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│12│grus


A moça da farmácia não tem uma expressão muito boa quando despejo a cesta de remédios sobre a bancada. Em suma são medicamentos próprios para cortar o sono e me manter acordado pelo máximo de tempo possível.

A cafeína tem me ajudado nesses últimos dois dias, mas todos no escritório começaram a notar e tem um momento ou outro no qual eu cochilo e os pesadelos voltam, por esse motivo resolvi recorrer a medidas mais drásticas.

— Uhmm, o senhor tem alguma receita? — A garota sardenta indaga, ainda abismada com a quantidade de medicamentos.

Eu poderia inventar alguma desculpa esfarrapada ou forjar uma receita, o que não seria muito difícil por conhecer os melhores falsificadores de Nova York, mas invés disso apenas reviro o bolso do meu moletom e mostro o distintivo.

FBI.

Seus pequenos olhos se arregalam por um momento e ela assente rapidamente, colocando tudo na sacola e quase esquecendo-se de cobrar. Provavelmente em sua cabecinha idealiza que estou em alguma missão secreta, ou interrogatório no qual pretendo deixar o cara mau vidrado e cansado o bastante para me dar a confissão perfeita. Longe disso...

Então, eu reflito por um instante no quão fácil é conseguir qualquer coisa apenas com essas três letrinhas. Eu obtenho passe livre pra absolutamente tudo.

Nunca suspeitam de um agente do FBI.

Eu posso fazer o que for e sairei isento.

Talvez haja algum assassino que se encaixe nessa posição de segurança.

Alguém intocável.

Andrômeda talvez seja intocável.

— M-mais alguma coisa, senhor... An, policial, detetive? — Mal me atento a forma como ela vai se embaralhando nas palavras. Nego veemente, pegando minha sacola após pagar. Pego Spencer que se divertia em reconhecer os personagens animados nos shampoos próximo ao caixa e saímos em direção ao carro.

É tão cedo que o sol ainda nem raiou.

Eu não dormi a noite passada e Spencer resolveu me acompanhar nessa. Tem quase uma semana que ele está comigo e não é preciso nem dizer o quão furioso Harry está.

Sempre que nos vemos ele só faz gritar e me atirar coisas e Spen está sempre desconfiado em sua presença. Tudo isso ainda me soa estranho, ele só deve ter se assustado com uma bronca sem importância, mas mesmo assim parece ressentido.

— Ei, bonitão, quem vai ficar com a vovó Anne hoje? — Pergunto, o fazendo saltar no meu colo. Ele gargalha alto se agarrando no meu pescoço.

— Eu, eu, eu! — Berra com toda a animação que somente uma criança pode ter as seis da manhã.

Abro a porta de trás, deixando as sacolas no banco e o colocando em sua cadeirinha. Spencer me olha com atenção enquanto vou atando seu cinto. É engraçado perceber como alguém tão pequenino pode ter um olhar tão duro e compenetrado exatamente como o meu em certas ocasiões.

— E você está com saudades do papa Hairy?

Uma marquinha severa surge entre suas sobrancelhas ralas.

— Nah.

— Filho, isso não é jeito de falar do papai. Você sabe que ele está morrendo de saudades de você.

— Mas eu num falei ontem? Falei. — Resmunga emburrado.

Ora, ora.

— Pelo celular não é a mesma coisa. Ele quer te abraçar, te beijar.

Ele continua indiferente demais em seu pijama dos Minions e os cabelos bagunçados sob seu gorro com orelhinhas de gato.

Resolvo jogar sujo.

— Poxa, que pena! E eu pensei que você gostasse de bebês...

Imediatamente ele fica em alerta, os olhos dobrando de tamanho e uma excitação crescente em seu rosto.

— Onde tem bebê?

— O papa Hairy tem um.

— Eu não vi. Ele guardou?

Sorrio para ele.

— Bem, digamos que ele está meio que guardado sim.

— Na casa da vovó?

— Não. Ele está bem aqui. — Toco sua barriguinha gorducha.

— Em eu? — Diz chocado.

— Não. No papai, ele está na barriga do papai. — De repente o rosto de Spencer se contorce em um choro sentido, Lágrimas grossas rolam por suas bochechas — Amor, o que foi? — Acaricio seu rosto, secando as lágrimas.

— Papa comeu o bebê. — E chora mais forte.

É impossível segurar a gargalhada diante de seu olhar consternado. Ele parece a ponto de me dar um soco por rir de algo que na sua cabeça é tão sério.

— O papa não comeu o bebê. — Explico com calma — Na verdade o bebê era uma sementinha, bem pequeninha, e agora ele está se formando dentro da barriguinha do papai, está desenvolvendo as perninhas, os bracinhos, assim como você fez um dia.

— Ahhhh... E como a sementinha foi parar na barriga do papai?

— Eu coloquei ela lá. — Respondo sem pensar na pergunta que se seguiria.

— Como?

— Como o quê? — Pisco confuso.

— Colocou a sementinha no papa.

— Isso, bem, foi pelo... An, pelo, pelo umbigo.

— Imbingo?

— Umbigo. — Corrijo, tocando o seu próprio.

— Umbigo. — Fascinado, sua mão fica sobre a minha — Eu posso ter bebê também?

Franzo a testa, é claro que tinha mais e ele só complica.

— Não... Você ainda é muito pequenininho.

— Oh! — Exclama com um biquinho — Agora tendi porque você não tem bebezinho.

— Como assim?

— Você é muito pequeninho, papai.

