Você se foi
E eu virei o vazio de alguém
Uma metade qualquer
De uma música sem começo - Você se foi

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- Por que está gritando?! - a menina berrou.
- Eu estou sendo levada por um rio que flutua no céu! E tem você que apareceu do nada! Por que eu não estaria gritando?! - a loira gritou de volta.
- Quer que eu te tire daqui?! - ela indagou.
- Quero! - Lucy suplicou.
A azulada então estendeu as mãos para o lado, e surpreendente a água parou. Ela abaixou o braço esquerdo, permitindo água sai de sua mão, assim formando um tipo de escorregador na lateral do rio.
- Dessa nele! - a menina exclamou com dificuldade - Não posso fazer essa água parar para sempre.
Em pulo, a maga celestial começou a escorregar pela água que a azulada havia criado e caindo na rua.
- Lucy! - Gray chamou a loira.
Ela levantou a cabeça avistando um moreno, uma rosada e uma azulada correndo em sua direção.
- Você está bem, Lucy? - Candy perguntou.
- Estou. - sorriu.
A maga celestial se levantou. Em uma velocidade incrível, a menina com cabelos azuis aterrissou perto deles.
- Quem fez aquele rio?! - ela indagou.
Juvia levantou a mão constrangida.
- Foi a Juvia...
A azulada encarou ela e então seus olhos começaram a brilhar.
- Você pode me ensinar?! Não sei fazer isso! Foi incrível!
Uma gota se formou nas cabeças de Gray e Candy.
- Pare de ser assim! - a rosada exclamou.
- Hai, Candy! - a azulada riu.
Lucy olhava a situação e não entendia nada.
- Licença, mas que é você? - ela se dirigiu a menina.
A azulada se virou para ela.
- Só se você me dizer quem é você. Me disseram para salvá-la, mas não faço ideia de quem é a senhorita.
- Sou Lucy...
- Lucy, heim? É amiga da Yui? - perguntou cruzando os braços.
- Sou. - afirmou confusa.
A menina sorriu.
- Então também é minha amiga! Prazer, Água! - ela estendeu a mão.
Ainda meio desorientada, a loira apertou sua mão.
- Água é um dos poderes de Yui. - Candy explicou - Mais tarde explico para você, Lucy.  Agora desfaça a transformação, Água.
- Já?! Nem fiquei muito tempo! Você sempre deixa as outras mais do que eu! Isso é uma injustiça! - a azulada fez bico, enquanto cruzava os braços.
Em um segundo, uma luz dourada rondou o corpo de Água. E depois de instantes, Yui apareceu em seu lugar.
- Lulu! - ela exclamou.
A pequena correu para abraçar a loira que ainda estava encharcada.
- Oh! - Lucy exclamou surpresa.
- Que bom que está bem! Eu fiquei desesperada por não poder te ajudar. - lágrimas caiam dos olhos de Yui.
A maga celestial sorriu.
- É claro que estou bem! Aliás você me salvou! Foi você quem chamou a Água, não?
Lucy retribuiu o abraço e tentava acalmar a pequena que chorava.

(...)

