota morta no banheiro, felizmente, as investigações não levaram a lugar nenhum. Mas mesmo assim, eram tempos divertidos...
*Bons tempos...* Penso olhando de canto para Elizabeth.
- Liz, cê lembra quando a gente fazia coisas assim ao invés de participar das aulas? - Pergunto em um tom nostálgico.
- Coisas assim? - A morena me encara confusa.
- É, tipo...lembra quando reviramos a biblioteca do averso procurando uma passagem secreta para o tal bunker? Seu tio ficou puto da vida com a gente e nos fez organizar tudo de novo, haha - Comento me lembrando do ocorrido.
- Haha, nós éramos a melhor dupla de crianças curiosas da Nostradamus, isso tirava meu tio do sério - Comenta a jovem sorrindo para o nada.
- A melhor turma de crianças curiosas... - Corrijo sutilmente a jovem. Afinal, Daniel e Alex também participavam de nossas aventuras mirabolantes, por isso elas eram tão incríveis...
- Éramos crianças sem nenhum passa tempo útil, por isso fazíamos tanta merda...bons tempos... - Comenta Elizabeth em um tom nostálgico.
- É... - Murmuro pensativo.
Noto um pedaço de papel caído no chão, me abaixo pegando uma pequena foto de duas crianças sorridentes. Reconheço automaticamente a pequena criança de cabelos longos e bagunçados. Era César na foto, talvez junto a Bruno, pelo menos parece muito ele.
*César e Bruno...eles já foram amigos, se não me engano* Reflito comigo mesmo me lembrando de algumas vezes que César comentou sobre o assunto.
Me assusto com um barulho no balcão a meu lado, olho rapidamente para a direção vendo Elizabeth com seu sapato em mãos acertando brutalmente a pequena aranha.
- LIZ! - Exclamo indgnado.
- Que foi ??? Foi a aranha que começou! A culpa não foi minha - Reclama Elizabeth matando o pobre bichinho, a jovem volta a caminhar até mim olhando curiosa para minhas mãos. - O que é isso? - Pergunta a mesma.
- Uma foto, acho que são o César e Bruno - Digo mostrando a foto para a jovem.
- Não isso - Ela responde pegando a foto - Isso - Ela aponta para o que parecia respingos de sangue no chão.
Confirmamos isso ao se aproxima do local onde os respingos estavam.
Sinto um clima estranho ao observar melhor o laboratório, ocorreu uma briga aqui, me preocupa achar que esse sangue é de meu amigo César. Eu disse que estaria lá com ele, eu prometi a ele...
* Merda* penso começando a imaginar o que César teve que passar com esse babacas aqui dentro.
Ouço passos apressados até o laboratório, vejo Arthur nos encarar com preocupação.
- Arthur, o que aconteceu aqui? - Pergunta Elizabeth se aproximando do gaudério.
- Eu tentei ajudá-lo Liz, eu juro que tentei - O Gaudério explica com sua voz embargada.
- Como assim Arthur? Você viu o César? - Pergunta Elizabeth preocupada.
- Ele está na mesma turma que a minha, nós haviamos nos encontrados mas ele teve que gaurdar suas coisas no armário, ele demorou mais que o normal e eu não sabia pra onde ele tinha ido - Explica Arthur rapidamente parando para respirar- Dante convenceu o professor a me deixar sair e procuralo, quando eu o achei ele estava aqui...
- Aqui aonde? Aqui como Arthur?? - Pergunta Elizabeth angustiada. - Arthur! Responde cara.
- Aqui eu...eu não sei explicar, não sei o que ele tem... - Comenta Arthur de forma tensa.
- Como assim não sabe Arthur??? De quem é essa foto? - Pergunta Elizabeth tomando o papel rapidamente de minhas mãos.
- Eu não sei Liz... - Comenta Arthur com seus olhos lacrimejados - Você tem razão... a culpa é toda minha, eu sou horrível por deixar o César sozinho! - O jovem encara o nada em desespero.
*Arthur...* O encaro com preocupação.
- O que? Não Arthur, eu não disse isso, fica calmo amigo... - Explica Elizbeth se aproximando do menor.
- A culpa não foi sua Arthur, se tem um culpado nisso tudo provavelmente são os Escriptas. - Explico pegando a foto novamente.
- Eu sabia o problema que ele tinha com os Escriptas, eu devia ter percebido que estava acontecendo alguma coisa errada... - Comenta Arthur cabisbaixo - Se eu tivesse chegado antes ele não estaria na enfermaria agora...
- Infermaria? - Pergunta Elizabeth preocupada - E os escripitas? Onde estão eles?
- Eu não sei, estão na mesma turma que eu e não os vi na sala de aula... - Murmura Arthur cabisbaixo.
- Babacas do caralho - Reclama Elizabeth enfurecida - Eu vou acabar com eles!
- Liz, não é uma boa ideia nós arrumarmos encrenca logo no primeiro dia de aula - Explico a morena que me olha confusa.
- Eu não tô chamando vocês, pelo ao contrário, é melhor vocês irem para sala ou fazer companhia ao César - Comenta a morena caminhando saindo do laboratório. - Eu mesma vou dar um jeito nisso, e sozinha.
- Acha que eu não quero quebrar a cara deles também? Vai por mim, eu quero. Mas nós sabemos que não será assim que as coisas vão se resolver - Explico tentando a acalmar. - Não vamos procurar briga, se não sairemos como os errados dessa história.
- Não tem nós Thiago, eu disse e que eu vou resolver isso, sozinha. - Comenta a jovem repetindo suas palavras novamente.
- Eu não vou deixar você ir sozinha, e você sabe - Explico suspirando pesadamente, eu sei bem como isso vai acabar, mas fiz uma promessa não só para Elizabeth mas para César também.
Eu disse que os protegeria, e é isso que eu farei.
- Já me cansei dessas brincadeiras estúpidas, já me cansei desses estúpidos, já me cansei dos Escriptas! - Exclama Elizabeth impaciente.
- Todos já estamos cansados deles. - Afirmo olhando para a jovem seriamente - Eu ainda não acho que seja uma boa ideia, mas se você for, eu vou.
- Então vamos quebrar eles? - Pergunta Arthur preocupado.
- Não. - Comento tendo a ideia mais lógica em uma situação dessas. - Primeiro vamos tentar conversar sobre isso com eles, César deve ter tentado resolver isso na conversa, vamos fazer o mesmo e manter a calma... - Explico tentando deixar a situação menos caótica, apesar que estava visível nos olhos de Elizabeth que ela não queria papo algum com Gal e seus amigos.
Procuramos eles durante um tempo, pensei em olhar nas salas mas seria absurdo demais entrar nas turmas e simplesmente enche-los de porrada, Arthur disse que na própria turma deles eles não estavam já que o professor deixou claro que nenhum aluno entraria atrasado em sua aula.
- Deveríamos perguntar ao Dante sobre isso, talvez ele saiba onde os Escriptas estão - Comenta Elizabeth dando uma ideia.
- Por que ele saberia isso? - Pergunta Arthur confuso.
- Como assim por que? - Pegunta a jovem olhando para o Gaudério. - Ele sabe melhor que ninguém tudo sobre Gal, já que já foram amigos ou algo assim - Explica a jovem parando de falar ao notar a expressão surpresa de Arthur - Ele te contou isso, não é?
- Não... - Responde Arthur pensativo.
- Ah...foi mal, achei que sabia, já que se falam a alguns dias e tal... - Comenta Elizabeth sem jeito.
- Não tem o que se desculpar Liz, eu tô legal - Comenta Arthur sorrindo fraco para a mesma tentando transparecer normalidade, infelizmente sempre sei quando alguém está fingindo dessa forma.
Anos de convivência com Dante fez eu perceber quando alguém não está legal de verdade.
- Relaxa Arthur, ele é meio na dele, mas não é por desconfiança, entende? - Explico ao Gaudério o confortando - Ele com certeza confia em você, mas é complicado pra ele contar sobre diversos acontecimentos do passado dele... -Tento explicar isso ao Gaudério na esperança de o confortar com isso, mas o mesmo muda de assunto rapidamente.
- Gente, tudo bem. Vamos focar em achar os Escriptas, ok? - Comenta Arthur apertando o passo parando na esquina de um corredor - Ei, esse não parece o carinha da foto? - Pergunta o jovem observando alguém pela esquina.
Rapidamente Elizabeth caminha até a esquina fechando a cara ao confirmar a dúvida de Arthur.
- É sim, e ele está sozinho... - Explica Elizabeth olhando para mim.
- Se Bruno está aqui os escripitas estão por perto - Deduzo olhando aos arredores.
- Hm, o que fazemos agora? - Pergunta Arthur olhando para Elizabeth que olha em seguida para mim a espera de alguma resposta.
Respiro fundo caminhando até o maior que bebia água em um bebedouro no final do corredor.
Me aproximo do rapaz esperando ele notar minha presença, ao notar que eu não estava ali para beber água ele se vira para mim perguntando com certo encômodo.
- O que querem? - Ele pergunta seriamente olhando para mim e os jovens que me acompanham.
