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Capítulo 9 - Passeando

Eu admito que eu tive um passado covarde
Eu vivia com medo, sem nem mesmo saber por quê
Atrás de mim, meu passado reflete
A realidade no presente

(Mitometeta okubyou na kako
Wakaranai mama ni
Kowagatteta ushiro no jibun ga genjitsu wo
Ima ni utsusu - Crossing Field)

*******

- Que fofos! - Levy e Cana exclamaram em conjunto ao abrirem a porta da enfermaria.

- Eu sei! Não acredito que desde ontem eles não mudaram a posição em que estavam! - Lisanna disse surpreendida.

Já era de manhã, e como Lisanna sabia que Lucy, Natsu e Happy dormiram na guilda na noite anterior, foi até a Fairy Tail bem cedo junto com Levy e Cana para saber como eles estavam.

- Vamos acordá-los? - Levy perguntou

- Acho melhor sim - Cana respondeu.

- Eu acordo o Natsu, Levy acorda a Lucy e a Cana o Happy - Lisanna disse.

E assim fizeram, e os três que estava dormindo acordaram logo depois.

- Bom dia, meninas - Lucy sussurrou acordando.

- Bom dia, Lucy! - as três cumprimentaram de volta a loira.

- Está bem, Lucy? - a morena indagou receosa.

- Sim - a loira bocejou. - Só estou com uma dor de cabeça.

- Está doendo muito? - Natsu perguntou com uma expressão de sono e de preocupação.

- Não muito. Acho que quero dar uma volta para ver se ela passa. - ela respondeu.

- Então nós vamos com você - a albina afirmou.

- Aye! - Happy concordou.

- Não é necessário - Lucy negou abanando as mãos. - Levy, será que podia me ajudar a me trocar?

- Claro. Tem certeza? - a azulada perguntou.

- Absoluta! Além do mais, preciso ficar um tempo sozinha - Lucy disse abrindo um sorriso.

- Se você quer assim - Natsu, Lisanna e  Levy concordaram meio contrariados.

- Como se eu fosse deixar uma pessoa que desmaiou recentemente e está em processo de cura sair sozinha na rua - Cana interviu com um ar de deboche em sua fala. - Vocês só podem estar loucos de deixar ela ir.

- Ela só quer ficar um tempo sozinha - Levy disse entrando na discussão que Cana havia criado.

- E ela não pode ficar sozinha aqui na enfermaria onde se algo acontecer tem pessoas para cuidarem dela? - a morena indagou cruzando os braços.

- Eu também não gostei muito dessa ideia - Natsu confessou se levantando. - Mas temos que dar um voto de confiança. Afinal, você só vai andar aqui aos arredores da guilda, certo Luce? - ele redirecionou o seu olhar para a loira.

A maga celestial abriu um sorriso brilhante ao ver que o rosado confiava nela.

- Claro! - ela confirmou sorrindo ainda mais.

- Então tudo bem - a morena concordou meio relutante.

Levy levou Lucy ao banheiro, e ajudou-a a se trocar e depois que ela saiu de lá, se despediu daqueles que se encontravam na enfermaria:

- Volto daqui a pouco! - ela disse acenando às seis figuras que ainda estavam na sala.

- É melhor mesmo - Lisanna ameaçou acenando de volta.

E então Lucy começou a caminhar sozinha pelas ruas de Magnólia. Começou a pensar em maneiras de recuperar a sua memória, e acabou lembrando-se de Natsu. Ao lembrar do rosado, ela sorriu. Desde que havia chegado, Natsu foi um bom amigo, a guilda inteira também. A loira recordou de Sting e Rogue e percebeu que não sabia se eram integrantes da guilda ou não, ninguém havia explicado para ela. Perdida em seus pensamentos, a maga celestial nem percebeu que havia uma cafeteria um pouco logo a diante, então ao repará-la, decidiu entrar dentro do estabelecimento para ver o que tinha lá. Quando começou a andar em direção à ela, direcionou o seu olhar para uma menina, um pouco mais nova que ela, deveria ter aproximadamente uns nove anos, segurando nas mãos de seu pai e sua mãe. Então uma memória antes esquecida começou a passar rapidamente pela mente de Lucy: uma mulher loira deitada em uma cama como seus olhos cobertos por uma franja, tentava acalmar Lucy que aparentemente chorava desesperadamente. Não sabia o porquê, mas o medo a consumiu e uma dor ardente começou a subir pelo seu peito. A loira se encontrava olhando parada com os olhos arregalados para aquela família feliz que deixava o local. Seu corpo parecia que não conseguia se mover, suas pernas tremiam e começou a sentir suas bochechas a ficarem molhadas. Ela estava chorando. Colocou as mãos no rosto tentando fazer com que as lágrimas parassem de cair, não emitindo nenhum som.