Reviro os olhos, me certificando de que ele está bem preso, se ele fosse um pouco mais velho eu lhe daria o dedo do meio, mas invés disso apenas digo:

— Você é um merdinha.

— Medinha! — Ele repete rindo.

Ooops!

Xx

A bateria de Spencer já está esgotada quando adentro o estacionamento do prédio de Michael. Basta o tempo no elevador até chegarmos ao décimo terceiro andar para que ele adormeça com a cabeça no meu ombro, babando em todo o meu moletom e balbuciando coisas que só ele entende.

No corredor estou em tempo de gritar para Clifford me socorrer, uma vez que eu também fiz as honras de passar no mercado, o que resultou em compras desnecessárias de porcarias simplesmente porque meu filho se jogou no chão e começou a berrar e eu definitivamente não sei lidar com crianças escandalosas.

Harry sempre foi o pai. Eu nunca passei de doador de esperma e caixa eletrônico e eu estava bastante satisfeito com isso, até agora.

Porém, antes que eu pudesse chamar por Mike ouvi a sua voz, vinda da sala. A porta de entrada estava entreaberta e eu pude entrar sem emitir ruído algum, o corredor extenso dava direto para o meu quarto, mas a curiosidade me interpelou no caminho e foi inevitável não parar para ouvir a conversa, ainda mais quando havia um Luke Hemmings com aparência desgrenhada e sem camisa bem no meio da sala de estar. Opa!

Mike estava sentado no sofá, o rosto tão vermelho quanto sua nova cor de cabelo e ele tinha um cigarro o que significava que ele estava puto, somente quando a coisa fugia ao seu controle que ele fumava.

— Então vai fazer de conta que eu não estou aqui? — Luke bufa depois de um tempo, tenho apenas a visão de suas costas, os músculos tensionando conforme toma uma respiração profunda — Michael!

Mike dá um trago longo, ele aparenta toda a calma e tranquilidade do mundo.

— Não vai dizer nada?

— Eu já estou cansado de dizer que isso é um erro. — É sua resposta ácida.

É o suficiente para acender o temperamento explosivo de Luke, ele resmunga raivosamente reavendo sua camisa preta com as siglas amarelas do FBI. Se joga no sofá para calçar seus coturnos, bem ao lado do novo ruivo que não desvia os olhos do chão.

No meio da amarração dos cardarços ele para e une as mãos, respirando profundamente contra elas.

— Ele nunca vai te amar de volta, não com a mesma intensidade que você o ama.

— Isso não tem... — Sua voz se perde.

— É claro que tem, antes dele nós éramos um casal. Você me amava, nós éramos noivos, e daí ele te seduziu...

— Me seduziu? — Mike eleva a voz, raivoso. Spencer se remexe no meu colo — Eu sou alguma donzela intocada por acaso? O que houve entre nós foi consensual e entre dois adultos, ninguém induziu ninguém a nada.

— Mas isso não muda o fato de que ele te usou.

— Por que é tão difícil pra você admitir que outra pessoa me amou? Que houve outro alguém na minha vida que não você? — A máscara de gesso de Clifford se desfaz e agora ele olha diretamente para Luke — Enquanto você não admitir pra si mesmo que o mundo não gira ao seu redor, nós nunca teremos um futuro.

Assisto Luke se inclinar sobre ele, seus narizes quase se tocando, a mandíbula do loiro se apertando e por um momento eu penso que eles estão prestes a se beijar.

— Mesmo que eu mude, nós não teremos futuro algum, não enquanto você amar um homem casado.

Mike geme em desgosto, o empurrando pelo peito.

— Você é um escroto. — Há uma frieza inédita em sua fala.

— Que novidade. — Retruca, terminando de amarrar os cadarços e recolhendo seus pertences. Quando ele adentra ao mesmo corredor que eu, me esgueiro para o quarto, mas plenamente atento — Vamos, Vênus! — Chama dando um tapinha na coxa, o Pinscher vem em disparada pra ele.

— Espera, o que você está fazendo com o meu cachorro?

— O cachorro é nosso. — Luke retruca, tomando Vênus em seus braços.

As vezes eu me esquecia de que próximo do final de seu relacionamento eles haviam tentado criar um ambiente mais acolhedor, familiar e por isso adotaram um cachorro.

— É meu. — Mike declara, se colocando de pé e tentando tomar o animal dos braços do outro.

— Eu quero a guarda compartilhada. — Luke o levanta alto demais.

— Desde quando?

— Desde agora. — Um sorrisinho vitorioso desabrocha em seus lábios — O Harry me disse que você tem hóspedes. Se você quer brincar de casinha com o marido e filho dos outros o meu cachorro não vai fazer parte disso.

— Você está sendo ridículo.

— O único ridículo aqui é você. — Luke grita, passando como um relâmpago, com Vênus no colo e batendo a porta as suas costas.

Mike vai atrás dele, sumindo por poucos instantes antes de retornar soltando fogo pelas ventas.

— Gostou do showzinho? — Indaga de repente, com as costas viradas para mim, as mãos repousando nos quadris. Deslizo para fora do meu esconderijo, com um sorriso envergonhado.

— Eu sou um detetive, curiosidade é tipo a minha essência.

— Eu sei. — Ele vira, sorrindo relaxado — Foi um daqueles momentos desnecessários da minha vida.

— Quer conversar sobre?

— Nah, é muito cedo. Onde vocês se meteram? — Mike avança, pegando um Spencer inconsciente dos meus braços, quando ele afasta os fios lisos de seus olhos, meu filho franze o nariz em uma mania antiga.

