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│7│draco


Havia uma manchinha escura no gesso do teto. Ela era o meu maior ponto de enfoque, até que começou a se mover.

Uma manchinha com oito patinhas que mesmo assim levou horas para atravessar o teto, isso talvez por ela não seguir reto, por hesitar e recuar, mudar a rota ou simplesmente parar com medo do que vai encontrar do outro lado. Era um espaço muito aberto e amplo para uma criatura tão pequena, tão estúpida e que fatidicamente lembrava a mim mesmo.

Eu era aquela aranha perdida, sem saber para onde ir, andando em círculos ou ficando completamente parado.

Tomar um rumo é uma escolha difícil. Ficar imóvel é mais fácil.

É uma pena que Andrômeda não faça o mesmo e pare com seus assassinatos, enquanto o assassino se mover eu também terei que fazê-lo, mesmo que a minha vontade seja ficar nessa cama para todo o sempre.

Olho para o relógio digital no criado mudo, sem programação para despertar. Há uma certa liberdade e satisfação em não precisar de um despertador para comandar sua vida, mas é só por hoje, fiquei com o turno da noite como um presente depois de ter resolvido o caso de Nancy Brown, há uma semana.

Agora eu vinha me concentrando mais na minha vida, em levar e buscar meus filhos da creche, ajudar com o dever de casa que era colorir vários desenhos impressos quase todos os dias, ir a yoga com Harry e reclamar toda vez que a minha coluna estalava tão alto que todos olhavam assustados, fazer compras no supermercado com Blake no carrinho e ouvir algumas mães solteiras suspirando encantadas. Tudo isso vinha sendo divertido, era como se eu estivesse tendo uma vida normal, coisa que eu negligenciava a maior parte do tempo pelo meu trabalho, mas a vida com ele em segundo plano era muito mais fácil.

Nicholas Grimshaw, o meu superior, odiava que eu não estivesse vivendo e respirando o FBI, porque isso significava menos resultados e eu era o melhor.

Aaron não estava enganado quando disse que eu gostava de ser o centro das atenções e ter meu ego massageado constantemente, de forma alguma, o meu narcisismo compõe uma grande parte de mim. Ser recebido com aplausos e ser ovacionado é uma das minhas coisas preferidas de todo o mundo, mas depois de tantos anos, depois de ter perdido as coisas mais importantes do mundo, como o nascimento dos meus três filhos, bem, eu precisava dar um basta nisso.

Hoje será meu último dia como detetive.

Afastei as cobertas, já familiarizado com a ausência de Harry no seu lado da cama, um soluço choroso do outro quarto o levou horas atrás. Puxei a barra da bermuda arrastando os pés até o banheiro, lavando o rosto e escovando os dentes com lerdeza, pelo espelho do armarinho percebi que minha barba precisava ser feita com urgência.

Cantarolando uma música do Bee Gees peguei o creme de barbear, espalhando pelo rosto, segurei o gilete e me concentrei em tentar sair daquilo com o mínimo de cortes, porém antes de tocar minha pele com a lâmina meus olhos se afixaram na imagem refletida da banheira.

Minha mente voou longe, para nossas primeiras semanas nessa casa, onde tudo era desconhecido e Evangeline ainda era um bebê que não suportava ficar no seu quarto. Ela adormecia nos meus braços e bastava colocá-la no berço pra despertar imediatamente, ela parou de dormir porque sabia que não podia confiar em nós e depois ficava tão cansada e aborrecida que chorava por horas.

Mas ela só tinha oito meses e tínhamos que dar um jeito nisso, como pais de primeira viagem optamos pelo jeito mais fácil. Se ela não gostava do quarto, não ficaria nele. Harry e ela passaram a dormir juntos e eu quase nunca estava, então não era como se ela tivesse roubado o meu lugar. As raras vezes que nos víamos era no café da manhã, quando eles estavam começando seu dia e eu encerrando o meu. Em algumas ocasiões acordava com Eve esfregando a bochecha no meu peito e Harry com o rosto no meu pescoço, em outras era com ele, exausto, dizendo que odiava sua vida e que precisava que eu o ajudasse, enquanto empurrava o bebê aos berros em minha direção.

E por não saber como cuidar de um bebê, acabávamos os três chorando.

Houveram muitos momentos marcantes, eu perdi quase todos. Porém, teve um em especial que eu consegui presenciar, foi por acaso. Era um sábado a tarde, precisei sair mais cedo do trabalho por conta de um resfriado e tive que deixar um caso grande da narcóticos nas mãos de Luke que o pegou praticamente concluído e ainda ficou com todos os créditos, ou seja, meu humor estava infernal, no momento em que estacionei na garagem segui rezando pra que Harry e a bebê estivessem na sua mãe, eu não queria ver ninguém, mas quando pisei em casa fui recebido com o rádio no último volume no andar de cima.

Definitivamente não estava no clima pra Madonna.

