Capítulo 12 - Repreender.
Don't You Worry Child - Swedish House Mafia
Eu subo com Ana e encontro Cris e Hércules ainda no apartamento, os dois usam as mesmas roupas de hoje de manhã, estão aninhados no sofá e assistem alguma coisa na televisão. Assim que Ana entra o gatinho preguiçoso se esfrega em seus pés e ela o pega nos braços caminhando com ele para dentro do apartamento.
Minha irmã e o namorado preparam uns sanduíches com café para nós. Desconfiei que o Hércules fez o café e a Cris os sanduíches, minha irmã é um verdadeiro desastre na cozinha e até seu café, uma coisa tão simples de fazer, é horrível. Claro que ninguém diz isso a ela.
Observo, incapaz de disfarçar a admiração, enquanto Ana conta toda empolgada sobre o assalto. Ela parece uma criança contando uma super novidade para a mãe. Cris e Hércules ficam tão estatelados quanto eu, todos nós crescemos aqui e raramente ouvíamos falar sobre assalto, as histórias que ouvíamos sobre eram como lendas distantes.
-O cara disse ninguém corre! A primeira coisa que eu fiz foi correr. – Ela se diverte enquanto narra a história.
Hércules cai na gargalhada diante de sua impulsividade.
-Pelo menos, foi emocionante esse encontro, não é? - Pergunta ele aos risos. – O Sebastian deve ter se borrado de tanto medo! – Uma nova gargalhada rompe dele que se joga no sofá se contorcendo em um riso exagerado.
-Cala essa boca! Se fosse você no meu lugar era capaz de ter deixado Cris pra trás e corrido sozinho.
-É bem capaz! – Confirma Cris, Ana a olha surpresa e logo não é capaz de conter a gargalhada.
Hércules faz cara feia e passa o braço pelos ombros de Cris.
-Quê isso, morena? – Indaga ele parecendo afetado. – Eu não só ficaria, como também defenderia você.
-Amor, para. – Ela mal consegue segurar a risada. – Você é medroso. - Novas risadas preenchem a sala diante de sua declaração.
Nós comemos e conversamos até Ana se alarmar com o horário e correr para se arrumar. Quando ela saiu do quarto vestida de preto e com os cabelos puxados para trás, me ofereci para deixa-la no trabalho, ela negou, mas eu insisti dizendo que não teria problema e que não tinha compromisso nenhum. Ela acabou concordando, nos despedimos da Cris e do Hércules e partimos.
Tudo que eu quero é mais tempo com ela, o máximo que eu conseguir, embora eu saiba que vou vê-la novamente, não sei exatamente quando, e isso me provoca uma sensação estranha no peito. Sensação essa que me alerta de que a presença de Ana cresce cada vez mais dentro de mim.
-Obrigada pela carona. – Agradece quando paro o carro em frente ao pub onde ela trabalha.
-Não foi nada. – Respondo me demorando em olhá-la.
-Eu gostei muito de hoje.
-Eu também. – Admito. – Temos que repetir essa saída de amigos.
Ela assente e o silêncio paira sobre nós, mas por incrível que pareça não é nada constrangedor. Ficamos nos olhando com expressões tranquilas e eu decido não fazer nada, quero que ela confie em mim e que leve as coisas da forma como prefere.
Depois de alguns demorados segundos ela me beija, sua mão pousa no meu rosto enquanto seus lábios se movem sobre os meus carinhosamente, ela não demora muito e desce do carro.
Antes de dar partida, pego meu celular e procuro o número de Kimberly na agenda, ligo e não demoro para ser atendido.
-Alô.
-Oi, vai ficar em casa hoje? – Pergunto.
-Vou.
-Estava pensando em passar aí. Visitar Caleb. – Apresso-me em explicar que estou indo pelo meu filho e não por ela.
-Ele vai dormir cedo hoje. – Dispara ela ao perceber o que fiz.
-Eu estou indo agora, está cedo ainda.
Ela demora alguns segundos para responder.