— Estava sem sono e precisávamos de algumas coisas. — Índico as sacolas em minhas mãos, ele assente, caminhando até a cama e aconchegando Spen entre as cobertas.

— Eu tenho notado que a sua falta de sono tem sido recorrente, quando não está fazendo hora extra no escritório está em casa, andando de um lado para o outro e bebendo copos e mais copos de café. Tem algo de errado?

— Errado? — Tirando meus pesadelos vividos e recorrentes, que estão me deixando mais perturbado que o normal, está tudo maravilhosamente bem — Acho que eu só estou um pouco abalado ainda com toda essa história de canibal, as investigações e... Harry, é claro.

Não deixo passar a forma como ele fica tenso ao ouvir seu nome.

Será que Luke dizia a verdade? Mike está brincando de casinha conosco? Eles não voltam por minha causa? Ele ainda me ama?

Seja como for, eu nunca me atreverei a perguntar.

— Sim, imagino que seja impossível relaxar com tanta coisa acontecendo. Entretanto, você precisa descansar, já sei! Vou preparar uma xícara de chá e podemos assistir algo, você ainda dorme automaticamente toda vez que vê algum filme?

Reviro os olhos, embora concorde silenciosamente.

Mike faz meu chá preferido e em seguida vamos até a sala onde ele escolhe um filme qualquer na Netflix em que o mocinho morre, é razoavelmente interessante e eu estaria dormindo há muito tempo se não tivesse tomado um dos meus remédios quando ele não estava vendo, o que me mantém perfeitamente acordado, o mesmo não se pode dizer de Michael que dorme ainda no início, no começo ele estava bem animado e falante, porém antes dos dez minutos ele desabou. Quando sua respiração bateu contra meu pescoço foi que eu me dei conta de que sua cabeça havia escorregado para o meu ombro.

Eu me sinto morbidamente culpado de sequer contemplar o seu rosto, assim de perto. É como se eu fizesse de novo, como se eu o traísse novamente.

Aquele dia foi terrível.

Harry só tremia, andava de um lado para o outro em tempo de arrancar os cabelos, falando que não podia lidar com aquilo.

Pensando bem, ele disse mais alguma coisa. Mas o quê?

Oh sim.

Que eu precisava cuidar daquilo pra ele.

— Você precisa fazer alguma coisa. Você precisa cuidar disso, eu não posso, eu não consigo, por favor...

Era o que ele repetia incessantemente.

Eu cuidei daquilo, eu fiz uma promessa e a estou quebrando agora. Não é pra menos que ele não me quer.

O despertador do meu celular toca, não é como se eu precisasse acordar, uma vez que nunca durmo, mas serve para que eu reveja meu papel de parede onde Harry está segurando Blake quando recém nascido, eu não estava presente por conta do coma, porém, Anne me disse que aquela foi a primeira vez que ele sorriu depois da morte de Eve.

Eu preciso tê-lo de volta!

Saio do sofá com cuidado para não acordar Clifford e vou até o meu quarto tomar um banho frio, é uma manhã quente, deixo Spencer na creche a caminho do trabalho. É um dia aparentemente comum. Niall ainda está tentando me conquistar com suas habilidades inúteis e errando sempre na quantidade de açúcar no meu café. As investigações estão lentas.

Luke não dá as caras por lá, justamente quando eu queria saber se ele conseguiu alguma coisa com o celular de Aaron.

A tarde chega rápido e as três estou dirigindo para pegar Spencer e Blake também, hoje eles ficarão com a vovó e sua animação é totalmente justificada uma vez que ela faz qualquer doce que eles quiserem. Assim que adentro ao grande portão negro do condomínio e contorno o jardim florido ouço os latidos de Sonny, seu pelo claro é soprado pelo vento enquanto ele corre tentando acompanhar o carro.

Harry está sentado nas escadas da varanda, usando óculos escuros, scarf no pescoço e uma blusa preta de seda desabotoada, nada casual, mas avassaladoramente lindo.

Blake e Sonny correm para ele, um gritando e o outro latindo. Harry sorri para os dois, abraçando um por vez antes de deixar que eles continuem com sua gritaria do lado de dentro.

Spencer se agita no meu colo ao que caminho em sua direção. A postura do meu marido automaticamente enrijece ao nos ver, posso ver pela forma como brinca com seus anéis que não tem nada de calmo. Ele quer mais do que tudo segura-lo.

A princípio fiquei confuso e irritado por não entender o que havia acontecido entre eles, até Harry me confessar cheio de remorso que havia deixado as fotos do caso de Evangeline na sala onde Spencer viu as imagens, ele disse ter sido rápido, mas o bastante para assusta-lo e que em meio ao choque gritou com o bebê que passou a repudia-lo por isso.

Havia sido um infeliz incidente, Spencer já parecia ter esquecido e não desenhava mais nada de estranho na escola. Tudo parecia bem e agora era hora de fazerem as pazes.

— Lembra do que falamos de manhã? — Sussurro para Spen que assente várias vezes com a cabeça — Ótimo! — O coloco no chão e ele caminha, de início incerto, até tornar-se decidido para correr em direção a Harry que afasta as pernas para recebê-lo com um abraço apertado.

Spencer praticamente desaparece quando os braços de Harry o envolvem e seu cabelo longo cobre todo o rostinho dele, que começa a rir porque ele sinceramente ama todos aqueles cachinhos e já deveria estar morrendo de saudades de fazer nó neles.

— Amigos de novo? — Harry pergunta quando eles se afastam.

Nosso filho sorri e balança a cabeça, levando a mãozinha rechonchuda para a barriga do pai.