- Você está bem, Lucy? - alguém perguntou claramente preocupado.

A maga celestial levantou a cabeça, tirando as mãos do rosto e olhando a pessoa a sua frente. Era Gray. Quando percebeu que era ele, abraçou o moreno, ela precisava de algo para se apoiar antes que se desabasse no choro de vez.

- Sim - disse com a voz ainda meio chorosa.

- Por que está chorando? - ele indagou abraçando Lucy de volta apertado.

- Não é nada - ela disse secando as lágrimas de seu rosto, abrindo um sorriso forçado.

- Tem certeza? - Gray perguntou.

- Sim.

- Então tudo bem - ele disse quebrando o abraço e esboçando um sorriso de canto em seus lábios - Vamos!

- Aonde? - Lucy perguntou confusa.

- Para um lugar - o moreno falou em um tom misterioso.

- Que lugar? - a loira indagou ainda mais confusa.

- É surpresa. E você vai ter que fechar os olhos até chegar lá.

- Por que? - ela perguntou manhosa na esperança de que ele revelasse algo.

- Eu já disse! É surpresa!

- Tá bom - a maga celestial se deu por vencida.

- Ótimo! Vamos!

Assim, o moreno colocou uma de suas mãos no rosto da loira, tampando os olhos dela. Ela posicionou sua mão no ombro de Gray para que ele a conduzisse. Os dois caminharam por alguns segundo em silêncio até que pararam.

- Aqui.

Então ele destapou os olhos amarronzados da loira, fazendo com que ela pudesse ver novamente. Eles estavam em uma rua muito movimentada, pessoas andavam por lá carregando sacolas e alimentos.

- Por que estamos aqui? - ela perguntou claramente confusa.

- Não consegue ver? - ele indagou apontado para o longe.

Então ela se deu conta de onde exatamente eles estavam, era uma espécie de feira com varias tendas e barracas que vendiam diversas coisas.

- Uau - Lucy deixou escapar se sua boca com os olhos brilhando.

- Como acho que você nunca foi em uma dessas, quis trazer você pela primeira vez - ele disse entusiasmado.

- Obrigada, Gray! - ela agradeceu abraçando-o mais uma vez.

- De nada. - ele falou olhando constrangido para o lado, quebrando o abraço.

- Onde quer ir primeiro? - a loira perguntou.

- Onde você quer ir primeiro? - ele perguntou de volta.

- Não sei. Que tal tomarmos sorvete?

- Ótima ideia.

Mas antes que os dois dessem qualquer passo, o moreno colocou o braço na frente do corpo de Lucy, fazendo-a parar.

- O que foi? - indagou confusa.

- Aquilo - ele disse olhando algo.

Ela não havia entendido, continuava com uma expressão de confusão em seu rosto. Seguiu o olhar de Gray e percebeu pela primeira vez uma das barraquinhas, nela um moço vendia peças de jóias. O moreno então andou até ela.

- Posso ver essa pulseira? - perguntou apontando para uma pulseira específica ao chegar perto do atendente.

- Claro - o moço disse dando a Gray a pulseira. - Essa pulseira é especial, pois é uma pulseira de berloques, que é uma pulseira onde você coloca pingentes de memórias. Essa já está com alguns berloques mas se você quiser trocar pode.

- Posso escolher os berloques então?

- Sim.

O moreno apontava para certos locais na mesa onde a pulseira estava antes. A loira ainda estava no mesmo local onde fora deixada, claramente curiosa pelo que o moreno fazia lá. Depois de um tempo, Gray voltou para perto de Lucy, estendendo-lhe a pulseira juntos com alguns pingentes.

- É para você - disse com um sorriso gentil.

- Para mim? - ela indagou surpreendida.

- Sim.

- Obrigada! - a maga celestial abriu um sorriso imenso e pulou no moreno em um abraço.

Após quebrarem o abraço, Gray colocou a pulseira no pulso da loira. Ela então percebeu os pingentes que o mago do gelo havia escolhido especialmente para ela: uma boneca, uma chave, uma letra l maiúscula e um livro. Os seus lábios se abriram em uma sorriso singelo só em admirar o presente que havia ganhado. Assim, os dois se olharam e partiram em busca de sorvete.

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