Larguei minhas coisas e subi afrouxando a camisa pra pedir que ele abaixasse o som, ou quem sabe fosse dar um voltinha pra que eu pudesse dormir pelos próximos duzentos anos. Não os encontrei no quarto, então empurrei a porta do banheiro, os dois estavam nesta mesma banheira. Patinhos de borracha e dúzias de Polly Pocket's boiavam sobre a espuma perfumada, os grandes cachos de Eve estavam molhados e tão escorridos quanto os de Harry, também úmidos. Eles tinham os mesmos olhos verdes, as mesmas covinhas, a boquinha rosada e a risada engasgada. Ele a segurava pela cintura corpulenta e Eve saltitava, esmagando seu abdômen com os pés de bisnaguinhas.

Acabei esquecendo o que ia fazer quando vi Harry cantando pra ela com sua voz divina, fazendo caras e bocas pra arrancar risadas e a pequena se inclinando para tocar suas bochechas.

— Papa don't preach, i'm in trouble deep — A fez dançar no ritmo da música, feito uma boneca — Papa don't preach, i've been losing sleep...

Eve gritou animada, batendo palmas.

— But I made up my mind, I'm keeping my baby, hm — Ele a trouxe para o peito, beijando seu rosto, ela se encolheu contra ele em uma pequena bolinha — I'm gonna keep my baby, hm...

Evangeline ainda não tinha dito uma única palavra que fizesse sentido, independente dos esforços do meu marido pra conseguir arrancar alguma coisa dela, mas então, sem mais nem menos, ela olhou pra mim, com suas pequenas esmeraldas sonolentas e balançou o punho pra mim.

— Papa. — Disse.

Harry engoliu toda a euforia e olhou pra mim, com os olhos cheios de água e como se soubesse o que devia fazer, nossa filha também o olhou e disse, desta vez pra ele.

— Papa. — Cutucou o terço em seu pescoço, antes de voltar a se encolher.

— Oh, meu deus, vo-você viu? — Gaguejou sem conter as lágrimas.

Fui até eles, me agachando ao lado da banheira e o beijei pra que ele parasse de respirar por um momento e principalmente porque eu o amava. Harry fungou baixinho e apoiou a cabeça no meu ombro, alisando as costas nuas de Eve que agia como se não tivesse causado uma explosão de fogos de artifícios nos sentimentos de seus pobres pais.

— A nossa bebezinha está falando. — Sussurrou pra mim — E você está aqui! Você está aqui com a gente.

— Uhum, e eu sempre vou estar. — Prometi.

Prometi e não cumpri.

Uma dorzinha aguda rompeu meu devaneio, aproximei a gilete em algum momento do rosto e cortei a bochecha, baixei os olhos para as duas gotas de sangue que pingaram na pia branca. Dei de ombros, voltando a olhar para o espelho, mas desta vez não haviam memórias doces ou a banheira as minhas costas, era a imagem mórbida de Evangeline, a pele e as roupas sujas, como se ela tivesse cavado a terra ou estivesse debaixo dela.

— Papa. — Me chamou, a voz arranhada.

Soltei a lâmina, fechei os olhos e dei um passo para trás em pânico, chocando meu corpo com algo firme que me abraçou por trás, beijando meu pescoço.

— Bom dia, sun. — O tom rouco sussurrou.

Dedilhei seus braços e corri os dedos pelas suas mãos, tentando ter a certeza de que era real, que se tratava de Harry. Era ele. Quando não o respondi, ele me soltou, virando meu corpo e me colocando contra a pedra da pia.

— Tudo bem? — Sondou com cuidado, tocando meu queixo.

Assenti de olhos fechados.

— Quer que eu faça? — Concordei novamente, ouvindo quando recuperou a gilete, deslizando com cuidado desde a costeleta até a linha da mandíbula, enxaguando a lâmina e continuando a eliminar qualquer penugem do meu rosto. Logo senti a toalha felpuda passando com leveza, me secando, Harry ainda se ocupou em pentear meus cabelos e tirar alguns pelinhos da minha sobrancelha sem me avisar, rindo com meus grunhidos doloridos.

— Acho que você exagerou no tratamento de beleza. — Resmunguei, girando no meu eixo para abrir os olhos e encarar meu reflexo, agora livre de barba e parecendo mais jovem e menos sério, a minha franja até que ficava bonitinha arrumada.

— Deus foi quem exagerou no tratamento de beleza quando te fez, como alguém pode ser tão lindo? — Perguntou as minhas costas, apoiando a queixo no meu ombro.

Sorri um pouco corado.

Harry piscou os cílios de princesa com doçura tomando uma pequena distância e me puxando pela cintura, me levando a andar de costas.

— Eu vou cair!

— Vai não! — Retrucou e foi quando eu caí, não no chão, como eu esperava, mas no colchão, de costas e com as pernas no chão. Voltei a enxergar a manchinha, mas ela não parecia mais tão atraente ao que Harry também se deitou ao meu lado, uma mão afastando seus cabelos longos do rosto e a outra se esfregando no meu abdômen, sua pele feito porcelana se arrastando pela minha que ardia como brasa diante do seu toque delicado e repleto de malícia.