— Tem bebezinho. — Cochicha como se fosse um segredo.

Harry deixa o queixo cair e pisca atônito, até olhar pra mim e eu dar de ombros, sem querer assumir a fofoca.

— Sim, tem um bebezinho.

— Onde? — De repente Blake surge por de trás do ombro de Harry, puxando seu cabelo e querendo se inteirar da história.

— Na barriga do papa! — Spencer responde.

— Mentira! A barriga do papa não tem bebê! — O outro retruca.

Resolvo cruzar os braços e observar a distância o desenrolar daquela conversa interessantíssima.

— Por que não? — Harry se vira para ele que vai se apoiando no cacheado ao descer para falar diretamente com Spencer que tem uma expressão emburrada por ser contrariado.

— Porque quando tem um bebê a barriga fica bem grandona e a barriga do papai é pequenininha.

— É porque o bebê ainda é sementinha! Seu bobo!

— Eu não sou bobo. — Blake diz sentido.

— É sim. — Não satisfeito, Spen ainda lhe dá a língua.

Em questões de segundos eu preciso impedir que um punho minúsculo acerto-o no meio do rosto quando Blake perde a paciência.

Tirando a quase briga, ambos ficam animados com a notícia de que terão um irmãozinho ou irmãzinha. Eles fazem mais algumas milhares de perguntas sobre o bebê, tocam a barriga de Harry e Blake resolve ir brincar com Sonny, Spencer fica mais um pouco, matando a saudade de seu pai predileto, esparramado no seu colo, mexendo no seu cabelo e falando sem parar.

Quando volto para a varanda, depois de conversar por mais de uma hora com a minha sogra eles ainda estão juntos, Spencer com a cabeça jogada sobre o braço de Harry e suas perninhas balançando tranquilamente.

Escuto apenas o final da conversa deles que me faz querer fugir o quanto antes.

— E o titio Mike vai poder me visitar? Ele disse que é padrinho meu.

Titio Mike. Merda.

Dou graças a Deus por não estar no campo de visão de Harry naquele momento.

Há uma longa pausa antes que ele responda.

— O titio Mike... — O desprezo dança em seu tom de voz — é uma pessoa muito ocupada, não sei se ele vai poder vir.

— Ah, mas se o papai chamar ele vem. O titio Mike gosta muiiiiiito do papai Lou, sabia?

— Sim, eu sei que ele gosta bastante do seu pai. E você acha que o papai também gosta muito dele?

Merda! Merda! Merda!

— Não! — Spencer responde estridente, quase ofendido — O papai só gosta do papa Hairy. Porque você é a princesinha mais linda de todas!

— Eu sou a princesinha, agora?

— Sim, princesinha do papai.

— Okay. — Só pela voz de Harry posso dizer que ele está sorrindo — Agora vai brincar com o Sonny e o seu irmão.

Spencer pula para o gramado e sai correndo para os outros dois e eu vou chutar que é algo parecido com pega-pega.

Quando a situação parece não apresentar mais perigo, sento ao lado de Harry. Permanecemos em silêncio, o tipo de silêncio calmo e confortável, onde apenas apreciamos nossos melhores trabalhos em parceria tentando serem mais rápidos que um labrador.

É tragicamente hilário.

— Os olhos deles estão verdes hoje. — Comento batucando meus dedos no joelho.

Harry desvia o olhar das crianças, ele está sério até se desmanchar em uma gargalhada como só ele tem.

— O quê?

Meu marido continua rindo com os olhos lacrimejantes.

— Você notou que os olhos deles mudaram de cor, mas ainda não percebeu que vestiu o Spencer com a camisa ao contrário.

— Espera, não! — Olho para o garoto, correndo animadamente com a camisa do avesso. Eu bem senti falta da estampa e definitivamente a etiqueta deveria ter me dado uma pista — Eu sou um pai terrível.

— Eu também sou, aquele camisa é horrível! Por que eu faço isso com meu filho? — Se lamenta, sem deixar de rir.

Vê-lo assim preenche meu coração de um sentimento de tão plena alegria.

— Eu te amo. — As palavras escapam da minha boca.

Harry para de rir e então se inclina e me beija, tão leve e macio que parece um sonho. Respiro seu perfume e a sensação de seu rosto aninhado ao meu.

— Eu amo você, meu amor. — Confessa de volta e me puxa para que possamos entrar na brincadeira das crianças.

As coisas ficam perigosas quando Anne traz arminhas de água, e eles não tem a menor chance contra mim. Eu devo tê-los matado umas dez vezes antes que em um ataque elaborado, Spencer surge como isca, enquanto eu tento acerta-lo, Sonny vem por trás batendo em minhas pernas e me derrubando, Blake rouba minha pistola e Harry senta no meu estômago, apontando a sua pistola em direção ao meu rosto.

Levanto as mãos em rendição.

— Eu desisto!

— Tarde demais. Nós pegamos você. — Mantém a mira, impassível.

— Harry, eu sou seu marido, nós fizemos juramentos, eu sou pai dos seus filhos, nós nos amamos, como pôde fazer isso comigo? — Dramatizo, recebendo um revirar de olhos. Ele nunca esteve tão sexy quanto agora, de preto debaixo do sol escaldante, descabelado, com o rosto vermelho empunhando uma pistola de plástico pra mim.

— Foi tudo uma farsa, eu só me aproximei de você doze anos atrás pra poder te pegar agora, você nunca suspeitou de nada. — Ele vai além e ambos tentamos não rir quando as crianças estão dando gritinhos e pulando, torcendo pra ele me matar. Até mesmo meu cachorro está contra mim.

