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│18│mensa


"Eu não posso escapar
do jeito que eu te amo
Eu não quero,

mas eu te amo. "
I love you - Billie Eilish

. . .

— Tem certeza de que está bem? — Niall indaga pela quinta vez desde que deixamos o hospital. Assinto calmamente, descendo do carro.

— Estou ótimo, Horan, pode ir pra casa. — Digo tranquilizador, dando um sorrisinho amarelo na esperança de que ele vá embora.

Niall ainda hesita com as mãos no volante, já começa a amanhecer e eu não estou com energia para ficar fazendo discursos motivacionais a um pirralho impressionável. Ele estava uma pilha de nervos, o que era compreensível, logo cedo se deparou com um homem saltando de um prédio, depois uma mulher enforcada e por fim uma execução que mais parecia uma sessão de tortura e eu entendia perfeitamente o seu lado e estava tentado a lhe dar uma folga, mas pra mim também não havia sido nada fácil. Literalmente levei uma surra épica e depois de pontos e exames precisava ir para a minha cama lamber as feridas e remoer o ódio.

— Sinto muito pelo Nick não acreditar em você. Espero que não fique mal por isso.

Sorri verdadeiramente por sua preocupação.

— Ele nunca foi de acreditar em mim de qualquer forma. — Bato na lataria do carro, incentivando-o a seguir seu caminho — Vá descansar, ainda temos um assassino para pegar.

Horan cedeu e balançou a cabeça por vezes de mais e com um último olhar brilhante e revigorado partiu. Fiquei mais algum tempo observando, até que a viatura sumiu e meu coração se apertou. Não deveria deixar um garoto ingênuo me ter como herói. Eu não sou digno de sua admiração.

Caminho pelo jardim, empurro a porta, encontrando Sonny adormecido no vestíbulo agarrado a um sapato meu. Faço uma nota mental de passear com ele e termos um momento de irmandade, mas há um ruído na cozinha que me chama a atenção. Se movendo graciosamente, fazendo um verdadeiro banquete de café da manhã está Anne, bela e enérgica demais para as quatro da manhã.

— Oh, Louis, você voltou! — Minha sogra soltou, vindo rapidamente em minha direção, segurando meu rosto — Mas o que aconteceu? — Toca a atadura em minha testa.

— Nada, só ossos do ofício. — Estou grato por todos os analgésicos que não me permitem sentir nada — O que faz aqui tão cedo?

Ela se afasta, ajeitando o coque e voltando as suas tarefas.

— O café da manhã, querido.

Eu disse que ela era evasiva.

— Não, eu digo, aqui em casa. Aconteceu alguma coisa? — Varro cada canto da casa pelo meu campo de visão.

— Nada de mais, Harry estava um pouquinho resfriado, então vim ajudar.

Então devo ter passado meu resfriado para ele, mas isso não justifica a presença de Anne aqui. Não que ela precisasse de uma justificativa, para onde quer que eu olhasse ela sempre estava por perto e acreditava que isso também vinha incomodando Harry. Quando ele disse sobre nos mudarmos também citou querer ir para longe da mãe. Ela é sufocante e na maior parte do tempo se coloca como uma muralha entre nós dois.

Será que ela...?

— Quanta gentileza, mas não precisa se incomodar. Podemos dar conta de tudo por aqui.

— Não, não precisa, é pra isso que eu estou aqui. — Ela tornou a assegurar, abrindo as portas dos armários e manuseando tudo como se estivesse em sua casa. Ela não estava, fui eu quem comprou a porra dessa casa.

— Se está tudo bem pra você, eu vou me deitar um pouco. — No instante em que me virei ela disse:

— Se importaria de dormir no quarto de hóspedes?

Girei nos calcanhares, um ponto de interrogação tomando minha expressão confusa.

— Porque eu dormiria no quarto de hóspedes? — Meu tom de voz era baixo e ríspido, não estava mais afim de fingir cortesia.