Passei o braço por debaixo do seu corpo, até poder agarrar sua bunda sobre o jeans agarrados. Ele suspirou baixinho, aproximando nossos rostos, sem me beijar, sua mão cansou de deslizar pelo meu peito e correu até o cós da bermuda, a palma quente de Harry envolveu meu membro ao mesmo tempo que se inclinou para chupar um dos meus mamilos, a língua provocando o bico intumescido e o indicador e polegar pressionando a glande.

Não era por isso que eu esperava e meu corpo todo entrou em combustão. Com tão pouco estimulo já estava sentindo minha pernas estremecerem e a manchinha no teto se transformar em pontos coloridos. Respirei fundo, concentrado em relaxar. Os dedos esguios e habilidosos não demoraram para formar um anel apertado ao redor do meu pênis, esfregando-o de cima a baixo e meus quadris passaram a se mover frenético no ritmo que ele ditava, já podia me sentir esporrando em sua mão.

Seus lábios cheios se fecharam em um biquinho perfeito para sugar meu mamilos, a língua molhada refrescando o ardor de suas sucções e tudo o que se ouvia, além dos carros ao longe, eram os meus gemidos nada contidos, já que devido a hora nós estávamos sozinhos em casa e não tinha porque fingir que eu não estava na borda do meu orgasmo.

Precisando urgentemente me agarrar em alguma coisa, fechei os dedos com mais força em suas nádegas, Harry ofegou arranhando meu mamilo com os dentes, resolvi provocar um pouco mais, escorregando os dedos pela costura de seu jeans, esfregando e consequentemente estimulando sua entrada.

Depois de algum tempo éramos nós dois quem gemíamos, empinando nossos quadris, Harry chegou a conclusão de que não queria usar mais as mãos, então passou as coxas por cada lado meu e se sentou em cima do meu pau, nossos membros alinhados e duros se roçando quando ele começou a se esfregar em mim, empurrando as ancas para frente e para trás, saltando e rebolando como se estivesse cavalgando no meu pau.

Suas mãos caminharam pelo meu tórax, torcendo meus mamilos sensíveis e me fazendo agarrar sua cintura, puxando a barra da camisa para tocar diretamente sua pele aveludada.

Uma cascata de cachos tomou meus olhos ao que ele me beijou, seus lábios famintos sugando os meus, tomando-os para si, sua língua perseguindo a minha e se esfregando nela de uma forma tão libidinosa como nossos corpos faziam. Ele se dividia em lamber minha boca e gemer contra a mesma conforme nossos movimentos perdiam totalmente o controle e não havia nada além de desejo e ânsia por alcançar o êxtase absoluto. Fechei a mão por seus cabelos, puxando com tanta força que o fiz gritar e mordi sua garganta para não gritar tão alto quanto ele quando meu orgasmo veio, ensopando minha cueca, a umidade extra sobre meus shorts indicava que o mesmo havia acontecido com ele.

Mesmo moribundo, encontrou forças para rebolar uma última vez antes que eu apertasse sua coxa em uma repreensão.

Ele virou o rosto para mim, com as sobrancelhas retas arqueadas.

— Bom dia, moon. — Respondi, finalmente, beijando seu biquinho.

Xx

A primeira parada do dia da família Tomlinson parece parte de um comercial de margarina, almoçando em uma lanchonete no SoHo com uma baladinha da Alanis Morissette tocando na rádio, pessoas balançando os ombros ao ritmo da canção enquanto fazem as palavras cruzadas do The New York Times e bebem mojito ao meio-dia.

Está passaria como uma cena adorável a quem estivesse de fora, a meiguice em Harry, Spencer e Blake estarem usando a mesma t-shirt listrada, ou em como meu marido lia a revista de guia astral com um óculos escuros para prender os cabelos e outro enganchado na gola da camisa, a boca aberta, esquecendo-se completamente da lasanha de berinjela que fez questão de não dividir comigo e agora só tinha tido um pedacinho seu comido. Spencer e Blake eram um caso a parte que chegaram em seu carrinho de bebê duplo, mas fizeram um escândalo quando viram uma garotinha sentada na cadeirinha, como dois invejosos, abriram o berreiro querendo o mesmo, assim que a bunda gorda de Spencer tocou a superfície lisa do banco ele quis voltar pro carrinho e voltou a chorar e fazer aqueles típicos escândalos que levam todos no recinto a te olharem como se você estivesse esfolando a criança quando é ela quem te tortura.

Spencer não parava de chorar, Blake vomitou na mesa, os carrinhos atrapalhavam a passagem dos clientes, meu chá estava frio e fraco e havia um fio de cabelo no meu hambúrguer.

Depois de meia hora daquilo eu não aguentei.

Trocamos de mesa - uma mais ao fundo, com espaço para o carrinho e sem vômito - meu pedido foi trocado também, desta vez algo decente e limpo e Spencer tinha motivos reais pra chorar com o desenho perfeito dos meus cinco dedos na sua bunda. Mas ele era esperto e calou a boca.