-Tudo bem. Te espero. – Diz ela, como se eu estivesse indo para encontrá-la.
Kimberly parece normal. Eu a conheço bem mais do que eu gostaria e ela é uma pessoa fácil de ler, todos os seus sentimentos aparecem estampados em seu rosto, por isso ela é uma péssima mentirosa e por isso consigo saber que não está mais chateada com nossa discussão no hospital.
-Eu posso entrar? – Pergunto.
-Claro. – responde e me dá espaço.
Está neutra, mas não com raiva.
-E Caleb? – Pergunto ao analisar a sala e não encontrá-lo.
-No quarto, vou chamar. – Ela dá as costas.
-Espera. – Peço e ela para de andar. – Podemos conversar?
-Achei que tivesse vindo para ver Caleb. – Alfineta. – Deixou isso bem claro.
-Você não está mais chateada comigo.
-Como é que você sabe? – Desafia.
-Porque eu te conheço. Podemos conversar?
Ela assente e senta no sofá, faço o mesmo.
-Desculpa por ter gritado com você no hospital. Eu estava nervoso e preocupado, sei que faz o que pode, eu não tinha o direito de falar com você daquele jeito e dizer as coisas que eu disse. – Falo com sinceridade.
Kimberly suspira e sua mão cobre a minha, ela sorri e seus olhos marejam, mas ela não chora.
-Caleb só tem a mim, e eu só tenho você. Claro que desculpo. – Assente com a cabeça.
-Tem o Caleb também, vocês têm um ao outro. Nunca estarão sozinhos. – Garanto.
-É verdade. – Ela concorda ainda emocionada
-Eu sei que não é fácil, Kim, sei que sua vida deu uma puta virada, mas você tem o Caleb! Ele é uma criança extraordinária, você sabe. – Sorri. – Daria tudo pra passar mais tempo com ele. Então, aproveita.
Kimberly baixa a cabeça e eu sei que está recuando, ela levanta do sofá indo para o mais longe possível que a sala permite.
-Vou chamar Caleb.
Ela demora alguns minutos e depois volta com o menino.
-Tio Sebastian! – Ele corre em minha direção e me abraça apertado pelo pescoço.
-E aí, garotinho. – O envolvo com meus braços e me sinto tão bem no momento que faço isso. Se tem uma coisa que eu adoro é ter certeza que meu filho me ama mesmo sem saber o que eu sou para ele. – Tava com saudade?
-Eu tava. – Admite sorridente.
-Mas eu vim aqui final de semana passado. – Lembro.
-Mas eu tava com saudade mesmo assim. – Insiste ele. E eu entendo porque também já estava com saudades dele.
-Eu também estava. – Bagunço os cabelos castanhos dele.
-Tio! A mamãe comprou um vídeo game pra mim. – Diz todo empolgado, olho para Kimberly e ela assiste a cena com um sorriso. – Joga comigo!
-Tá tarde, meu filho. Você tem que dormir cedo. – Diz Kimberly.
-Tá não, mamãe. Deixa ele jogar comigo. – Pede tristonho.
-Kim, é só um pouco. Eu não demoro. – Olho em seus olhos praticamente implorando que deixe.
Ela aperta os olhos com força, suspira e dá um sorriso.
-Tudo bem. – Declara. – Mas só o tempo que faço algo para nós comermos, ok?
Eu sei que é uma condição. Para jogar com Caleb tenho que jantar com eles. Concordo de bom grado apesar de não estar com fome e nem com vontade de dividir uma mesa com a Kimberly.
-Ok. – Dizemos em uníssono. Caleb olha para mim surpreso e começa a rir.
Fomos para o quarto e jogamos uns trinta minutos até a Kimberly aparecer e nos chamar para jantar.
-Está pronto. Vamos comer.
-Estamos no meio da partida, mamãe. – Diz Caleb focado na televisão.
-O que foi que combinamos, Caleb? – Pergunta.
-Espera só um pouquinho, mãe. Já tá acabando. – Insiste ele sem olhá-la.
-Agora, Caleb!