Todos caminhavam em direção em direção à um hotel perto dali, onde passariam a noite. Yui, Juvia e Candy andavam mais à frente enquanto falavam entre si, e Lucy e Gray haviam ficado um pouco mais para trás. Depois de todo aquele incidente, o moreno e a azulada acabaram conseguindo achar o ladrão que procuravam, roubando-me mais outra loja. Tiveram que usar força física, lógico, mas não saíram tão feridos a ponto de machucados. A maga celestial acabou conseguindo se secar com a ajuda da rosada que ativou a velocidade mais rápida de suas asas nela, acabando com o pouco que lhe restava de magia que podia usar, deixando-a exausta e tendo que caminhar. Foi assim que passaram as poucas horas atrás.
- Como sabia que eu estava exatamente no porto? - Gray indagou.
O moreno e a loira caminhavam lados a lado em na rua, já Yui, Candy e Juvia andavam um pouco mais à frente. Todos estavam indo em direção ao lugar que passariam a noite.
- Não sabia. Foi pura coincidência te encontrar lá. - respondeu, desconfiada de que uma loira havia alguma coisa a ver com aquilo.
- Sério?
- Sim. É difícil acreditar que eu consegui te encontrar nessa confusão da minha volta.
- Mas parece que achou uma amiga no meio de toda esse confusão. - Gray comentou.
Isso era verdade. Era como se Lucy já conhece-se a pequena há anos. A loira então olhou para Yui que conversava animadamente com Juvia um pouco mais à frente dos dois. Sorriu.
- Sabe... Às vezes ela me lembra muito o Natsu. Sempre animada, come tudo que vê pela frente, sorri com tudo, parece uma criança em certos momentos, sempre se faz de durona, fala de boca cheia, quando está com raiva faz bico, me chama por um nome que ninguém me chama... Mas apesar de tudo isso, a amo. A gente nem se conhece muito, mas ao mesmo tempo se conhece tão bem... Não sei explicar. Mas ela também é diferente do Natsu em certos pontos. Ela é uma menina frágil. Chora por qualquer coisa que aconteça. Se magoa fácil. Sinto que Candy e eu, somos suas únicas amigas que ela tem de verdade. Somos seu porto seguro. Apesar de que Candy parece mais uma mãe preocupada do que uma amiga protetora. - a maga celestial riu.
O moreno riu junto com ela.
- Mas quanto a Yui, já não vou muito com a cara dela, não sei por que... Ela me dá nos nervos. Acho que é por isso. - Gray pensou - Quero só ver como será quando o rosado e ela se conhecerem. O negócio vai ser louco... Já to até vendo cadeiras voando...
Lucy não se controlou. Começou a rir descontroladamente.
- Verdade. - a loira tirava as lágrimas que brotavam dos cantos de sua olhos.
- Lulu! Peladão! Chegamos! - Yui exclamou, apontando para uma construção.
- No caso, peladão sou eu? Por que? - o moreno cruzou os braços.
- Gray... Sua roupa... - Lucy olhou para o lado, envergonhada, tentando esconder o pequeno rubor em suas bochechas.

(...)

Já era de noite. Todos na pousada se preparavam para dormir. Lucy estava vestindo uma camisola branca com seu cabelo solto, se localizava deitada na cama, enquanto lia um livro e Yui havia acabado de chegar do banho, com Candy em seus braços. A pequena se aproximou da loira.
- Você está bem, Lulu?
A maga celestial fechou o livro, se sentando.
- Claro. - ela sorriu.
- Tem certeza? - perguntou mais uma vez, se sentando na cama também.
Candy saiu dos braços da pequena, fazendo a mesma ação das duas.
- Já falei, não falei? Você já me perguntou isso milhes de vezes, também.
- Eu sei, mas do mesmo jeito... - Yui olhou para baixo.
- Por que está tão preocupada? Além do mais, foi você que me salvou. - a loira disse.
- Eu não quero que você se machuque. E não fui eu, foi a Água. - a pequena corrigiu.
- Do mesmo jeito. A Água é você não é mesmo? Os seus pais devem estar orgulhos de você por conseguir usar esse poder. Aliás, achei incrível o que você fez. Deve ser muito legal usar cinco poderes diferente quando quiser... E você comentou comentou que vivia em uma cidadezinha. Quando voltar lá, tenho certeza que será tratada como estrela pelo seu amadurecimento.
- Na verdade, não é bem assim... - Candy revelou.
- Olha a hora! Vamos acabar com esse assunto? Já está muito tarde! Acho melhor dormimos. Temos um longo dia amanhã. - Yui riu sem graça.
- Yui... Conte. - a rosada abaixou a cabeça.
A pequena olhou desacreditada para a gata e depois de um tempo, para a loira com um sorriso forçado, após respirar fundo.
- Aconteceu a seis anos... Eu era uma criança normal, apesar de poder utilizar magia. Mas a magia dos elementos era muito especial no meu clã, uma pessoa em cem anos é escolhida para usá-la. E quem foi a afortunada? Eu, a mais sortuda. - ela bufou - Eu era meio que a "celebridade" da tribo, o que às vezes era cansativo, pois todos eram amigáveis até demais comigo. Como tinha dito, era uma honra eu poder ter nascido com esse imenso poder, por isso desde pequena eu era treinada pela anciã da tribo e em um desses meus treinos , acabei achando o ovo da Candy. - Yui sorriu - Conforme eu crescia, o poder crescia comigo e eu não conseguia contê-lo mais, assim, constantemente fica doente. Não sabendo o que mais fazer, meus pais pediram ajuda da anciã. Ela acabou não achando outra alternativa, a não ser dividir cada elemento em uma personalidade, ou seja, se eu quisesse usar meu poder, tinha que, praticamente, virar outra pessoa, assim a Água, a Ar, a Terra e a Fogo foram criadas... As minhas quatro outras personalidades. - ela respirou fundo - Sabendo que eu não poderia usar a minha magia sempre que pudesse, meus pais resolveram me ensinar a magia do som, a magia que usavam, já que eram cantores famosos. Um dia, a cidade onde vivíamos pegou fogo. Nesse dia, eu estava treinando sozinha e virei a Fogo. Depois disso,
só me lembro de ter acordado no chão de casa, enquanto via minha mãe chorar ao meu lado, o meu pai correndo pela construção e um barulho de algo queimando era a única coisa a ser ouvida. Quando viram que eu tinha acordado, começaram a me abraçar e beijar, agradecendo por eu estar bem, como se aquilo fosse um adeus... Eles mandaram Candy me levar para um lugar seguro. Fiquei desesperada, comecei a chorar também, dizendo que não queria deixá-los sozinhos no meio de todo aquele fogo. Vendo minha situação, os dois me abraçaram a última vez, me falando que eles iriam me ver de novo, que aquele não era o nosso último abraço. Quando fiquei mais calma, Candy me pegou em suas patas e me levou voando para longe dali. O incêndio foi tão grave que três quartos das pessoas morreram, incluindo meus pais... - uma lágrima se formou em seu olho, seguida de várias, caindo de seu queixo para o chão.
Yui começou a chorar desesperadamente. Sem nem pensar duas vezes, Lucy abraçou-a, chorando também. Ela sabia exatamente como era não ter os dois pais presentes, perdeu os dois praticamente quando era criança.
- Calma... Vai ficar tudo bem... - a loira disse entre os soluços.
- Eles me disseram que aquilo não era um adeus! O que vale fazer uma promessa que não pode cumprir?! E se fui eu a culpada?! - a pequena apoiou a cabeça no ombro da maga celestial.
As duas estavam abraçadas chorando, enquanto Candy olhava-as com um sorriso e braços cruzados.
- Vocês duas não tomam jeito... No fundo são duas choronas! - a  rosada riu, enquanto segurava as lágrimas.