A pergunta não a agradou, era visível seu desgosto, na maior parte do tempo ela era tão querida e doce que era fácil esquecer o que eu descobri sobre seu gênio ruim e temperamental. Aparentemente nada havia mudado, mas seus olhos esboçavam um claro "como você ousa me questionar". Eu acabei de sobreviver a uma maníaco com uma corrente, uma sogra raivosa não é nada ameaçador.

— Porque eu não quero que você pegue o resfriado do Harry.

— O resfriado é meu. — Retruco sem paciência.

— Mesmo assim...

— Olha, Anne, eu vou correr o risco, obrigado pela preocupação.

— Louis, eu acho que-

— Foda-se! — Explodi alto, encarando seu olhar de horror — Por que toda vez que eu tento chegar perto do meu marido você fica no caminho? Ele é um homem adulto e não uma criança que precisa da mamãe vinte e quatro horas por dia, e se ele precisar de alguém, vai ser de mim. Então porque não volta toda essa atenção para a Gemma que tem problemas realmente sérios e precisa de você.

Anne passa de estupefata para raivosa e desdenha do que digo com uma risada.

— Claro que ele não precisa. — Murmura repleta de ironia, passando por mim para pegar sua bolsa na sala.

Vou atrás dela.

— Você sabe, não é? Claro que sim, por isso fica aqui o tempo todo, vocês os acoberta e garante que eu me mantenha cego.

— Você não precisa da ajuda de ninguém para se manter cego. — Diz secamente, batendo o ombro no meu ao sair.

Engulo em seco e subo as escadas, assim que abro a porta, em meio ao lento retirar da noite está Harry, um pontinho minúsculo entre os cobertores, cabelos soltos caindo por seus ombros e um grosso casaco de lã que cobre por inteiro seu pescoço e uma pequena parte do queixo, os olhos arregalados em minha direção e sei que ele ouviu tudo.

— Nós vamos brigar? — Pergunto, chutando os sapatos para fora dos pés e largando as roupas sobre a poltrona, me arrastando para debaixo das cobertas com ele.

— Não. Eu só fiquei... Surpreso. — Murmura com a voz rouca, ele deve estar mesmo gripado. Sua expressão muda quando percebe meus ferimentos — Louis, o que é isso? — Fala em pânico, colocando as mãos quentes sobre os curativos.

— Tentei carreira no MMA e não deu muito certo. — Brinco e não recebendo um sorrisinho sequer, deslizo para perto dele, sua presença me traz uma paz sem igual. O perfume de seus cabelos, a textura sedosa de sua pele, o calor que ele emana, o som da sua respiração, é só... Meu ideal de paraíso — Não precisa se preocupar, o outro cara ficou pior. — O aperto e ele geme quando nossos peitorais se tocam — Que foi?

Ele parece tão surpreso quanto eu por ter sentido dor.

— Não sei. — Tateia o tórax — Devo estar sensível.

— Sinto muito. — Afasto um pouco, começando a brincar com seu cabelo, a mão dele vai para a minha nuca, raspando o final da atadura — Ficou o dia todo na cama?

— Não. Eu... Sei lá, eu só vi o dia passar e foi pior depois que o jornal noticiou a morte do Aaron, ele se matou, você sabia?

Não, ele não se matou, alguém mandou que ele se matasse. Assim como fez com Susan e esse mesmo alguém mandou trocar uma das drogas da execução de Greg, alguém gosta de brincar de deus da morte.

— É, eu vi na TV também. — Menti, o assistindo fechar os olhos, os cílios curvados sobre as bochechas e então ele tornou a abri-los, trazendo o rosto mais perto do meu em um pedido de carinho, alisei sua bochecha macia — Vamos ter que adiar a mudança um pouco mais, tudo bem?

— Isso significa então que você realmente pensa sobre nos mudarmos? — Diz, olhando-me esperançoso.

— Bom, se eu fosse você já começaria a procurar pela cidade dos seus sonhos.

— Aí meu deus, aí meu deus, Louis, amor! — Me agarra, puxando com força para si e pressiona um beijo apaixonado em meus lábios — Eu estou tão feliz. — Sussurra entre o beijo, os cachos caindo contra meu rosto quando dou passagem para sua língua se juntar a minha.