— Você me traiu, afinal de contas quem é você?

Algo estranho acontece, a minha pergunta idiota parece surtir algum efeito nele. Seu sorriso vacila e ele olha para mim como se estivesse completamente perdido e assustado. Acho que ele encarou essa última parte mais a sério, Harry sempre foi meio lento.

— Vamos, acabe logo com isso. Me mate.

Ele empunha a arminha como se segurasse uma de verdade, me encara diretamente nos olhos e por um momento parece que não estamos no meio de uma brincadeira, de repente aquelas palavras parecem tão sérias e sombrias.

O dedo de Harry está sobre o gatilho.

Ele vai me matar!

— Eu não consigo fazer isso nem de brincadeira. — Suspira, soltando a arminha no chão, aproveito para agarra-lo pelos quadris e coloca-lo contra o chão, reavendo sua arma e o acertando no rosto, Harry grita como se estivesse se afogando no oceano aberto, os meninos tentam me levantar de cima dele, dizendo que eu vou fazer dodói no bebê e Sonny late sem parar.

Quando eu levo Harry para o banheiro para que ele possa secar o rosto, ele me encara sobre o ombro com um bico emburrado.

— Você não pensou duas vezes antes de me matar.

Sorrio um tanto arrogante.

— Eu sou um homem prático.

— Você é mau. Assassino!

— Mortos não falam, Harold! — Dou um tapa forte na sua bunda antes de sair, do corredor o escuto me xingando e tudo está as mil maravilhas.

Durante o almoço fico sabendo que Harry teria uma consulta hoje e que não estava muito animado para ir.

— Nós estamos nos divertindo tanto. Eu posso remarcar depois. — Teima, brincando com os botões da minha camisa.

— Sua mãe me disse que você tem faltado em muitas consultas.

— As coisas tem sido meio corridas, sabe...

Seguro seu queixo.

— Nós vamos, okay?

Ele me olha com uma ruguinha teimosa entre as sobrancelhas, a desmancho por meio de beijos que vão descendo por sua bochecha, queixo, até parar na boca e se não fosse por dois pequenos intrometidos as coisas teriam esquentado muito mais do que deveriam naquele corredor.

Xx

Atribuo o declínio daquela tarde divertida ao Dr. Barnes. Harry tinha ido todo o caminho falando sobre como não conseguia entender nada do que a Dra. Fitzgerald falava por conta de seu sotaque russo, enquanto devorava duas caixas de bombons, depois de ter almoçado e repetido algumas vezes e ter tido a sobremesa.

Ele estava alegre e tagarela até a recepcionista nos informar que sua médica tinha tido um problema pessoal e precisou ir embora mais cedo, porém o deixou nas mãos habilidosas do Dr. Barnes. Este era um velho conhecido nosso, um excelente médico e sabíamos disso porque ele foi o médico de Harry na sua primeira gravidez, o responsável pelo parto de Evangeline.

Ele também foi o pediatra dela, que lhe dava um pirulito quando ela aguentava sem chorar as vacinas e imitava sons de monstros que a faziam saltitar por esse mesmo consultório, assim que o adentramos qualquer resquício de alegria em meu esposo morre. Harry tem aquele olhar distante e sombrio, como o de um animal ferido.

O doutor chega em seguida, conservando-se o mesmo de sempre, ele de princípio não nos reconhece, Eve mudou de médico quando tinha cinco anos quando o médico se mudou para Nova Orleans, quem imaginaria que ele estaria de volta.

Então quando ele lê nossos nomes com um pouco mais de atenção, reavê as memórias passadas.

— Eu sabia que conhecia esses rostinhos de algum lugar. Vocês eram duas crianças quando nos conhecemos. — Ele ri.

Tento acompanhá-lo, uma vez que Harry parece estar no modo avião.

— Sim, já faz tempo.

— E como vai a pequena bailarina? Já deve estar uma moça, imagino o quão linda ela ficou. Os garotos devem estar batendo em sua porta querendo levá-la ao cinema.

Engulo em seco.

Olho para o doutor, é um velho senhor a beira dos oitenta, não me parece justo dizer a ele que uma de suas antigas pacientes morreu baleada antes dos dez anos.

Então eu só...

— Ela está ótima! Realmente linda e os garotos não são bobos de mexer com a filha de um policial. — Dizer aquilo automaticamente traz lágrimas aos meus olhos e um soluço a minha garganta, mas eu não liberto nenhum dos dois. Diferente de Harry que começa a chorar ali mesmo.

— Oh, os hormônios, eles te deixam tão sensível, não é mesmo?

Harry olha para o médico, frio e raivoso, beirando a sanguinário.

— Sim. Hormônios.

Nesta ultrassom ainda não é possível descobrir o sexo da criança, porém podemos ouvir as batidas altas e ritmadas de seu pequeno coração. O doutor precisa dar um generoso zoom para que eu consiga discernir a cabeça do pé do bebê.

Eu estou empolgado feito uma criança.

Até peço uma foto.

Harry estava dividido, por vezes ele olhou encantado para a tela, sorrindo e tocando a barriga, em outras fechava a cara e franzia os lábios para baixo, baixando os olhos com escárnio para o ventre.

A última era a sua expressão atual, depois que o doutor me entregou a foto nos deixou a sós para que Harry pudesse se limpar e fechar a camisa, ele o fez em um silencioso insuportável, ignorando quando lhe ofereci a mão e marchou na minha frente até o carro, a indiferença se perpetuou durante todo o caminho em que o peguei por vezes resmungando consigo mesmo.