(...)

Lucy estava sentada na cama, com Yui dormindo em seu colo e abraçando a adormecida Candy. A loira acariciava a cabeça da pequena. Ela havia chorado por horas, até finalmente cair no sono. Apesar de ser uma pessoa muito alegre, no fundo, Yui era uma criança com o coração cheio de feridas e que só por lembrar do motivo delas, em segundos, ficava em prantos. Lentamente, a maga celestial tirou a cabeça de Yui de seu colo, colocando-a em cima da cama com cuidado, e se levantou. Caminhou até a varanda e observou o céu estrelado. Lucy sorriu.
- Oi!
A loira quase pulou de sustou. Mavis estava de pé em cima da grade que circulava a varanda e sorria, enquanto observava a maga celestial.
- Mavis-san! Que susto!
- Me desculpe. - ela achou graça da situação.
- O que você é? Um espírito que só eu posso ver?
- Hum... Mais ou menos isso. - Lucy abriu a boca desacreditada - Mas e como foi? Você reencontrou Gray não é mesmo?
- Sim! - ela sorriu, cruzando os braços - Mas você sabe de alguém teve alguma coisa a ver com isso?
- Não faço a mínima ideia. - Mavis deu de ombros - Posso dizer que aquele pipoqueiro não iria passar perto do porto por acaso, já que lá não faz parte do ponto de suas vendas.
A maga celestial suspirou.
- Obrigada. Obrigada mesmo.
- Não precisa agradecer.
Mavis sentou na grade, enquanto balançava os pés, olhando as estrelas. Lucy encarou o azul quase preto do céu e as estrelas que se destacavam. Era como um quadro: o céu era o plano inicial e as estrelas eram pequenos espirros de tinta. Em um segundo, uma estrela cadente apareceu e as loiras sorriram.
- Pode me esperar, Natsu. Estou voltando para casa. - Lucy afirmou, enquanto uma lágrima solitária caia de seu olho e um sorriso singelo se formou em sua face.