É tão silencioso e calmo, a sua respiração entrelaçando-se a minha e os pequenos raios de sol atrevessando a cortina num tom morno de laranja, a mão dele se embrenha em meu cabelo, os dedos cavando entre os fios, mas a memória dos eventos recentes serve de gatilho para esse simples ato me trazer ao momento em que Andrômeda fez exatamente o mesmo comigo, antes do punho metálico me atingir mais uma vez. Foi puro instinto inverter as posições, ficando sobre Harry e mantendo suas mãos acima da cabeça para imobiliza-lo, mesmo que não oferecesse ameaça alguma.

Ele soltou um suspiro surpreso, o peito descendo e subindo a medida que sua respiração engatava e ele não parecia assustado pela minha reação, mas sim ansioso.

Ashton me aconselhou sobre isso, disse que eu deveria manter uma distância segura, se realmente existem outras personalidades eu deveria restringir meu contato ao estritamente necessário até que entendessemos o que está acontecendo, mas se isso for real, essas personalidades já transaram comigo um milhão de vezes e fodam-se elas, sei bem quem está comigo, quem me lança esse olhar de pura adoração.

Me inclino e Harry se arqueia, procurando por um beijo que não vem, aperto seu queixo para mantê-lo no lugar enquanto reviro a mesinha de cabeceira, as orbes verdes seguindo meus movimentos ao que solto seu rosto para puxar sua cueca para fora do caminho. Harry se mantém obedientemente imóvel, as mãos ao lado da cabeça e os lábios vermelhos partidos em pequenos ofegos quando levo um dedo molhado de lubrificante por entre suas pernas, o tocando em seu ponto mais sensível que o faz estremecer e jogar a cabeça para trás, a gola escorrega um pouco para baixo e desço para plantar um beijo em seu pescoço, mas ele me encontra no caminho, agarrando meus ombros e me beijando com urgência, o sinto conter os gemidos contra meus lábios quando empurro o primeiro dedo para dentro dele. Tão fodidamente apertado e gostoso como sempre, mordo seu lábio inferior para poder ouvi-lo gemer livremente e ele o faz brevemente antes de virar o rosto para o travesseiro, mordendo a fronha e me olhando com os olhos molhados, suplicando para que eu não o torture mais.

Dobro o dedo e ele se arqueia lindamente, os cachos se espalhando pelo travesseiro. Meu pau lateja ao vê-lo assim, tão perfeito.

Ele é a minha recompensa por sobreviver.

Quando escorrego mais um dedo começo a me masturbar, misturando o pré-gozo ao lubricante garantindo que fique o mais molhado possível até que eu possa me encaixar entre suas coxas abertas para mim, espalmo a mão sobre a pele firme e torneada, descendo até sua nádega perfeitamente redonda e cheia que se arrepia ao que corro as unhas por ela, levantando seus quadris, posiciono meu pau em sua entrada e bem lentamente fui afundando dentro dele.

Meus olhos caem sobre os seus turvos. No momento em que nos tornamos um.

Mesmo que nosso casamento não seja nada perto de exemplar, mesmo que tenhamos segredos, alimentemos nossas mentiras, com fidelidades questionáveis e um talento dolorosamente comprovado de machucar um ao outro e eternamente presos sob a linha tênue do amor incondicional e do ódio irracional, ainda assim eu...

— Eu te amo. — Murmuro, os olhos ardentes sobre sua tez ruborizada — Harry, me escuta. — Seguro seu rosto alinhado ao meu — Eu amo você, apenas você e mais ninguém. Só você. Não se esqueça disso.

Ele prende a respiração e sorri para mim, sem entender exatamente o que eu digo que muito se assemelha a uma mera declaração de amor. Ele não sabe, ele não faz ideia. Sinto meus olhos ardendo e minhas lágrimas caem por sua blusa.

— Louis, não precisa chorar, eu também te amo, muito, com todo o meu coração. — Diz de volta, me agraciando com um sorriso radiante de covinhas e olhos verdes brilhantes que só torna tudo pior. Nos beijamos e eu sinto uma dor quase física pela sensação de que estou perdendo-o.

Harry está escapando, entre os meus dedos. Finco minhas unhas com mais força em sua pele e parece em vão quando sua partida não é material, é a sua alma que está se afastando, flutuando como a brisa que atravessa nossas janelas e quem fica para trás não me pertence.

Impulsiono os quadris para frente, chocando com o seu que tensiona, ele enrijece embaixo de mim, mas vai relaxando e se abrindo completamente para mim, a cada movimento o sinto estremecer e se arquear em busca de mais. Agarro suas mãos porque de repente o sinto tão terrivelmente distante mesmo que ele permaneça no mesmo lugar me beijando e gemendo com o corpo colado ao meu e comigo literalmente dentro dele. Eu nunca senti tanto medo como agora.

Eu só preciso senti-lo aqui.

Sua respiração está entrecortada e estoco com mais força, Harry se contrai e cruza os tornozelos em minhas costas, me trazendo para mais perto. Entramos naquele ritmo frenético em que seus soluços são música para os meus ouvidos e ele me arranha e me morde desesperadamente tentando se agarrar em algo antes de ceder ao seu mais absoluto prazer e quando ele cede é ainda mais perfeito, ele arqueja e geme arrastado, os olhos fechados e a cabeça inclinada para trás, as mechas longas se agarrando em seu rosto úmido de suor. Eu gozo pouco depois dele, entorpecido por ele, preenchendo-o por inteiro, recuo quando sinto que estou apoiando todo meu peso sobre ele, mais especificamente em sua barriga, enquanto ele parece flutuar em sua nuvem pós-orgasmo acaricio sua pequena barriga. Elas sempre são pequenininhas e fofas, parece que foi ontem que ele me deu a notícia de que teríamos Evangeline. Eu esperei ansiosamente para ver o quão lindo ele ficaria com um barriga grande e redonda, mas isso só foi acontecer no último mês e em seguida ela nasceu.

Tudo parecia tão confuso agora.

Estou na cama com meu marido e uma dúzia de estranhos, tocando um bebê que talvez não seja meu.

Isso... Isso vai me deixar louco.

Deito a cabeça em sua barriga, sentindo quando ele começa a acariciar meus cabelos. Eu só quero esquecer de tudo isso.

Eu só quero o Harry.

Xx

Tem um carro de polícia na entrada da casa da frente. As sirenes ligadas e pessoas se aglomerando, as vozes exaltadas se levantando acima dos rádios pedindo por reforços. É uma cena de crime e cenas de crime podem rapidamente se tornar um caos. Sonny e eu assistimos junto ao cortador de grama, meu vizinho sendo escoltado para uma viatura, ele sempre foi educado, acenava e nunca reclamou de Sonny roubar seu jornal na entrada, uma vez jogamos golfe e ele fez um churrasco e nos convidou, é estranho pensar no vizinho amigável e sorridente sendo detido por matar a esposa e a filha. Encontraram pedaços da mulher no forno, era medonho de pensar que as pessoas diante de você, aquelas que parecem inofensivas e queridas são capazes de atrocidades.

Sonny late quando um esquilo passa perto do cortador, quase sendo degolado. Volto a minha atenção para o cortador, desligando no momento em que Harry sai, Spencer e ele estão brigando e Blake equilibra uma bola na cabeça.

Quando não consegue o que quer Spen começa a gritar e se jogar na grama fazendo birra. Harry fica parado, sem reação e parecendo em tempo de chorar.

— Spencer está na hora da escola. — Digo firme, o levantando e o fazendo andar até o carro — Sem showzinho ou gracinha, você já está grande demais, se algo te incomoda, fale. — Ele me olha aborrecido, os olhos azuis frios e rancorosos que não causam efeito nenhum em mim. Prendo ele e depois o irmão na cadeirinha e fecho a porta, abrindo a do motorista, esperando para me despedir de Harry que está sendo vítima dos carinhos de Sonny.

— Acho que alguém está carente hoje. — Comenta com o cão agarrado a sua perna.

— Ele precisa de uma namorada ou uma almofada, não deixe ele ficar muito íntimo da sua perna. — Tento enxotar Sonny que me encara como se eu fosse seu rival e não seu amigo, devolvo seu rosnado irritado e puxo meu marido para um beijo — É melhor você sair hoje, vá ao shopping, tanto faz, só não fique por aqui, isso vai ser um inferno.

— Ainda não acredito que algo assim aconteceu praticamente na nossa porta. — Sussurra, olhando por cima do meu ombro.

— As pessoas são imprevisíveis. Bom, eu vou indo, até mais tarde, sun. — Deixo mais um beijo em seus lábios e entro no carro.

Harry e Sonny acenam quando partimos em direção a creche.

Deixo os garotos e pego Niall a caminho do trabalho, é estranho pensar em como nos aproximamos desde que eu fui isolado e mais estranho ainda é pensar em como nos entendemos bem.

— Você diria que ele estava mais para Rocky Balboa ou Apollo Creed? — Questiona com seriedade quando entramos no elevador.

Reflito sobre sua pergunta.

— Definitivamente era um Ivan Drago.

— Porra! — Exclama em choque — E você sair dessa vivo foi um milagre.

— Não foi um milagre, foi uma mensagem. Ele não gosta de impostores e era o que os dois eram.

— Mas e o Aaron? — Niall diz baixo quando mais pessoas entram no elevador.

— Ele sabia demais. O que me deixa indignado é como Andrômeda conseguiu influenciar nas drogas do Greg, isso é coisa do alto escalão.

— Talvez seja alguém influente dentro da polícia.

— Isso explicaria... — Murmuro.

— O quê?

— Ele tinha treinamento, tudo o que eu sei, ele sabia e fazia melhor. Não é um cívil, é no mínimo um militar exemplar.

— Isso explicaria muita coisa. — Horan concluiu, caminhando comigo quando as portas se abriram. Boa parte da equipe estava reunida na mesa de Luke, mas eu não queria partilhar daquela reunião de imbecis incompetentes e entramos em minha sala.

Niall se acomodou no sofá e eu puxei o quadro onde vínhamos tentando matar a grande charada.

— Por que um militar estaria assassinando famílias inocentes? — Ele perguntou, apertando a lapiseira entre os dentes. Todos os dias fazíamos a mesma pergunta.

Exceto que hoje...

— Por que eles são inocentes?

— Hein?

Salto da minha cadeira, revirando os arquivos sobre a mesa.

— Okay, talvez não fossem criminosos ou pessoas terríveis, mas e se eles pecaram de alguma forma. Se não eram bons em ser uma família. Aqui está! — Balancei a ficha de Tom Jacobs no ar — Esse cara, ele transava com a babá. — Passo para outra ficha — Donna Esteves era viciada em jogos de azar e hipotecou a casa da família. Benson Quentin, era um filho rebelde que vivia fugindo de casa. Consegue ver o que todos eles têm em comum?

Niall hesita.

— Fugiam ao modelo ideal da família americana.

— Exatamente! Andrômeda tem alguma questão séria com o assunto família, na sua cabeça as coisas devem ser de uma determinada maneira e quando fogem a isso, bem, precisam ser castigados ou como Aaron disse, eles estão ficando juntos, sendo libertados. Talvez ele acredite que a morte é a forma de unir essas famílias problemáticas. Alguém que lidou com uma perda severa. Que tem uma ferida aberta.

— É uma ótima conclusão, senhor, mas ainda não nos dá nenhum suspeito. — Ele diz aquilo que eu já temia.

Decidimos voltar ao trabalho quando uma comoção do lado de fora acaba com toda a nossa concentração. Niall precisa colocar a cabeça para fora e saber o que está acontecendo e sem escolhas, faço o mesmo. Liam vem sendo aplaudido, um grupo da SWAT ao seu redor, enquanto ele faz questão de conduzir ele mesmo sua prisão atual, puta merda!

Não acredito no que meus olhos estão vendo quando me deparo com o terno desalinhado e o cabelo preto caindo sobre olhos sombrios, Zayn os olha debaixo com desprezo puro, mas quando me enxerga entre o mar de rostos algo se ilumina nele e ele se lança contra mim, coisa que nunca fez, nem mesmo quando éramos íntimos. Todos correm para contê-lo, mas ele consegue me passar sua mensagem:

— M está no baú! Você precisa pega-lo antes que afunde! — Diz com urgência e então é arrastado para longe.

Meu cérebro luta para assimilar suas palavras.

Zayn foi pego. Zayn foi traído. Se Zayn caiu, onde está...? M, Mia, Miranda! Mia está no baú, um baú que está prestes a afundar.

Quando corro, sou seguido prontamente. Dirijo para o esconderijo de Zayn o mais rápido que consigo, além dos limites da mansão fica um bosque com um lago gelado e que tem acesso ao canal, uma rota de fuga. Dois homens franzinos dentro de uma lancha estão equilibrando um baú de madeira quando paro o carro de arma em punho, no momento em que nos vêem eles soltam.

— Niall! — Grito para que ele vá atrás do baú, enquanto começo a disparar, tentando acertar um dos homens que estão fora do meu alcance. Horan é veloz em se jogar na água, com braçadas longas ele chega até onde o lago é mais profundo. O baú está fora de vista, assim como Niall, espero angustiado quando ele some e mais ainda quando volta a superfície para respirar de mãos vazias.

Quando mais de dois minutos se passam eu caio de joelhos, com a certeza de que perdi mais uma filha.

Zayn vai me matar.

Não, eu faço questão de me matar.

De repente há uma chiado e enxergo a silhueta de Niall, sem caixa alguma, meu deus. O choro cresce em meu peito e quando ele se vira está trazendo um corpo miúdo em seus braços, o uniforme escolar ensopado e o cabelo preto caído sobre o rosto pálido.

— Niall. — Vou até ele, mas ele não me dá atenção, colocando Mia no chão e massageando seu peito, para empurrar a água para fora de seus pulmões, na quarta vez que ele pressiona ela se arqueja, cuspindo toda a água e tossindo ruidosamente.

Apenas quando ele se certifica de que ela está bem, se permite cair, tossindo e tentando recuperar o ar.

— Muito obrigado, Niall, obrigado. — Digo com a voz embargada lhe dando um abraço e me voltando para Mia, a tomando em meus braços quando ela estremece, assustada e confusa.

De longe observo Mia adormecida na cama de Horan, é um quarto pequeno a duas quadras da agência. Ela mantinha o olhar desconfiado e os braços cruzados, acuada e atenta como Zayn costumava ser quando adolescente. A única coisa que ela havia herdado de mim eram os olhos, estes que estavam minúsculos depois que ela tomou banho e vestiu roupas secas, ainda sem entender bem o que tinha acontecido. Ao que parece ela esteve escondida por todo o tempo em que o golpe ocorreu.

Por mais de uma vez ela perguntou sobre Zayn e perto de cair no sono o chamou de papai num sopro de voz.

Eu nunca tinha sentido o instinto paterno tão latente quando a vi afundar naquele lugar e agora eu queria poder abraça-la e dizer que a protegeria de tudo. Quis que o pai que ela chamava fosse eu. No fundo, sempre quis ser pai dela.

— Mia Malik. — Niall diz, tirando o blazer de Mia da secadora. Ele sabia, mas ter uma prova circunstancial faz toda a diferença — Estamos refugiando a filha de um criminoso.

O "por que?" paira no ar.

— Ela não tem culpa do que o pai dela faz, essa criança é um alvo e precisamos protegê-la. — Declaro, reavendo minha postura de federal e encostando a porta para não perturbar seu sono.

— Filhas de prisioneiros não ficam na casa de agentes do FBI, se ela não tiver nenhum familiar...

— Ela tem. — Ele estremece onde está, no meio de sua minúscula lavanderia — Eu... Eu... — Eu sou a família dela — preciso ir, será que ela pode ficar aqui, só por um tempo? Zayn vai... Vai tomar alguma atitude a respeito, é só.

— Pode ir. Eu cuido dela. — Garante, sem fazer perguntas. Confiando o bastante em mim para arriscar sua carreira, sua vida, ter Mia aqui é fazer dele um alvo também.

Aperto os lábios, correndo os dedos pelos cabelos.

— Se você não quiser-

— Tudo bem, nós somos parceiros, eu não vou te deixar na mão, chefe.

Administro suas palavras e algo revira em meu peito.

— Eu prefiro dizer que somos amigos, tudo bem pra você?

— Amigos? — Ele deixa o blazer cair e se abaixa rapidamente para pegar de volta, com os olhos fixos em mim — Sim, tudo ótimo. — Aceitando meu aperto de mão — Amigos, então.

Xx

Retorno o quanto antes até o escritório, a recente captura de Liam está sendo o centro das atenções. Pego as informações no ar, mas pelo que entendi sua investigação levou ao rastro de alguém com contatos e querendo conseguir uma aliviada na pena entregou Malik. As expectativas eram que ele fosse julgado e transferido para o presídio de segurança máxima o mais rápido possível, mas isso não aconteceria, seus aliados já haviam entrado em contato com alguém no gabinete e em breve seu alvará de soltura seria emitido, mas até então eles não pareciam ter pensado tão além.

Aguardei discretamente no corredor quando um guarda conhecido ficou sozinho com Zayn e liberou a minha entrada por poucos minutos, no instante em que entrei ele saltou da cadeira, se esquecendo das algemas e provocando um ruído escandaloso ao arrastar a estrutura de metal consigo.

— Conseguiu? — Sussurrou angustiado.

Olhei ao redor, me certificando de que não teríamos uma platéia. A câmera as minhas costas me deixando alerta, quando sentei diante dele desliguei o microfone acoplado ao interior da mesa tentando conseguir o mínimo de privacidade.

— Ela está bem. — Respondi, transparecendo bem menos emoção. Seria difícil explicar porque estava consolando Zayn Malik.

— Onde ela está agora?

— Com um amigo.

A resposta não o agradou, com os movimentos limitados se inclinou em minha direção.

— Que amigo? Um tira? Você enlouqueceu?

— Ele é confiável, Mia está segura.

— É melhor que esteja ou eu juro por Deus...

— Pelo amor, Zayn! É sério isso? Se você se importasse mesmo com a segurança dela teria saído dessa merda há muito tempo, você escolheu envolvê-la nisso. — Devolvi no mesmo tom acusatório que ele.

Os olhos âmbar queimaram em furor.

— E quais opções eu tinha? Deixar ela sob os seus cuidados? Pelo que eu soube os seus filhos não estão lá tão seguros.

Recuei enojado por seu golpe baixo. Era impossível manter uma conversa civilizada com Malik, ele era assim.

— Quando vai sair? — Optei por desviar do assunto, cruzando os braços e me mantendo distante.

Zayn deu de ombros, jogando as costas contra a cadeira, ele não parecia um bandido perigoso que acabara de levar uma facada nas costas, ao invés disso estava mais para um playboy milionário que se envolveu em uma batida ou inflingiu uma regra de trânsito.

— Muito em breve. Então não estrague a garota.

— Ela chamou por você.

— Ah, é?

— Se fazer de indiferente não funciona depois que você quase caiu aos meus pés pedindo que eu a salvasse.

— Eu não- — Desistiu de negar, balançando a cabeça, cansado — Eu deveria ser mais cuidadoso. Isso... Isso é puro egoísmo da minha parte, eu escolhi fazer o que faço, escolhi continuar mesmo depois de tudo, ela nunca teve escolha alguma, foi obrigada a nascer e ser minha filha — Me lançou um olhar enfezado, completando em um sopro de voz — e sua filha. Nunca vi ninguém tão azarada, ela veio ao mundo com um alvo nas costas, se eu tivesse um pouco de caráter a mandaria para o mais longe possível, para o outro lado do mundo, ela teria um novo nome, novos pais e esqueceria que eu existo. Seria o certo. — Zayn estava divagando, o pensamento distante — Sou pior do que o diabo e mesmo assim quero uma família, que lastimável.

— Você não ficou com medo?

Ele me olha confuso.

— Quando te pegaram e você ficou aqui sem saber dela, tendo de lidar com a possibilidade de que eu não a encontraria a tempo, que ela poderia morrer, você não ficou com medo? Quer dizer, não só do momento, mas de tudo. Medo de ter sido um péssimo pai, de a ter decepcionado e falhado, por não ter conseguido protegê-la ou sequer ter dito que a amava uma última vez? Isso não te deixou estarrecido de medo?

— Essa é uma possibilidade que me assombra o tempo todo, o meu trabalho é pura inconstância e eu penso sobre ter sido um merda, mas se fosse o caso do pior ter acontecido, eu... Eu disse a ela que a amava sim.

— Você disse? — Digo surpreso.

— Você não disse a Evangeline?

Sinto a ardência em meus olhos pelas lágrimas contidas e abaixo a cabeça, tentando ignorar o incômodo que envolve meu peito.

— Não, eu-eu quis dizer isso, mas quando olhei pra ela e ela parecia tão assustada, eu só... Disse que ficaria tudo bem e não foi o que aconteceu, a última coisa que ela ouviu foi uma mentira.

— Foi uma mentira necessária. — O ouvi dizer menos ácido que antes.

Esfreguei o rosto, tentando apagar o recente momento de vulnerabilidade.

— Seu serial killer continua à solta. Foi o que eu ouvi de seus amiguinhos tagarelas. — Malik aponta com o queixo para além da sala, onde é possível enxergar minha equipe discutindo ao redor do escritório — Ele veio atrás de você?

— Sim, veio, mas o meu SAC jura que não passou de um desordeiro querendo chamar a atenção.

— Pelo jeito vocês estão lidando com alguém com um ego muito grande, alguém que quer aparecer e quer ser visto. Se ir atrás de você não funcionou, já deve imaginar o próximo passo.

Dobro o pescoço, desta vez compreendendo o que ele está insinuando.

— Ele não vai ser páreo para tantos-

— Não precisa ser todo mundo, basta um, um único golpe certeiro pode desestruturar todos de uma só vez. É questão de saber onde doi mais, pense no elo mais fraco. É ele o próximo alvo. — Zayn diz convicto, automaticamente a imagem de Niall se pinta em minha mente. Ele é o novato, inexperiente, ingênuo, todos gostamos dele, ele é o elo mais fraco e desde que nos tornamos tão próximos. Meu coração acelera com a possibilidade de Andrômeda estar no rastro do garoto, principalmente agora que ele está com Mia.

Niall e Mia podem estar em perigo.

Levanto, deixando a cadeira cair num baque surdo, cego pelo temor e a adrenalina que mal percebo o impacto que causo em Malik.

— O que houve?

— Eu preciso vê-los! — Digo prestes a sair, mas ele não aceitaria meias palavras e como pode agarra meu pulso me obrigando a parar. Quando sinto sua pele contra a minha um formigamento familiar, há tanto tempo esquecido se espalha pela minha derme, eu o olho de cima, me deixando levar por sua expressão suplicante, e então, ele olha para o lado e recolhe a mão de imediato.

Volto a atenção para onde ele olhou e encontro o oposto do castanho suave, lá está um verde hostil e furioso, com algo selvagem exalando, quase brutal, mortal. Ele se parece com Harry fisicamente, mas eu sinto que é alguém diferente, um desconhecido e tem algo em seu olhar, em sua presença que me deixa acuado, intimidado, é como quando... Quando Andrômeda surgiu na minha frente.

Se não houvesse a máscara cobrindo o seu rosto, aposto que ele estaria me olhando exatamente daquele jeito.

Andrômeda teria os mesmos olhos de Harry.

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