Automaticamente lembrei de quando Spencer falou sobre as conversas que Harry tinha sozinho.

Se ele era louco...

Olho de soslaio, seu rosto bonito, porém fechado, os cabelos sendo soprados contra o vento e a maneira discreta com que seus lábios vão se movendo a cada palavra sussurrada.

Ele não é louco.

Mas é claro que tem algo de errado com ele.

De supetão ele muda tão completamente que me leva a impressão de que é outra pessoa, quer dizer, é como uma espécie de usurpador, ele tem o mesmo rosto, a mesma voz, o mesmo cheiro, no entanto não é ele. Pode ser estresse, claro, ou a gravidez, possivelmente tenha a ver com todo esse turbilhão de crises que temos enfrentado, mas é um fato, o meu Harry está perdido em algum lugar e eu desconheço a pessoa sentada ao meu lado.

Quando chegamos em casa a primeira coisa que ele faz é bater com a porta na minha cara.

— Amor, o que houve? — Indago depois de empurrar a porta, o puxando pelo braço.

Ele me repele com um tapa ardido justamente na minha mão onde os pontos da amputação ainda cicatrizam. A dor me enfurece.

— Cala a boca e não encosta em mim. — Grita seguindo em direção a cozinha.

Meu subconsciente dita que é melhor ir embora, deixar que ele se acalme sozinho, dar espaço e tempo, mas que se foda!

Nunca fui do tipo que foge de confusão.

— Calar a boca? Que porra deu em você pra falar assim comigo? — O encurralo contra o armário, meus punhos se apertam ao lado do meu corpo para não toca-lo e acabar fazendo alguma merda — Eu já estou cheio disso! Eu não sou seu brinquedinho pra ter por perto só quando convém, eu sou seu marido, caralho, o pai do bebê que você está carregando.

Harry pisca lentamente, erguendo os olhos escuros para o meu rosto, sua mandíbula trava duramente.

— Esse "bebê" não é meu e talvez nem seu.

Como é que é?

Tropeço para trás, sentindo meus ossos tremerem.

Harry me olha com os olhos estreitos. Completamente diferente de como estivera mais cedo.

Ele é frio, distante e... Me lembra muito seu aspecto da noite da exposição.

— Você não pode ter feito isso, você e o Aaron...

— Aaron? Deus, não! Como pode ser tão imbecil? — Ele diz como se estivesse lhe dando nos nervos e tenta se afastar, mas o alcanço assim que ele entra no quarto, o pego pelo braço, ele luta para se soltar me obrigando a encurralar o cacheado entre meu corpo e a parede.

— Me solta. — Geme, tentando soltar seus pulsos das minhas mãos que os mantém acima de sua cabeça — Eu vou gritar!

— Fique à vontade.

— Você que pediu... — Está prestes a gritar quando tapo sua boca, seus olhos esmeraldinos dobram de tamanho e ele me morde. Praguejo, jogando-o para o meio da quarto, ele cai estatelado na cama, mas logo tenta sair de novo.

— Meu Deus, Harry, o que há com você? Eu sei que a gravidez causa todas essas alterações de humor esquisitas que você tem tido nos últimos meses, mas isso já é demais. Você está tornando nossas vidas um inferno e destruindo nosso casamento. — O seguro pelos cotovelos, Harry me olha como se eu fosse o diabo.

— Talvez eu não possa falar por ele, mas foi você quem destruiu tudo. Foi você quem dormiu com Michael Clifford, não, espere, dormir é muito baixo, vocês viveram um romance, não foi? Uma linda história de amor. Desculpe por atrapalhar, embora você sempre tenha feito um excelente trabalho em me ignorar. O único brinquedo aqui sou eu, você não me enxerga, Louis. Doze anos e você nunca notou.

— Nunca notei o quê? — Minha voz é baixa.

Meu marido abre a boca como se fosse falar, contudo muda de ideia.

— Hazz, fala comigo.

Incapaz de sequer me encarar, se desvencilha de mim e deita-se por completo na cama, o rosto pressionado contra os lençóis. A voz saindo abafada ao dizer:

— Esquece, não me dê ouvidos! Eu sou só... Um idiota, um estúpido que não faz o menor sentido.

Embora esteja um tanto enraivecido por ele jogar a história do Clifford pela milésima vez na minha cara, eu não consigo suportar ouvi-lo se diminuir daquele jeito.

— Amor... — Me inclino, acariciando seus cabelos.

Harry se encolhe, sussurrando em desespero:

— Eles tem razão. Eu deveria sumir... — Soluça baixinho.

— Já chega! — Grito, o puxando pra que ele se volte pra mim — Só... Por favor, para com isso. Eu te amo, eu quero ficar com você, mas se você não-

— Eu te amo. Eu quero ficar com você pra sempre. Eu só não... Não sei o que tem de errado comigo. Acho que preciso de ajuda.

Apoio as mãos aos lados de sua cabeça e torno a acariciar seu cabelo com a destra, sustentando seu olhar de filhote perdido.

— Vamos voltar pra terapia e vamos fazer certo dessa vez, ok? Vamos cuidar do nosso casamento, eu vou cuidar de você, amor.

Harry assente e uma sombra de um sorriso perpassa por seus lábios que de repente são pressionados contra os meus. A surpresa me faz ofegar e ele se aproveita desse deslize para escorregar sua língua para a minha boca, aprofundando o beijo, ao que tenta desafivelar meu cinto e acaba esbarrando na Glock em minha cintura.

— Oh. — Solta assustado.

— Desculpe. Eu já deveria ter tirado isso. — Me afasto para poder deixá-la sobre a cômoda.

