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5 - Ana

     Já tinha se passado três dias desde o começo das aulas, faz três dias que eu descobri que fui selecionada para o Programa de Treinamento Estatal, e dois dias que eu descobri que perdemos tudo que tinha, dois dias que eu e a Cassie voltamos a ser amigas. Mas nesse dia, em especial, eu amanheci com um sorriso bobo no rosto. Se me perguntasse, eu não saberia dizer o porquê desse sorriso, somente responderia: "Ele decidiu aparecer".

     Decido cessar com meu momento de reflexão, quando ouço o despertador tocando, dizendo que a primeira quinta-feira letiva estava prestes a começar. Levanto-me e me arrumo rápido. Pego minhas coisas e desço para a cozinha, minha mãe já estava lá fazendo o café da manhã, enquanto minha irmã dormia em seu quarto. Dei um "oi" e avisei que ia à casa do Jay, e lá estava eu, indo na casa do lado tomar café da manhã com meu melhor amigo.

     – Bom dia tia Vick. – Falei entrando no cômodo. – O Jay já acordou?

     – Não, mas pode ir acordar ele se quiser.

     Subi para seu quarto pulando e cantarolando. Caralho! Como eu estou feliz! Porque eu estou feliz? Nem ligo! Entrei no quarto, nem dando o trabalho de bater na porta, e abri a cortina, como se aquele quarto não visse o sol a décadas – é capaz do quarto não ver o sol a décadas mesmo.

     – Bom dia flor do dia! Há quanto tempo eu não te via!

     – Ana, – disse em Jay sonolento erguendo a cabeça em minha direção – como você acordou tão cedo assim? E porque está tão feliz?

     – Tenho um bom pressentimento. – A verdade é que nem eu sei por que eu estou feliz, simplesmente estou. – Se veste logo que eu estou lá em baixo te esperando.

     Sai do quarto e fui para a cozinha da casa. A tia Vick estava mexendo no celular enquanto esperava alguma coisa ficar pronta, me deitei no sofá e fiquei, também, mexendo no celular. Dei uma olhada nas minhas redes, desisti quando vi que não tinha nada de bom, tipo, dois segundos depois; hackiei o sistema do governo para procurar um livro bom. E não é que eu achei! O Diário de Anne Frank. Esse sim que é um livro velho!

     Estava em uma leitura tranquila, quando a imagem da tela do meu celular começa a deformar, chiar, e ficou de repente preta.

     – Merda! – Joguei meu celular no chão, por que começou a queimar a minha mão – Droga!

     – O que foi Ana? – Jay perguntou aparecendo na sala – Quebrou a unha?

     – Não. Só quebrei meu celular mesmo. – Falei juntando os pedaços do que um dia foi meu celular. – Vou ter que montar outro.

     – Já comeu? – Perguntou me ajudando a catar o resto dos pedaços.

     – Não, mas bora comer que eu estou com fome! – Falei jogando os restos mortais do meu celular no lixo-TEC da casa e guardando o nano-chip e o cartão SD no bolso.

     Depois que comemos, passamos na minha casa, para eu pegar em celular reserva que eu tinha e, finalmente, fomos para a escola. No caminho começamos a falar coisas aleatórias, tipo, como seria o mundo se os Andron-PECS não tivessem invadido a Terra. Eu disse que estaríamos tentando sobreviver a XX Guerra Mundial, Ou não existiríamos mais. Mas sempre tem os iludidos.

     – Eu acho Ana, viveríamos no arco-íris junto com gatinhos fofinhos e unicórnios coloridos – Disse saltitando que nem uma garotinha de seis anos apaixonada por unicórnios.

     – Junto com fadas? – Ironizei revirando os olhos.

     – SIM! – Falou animado – E junto com aquelas coisas fofinhas...

     – Que gay. Desde quando você se converteu? – Perguntei passando pelo portão da escola.

     – Eu não sou gay Ana.

     – Quem é o cara? – Perguntei animada.

     – Que cara? – Perguntou abrindo seu armário.

     – Ué? O cara por quem você se apaixonou loucamente para se converter!

     – Não tem cara nenhum. – disse colocando as mãos nos meus ombros – eu já disse: EU NÃO SOU G-A-Y!