Ele não responde e continua jogando. Eu já havia largado o controle e o menino aproveitava minha pausa. Kimberly anda com passos duros até nós e puxa tudo da tomada de uma vez.
-Não! – Caleb grita com o rosto vermelho e o cenho franzido.
-Kimberly, não puxa assim você pode queimar tudo. – Explico.
-Não se mete, Sebastian. – Fala impaciente. – Fizemos um acordo, Caleb. O que custa você obedecer. Não tem palavra?
-Você nunca me deixa fazer nada! – Exclama o pequeno cruzando os braços. – Você é chata!
-Caleb! – Repreendeu com os olhos úmidos.
-Caleb, não fala assim com a sua mãe! – Repreendo.
-Ela disse pra você não se meter, tio. – Lembra o menino petulante e eu fico inevitavelmente surpreso.
-Não fala assim com o... – Ela se interrompe e olha para mim. – Com...Com o Sebastian. Ele é mais velho que você, é amigo da mamãe e por isso você tem que respeitar ele! Agora vamos logo jantar antes que eu jogue essa droga de vídeo game fora! – Diz Kimberly enfurecida caminhando para fora do quarto.
Caleb baixa a cabeça e passa por mim para sair do quarto. Agarro-lhe o pulso e abaixo para ficar da sua altura.
-Não pode falar assim com a sua mãe, garoto. – Repreendo com seriedade.
-Mas ela é chata, já estávamos acabando...
-Não interessa! Ela combinou uma coisa conosco e você concordou, tem que ter palavra e obedecê-la. Ela é sua mãe, você só tem ela, chata ou não, ela é tudo que você tem. – Ele baixa a cabeça e parece envergonhado. – Olha pra mim. – Ele ergue o olhar. – Se tem peito pra enfrentar a sua mãe, tem que ter pra me olhar também. Você a magoou, agora pede desculpas dela e nunca mais faça isso de novo, garoto! Está me entendendo, Caleb?
Ele engole em seco e assente, os olhos marejam e ele deixa lágrimas escorrerem, mas rapidamente trata de seca-las como se não quisesse que eu as visse, como se sentisse vergonha delas. Ele está pronto para sair do quarto quando eu o puxo novamente e o abraço. Ele me abraça de volta e posso sentir suas lágrimas livres molhando meu ombro.
-Não tem nada de errado em chorar, garotinho. – Falo enquanto meus olhos encharcam, porque é a primeira vez que eu chamo sua atenção para algo e que ele chora por causa de algo que eu disse.
Não gostei da sensação.
-Desculpa.
-É para a sua mãe que tem que pedir desculpas. – Bagunço seus cabelos e uso meus polegares para forçar um sorriso em seu rosto. – Tá tudo bem. Agora vai dar um super abraço na mamãe e pede desculpas dela.
-Tá bom. – Sorri de verdade e sai do quarto.
Passa das quatro da manhã quando acordo sem motivo aparente. Pego o celular e preciso diminuir a luz forte que me cegou por alguns segundos para conseguir ler a notificação:
Ana
Tá acordado?
Sebastian
Acabei de acordar, tá aí ainda?
Ana
Tô, cheguei tem pouco tempo. Eu te acordei?
Sebastian
Eu acordei sozinho e vi que tinha mensagem sua
Ana
Não consegui dormir
Sebastian
Pensando em mim? Eu causo esse efeito as vezes
Ana
Não sei como não acho um saco essa sua confiança toda
Sebastian
Deve ser porque você gosta de mim
Ana
Gosto
Sebastian
Eu também gosto de você
Ana
Por isso somos bons amigos
Sebastian
Adoro essa amizade que pode beijar o amigo
Ana
Kkkk sabe que estou passando por uma fase de desintoxicação. Para com isso!
Sebastian
Desculpa. Não resisto
Ana
Tem que resistir. Ou não resisto também
Boa noite, Sebastian. Obrigada por hoje, foi muito bom!
Sebastian
Boa noite. Eu que agradeço. Vamos fazer isso mais vezes
Ana
Vamos sim ;)
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