Quase deixo a arma cair quando sinto beijos molhados sendo espalhados acima da minha clavícula, ele dobra a coxa e esfrega sua ereção já formada exatamente sobre a minha.

— Harry! — Deveria ser uma repreensão, mas sai como um gemido.

— Lou! — Geme em resposta, puxando violentamente meu cabelo para trás e sugando um hematoma em meu pescoço.

É bom, mas mesmo assim...

— Espera. — Coloco uma pequena distância entre nós.

— O quê? Está com medo que o seu marido chegue mais cedo? — Brinca sem qualquer resquício de divertimento na voz.

— Hãn? Eu não entendo essas variações de humor, até parece que você está bêbado.

Harry revira os olhos, caindo de volta na cama, os cabelos longos se esparramando pelo lençol e a camisa aberta me dando a visão privilegiada de seu tronco se movendo suavemente ao respirar.

— Talvez eu esteja. — Rebate, tirando a mão do meu campo de visão, a reencontro no momento em que ele a usa para apertar meu membro — Mas é de tesão.

Ele começa a mover a mão lentamente, me provocando.

Tenciono a mandíbula tentando me concentrar em qualquer parte aleatória do quarto, não importa o que, apenas para não admitir pra mim mesmo que uma punheta de meio minuto está prestes a me dar o primeiro orgasmo em semanas.

Que vergonhoso!

Sinto meus músculos tensos, o frenesi cobrindo a minha pele e meus dedos se agarrando a colcha, estou perigosamente perto quando ele para.

Movo o quadril tentando algum tipo de fricção, mas sua mão não está mais lá. Harry me puxa pela gola da camisa, me forçando a encara-lo.

Deus, de perto ele é ainda mais lindo.

Existe algo naqueles olhos que não me deixam desviar.

— Já que você está tão desesperado pra gozar porque não faz isso dentro de mim? — Diz com a voz rouca.

Meus braços vacilam e eu caio completamente sobre ele.

Puta merda, faz tanto tempo! Quando foi a última vez?

Acho que no dia do parque. Aquilo tem bem mais de um mês.

Estou praticamente revirginado, o que explica o fato de estar esporrando nas calças feito um adolescente.

— Isso significa que você quer que eu volte pra casa? — Afasto o decote de sua camisa, o mamilo rosado já está intumescido, sopro superficialmente rodeando a auréola com a língua.

Harry arqueia as costas, pedindo silenciosamente por mais.

— Não... — Sussurra afetado quando chupo seu mamilo direito, torcendo o esquerdo entre os dedos — , significa que eu quero que você me foda.

É quente, pra caralho, porém, não é o que eu queria ouvir.

O meu desgosto deve ser evidente porque meu marido se apoia nos cotovelos e arrasta a boca aveludada pela minha barba, gemendo baixinho porque ele adora a sensação e eu adoro ouvi-lo.

Fecho os olhos e Harry arranha meu pescoço.

— Eu tenho sido péssimo com você e eu sei que você está fervilhando de raiva há um bom tempo. Não podemos voltar antes que você possa desconta-la em quem a merece.

O olho de soslaio, cético.

— Casais normais costumam conversar.

Ele ri e se remexe embaixo de mim pegando algo em meu bolso. Ele balança a algema diante dos meus olhos aos retrucar:

— Como se algum de nós fosse normal. — E a empurra pra mim. Fico de joelhos, o observando sobre a cama, me esperando ansioso enquanto dedilho o objeto de metal grosseiro.

— Isso não é um brinquedo sexual. São algemas de verdade, do tipo que você não pode se soltar, além disso, vão ferir seus pulsos se você se mover muito. Não quero que se machuque.

Pela segunda vez ele revira os olhos pra mim e lambe o último botão da minha camisa.

— Não precisa fingir se importar, você é um filho da puta egoísta que não se interessa por nada além de você mesmo, tudo bem, é o que eu adoro em você. Só faça o que tiver vontade.

Eu, egoísta?

Respiro profundamente.

Largo as algemas e me levanto.

Bem, ele está absolutamente certo.

Destaco os botões da camisa e a deixo cair no chão, corro os dedos pelos cabelos antes de reaver as algemas. O cacheado continua a me encarar com aquela expressão de vadia arrogante que me dá nos nervos. Ele também está certo sobre eu estar irado com ele.

Me inclino sobre ele, puxando seus braços para cima e algemando seus pulsos, no instante em que as prendo ele resmunga.

— Está apertado. — Se contorce.

Seguro a scarf em seu pescoço que pressiona sua garganta quando o puxo em direção a mim.

— Agora você só vai abrir a boca pra gemer ou me chupar, fora isso, calado!

Assente obedientemente.

E volto a me afastar, desta vez o puxando pela scarf como a guia de uma coleira, ele engasga e cai de joelhos diante de mim. Com os pulsos presos diante do corpo, me assiste abrir a calça e trazer meu pênis para fora, como era de se esperar estou uma bagunça e é tudo por causa desse idiota gostoso que levanta o rosto para mim, me olhando com os olhos imensos e límpidos, o rosto corado – fala sério, eu nunca o vi corar, pensava que ele não tivesse essa capacidade – e uma expressão que se pode dizer quase virginal.

— Essa é a primeira vez que você vê um pênis, baby? - Zombo beliscando seu queixo.

Ele parece prestes a confirmar quando, invés disso, pergunta:

— O q-que quer eu faça, senhor?

Senhor? É, eu gostei.

Geme quando toco delicadamente seu rosto. Oh, que sensível.