     – Então o que foi aquilo? – Disse tirando suas mãos dos meus ombros – Eu acho Ana, viveríamos no arco-íris junto com gatinhos fofinhos e unicórnios coloridos! – Imitei com uma vozinha fina e saltitando.

     – Oi gata. – Disse Kian me beijando

     – Oi gato.

     – Então, – Falou passando seu braço pelo meu ombro – vai ter uma festinha lá em casa amanhã, e vocês estão convidados.

     – Desde quando suas festinhas são festinhas? – Falou Jay entrado na conversa – A menor festa que você deu, nem era festa e era só para os Brothers. E acabou na maior bagunça!

     – Que bagunça, que nada! Estava até que superorganizado! Mas, cês vão ou não?

     – Claro que a gente vai! Eu não perco uma festa por nada! – Falei – Né Jay? – Ele assentiu

     – Tchau Jay. Tchau Ana – Disse me dando um selinho – a gente se vê na aula. – Falou e saiu.

     – Vocês tão ficando?

     – Não que eu saiba, por quê? – Pergunto pegando as coisas no meu armário e fechando-o

     – Ana, cuidado! Eu conheço o Kian, ele não é flor que se cheire!

     – Eu também não. Além do mais, vocês são muito parecidos. – Falei caminhando pelo corredor em direção à sala do prof. Vincent.

     – Ele gosta de iludir! – Jay gritou no meu ouvido.

     – É mais fácil eu iludir ele, do que ela a mim. – Triiiiii. Salva pelo... não eu não fui salva pelo gongo, o Jay também tem aula de matemática

     Se o Jay acha que o Kian vai me iludir, ele está muito enganado. Decido fazer ao contrário, eu vou iludir ele. E ele vai estar na palma da minha mão. Pode soar manipulador, mas ele faria o mesmo comigo. Antes de pôr meu plano e pratica, paro na entrada da sala e sussurro no ouvido do E.T. que esta do meu lado.

     – Jay, se eu descobrir que você virou gay e não me contou, eu vou acabar com a sua vida social.

     – Não se preocupe, – Sussurra de volta – eu não sou.

     Invés de passar pelo caminho de sempre para o meu lugar costumeiro, eu fui pelo caminho mais favorável para a Operação Iludir o Iludidor. Da onde saio esse nome?

     – Ana. – Kian falou quando eu passei pela sua carteira – Senta aqui.

     – Desculpe Kian, mas eu seno no fundo perto da janela e você, no fundo perto da porta. Somos de mundos totalmente diferentes, não vai dar não.

     Me virei e fui andando em direção ao meu lugar. Eu posso aparentemente não estar rindo, mas, sim eu estou rindo. Consigo segurar o riso por uns três segundos antes de começar a rir no meu lugar.

     – Por que você está rindo? – Perguntou Megan quando percebeu meu ataque de risos.

     – Depois eu conto – falei e me virei para frente. Olhei para onde o Kian estava e vi sua cara de completo desentendido.

     Eu tenho em período livre nessa manhã, e parece que todo tem, já que o corredor está lotado de pessoas andando para lá e para cá, mexendo nos armários ou nos celulares. E já passou os cinco minutos entre uma aula e outra!

     – Ana, você não sabe da maior! – Megan gritou no meu ouvido. Porque a pessoa tem mania de gritar no meu ouvido? Eu não sou surda! – O Kian vai dar a primeira festa do ano!

     – Legal! – Respondo com um falso entusiasmo. Eu não quero que ela pense que eu sou privilegiada ou coisa do tipo, e nem quero que ela pense que ela é sempre a última. Tadinha. – Quem te falou?

     – Eu recebi uma mensagem, você não? – Balancei a cabeça negativamente – Tadinha, eu não sabia que você não foi convidada!

     – Que isso Megan? Eu não preciso de convite para ir a uma festa! Vou de penetra mesmo – Sinto meu celular vibrando no bolso, e vejo a mensagem de quem? Do Filippe?

     Gostaria de informar, que você está sendo intimado, pelo Senhor das Festas, a ir à casa da diversão.

     Eu sinto em informar que eu já fui convidada – Respondi.

     – Com quem está falando?

      – Com ninguém, Megan. Ninguém.

     Sinto meu celular vibrando no bolso, como a pessoa que eu sou, penso que o Galinha do Filippe que está mandando outra mensagem. Eu quase desligo, mas vejo que é o Jay e atendo.

     – Oi. Fala.

     – Tão nos chamando na diretoria. Vem logo, tem uma velha me assustando aqui.

     – Medroso. Já estou indo. – Desliguei – Megan, eu preciso ir ao prédio administrativo. A gente se vê mais tarde.

     Comecei a andar pelo corredor, até chegar no prédio que continha a direção. Cheguei lá e realmente tinha uma velha horrorosa, parecendo uma bruxa. E o medroso estava roendo as unhas e tanto medo. Me sentei do seu lado e fiquei me segurando para não rir da cena que acontecia do meu lado.

     – A gente já vai entrar? – Perguntei.

     – Já, só temos que esperar algum sair da sala.

     – A sala está vazia. Só tem meu tio lá. – Falei olhando para a porta da direção – quer saber, vamos lá.

     Entramos na sala e só estava meu tio dormindo na cadeira. Cheguei perto dele e dei um grito no seu ouvido. Ele acordou e deu um pulo vendo o que tinha acontecido. Eu comecei a soltar uma das minhas gargalhadas mega estranhas, enquanto Jay tentava não rir.

     – Que susto garota! Detenção.

     – Você não pode me dar detenção. Ou eu conto para Darla que você trai ela.

     – Eu não traio ela Ana! Da onde você tirou isso?

     – Não importa, mas se eu contar para ela, ela vai acreditar. – Falei me sentando na cadeira em frente à mesa – Agora vamos direto ao assunto. Porque fomos chamados aqui?

     – O CTA me enformou que será realizado um teste, logo que vocês chegarem. Os mais bem-sucedidos iram ingressar no programa, e o resto voltara para o programa de base.

     – E o que é esse teste – Perguntou Jay entrando na conversa.

     – Não sabemos. – Respondeu o Diretor/ tio/ irmão da minha mãe. – Somente temos essa informação. O resto será apresentado na palestra, hoje no as 15:00. E vocês saberão, oficialmente, quem irá participar do programa, já que você deve ter hackeado o sistema, né Andrômeda?

     – Dessa vez eu não hackei o sistema não tio, eu só sei que a Cassie e o Jacob vão, ninguém mais. Acabo? – Ele assentiu– Podemos ir?

     – Vão. E não apronte Ana, ou sua mãe ficara sabendo antes mesmo de você chegar em casa!

     Sai de lá sem nem responder à ameaça. Não valeu apena gastar minha saliva com coisas que só prolongaria mais minha estadia ali. O que será esse teste? Se eu não passar minha mãe me mata, já que eu sou sua esperança, corrigindo, eu me mato de constrangimento por ter falhado. Comecei a caminhar de volta para o corredor principal, quando percebo que estou sozinha. O que será que o Jay foi fazer de tão importante para sair sem avisar? Tomara que ele não esteja com a Cassie. Não ela está vindo na minha direção e ele não está com ela.

     – Oi Ana! Você está sabendo da festa de amanhã?

     – Estou sim Cass. – Respondi indo em direção à máquina de lanches.

     – Então amiga, eu seu que você não curte shopping.

     – Fala – Bato na máquina que não queria me dar meu chocolate

     – Vamos hoje á tarde? Eu preciso comprar uma roupa para a festa. E você precisa cortar esse cabelo que já está com pontas duplas. – Apontou para o meu cabelo.

     – Eu vou só te acompanhar. Ok? – Falei me virando para ela com o chocolate na mão – Posso até te ajudar a escolher uma roupa, mas eu não vou cortar o meu cabelo!

     – Por favor! Eu pago! – Implorou

     –Tá. Mas eu dito as regras do meu cabelo.

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Eu sei que estou muito atrasada para postas, estava postando uma vez por semana, mas eu fiquei um tempo sem internet. Eu espero que estejem gostando da historia, e que eu não esteja decepsionando vocês!

Votem e comentem! 

Beijos de Mim!!!

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