- Queremos duas coisas - Comenta Elizabeth firmemente. - Duas respostas na verdade.
- Hm? - Ele murmura confuso.
- Primeiro, de quem é essa foto? - Pergunta Elizabeth mostrando a foto. Me pergunto como ela tirou isso do meu bolso sem que eu notasse. Ao ver a foto Bruno rapidamente tenta pegar o papel das mãos de Elizabeth que a tira de seu alcance. Entro na frente dos dois o encarnado seriamente.
- Segundo, onde estão o resto dos Escriptas? - Pergunto ao maior que ignorando minha pergunta olha para Elizabeth.
- Me devolve a foto. - Ele abre a mão esperando que Elizabeth realmente fizesse o que o mesmo pediu.
- Responde minha pergunta Bruno. - Digo fermimente.
- Me devolve primeiro a foto - Repete Bruno novamente.
- Não Bruno, eu não vou te devolver a foto. Não antes de resolver o que aconteceu no laboratório - Explica Elizabeth seriamente.
- Do que estão falando? - Pergunta Bruno desviando o olhar. - O que tem o laboratório?
- Você sabe muito bem o que aconteceu, até por que essa foto estava lá - Digo impaciente - Responde a minha pergunta Bruno.
- No segundo piso - Responde o maior respirando fundo - Olha eu não queria que aquilo acontecesse, eu juro, tentei parar o Gal mas... - Ele não termina a frase - Eu sinto muito...me devolve a foto, por favor...
- Se sente mesmo muito fica aqui enquanto eu resolvo as coisas lá em cima - Digo o encarando seriamente, quanto menos Escriptas estivem lá em cima, mais fácil será para resolvermos as coisas com Gal. - Eu acredito que seu caráter não é duvidoso feito o deles, não sei como as coisas aconteceram depois do incêndio no orfanato mas...nunca é tarde demais para mudar Bruno, você não precisa ser um babaca como eles, você não é assim... - Explico olhando para a pequena foto, ele e César parecem tão felizes nela, tempos de inocência que não voltam mais...
Olhar para Bruno hoje em dia será sempre estranho para mim, eu convivi com todas as crianças do orfanato Santa Menefreda por conta de meu pai ser um dos fundadores e fiel parceiro do dono do lugar, ele visitava o lugar sempre que tinha oportunidade e eu ficava mais do que contente com isso, considerava muitos de lá como meus irmãos, nós brincávamos bastante e apesar de Bruno sempre ter sido o "pé no freio" da turma ele se divertia bastante também.
Meu pai Arnaldo já cogitou em adota-ló mas as coisas não aconteceram como esperávamos, foi muita sorte de ter havido sobreviventes do incêndio no orfanato Santa Menefreda. Desde que isso aconteceu todas as crianças de lá mudaram, Bruno, Bea e até meu irmão Dante é um exemplo disso...todos de certa forma, nunca mais foram os mesmos.
Tempos simples de inocência que não voltam mais...
- Bruno... - Toco no ombro do maior que encara o chão pensativo. - Não quero brigas contigo mas eu não posso deixar isso que fizeram com César em limpo, eu sei que você também não concorda com as atitudes deles...fica aqui e tudo dará certo, beleza? - Explico o confortando.
- Eu não queria...eu sinto muito... - Murmura Bruno cabisbaixo.
- Você estava com eles, não estava? - Pergunta Elizabeth rispidamente. - Você é tão errado quanto eles então. - Afirma a morena o encarando torto. - Avisa para os seus "amigos" que dá próxima vez que quiserem mexer com o César é pra passar por mim primeiro - Reclama a morena colocando a foto em seu bolso. - E eu não vou te devolver essa merda, você não merece isso...
Respiro fundo e me distancio do maior aos poucos junto a Arthur que seguia Elizabeth.
- Não esquece do que te disse, ok? - Murmuro olhando esperançoso para o jovem.
Deixo Bruno pensar em minhas palavras e apresso o passo acompanhando Elizabeth.
- Deixa eu cuidar disso, ok? - Digo sendo interrompido bruscamente por Elizabeth que se vira para mim reclamando.
- Não enche Thiago! - Exclama a jovem impaciente. - Vai lá passar pano para Bruno, vai.
- Qual é Liz? Você não o conhece como eu conheço - Explico a morena calmamente. - Nem sempre ele foi assim, ele já foi uma pessoa incrível, ele é incrível. Por isso já foi amigo do César um dia...as coisas podem voltar a ser assim se nó--- Paro minha frase ao notar a parada brusca da jovem em meio aos degraus das escadas.