Com a nuvem negra e carregada pairando sobre a minha cabeça, todos os três estavam quietos, eu bebericava meu chá delicioso, fingindo que via alguma graça em a Caixa de Pássaros, só pra não conversar mesmo. O orgasmo matutino havia sido divino, mas a visão no espelho incomodava, bastante.

Preciso rezar mais vezes antes de dormir. Isso deve solucionar o problema, por enquanto.

— Hm, amor. — A mão de Harry belisca a pele abaixo do meu relógio, ergo os olhos para ele, ajeitando meu óculos de leitura — Você fica tão lindo de óculos.

— Sei. — Estalo a língua no céu da boca — O que você quer?

Seu sorrisinho vacila e ele entorta a boca, no modo mentira.

— Isso chegou hoje. — De repente está empurrando vários envelopes sobre a mesa. Não preciso dos meus óculos para ver que todos se tratam de cartas de cobrança, as mesmas que eu pergunto quase todos os dias se já chegaram e ele mente que não, afim de adiar a discussão que tanto detesta.

— Isso é duas vezes mais do que eu ganho. — Digo, passando os olhos pelo valor total da fatura, absurdo seria um eufemismo para aquela quantia. Harry era o tipo de pessoa descontrolada quando possui dinheiro, cartão, cheque ou o que for que possa ser utilizado para comprar algo. Mais uma vez percebo que foi um erro lhe dar um voto de confiança e deixar que ele ficasse com o meu cartão de crédito – o seu jaz nas lixeiras do FBI depois que eu fui obrigado a dar um fim nele, pra tentar conter seus gastos – , teve uma vez que ele saiu para comprar alguns travesseiros e voltou com os papéis de compra de uma chácara no Arizona. Então, nada de cartões pra Harry, mas eu sou um banana com ele.

— Mas, querido, só foram compras realmente necessárias. — Tenta se explicar, apertando os dedos de nervoso.

Os meninos estão distraídos se afogando nos copos de sundae.

— Compras necessárias, tipo, três perfumes Tom Ford de uma só vez? — Checo os itens de compra na fatura.

— Estavam na promoção.

— Se esse é o preço da promoção não quero nem saber o valor original. Por que mais almofadas?

— Para um lar mais confortável? — Sua resposta saiu como uma pergunta.

— Não acha que trinta almofadas sejam o suficiente, querido?

Ele dá de ombros, folheando sua revistinha.

— Seu horóscopo diz que você deve tomar cuidado com atos heroicos.

— Atos heroicos do tipo pedir mais um empréstimo ao banco sabendo que mês que vem você vai gastar ainda mais? — Devolvo afiado, chamando a garçonete e pedindo um uísque escocês.

— Louis, ainda é meio dia.

Descarto seu comentário com um gesto e viro minha bebida de uma vez quando a moça a traz, não é o suficiente para me deixar tonto, tampouco bêbado, mas é o que me dá forças para não bufar feito um cavalo a cada gasto estúpido que eu leio.

— Roupas e acessórios da Gucci, Burberry, Prada, Louis Vuitton, Adidas e todas as marcas idiotas do mundo, mais óculos que você vai usar de arquinho, mais roupas de grifes para crianças que vivem rolando no chão, a nova base da Kylie Jenner, uma televisão pro banheiro, casinhas para os animais de estimação que dormem no mesmo quarto que a gente e... Lingerie? — Engasgo com a última parte, tossindo alto e chamando atenção.

— Pelo amor de Deus, fala baixo. — Harry me pede, se inclinando sobre a mesa.

Me acalmo, respirando fundo, antes de dizer:

— Lingeries da Victoria's Secret? — Pergunto baixo.

— Eu não vou vestir qualquer coisa.

— Tá, mas desde quando você gosta ou usa lingerie, e por que eu nunca vi?

— Bem, eu pensei em te fazer uma surpresa. Já que eu acabei extrapolando, pra variar, esse mês. — Disse, culpado, girando os anéis. Dois ou três ali sendo novidade — Sabe, eu provei hoje enquanto você dormia...

— E? — Não consegui disfarçar minha excitação. Ele riu convencido, pressionado os dentes no lábio inferior e aproximando a boca do meu ouvido.

— Eu fiquei tão gostosa. — Soprou.

Gostosa? No feminino?

Era a segunda vez que ele fazia isso.

— Por que está falando no fem–

— Olha só pra isso, Jason, diga se não é a coisa mais linda do mundo? — Uma mulher alta de cabelos platinados praticamente se jogou em cima de mim para ver as crianças — Eles são iguais, será que são gêmeos? — Será? — Quais são os nomes dessas gracinhas?

— Spencer e Blake. — Harry respondeu com seu sorriso e tom de voz que exalavam; é, eu que fiz e eles são lindos mesmo.

Olhei para os garotos e eles não estavam no seu melhor, até o nariz sujo de chocolate e descabelados, provavelmente tinham brigado durante a nossa conversa e Spencer estava com aqueles olhos inchados e Blake meio verde. Essas crianças já viram dias melhores, ainda assim essa era a quinta pessoa que os elogiava.

Os pestinhas tinham sex appel, só pode.

A mulher os elogiou mais alguns minutos, antes de se despedir alegremente e arrastando o marido sem graça.

Quando voltei a prestar atenção em nossa mesa, Blake, Spencer e Harry estavam usando boinas.

— Sério?

— Eu comprei uma pra você também. — Balançou outra boina em minha direção.

A peguei e coloquei na cabeça, rindo quando uma senhora no balcão gritou que éramos uma família fofa.

Harry me olhou todo apaixonadinho.

— Eu ainda vou querer meu cartão de volta e vamos conversar mais tarde sobre essa sua surpresa.

Xx

— Você não deve se sentir culpado. — Tahani, a professora de yoga, me dizia pela milésima vez, pressionando o centro da minha coluna com suas mãos leves.

— Eu não me culpo. Isso é culpa do meu sedentarismo, ele está se rebelando por não querer que eu leve uma vida saudável. — Falo com a bochecha afundando no travesseiro macio.

A minha tarde tinha tomado um rumo inesperado quando Cams, uma garota de quinze anos do nosso bairro tocou a campainha panfletando seu novo ofício de babá porque queria dinheiro pra ir no show do The Neighbourhood e era estranho como nunca tínhamos pensado em ter uma babá antes. Isso abria um leque de possibilidades, então aceitamos na hora, ela estava disponível e os meninos se agarraram a ela por a conhecerem desde que nasceram.

Assim, Harry e eu estávamos a toa. O chamei pra transar, mas ele dispensou.

E de alguma forma misteriosa acabamos na academia, onde eu já vinha morrendo bem antes e pra piorar fomos pra yoga, tudo ia bem até Tahani pedir que fizéssemos uma posição estranha, onde devíamos nos equilibrar em uma perna e manter a outra perna e braços esticados e é claro que eu não consegui e cai como um fruto podre no chão, batendo as costas com tanta força que levou um tempo até conseguirem me levantar sem que eu reclamasse de dor.

Uma das alunas antigas assumiu a aula e a professora tentava aliviar a dor na minha coluna o que estava funcionando.

— Melhor? — Pergunta massageando meus ombros e esse é o ápice pra mim.

— Você pode me esfaquear agora mesmo que eu não vou reclamar.

— Não, vamos apenas mandar essa tensão embora. E como vai o trabalho? O mercado de imóveis está em alta nessa época do ano.

Não é recomendável sair por aí dizendo ser um agente federal. Corretor de imóveis era a minha profissão disfarce, mesmo que eu não soubesse de nada. Foi palpite do Harry e eu aceitei.

— Sim, tem sido uma loucura, mas consegui arranjar algum tempo pra começar algo novo.

— Isso é ótimo, precisava priorizar sempre a sua saúde e bem estar.

— Hm. — Gemi um pouco sonolento, fechando os olhos e começando a cochilar.

— Senhor Tomlinson? — Ronquei — Louis! — Disse mais alto.

Levantei de imediato, atento.

Tahani me olhou confusa e logo gargalhando por achar que me assustou.

Se ela soubesse que a minha reação estava atrelada ao fato de ser treinado para reagir a qualquer ação inesperada e que minha mão já tocava o canivete debaixo da manga do meu suéter saberia que não tinha nada a ver com um simples susto.

— Meu deus, que susto! — Disfarcei, levando a mão ao peito e suspirando de alívio, rindo com ela — Oh, minhas costas estão ótimas! Você tem mãos de anjo.

— Então podemos voltar pra aula?

— Com certeza. — A ajudei a se levantar, seguimos até a sala. Tahani retomando de onde a aluna havia parado e estranhei quando voltei para o meu lugar, não encontrando o tapete de Harry ao lado do meu, fiquei nas pontas dos pés para procurá-lo entre aquela gente enorme e o avistei no canto, próximo a janela, sorri com o que vi.

Harry estava deitado em seu tapete rosa, se espremendo para caber inteiro, vestindo camisa e calças cinzas, o coque uma completa bagunça e até roncando baixo. Ao que parece alguém não tem problemas pra dormir, literalmente, em qualquer lugar.

Arrastei meu tapete pra colar no seu e também deitei, repousando a testa no seu peito.

— Vão pensar que não temos casa. — Balbuciei contra sua camisa.

— Me deixa dormir.

E dormimos.

E continuaríamos até deus sabe quando, se Tahani não nos acordasse. Dirigi feito um robô de volta pra casa, cutucando meu marido de cinco em cinco minutos com inveja dele poder dormir e babar no banco do carro e eu tinha de dirigir.

