Três
[Paris]
- Agora não entendi mais nada! Quem diabos é Ladybug e Chat Noir?
- Devolve logo as memórias deles Tikki! Já é um saco ter que aturar esse pirralho, com amnésia fica pior ainda! - O moreno recebeu olhares nem um pouco amigáveis do loiro.
- Ok, ok - A vermelha se afastou dos dois - Fiquem juntos - Se aproximaram - Mais! - Colaram os corpos e ela sorriu com as bochechas coradas que a proximidade causou - Um, dois... - Uma esfera vermelha foi se formando aos poucos na mão da pequena.
- Isso não é perigoso né? - Adrien encarou Marinette que parecia se perguntar a mesma coisa.
- Bom, talvez vocês percam uma parte do corpo - Os dois arregalaram os olhos assustados - Mas faz parte - Sorriu maldoso.
- E-Espera um pouco!
- Três! - A vermelha jogou o que quer que ela tivesse nas mãos em direção aos dois, que instantaneamente seguraram as mãos e fecharam os olhos.
Foi como tomar um tiro, porém em vez de morrer pareciam ganhar mais vida. Suas lembranças aos poucos foram retornando. Tikki puxou Plagg para fora do cômodo, ela sabia que o clima ficaria meloso e que com certeza o moreno atrapalharia, sorriu antes de desaparecer.
Aos pouco a visão do loiro retornou, assim que encontrou as orbes azuis que tanto amava não conseguiu se conter.
- M-Mari..?
- Adrien...? - Ele instantaneamente a abraçou fortemente. Era como se tivesse acordado, as memórias que tinha do céu o invadiam com uma brutalidade insuportável, mas não ligava para aquilo no momento, tudo o que queria era sentir Marinette, poder tocá-la novamente era algo extremamente bom. Quando ela começou a soluçar não suportou, lágrimas desciam pelo seu rosto descontroladamente, a apertava mais contra si com medo de que ela se afastasse, mas sabia que a azulada não faria pois o abraçou da mesma forma.
- É-É mesmo você? - Perguntou enterrando o rosto no peito do loiro.
- Idiota - Afastou-se centímetros o suficiente para encostar a testa na da menor - É claro que sou eu - Seus olhos encheram de lágrimas, ela praticamente pulou em cima do rapaz o abraçando apertado.
- Pensei que nunca mais - A frase foi interrompida por um soluço - Fosse ver você....
- Eu também - Afundou o rosto na curva do pescoço da mestiça, deixando-se ser consumido pelo cheiro doce que ela exalava - Mari - Segurou o rosto dela entre as mãos - Eu te amo - Ela corou logo depois de sorrir meigamente, ah como ele adorava aqueles sorrisos.
- Eu também... - Adrien limpou as bochechas da menor com o polegar, se aproximou aos poucos, roçou os lábios nos dela. Foi um simples selar, mas o sentimento que percorria o corpo dele era gigantesco, a eletricidade que o toque dela lhe passava era tudo o que ele queria para continuar vivendo, tê-la ao seu lado era o que ele precisava para respirar, as mãos pequenas da azulada indo de encontro com as suas mostraram que ela também se sentia assim. Estava prestes a invadir sua boca quando ouviu uma risada.
- É sério isso? Será eu toda a vez que entrarmos aqui vocês vão estar desse jeito? - Tikki chutou a perna do moreno - AII!
- Sempre consegue estragar o clima seu bobo! -Os dois encaravam os Kwamis confusos.
- Espera... Tikki? Plagg? O que fazem aqui?
- Acabamos de sair daqui! Qual é?!
- Tikki... Por que estão aqui..? - Perguntou a azulada com medo da resposta que ela daria.
- Bom.... Devolvemos as memórias de vocês justamente por esse motivo... - Abaixou o olhar.
- Espera, quer dizer que estávamos sem memórias?! Estávamos vivos?! - O loiro não conseguia decidir entre os sentimentos de confusão e raiva.
- Se acalme Adrien, vamos explicar - A vermelha disse calmamente fazendo Plagg revirar os olhos.