- Para de achar que tudo pode voltar a ser como eram antes, as coisas mudam Thiago. E não dá pra voltar a ser como antes... - Reclama Elizabeth amargamente.
- Eu não confio nele, se César deixou de ser amigo dele foi por um bom motivo - Comenta Arthur intervindo na conversa.
- Ele não é uma pessoa ruim, eu sei disso... - Afirmo olhando para os dois.
- Talvez ele tenha sido um dia, os tempos mudam e as pessoas também Thiago... - Explica Arthur com pesar.
- Exatamente! - Afirma Elizabeth voltando a caminhar. - Olha ali aquele merdinha - Reclama Elizabeth caminhando rapidamente até Gal assim que o avista.
- Espera, Liz... - Seguro em seu braço a impedindo de ir até os Escriptas. - Deixa eu resolver isso, é sério.
- Thiago eu já falei pra não me encher, e pra não me segurar quando eu decedir fazer algo. - Reclama Elizabeth me encarando seriamente. Como fazer quando alguém é teimoso nível Webber?
- Viu como estava o laboratório? Chega de brigas, por favor... - Digo tentando a convencer.
- Quem arrumou primeiro foram eles - Reclama a jovem impaciente - Eu sei o que estou fazendo, Fritiz. - Ela me encara nos olhos seriamente, não acho que isso vai acabar bem mas não tenho o que fazer a não ser estar com ela para o que der e vier.
- Ok...só não mata ele, estressadinha - Comento a provocando.
*Agora ela vai me mandar ir a merda* Afirmo observando a morena que aos poucos ficava com suas bochechas e orelhas vermelhas.
- Vai a merda você e esses apelidos idiotas - Resmunga a jovem desviando o olhar.
- Olha só que casal cafona haha - Ouço Henry e suas implicâncias ecoarem pelo corredor. Se ele soubesse a vontade que eu tenho de fazer ele engolir seus comentários junto com alguns dentes ele calava a boca agora mesmo.
- Deixem eles se pegarem em paz - Comenta Gal caminhando para fora do corredor sendo seguido por outros integrantes do grupo. O jovem passa por nós calmamente caminhando até às escadas.
- Já está indo Gal? - Pergunta Elizabeth de punhos fechados.
- Não quer privacidade, garota? - Pergunta o moreno parando de caminhar se virando para a Elizabeth.
- Sabe o que realmente quero? Que você me responda qual é o seu problema com o César - Comenta Elizabeth de forma ríspida - Independente de qual seja o seu problema com ele, eu e você vamos resolver isso agora mesmo.
- Quem disse que eu tenho algum problema com ele? E se eu por acaso eu tivesse, o que você tem haver com isso Webber? - Pergunta Gal a encarando seriamente. - Você deveria tomar conta da sua vida, sabia?
- E você deveria parar de ser covarde - Reclamo impacientemente . - Gosta de atacar em grupo não gosta? Tem um grupo bem na sua frente agora.
- Grupo? Só estou vendo um play boy e uma garota arrogante que se esconde atrás do titio diretor - Comenta Gal com deboche - Ah espera, vai me dizer que aquele ali também entrou para os desajustados? - Pergunta Gal se referindo a Arthur que observava a situação alguns metros para trás, era visível que ele não estava gostando dessa situação. Afinal ninguém gosta de brigas.
Ninguém, exceto Elizabeth Webber. Ela melhor que ninguém quer acertar a cara de Gal há muito tempo.
- Haha é o mascote deles agora - Exclama Henry apontando para Arthur que caminha até eles em passos firmes, coloco a mão no ombro do Gaudério que me encara parando de caminhar.
- Escuta bem, play boy é você - Reclama Elizabeth se aproximando mais do mesmo, parando de frente ao jovem. - Outra coisa, por que está mudando de assunto? Tá com medo, é?
- Medo? Eu não tenho o porquê ter medo de você Webber, pelo ao contrário. Você é que deveria ter medo. - Comenta Gal sorrindo para a jovem. Pergunto com encômodo sobre o tom nada amigável que Gal usou em suas palavras.
- Isso foi uma ameaça? - Pergunto fechando os punhos.
- Lá vem o Fritiz - Comenta Antony revirando os olhos. - Quem te chamou na conversa cara? E se for uma ameaça, qual o problema?
- A pergunta foi para você ou para ele? - Pergunto olhando para Gal - Repete o que você disse pra ela.
- Ela ouviu bem o que eu disse - Comenta Gal calmamente não tirando seu sorriso do rosto.