Cams havia dado banho, o jantar e feito os gêmeos dormirem e estava assistindo a série dos lobinhos com o queixo torto quando chegamos, ela foi embora louca para voltar no dia seguinte. Harry e eu aproveitamos para tomar um longo banho de banheira, com direito a quase nos afogarmos por dormir lá também. Foi durante as risadas pela nossa quase morte que nos olhamos por tempo demais e acabamos nos beijando, beijo este que durou até sairmos do banho e irmos para o quarto, onde ele me empurrou na cama e sentou no meu colo, deslizando sua boca na minha e pressionando nossos membros juntos.

As coisas poderiam ter um rumo bem diferente se eu não bocejasse em meio ao ósculo, rolamos para debaixo das cobertas e nos apertamos um contra o outro logo adormecendo. Quando o despertador tocou o pôr do sol estava começando, Harry reclamou pelo barulho e por meu corpo estar se afastando do seu, ele foi se arrastando atrás de mim até que não restasse mais cama e eu precisasse agarrar sua cintura para impedir que ele caísse.

Esfregou os olhos vermelhinhos de sono, a cara amassada e os cabelos esparramados pelo meu travesseiro. Que visão!

— Precisa mesmo ir?

— Preciso, Sr. Miau. — Revirou os olhos para mais uma apelidinho besta de minha autoria — Hm, quer que eu te conte algo que você ainda não sabe?

— Claro.

Beijei sua pintinha, sorrindo pela risada gostosa bem no meu ouvido.

— Eu vou pedir pro Nick me transferir. — A risada parou — Não quero mais ser um detetive, não quero mais ter que lidar com homicídios ou brincar de gato e rato com assassinos.

— Mas e o caso? E Andrômeda?

Olhei diretamente em seus olhos.

— Vai ser problema de outro. — Digo apertando os olhos conforme meu sorriso vai se ampliando, descubro seu ventre para deixar um beijo sobre a pele quente — Minhas únicas preocupações serão dar todo amor do mundo as minhas quatro pessoas favoritas.

O cacheado deu um nova risadinha por sentir cócegas.

— E você acha que eles vão concordar assim, fácil?

Eis a questão.

E foi justamente isso que Liam me perguntou quando falei com ele durante o jantar, no restaurante do FBI.

— Eu não sei, mas não podem me obrigar a continuar, não é? Eu não assinei nenhum tipo de contrato e se o tiver feito já deve estar vencido há muito tempo. — Respondo, entortando o nariz para as anchovas no meu prato. Eu não pedi isso.

— Não sei, cara. É uma decisão difícil. Ser um agente especial é o sonho de quase todos os tiras do mundo, ou pelo menos da América, abrir mão disso não é a coisa mais sensata a se fazer.

— Engraçado que na época em que eu saí do hospital e quis voltar você só faltou me mandar pra outro país por não me querer trabalhando novamente e agora me vem com uma dessas. — Desisti do meu almoço para mirar seu rosto pensativo, um vinco profundo entre suas sobrancelhas castanhas.

— Eram circunstâncias muito diferentes. — Murmurou, coçando a mancha de nascença no pescoço.

— Na verdade, Payno, é quase a mesma coisa. Naquela época eu estava arrasado e até hoje não mudou muita coisa. Eu tenho problemas demais com a minha família, fantasmas me assombrando... — Literalmente — , tem horas que parece que o meu cérebro vai explodir e ver cadáveres de pessoas inocentes que eu não pude salvar, ser frequentemente exposto a maldade humana, isso me enlouquece a cada dia. Eu sinto que se eu não parar agora vou acabar como esses monstros que eu caço. — Confesso, extravasando um temor que eu nem sabia ter. Liam me olha sério, parecendo entender ao que me refiro.

— Está decidido?

— Yeah.

— Vai falar com o Grimshaw?

— Yeah.

— Ele vai pirar.

— Oh yeah.

Escondemos as risadas por trás das mãos, porque aqui é o FBI e é proibido ter senso de humor por estas bandas.

— Como vai conseguir viver sem ser chamado de "detetive Tomlinson"?

Aperto o indicador no queixo, suspirando.

— Eu posso tentar conseguir um "delegado Tomlinson".

— Soa bem.

— Yeah.

Já passa das uma quando Grimshaw encontra um horário na sua agenda para me atender. Sua secretária, que é a mesma de todos os agentes, Sarah Jones grita na minha janela que a rainha está pronta para mim.

Adentro seu escritório em um silêncio mórbido, porque eu não gosto desse cara e não gosto de pedir nada pra ninguém e mesmo assim ele insiste em bancar o amigo dos funcionários, enquanto nos obriga a pedir permissão pra ir ao banheiro.

Dar adeus a Nicholas é um sonho deveras agradável.

— Então, detetive, no que eu posso ajudar? — Ele faz questão de enfiar o eu ali só pra ressaltar que o poder está em suas mãos.

Cuzão.

Sorrio adorável para não revelar meus verdadeiros sentimentos.

— Bem, senhor, acho justo ir direto ao ponto. Não é de hoje que eu venho pensando a respeito e há uma semana cheguei a conclusão de que está é a melhor decisão a ser tomada. — Me encara confuso — Gostaria de pedir a minha transferência de função.

Seus olhos se esbugalhando na hora.

— Você o quê? Enlouqueceu?

— Hm, não. Como eu disse antes, pensei muito sobre.

— Tomlinson, você não pode estar sendo racional, alguém em sua posição e com tão pouca idade não pode simplesmente abdicar. — Range os dentes em nervoso, revirando seu topete alto.

— Sim, eu posso e é o que estou fazendo. — Garanto — Pode me enviar para algum escritório para lidar com a parte burocrática, talvez crimes cibernéticos ou para ser delegado em alguma delegacia local. Eu já fui um policial civil e sei–

— Não, Louis, isso é absurdo. Além da total desestabilidade financeira que você vai embarcar, o Harry sabe disso? Provavelmente não, porque ele não permitiria uma estupidez como está.

Eu não gostava da forma que ele falava, como se eu fosse uma criança e Harry o adulto racional da história.

— Naturalmente, ele é o meu marido.— Disse seco.

— Então os dois são loucos agora?

— Vai saber.

— Vamos fazer o seguinte, você tira o mês de férias, viaja, respira novos ares e depois conversamos quando estiver com a cabeça mais fresca, pode ser?

— Nicholas, você me conhece.

O moreno crispa os lábios, batendo com a mão aberta em sua mesa.

— Você é o nosso agente mais antigo, esse pessoal te tem como um herói.

— Luke está de volta, ele pode ser o herói agora.

— Sabe que isso não aconteceria nem em um milhão de anos.

— Dê um voto de confiança pra ele. — Desde quando eu defendo Luke Hemmings?

— Eu dei e você viu o que aconteceu.

Aponta para o seu mural dos casos mais longos e inconclusos em sua parede. Acima do caso Andrômeda está o de Evangeline Tomlinson.

Balanço a cabeça.

— Certo, mas eu te peço um pouco mais de reflexão, pense, ao menos mais um dia e então volte aqui amanhã com sua decisão e eu prometo respeita-la. Você pode até escolher para onde ir.

Me parece uma proposta aceitável.

— Okay, irei fazer isso, mas é melhor que honre a sua palavra.

— Eu vou. — Fechamos o acordo com um aperto de mãos e a certeza de que amanhã enfim alcançarei a minha liberdade proporciona uma sensação de euforia no estômago.

Xx

— Meu irmão se forma esse ano, eu perguntei pra ele qual faculdade queria fazer e o idiota vem todo animadinho dizendo que vai entrar na Academia em Quântico.

— E o que você fez?

— Não, não, Stan, a pergunta certa é: quantos socos você deu nele?

Sarah aponta pra mim, dando uma piscadinha dizendo que eu sou o cara. Depois de tanto tempo acabamos nos conhecendo bem demais.

— Três e depois começamos a pesquisar os cursos de gastronomia. — Respondeu, esticando ainda mais as pernas no meu colo. Virei de uma só vez minha Coca Cola, admirado com o quão deserta aquela agência se encontrava.

Não houve nenhuma ocorrência, ninguém sendo procurado, assassinado ou ameaça de terrorismo. O crime parecia ter dado uma trégua, o que era sinônimo de tédio para profissionais como nós.

Após encerrarmos toda aquela chatice de fazer relatórios sobre nossos casos, tudo ficou meio...parado. Liam estava dormindo na sua sala, Josh e Dan jogavam Sudoku, Nicholas estava só deus sabe onde e tinha um pessoal fumando no estacionamento, restando apenas Sarah, Stan e eu como as únicas vozes pelo lugar.

— Acho que vou fazer uma nova tatuagem. — Comento depois de mais um longo e irritante silêncio que berra que todos ali queriam estar em suas camas.

Stan está prestes a bocejar quando meu celular começa a tocar.

Ao ler o nome de Harry no visor, me afasto, indo até o bebedouro do lado vazio do escritório.

— Ser um homem da lei é chato. — Choramingo assim que atendo.

— Podia ser pior, imagine ter um pequeno alien crescendo dentro de você.

— É tão lindo a forma carinhosa que você se refere ao nosso filho.

— Estou de mal dele, ele me fez vomitar a noite toda. Estou um lixo. — Geme do outro lado da linha, escuto a televisão ao fundo, Bruce Springsteen berrando o refrão de Born in The U.S.A.

— Sinto muito, gatinho, o meu turno acaba em dez minutos, quer que eu leve algo pra te deixar feliz?

— Pizza de chocolate. — Diz sem hesitar.

— Uau, isso foi rápido. Já ia me pedir, não é mesmo?

— Você me conhece tão bem, alma gêmea.

Por que diabos minhas bochechas estão doendo?

Ah, eu estou sorrindo.

— Certo, senhor, sua pizza já está a caminho.

— Vejamos, são quinze minutos se você pegar o atalho, a pizza vai levar em torno de dez, então você deve estar aqui daqui há vinte e cinco minutos.

— Vai cronometrar meu percurso?

— Uhum e se você demorar um pouquinho que seja eu vou chamar a SWAT.

— Que exagero!

— É sério. Toma cuidado, volte lindo e pequenininho pra mim.

Faço cara feia, como se ele pudesse ver.

— Me chama de pequeninho de novo e eu não volto mais.

— Ora, meu pequ-

Desliguei na cara dele.

Em um milésimo de segundos Harry estava mandando mensagens furiosas e eu me limitei a responder com emojis de beijinhos e corações verdes e azuis.

— Louis, você já tá pra sair, né? — Mitch gritou do nada.

— Oi? — Guardo o celular, indo em sua direção. Sarah está guardando suas coisas.

— Não precisa amolar ele, eu pego um táxi.

— De jeito nenhum, não quando há um maníaco a solta. — Ele usa seu tom firme e Jones o encara com aquela expressão que diz: fala direito comigo, mané — Desculpe, mas é perigoso.

— O sequestrador de garotas ainda? — Pergunto, passando a alça da minha pasta pelo ombro e colocando as mãos nos bolsos.

— Sim. — Rowland suspira, apoiando o quadril na mesa — Esse é um daqueles casos em que não temos nada, sem suspeito ou pista. É só alguém sequestrando moças durante a madrugada. Não fazemos a menor ideia do que acontece com elas. Até darmos um jeito nisso não quero você andando sozinha tarde da noite.

— Okay, okay, você tem um ponto. — Suspirou em desistência, batendo no ombro do marido — Não vou te atrapalhar, Lou?

— Não, é caminho. — Mitch agradeceu e quando Sarah se aproximou resolvi admirar meus sapatos enquanto eles se beijavam. Ew.

— Vamos! Eu dirijo. — Sarah me puxou pela gravata.

— De jeito nenhum. Adeus, hipster. — Acenei para Mitch que riu acenando de volta.

Sarah era bastante reclamona o que garantia sempre que ela estaria falando, mesmo que não fosse útil ou tivéssemos interesse em ouvir. Ela o fez pelo caminho todo até a pizzaria 24 horas. Algumas pessoas começavam a sair para trabalhar e nós estávamos dormindo no balcão quando a recepcionista nos entregou a pizza doce de Harry e a nossa de quatro queijos que devoramos no carro a duas quadras do flat de Sarah e Mitch.

— Tem coisa melhor do que queijo? — Ela me perguntou de boca cheia, jogando catchup em tudo.

— Cuidado com o banco, é couro legítimo.

— Ui, que rica!

Bufei, sugando o canudo do refrigerante e coçando os olhos. Sono da porra.

— Você teria coragem de deixar o caso aberto?

— Andrômeda? — Perguntei, sabendo a resposta — Eu não queria, de jeito nenhum, mas eu tenho um mau pressentimento em relação a essa investigação.

— Tipo? — Limpou a boca com um guardanapo, jogando no chão só pra me provocar.

— Como se depois que eu resolvesse não haveria mais nada. Seria o fim de tudo. — Deitei a cabeça no banco, olhando a rua deserta.

Um carro surgindo no meio do nada, com um bando de garotas rindo. Uma de longos cabelos escuros saiu, usando um micro vestido e cambaleando.

— Humpf, besteira! É só mais um caso, resolva e passe para o próximo.

— Não sinto que haverá um próximo depois dele.

Sarah me olhou, tentando extrair o sentido do que eu dizia.

A risada da menina ao longe.

Sarah suspirou.

Desviei o olhar.

A garota gritou.

Olhamos para frente na mesma hora.

Um corpo grande, possivelmente um homem, em um sobretudo esfarrapado e capuz, estava a arrastando pela rua. Sua boca estava tapada e ela se debatia, as pernas finas se remexendo em desespero.

Apertei minha arma e sai com cuidado do carro. Ele deveria estar armado e pronto para matar a vítima.

De repente o homem afastou a tampa de um esgoto e deslizou com uma agilidade assustadora para dentro.

— Louis! — Jones gritou quando corri na direção do bueiro.

Parei em frente ao buraco, sem sinal dos dois. Só podia ser o maníaco que Mitch vinha procurando.

Ouvi alguns grunhidos que deveriam pertencer a moça.

Se eu fosse atrás deles agora poderia alcança-los.

— Sabe como usar a arma, certo? — Entreguei um revólver menor para Sarah, a vendo assentir — Eu vou salvar essa garota e você precisa estar aqui pra ela, okay? Depois disso emita um chamado.

Agachei para entrar no bueiro, Sarah agarrou meu braço.

— Isso é loucura, você precisa de reforços, não pode ir atrás dele assim. Você pode morrer.

Me desvencilhei dela, a olhando uma última vez.

— Eu até posso morrer, mas vou salvar essa garota.

Saltei para dentro, sem saber o que esperar, o que encontraria ou o quanto essa experiência me mudaria.

Eu não imaginei que naquele momento em que mergulhei na escuridão não haveria mais retorno.

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