- Ah não! Não vamos mais perder tempo! - Se aproximou dos dois - Olha, basicamente vocês reencarnaram ok? Mas sem suas memórias, iam ficar assim mas sentimos uma presença maligna nesse mundo similar aos Akumas - Os dois arregalaram os olhos - Fu permitiu que viéssemos aqui para trazer Ladybug e Chat Noir de volta a ação, e dessa vez o desejo de vocês não terá limite.
- Espera, quer dizer que em vez de nos reviver como fizeram antes, simplesmente nos jogaram no reino da terra como humanos?! - Adrien estava se contendo para não pular no pescoço do Kwami.
- Falando desse jeito parece até que enganamos vocês.
- Mas então... Por que se dar o trabalho de fazer tudo isso, tirar nossas memórias, nos rebaixar a esse nível.... Para que fazer isso se em algum outro momento nos levariam de volta para o céu e inferno? - Marinette assim como o rapaz parecia confusa e abalada, ela passou anos pensando ser outra pessoa, anos que poderia ter uma vida com Adrien. E seus irmãos?! Nino, Alya... E Kyoko e Nathaniel?
- Mari - A vermelha suspirou - Somos Kwamis, mas até nós temos limitações, precisamos seguir regras e....
- Mas isso não faz sentido!
- O máximo que podemos fazer é distorcê-las... - Os olhos verdes do moreno ficaram por alguns instantes sombrios - Acha que foi fácil para nós também? Pensa que não possuímos sentimentos? Como acha que nos sentimos ao tirar tudo de vocês?
Silêncio.
- Quer dizer que alguém está usando Akumas na Terra? - Disse o loiro na tentativa de quebrar o clima tenso.
- Não sabemos quem é e nem como conseguiu, mas o mestre teme que possa desequilibrar totalmente os três reinos.
- Por que os três?
- Vocês sabem que mesmo que a Terra seja rebaixada por nós, ela ainda é o principal reino dos três - Tikki encarou as orbes azuis da amiga - Por isso não podemos deixar que nada interfira em seu ciclo natural, estamos dispostos a fazer qualquer coisa para detê-la....
- Por isso quebraremos as regras - Completou seu companheiro.
- Está esquecendo de um pequeno detalhe Tikki - Ela fraziu o cenho confusa - Nõ somos mais espíritos, acho que nossos corpos humanos não vão aguentar contato direto com os poderes de vocês.
- Isso aí! - Concordou o loiro, sinceramente ele não estava nem um pouco afim de se meter em uma enrascada de novo, já tinha sua memória, e o principal, sua princesa! Não precisava de mais nada.
- Deixa isso com a gente! - Ela estendeu as mãos para Plagg que as segurou envergonhado, alguns segundos depois um par de brincos e um anel seguidos de um feixe de luz apareceram.
- Joias? - Adrien perguntou confuso.
- Sim, os brincos são dela e o anel é seu, basicamente vão ganhar uma fantasia estilosa e logicamente uma porcentagem pequena dos nossos dons e - Tombou a cabeça para o lado ao ver os dois humanos arregalarem os olhos - O que foi? Por acaso tô fedendo a camembert?
- V-Vocês...
- Que porra é essa?! Vão virar fantasmas por acaso?! - Os Kwamis se olharam e perceberam por que eles se encontravam histéricos, estavam sumindo!
- Droga não temos mais tempo!
- Olha para ativá-los é só dizer "transformar" e "mostrar as garras"!
- Sério isso? Mais frases constrangedoras?
- Nós voltaremos assim que puder! - Disse a vermelha antes de sumir.
- Vou sentir saudades - Piscou para o garoto antes de desaparecer. Adrien contorceu o rosto em uma careta de nojo, o que fez a mestiça soltar uma gostosa risada.
Trocaram olhares antes de suspirar em conjunto.
- Parece que voltamos a ação - Sorriu sem graça.
- Não acredito que vamos fazer essa merda de novo - Coçou a nuca.
- Adrien - Chamou atenção dele - Sabe... Se não estiver ocupado podemos tomar sorvete? - Ele pareceu surpreso - É que queria conversar um pouco e - Ela corou, segurou a mão dele desviando o olhar para baixo - Ficar um pouco mais com você.... - Instantaneamente sorriu bobo.