*Esse sorriso doentio* O encaro seriamente, seu olhar mórbido me traz repulsa. Tento ignorar a raiva imensa que invadia meus pensamentos. O que esse merda fez com o César e por que fez?
Eu odeio esse tipo de pessoa, se acham superiores as outras por simplesmente serem elas mesmas. Quem diabos Gal Sal pensa que é pra liderar um grupo para infernizar os outros?
*São só pessoas normais, quem coloca isso na cabeça dele dizendo o contrário?* Penso encarando todo o resto grupo, um silêncio estranho paira no ar.
Elizabeth não deixava de encarar Gal que após alguns minutos de silêncio apenas vira as costa voltando a caminhar.
- É sério isso? Seu covarde do caral--- Elizabeth para sua frase se assustando com os movimentos rápidos de uma estudante loira que caminhando rapidamente até Gal o acerta com um tapa sem aviso algum.
Arthur encara a situação tão surpreso e confuso quanto eu.
*Nossa, isso foi muito de repente* penso olhando para a jovem que furiosa ofendia Gal com todas suas forças, a jovem me parecia famíliar. Posso jurar que já a vi com o namorado de minha irmã, Tristan.
*Clarissa?* Noto o olhar da mesma me encarar por um segundo, esse segundo foi o certeiro para Gal a derrubar do chão.
- Qual é a porra do seu problema garota?!? - Exclama Gal extremamente nervoso com o belo tapa que levou em seu rosto.
- Ei! Tira a mão dela! - Exclama Elizabeth empurrando Gal, vejo Henry segurar Elizabeth a jogando para trás, isso já foi o suficiente para partir pra cima dele. Não importa quem seja ou o que fez, ninguém vai agredir nenhuma mulher na minha frente.
Sem dizer mais nada acerto Henry no rosto fazendo o mesmo cambalear para trás se afastando da morena, vejo o punho de Antony contra mim, desvio rapidamente levando Elizabeth para trás junto comigo.
Arthur rapidamente coloca seus braços em volta do pescoço de Antony o imobilizando firmemente.
- Solta, argh, caralho! - Exclama Antony tentando se soltar da manobra do Gaudério que o encarava seriamente.
- Arthur! - Exclama Elizabeth assustada notando a palidez de Antony aos poucos perdia a força. - Solta logo ele Arthur!
Arthur o solta rapidamente levando um murro de Kish que junto a uma jovem ruiva jogavam Arthur contra os armários.
- Como alguém com um braço fez aquilo? - Pergunta a garota da forma mais insensível que alguém poderia falar.
- Vou arrancar seu outra braço, merdinha do car--- Kish é bruscamente interrompido por um golpe desferido contra o mesmo, golpe forte o suficiente para derruba-lo de uma só vez, olho assutado para Arthur que encarava o corpo do ruivo caído no chão.
- E-eu falei brincando cara - Explica a mulher olhando desesperada para Arthur. O Gaudério é realmente bom de briga.
- Sai daqui. - Comenta Arthur a encarando seriamente, sem dizer mais nada a jovem corre até às escadas rapidamente.
*Meu Deus* Olho aos meu redor não vendo Elizabeth, o que me desespera por um segundo até a avistar no outro lado do corredor confrontando Gal. O que ainda é desesperador.
- Solta, que saco garota! - Reclama Gal empurrando a jovem para longe de si. - Léo - O jovem chama Leonardo que passando por mim se coloca na frente de Gal. - Não deixa essa garotinha suja encostar em mim de novo.
- Ok. - Afirma o loiro encarando seriamente Elizabeth, noto que em sua mão ele segura algo cortante.
*Aquilo é um caco de vidro?* Encaro o jovem assutado, se Elizabeth tentar fazer qualquer coisa ele vai...
- Liz! - A chamo desesperado temendo o pior. Noto que ao lado da Webber estava Clarissa que ao notar o que Leonardo tira saca um pequeno canivete.
- Quer brincar, Leozinho? - Pergunta Clarissa apontando sua arma branca para o jovem, seu tom era firme e provocativo, como se ela não tivesse medo de toda essa situação.
- Eu não brinco, garota. Não reclame se sair machucada - Afirma Leonardo seriamente.
*Merda...* Caminho até a confusão até ser parado por Henry que de punhos fechados me encara seriamente. Ele ainda está de pé?
- Parem de baderna agora mesmo! - Ouço um homem exclamar impaciente, olho para o topo das escadas onde o zelador do colégio nos encarava com decepção. - Seus baderneiros!
- Mas foram eles que --- Elizabeth é interrompida pelo funcionário que furioso reclama.
- Não me interessa! Todos desçam agora mesmo para a diretoria!!! - Exclama o mais velho.
- Para de surtar velho loco! Foi ela que começou! - Reclama Gal apontando para Clarissa.
- Eu comecei? EU comecei?! Foi você que está perseguindo a Alex, seu merda do caralho! Larga de ser covarde Gal! - Exclama a loira furiosa.
- A culpa é toda desse merda, assume logo isso Gal! - Reclama Elizabeth impaciente. Leonardo revirando os olhos reclama.
- Para de gritar, nossa. - Reclama o loiro segurando a mão de Gal. - Quem vai decidir quem é o culpado dessa história não é você, e sim o Veríssimo. Vamos logo, Gal.
*Quem é esse cara?* Encaro Leonardo confuso, pelo o que ouvi falar desse tal Leonardo Gomes ele é tão perturbado quanto Gal, talvez por isso sejam tão próximos.
Me viro para Arthur preocupado. Ainda estático o jovem encara Kish que parecia este imóvel no chão.
- Arthur? - O chamo preocupado, corro até Kish o balançando freneticamente, ouço alguns gemidos de dor vindo do menor.
Pelo menos está vivo.
- Relaxa Arthur, ele tá...vivo - Explico ajudando o ruivo a se levantar.
- Eu não...eu não queria...eu não pensei eu não queria, me desculpa eu não queira...--- Arthur é interrompido por Henry que ajudando a Antony a se levantar reclama.
- Vai se fuder cara! Atacar pelas costas é vacilo!
- Querem mesmo falar sobre vacilo é?- Pergunta Elizabeth indgnada.
- Chega! Desçam já para diretoria! - Exclama o senhor novamente apontando para as escadas.
Vejo Gal junto Leonardo passando por todos descendo as escadas, logo em seguida seus amigos fazem o mesmo. Olho para trás e vejo Clarissa respirar profundamente sendo acalmada por Elizabeth.
- Relaxa, a gente vai resolver isso, suas amigas estarão seguras Clarissa, eu te prometo isso - Comenta Elizabeth tentando a acalmar. Ela olha para mim e aponta com a cabeça para Arthur que encarava o chão assustado.
- Você está bem Arthur? - Pergunto tocando em seu ombro, o mesmo se assusta com minha mão sobre seu ombro e se afasta - Ei, relaxa cara, tá tudo bem...
- E-eu machuquei ele? Eu não queria fazer isso Thiago...não assim... - Explica Arthur tenso.
- Calma Arthur, a culpa não foi sua e eles não são nenhum santo...você só estava se defendendo... - Digo tentando o acalmar.
- Desçam vocês também! - Reclama o funcionário impaciente.
- Tá bom, tá bom - Comenta Elizabeth descendo as escadas reclamando algo consigo mesma. - Que cacete de escola...
•FLASBACK OFF•
- Depois disso Dante nos levou até a sala de detenção e disse que seriamos liberados mais cedo já que Elizabeth ainda queria acertar a cara do Gal... - Comenta Thiago suspirando fundo.
- Então, o que fará a respeito sobre isso, Senhor Veríssimo? - Pergunta Arnaldo seriamente.
- Peço desculpas pela demora para resolver esse assunto, vamos tomar a decisão mais coerente possível - Explica o diretor seriamente. - Para todos acalmarem os ânimos os alunos envolvidos entrarão em suspensão por três dias.
- O que? Mas meu meninow não fez absolutamente nada! Onde essa suspensão se encaixa nisso?! - Pergunta meu pai indgnado.
- Pai ... - Cochicho tentando o acalmar, eu mais do que ninguém não quero voltar aqui, uma suspensão não seria meu encômodo.
- Senhor Cristopher, seu filho melhor do que ninguém precisa se acalmar. É melhor ele se afastar da Nostradamus por alguns dias... - Explica Veríssimo calmamente.
- Então é isso... - Ivete suspira pesadamente - Todos de suspensão e quando voltar vão ficar atentos ao comportamento desse garoto aí e seus amigos, certo? - A gaúcha aponta para Gal sem o olhar.
- Prometemos isso, esse comportamento não será permitido mais aqui dentro. - Comenta Veríssimo fermimente.
- Posso ir embora agora? - Pergunto querendo logo sumir não só da Nostradamus, mas da face da terra.
- Liberados, manterei contato com todos, agradeço pela presença de todos e peço novamente mil desculpas pelo o ocorrido, garanto a todos que isso não ocorrerá novamente. - O mais velho se despede de todos da sala formalmente.
Me levanto rapidamente saindo da sala, ouço os adultos conversarem entre si sobre o assunto. Thiago e Elizabeth saem da diretoria junto a Arthur que preocupados me enchiam de perguntas.
- Gente, por favor... - Digo respirando fundo - Só me deixa respirar um pouco...
- Cê tá legal Cesinha? - Pergunta Thiago novamente. Já faz três dias que esse desentendimento com os Escriptas aconteceu, três dias que eu ouço a mesma pergunta toda hora de todos em minha volta, isso não é ruim...eu sei que eles se importam comigo mas...sei lá.
Me encosto na parede e digo automaticamente que estou bem, não quero preocupar ninguém de forma alguma...
- Tô. - Digo olhando para todos em minha volta, vejo Joui passar do outro lado do corredor guardando suas coisas em seu armário. O mesmo olha para todos com certa preocupação mas não faz nada a respeito.
Apenas volta até sua sala.
Faz também três dias que eu e ele tivemos aquela conversa, desde então em toda madrugada os diálogos que tivemos passam por minha mente. Ainda sinto um aperto no peito só de lembrar de minhas palavras, eu fui um completo idiota, queria ter ele aqui comigo...queria resolver as coisas entre a gente...
O que nós somos?
Não somos nada.. ele claramente está me evitando...depois de tudo aquilo que eu disse, acho que passei uma impressão errada...eu também me evitaria, se pudesse.
- César...? - Ouço Thiago me chamar, olho para o mesmo ainda aéreo. Tento prestar atenção em suas palavras mas elas estão tão distantes de mim, ou eu que estou distante delas?
O que isso importa? Apenas concordo com o Fritiz com a cabeça. Olho para a porta a meu lado que se abre, de lá sai Ivete, Arnaldo e meu pai Cristopher.
O maior sem dizer nada me abraça fortemente, o abraço de volta finalmente me sentindo mais leve, pelo menos não tenho mais que mentir sobre a Nostradamus para ele...agora ele sabe o porque odeio tanto esse lugar, ou melhor, as pessoas que frequentam ele.
Sinto Ivete apertar meu ombro me olhando com um olhar tão meigo e acolhedor, sempre que a encaro por pouco tempo que for acabo lembrando dela...ela tem um brilho no olhar diferente...um brilho que só uma mãe carrega nos olhos.
- Qualquer coisa que precisar, não importa o que seja César...me chame e eu estarei lá... - Ela me conforta com suas palavras.
- Obrigada Ivete, de verdade - Comenta Cristopher agradecendo a mais velha que sorri para o mesmo e aos poucos se afasta junto Arthur que antes de sair do colégio volta correndo para me abraçar.
- Melhoras, migo... - Comenta Arthur me abraçando fortemente, acaricio seus cabelos agradecendo pela preocupação.
- Todos portam dias ruins Cohen e isso é totalmente normal, não tenha medo de nada, também estou aqui para o que precisar, ok? - Explica Arnaldo bagunçando meus cabelos - Tudo vai ficar bem, certo filho? - Comenta o mais velho olhando para Thiago que concorda com o que o mesmo disse.
- Claro que vai, dias melhores virão, é só ter "E" sperança - Comenta Thiago enfatizando a letra e. - Sacou?? "E" haha!
- Nossa senhora, depois desse trocadilho bosta Thiago eu desisto de viver - Comenta Elizabeth batendo em sua própria testa. Acabo rindo do comentário da Webber, ela tirou as palavras da minha boca.
- Hahaha mas o Cesinha riu! Isso que importa - Comenta Thiago dando um leve soquinho em meu ombro. - A gente se vê depois, Cesinha! - Exclama Thiago se despedindo de mim e de meu pai - Tchau tio Cris!
- Tchauzinho meninow, vamos indo também filho? - Pergunta meu pai olhando para mim.
- Me espera no carro pai, vou conversar com Elizabeth sobre um assunto, é bem rápido. - Comento caminhando para longe do mais velho, a morena me segue até o fim do corredor.
- O que foi César? - Pergunta a jovem se escorando em bebedouro próximo de onde estamos.
- Preciso te perguntar algo...é sobre ... - Com certo nervosismo tento terminar a frase mas não encontro palavras. Eu devia deixar isso queto,eu já encomodei gente demais por hoje...
- Já imagino do que se trata. - Comenta a jovem seriamente. - É sobre o Joui, não é? - Pergunta a mesma notando meu olhar de aflição - Olha, ele me disse sobre a conversa que vocês tiveram...mas ele não falou por mal sabe? Foi mais um desabafo comigo mesmo. - Explica a morena respirando fundo - Posso falar o que eu acho?
Afirmo com a cabeça um pouco receoso, a morena respira fundo e começa a falar:
- Ainda tem muita coisa que vocês precisam saber sobre o outro para ter algo, Joui foi precipitado...mas ele é assim, gosta de expressar o que sente, o problema é que tudo que ele sente é intenso demais, mas é sincero, isso eu te garanto César - Explica Elizabeth sorrindo para mim. - Vai por mim, se ele disse tudo aquilo é porque foi de coração, sabe? Ele é tão meigo...e inocente também, não tem noção do quão os sentimentos podem ser perigosos, mas ele não tem medo, ele apenas sente, sabe?
- Eu sei...e eu amo isso nele... - Comento suspirando pesadamente. - Eu me sinto tão idiota por ter dito aquilo, tipo, ele tava tentando me dizer o que dizia e eu só estava falando sobre a decisão dele e...eu não quis ser insensível...eu não sabia o que responder...eu tive medo de responder... - Encaro o nada com arrependimento.
- Por que exatamente acha que ficar no Brasil isso uma ideia ruim? - Pergunta a jovem confusa.
- E se as coisas não derem certo aqui? E se ele se arrepender e querer voltar mas por ter contrariado seu pai ele não puder? - Pergunto a morena que me encara seriamente - Liz, eu não quero que ele brigue com o próprio pai, não quero que ele tome uma escolha errada, não quero machuca-lo...
- Acha que ficar no Brasil é uma escolha ruim? Acha que ele não seria feliz aqui? - Pergunta Elizabeth preocupada.
- Eu acho que ficar comigo é uma escolha ruim...eu tenho certeza disso...ele pode achar a felicidade no Brasil...mas não acho que ela está comigo...eu mal sei me alegrar Liz ,quem dirá os outros... - Explico cabisbaixo, por mais que soe meio depre o que eu acabei de dizer. É a verdade.
Joui merece a felicidade eterna, e eu não acho que ela esteja comigo. É só olhar para mim e confirmar isso...
Ele merece muito mais do que eu posso dar a ele.
- Eu sinceramente não sei como posso ajudar esse lance entre vocês...isso é algo de vocês sabe? Mas fica tranquilo, na hora certa vocês vão se resolver - Explica Elizabeth tentando me confortar de alguma forma.
- Talvez as coisas já estejam resolvidas dessa forma, entende? - Comento suspirando pesadamente.
- Claro que não, meu querido César, você ainda tem muito drama gay pra viver com Joui jouki, eu sei disso cara, eu sinto isso! - Explica a morena em um tom descontraído tentando me animar. - Vá pra casa e descansa cara, não encare isso como uma detenção, encare como dias de férias! Você merece isso.
Dou uma risada frouxa de seu comentário caminhando pelo corredor até a saída do colégio, olho de relance para a sala do diretor onde o mais velho conversa com Gal, seu pai que observava tudo em silêncio atentamente.
*Três dias, eu terei três dias de paz...* Penso entrando no automóvel de meu pai.
*Terei três dias de paz, assim espero...*
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Oiê! Se chegou até aqui eu agradeço de verdade! Sério seu gosto para obras do watpedd é impecável, kskk
Esse capítulo foi longo, eu sei.
Demorou mais do que esperado, eu sei.
Vocês sentiram saudades, eu sei, eu sei. MAS em compensação eu lhe darei um web-abraço muuuito quentinho e também uma surpresa! Verão em breve do que se trata, hehe!
AGRADECIMENTOS ✨
Nesse capítulo, apesar de Gal ter apanhado um bucado foi em homenagem ao artista João Miranda, mais conhecido pelo nome Jão que, recentemente, postou um aviso em suas redes sociais informando que não interpretará mais o personagem Gal Sal.
Não sei o motivo de sua saída do RPG mas eu desejo de verdade melhoras e muito sucesso em sua carreira!
João Miranda com sua interpretação impecável criou um personagem único em Ordem Paranormal que eu particularmente adorava odiar, sim eu gosto e não gosto ao mesmo tempo do Gal ksksk
João Miranda também fez parte da equipe de produção da parte técnica de Ordem Paranormal, então se temos um RPG de ótima qualidade e com um design 3D em SDOL foi por causa do trabalho desse cara!
Agradeço ao nosso lindo e debochado Jão que deu vida a um dos MELHORES vilões de toda a história...
Também agradeço a você que leu até aqui novamente! Beba bastante água e se cuide!
Aguarde os próximos capítulos!!!
⚠️ Revisado mas pode conter erros na escrita!
16.978 Palavras, sim esse foi enorme mesmo, meus polegares com cãibra merecem uma estrela, não merece?
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