— Apenas fique parado e seja um bom menino.

Fecho a mão ao redor do meu pau começando a movimentar para baixo e para cima, enrijecendo ainda mais ao sentir sua respiração quente e contemplar a forma como ele vai espremendo as pernas e remexe a mão sobre o colo, ele está nervoso? Com a mão livre ergo seu rosto, seus lábios estão cheio de pequenas marcas deixadas pelos dentes, amacio a carne avermelhada com o polegar e ele vai se aninhando a mim como um gatinho.

Meu gatinho.

O pré gozo suja minha mão quando pressiono o polegar em direção aquela cavidade quente e molhada, sem desviar o olhar envolve meu dedo com a língua macia o sugando como se fosse...

Era impossível não associar.

Tiro o meu dedo para envolver a mão ao redor da scarf o puxando em direção a minha ereção necessitada, minha porra mancha seus lábios e no momento que ele os abre tudo perde o pouco sentido que tinha.

Fecho os olhos, jogando a cabeça para trás e enchendo o punho com seus cabelos.

Ouço seu breve engasgo, mas ele não deixa de me tomar por inteiro. Esse é o segundo motivo pelo qual me casei com ele, depois de ser o amor da minha vida, é dono do melhor boquete do mundo.

— Assim. — Digo com a voz rouca o guiando.

Me suga com força, enrolando a língua ao redor das veias, me torturando. Empurro o quadril, enfiando-me mais fundo em sua boca. É excitante olha-lo, ele mantém aquele olhar falsamente inocente pra me enlouquecer, meto repetidamente nele, observando meu pau afundando em sua boca. Erótico é pouco para o que estou vendo e sentindo, estou tão perto quando...

Puta que me pariu!

Inferno!

Caralho!

Eu vou dar um tiro nele.

Ele me olha com a mesma expressão, beliscando o lábio inferior.

Agora eu estou literalmente tremendo de raiva.

— Você me mordeu. — Olho trêmulo para baixo onde posso ver exatamente as duas marquinhas de seus dentes da frente.

— Foi sem querer, senhor. — Ele nem se esforça pra me fazer acreditar.

Ajoelho diante dele, sem saber o que fazer com esse petulante provocador quando noto a sutil mudança. Ele me lembra daquele dia...

— Você fez isso de propósito, pra me provocar, você gosta de me ver bravo. Não tem nada a ver com o Harry... É como um... — Me encara ansioso — um personagem. Um alter ego, é isso, não? — Seguro seu rosto, minhas unhas arranham suas bochechas vermelhas — Você está tão parecido com aquele quadro. É ela, não é? Sugar!

Seus olhos tem um brilho quase eufórico.

— Entendi, amor, esse é o seu jogo. Sugar, a garota que gosta de seduzir e ferir os homens.

Apoia as mãos no chão e levanta os quadris para ficar um pouco mais próximo de mim.

— Então você se lembra? Acho que gostou de mim.

— Eu lembro que te achei uma cadela.

Em resposta ele rosna.

Merda! Isso pode ser divertido.

Sem mais delongas o jogo de volta na cama, ele cai praticamente estatelado, se remexendo, mas recebe uma palmada e a ordem de permanecer quieto. Arranco suas botas e puxo seu jeans por suas pernas, me surpreendendo com o que encontro.

Corro os dedos por suas coxas até alcançar a renda preta da calcinha.

— Oh, a Victoria Secrets que eu paguei.

Ele consegue se firmar e ficar sobre seus joelhos, arqueando as ancas e balançando a bunda no ar, se exibindo.

— Você não acha que foi um ótimo investimento?

— Definitivamente e não há nada mais apropriado para uma garota.

O ouço suspirar de êxtase.

Harry nunca falou sobre gostar de ser chamado no feminino antes, mas uma fantasia deveria ser levada a sério, por mais súbita que fosse.

Encaixo meu quadril no seu, apertando uma banda e esfregando meu pau por entre elas, pensando no quão fundo eu estaria dentro dele se não fosse por aquela pequena peça de roupa. Mesmo assim a fricção é deliciosa, mancho sua bunda com o pré gozo que escapa e o espalho por ela, vendo sua pele brilhar.

Mas não posso me esquecer da mordida.

Ela merece ser punida.

— Sabe, Sugar, se você não tivesse agido como uma cadela arrogante nós poderíamos estar fodendo agora. — Digo tomando distância e caminhando pelo quarto em direção ao closet — Eu poderia estar metendo bem fundo no seu cuzinho apertado e nossa única preocupação seria gozar perdermos a razão. — Escuto seu gemido manhoso do outro cômodo e sorrio perverso comigo mesmo, encontrando o que desejava junto aos meus uniformes. É tão brega, porém útil, retorno para o cômodo com o objeto em mãos — Foi realmente uma pena porque agora vou ter que castigar.

Me aproximo e ele vacila.

— O quê? Você tocou na minha arma, está usando algemas, pensei que quisesse o pacote completo pra brincar de polícia e ladrão e isso... — Golpeio a minha mão com o cassetete - também está incluso.

— Mas o que você pretende fazer com isso? — Pergunta e eu sorrio desatando o nó da scarf do seu pescoço e a usando de mordaça.

— Você não é o único que pode fingir ser outra pessoa, querida. — Prendo bem, dando a volta para parar atrás dele, sentindo a presença de alguém as minhas costas, mais especificamente sentado na poltrona, pronto para ver o show.

— Isso vai ser divertido. — Lucian cantarola.

— Calado! — É a minha voz, mas com certeza não sou eu ali. Existe outro em meu lugar.

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