- Idiota - Ela levantou a cabeça e recebeu um peteleco, resmungou o fazendo rir - Não vou desgrudar de você nunca mais - A puxou para um abraço quente, a azulada agarrou a blusa do rapaz e enterrou o rosto em seu peito, ela amava seu cheiro de menta, e o calor que ele lhe transmitira era tão bom, sentia-se protegida ali envolvida em seus braços fortes - Então? Onde fica esse sorvete? - Ela se afastou sorridente, o puxou pelo braço para fora da casa rapidamente.
- É bem famoso aqui em Paris! Nunca ouviu falar do carrinho do Sr. André? - Ele negou - Sério? Vai amar! Os sabores caseiros dele são deliciosos! As coberturas e granulados nem se falam! - A menor tagarelou o caminho inteiro, o loiro não se lembrava dela ser tão tagarela, mas achava fofo quando as vezes ela errava as palavras ou gaguejava, ela parecia mais aberta? Não sabia como explicar, mas se apegou rápido a "nova Marinette''.
- Olá Sra. Cheng, vejo que escapou novamente da padaria - Ela riu - O que temos para hoje? - Encarou o loiro - Hum entendo, pelo visto encontrou um namorado - Adrien corou levemente.
- Sim! - Respondeu energética - Agora posso finalmente comprar um sorvete com desconto! - O homem riu da moça e bagunçou seus cabelos escuros - É a primeira vez que ele vem aqui André! - Apontou para o rapaz que sorriu sem graça.
- Oh, já que é assim - Pegou duas casquinhas, uma ele preparou observando as características da garota e a outra as do loiro - Será por conta da casa! - Ela sorriu animada e pegou os doces da mão do senhor.
- Muito obrigado André!
- Obrigado.
- Não tem de quê, mas não vá se acostumando mocinha! - A menor riu se despedindo dele e puxando Adrien para um banco um pouco distante dali.
- Calma apressadinha - Sentaram os dois - Por acaso tá fugindo de alguém?
- Não - Riu - Desculpa - Começou a comer - O que achou?
- Humm - Lambeu o doce - É muito bom! Caralho! - Ela o olhou brava - Desculpa.
Conversaram por um longo tempo, falaram sobre suas vidas na terra, sobre as pessoas que conheceram, situações cômicas e trágicas que passaram. De repente, silêncio, Marinette parou de falar e simplesmente começou a observá-lo, estava um pouco incomodado.
- O-O que foi?
- O que foi o que?
- Tem alguma coisa na minha cara por acaso? - Perguntou corado.
- Não - Respondeu se aproximando.
- Então por que não para de me olhar com essa cara ai?!
- Só tenho esse rosto - Abaixou o olhar triste segurando o rosto entre as mãos. Ele agoniou-se mais.
- Não quis dizer assim! - Coçou a nuca - Ah, droga - Abaixou-se um pouco a fim de encostar seu nariz no gelado da azulada - Amo seu rosto Mari - Sorriu logo em seguida selando os lábios rosados dela - Só queria saber por que tava me olhando tanto.
- Por que....
- Por que...?
- Por que - Sentiu a visão embaçar por conta das lágrimas - Ainda não acredito - Aproximou-se mais e o abraçou forte - Não consigo acreditar que estou com você de novo - Ele sentiu o coração apertar ao ouvir a voz trêmula da menor - Sinto que se eu tirar os olhos de você por um segundo - Enterrou o rosto no peitoral do rapaz - Você vai desaparecer...
- I.di.o.ta - Afundou o rosto nos cabelos negros da mestiça deixando que o cheiro de baunilha invadisse-o por completo - Não vou largar você nunca - Sentiu ela sorrir - Mesmo que não me queira mais - Ela afastou para encará-lo emburrada.
- É claro que sempre vou querer você! - Disse como uma criança fazendo birra, ele segurou as bochechas infladas dela apertando-as levemente - Ei!
- Esquilinho - Riu - Espera.... Mari.... Cadê o sorvete que você tava segurando? - Ela arregalou os olhos e olhou para ele com cara de cachorrinho triste - Marinette não me diga que... - Ele arredou um pouco e olhou para a blusa branca que agora se encontrava lambuzada das cores do doce - Porra Marinette! - Ela se encolheu - Era minha camisa favorita! - A garota levantou e saiu correndo - Ei pestinha! Volta aqui! - Levantou rápido indo atrás dela.
- Socorro! Tem um anjo querendo me matar! - Riu enquanto perseguia a moça.
- Vou te pegar - Disse em um tom perverso, o que a fez gritar e tentar correr mas rápido, falhou quando caiu de cara no chão, o loiro acelerou a fim de ajudá-la a levantar.
- Se machucou?! - Ela o encarou pensativa.
- Acho que não - Sorriu ficando de pé com a ajuda dele - Meu nariz tá doendo só um pouquinho - Ele segurou a risada assim que ela tirou a mão da frente do nariz - O que foi?
- Idiota - Bagunçou os cabelos azulados dela - Seu nariz tá vermelho - Ela arregalou os olhos e passou a mão nele esfregando devagar.
- Tá muito? Tá sangrando? Pareço um polvo? - Ele gargalhou feito louco do desespero dela - Q-Qual a graça?
- Você - Beijou a bochecha dela antes de abraçá-la por trás apoiando seu queixo na cabeça da mestiça - Já disse que te amo? - Ela corou.
- Já - O loiro observou a menor - Mas gosto de ouvir todas as vezes - Afundou novamente o nariz no cheiro doce que ela possuía.
- Não vai dizer também? - Perguntou como uma criança emburrada a fazendo rir.
- Eu também te amo - Sorriu quando levantou o rosto se deparando com bochechas avermelhadas e um olhar manhoso.
- Tá me devendo uma blusa nova viu! Essa aqui foi cara pra porra - Ela pisou forte em seu pé - AI! Caralho Marinette! - Sua voz sumiu ao ver a expressão zangada da jovem.
- Seu boca suja! -Se livrou do abraço dele e saiu andando o deixando para trás.
- E-EI! Desculpa! Princesa! Prometo falar só quinze por dia! Dez! CINCO! - Ela segurou a risada - MARINETTE! ESPERA! - Correu até ela.
- Te perdoo se me levar para comer algum doce - Cruzou os braços.
- Mais um?! Acabamos de tomar sorvete!
- E dai? - Inflou as bochechas de um jeito extremamente fofo.
- Sua pirralhinha - Ela o fuzilou - Minha pirralhinha - Roubou um rápido beijo da azulada, que não pareceu muito feliz - O que foi?
- Assim não....
- Hum?
- Quero um beijo.... Aquele beijo - Ele corou mas em segundos deixou que seu lado malicioso assumisse a situação a partir dali, agarrou a cintura da menor firmemente a trazendo para mais perto e chegou próximo a seu ouvido.
- É uma pirralha muito precoce não acha? - Mordeu o lóbulo da orelha dela antes de lambê-la.
- Onde aprendeu?
- Tive uma boa professora - Aproximou-se dos lábios dela devagar - Pena que eu não a deixei chegar ao final naquele tempo.... - Estavam prestes a selar os lábios quando ouviram gritos vindos da direção oposta em que se encontravam. Afastaram-se um do outro assustados.
- O que foi isso?!
- Não sei, um assalto?
- Puta que pariu! Será que não podemos nem tomar sorvete em paz?!
- Socorro! - Gritou uma senhora que corria desesperada.
- CORRAM! TEM UM DESCONTROLADO COM ROUPAS DOS ANOS 80 CONGELANDO TODO MUNDO!
- Que porra é essa?! - Ele instintivamente segurou a mão da menor.
- QUERO LADYBUG E CHAT NOIR! - Disse um homem voando sobre os céus - SE QUISEREM VIVER ME ENTREGEM ELES IMEDIATAMENTE!
- Mas já? - Falou a mestiça cabisbaixa - Pensei que demoraria um pouco mais...
- Parece que vou ter que comprar seu doce mais tarde princesa - Passou o polegar pelo rosto dela - Agora preciso quebrar a cara daquele desgraçado por ter atrapalhado nosso encontro - Ela riu.
- Espera... Como a gente ativa os poderes mesmo?
- Você.... Não lembra...? - Ele gelou quando a viu negar com a cabeça - Puta merda....
- E agora? - Ele a puxou e começou a correr quando viu o maluco se aproximar.
- E agora você pergunta? - Se escondeu com a garota em um beco - Estamos fudidos!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro