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4.


Harry poderia ter passado os dois dias seguintes após o encontro com Draco em paz. Sem a presença constante do loiro para tirá-lo de órbita, talvez sua mente tivesse encontrado algum descanso. Contudo, Harry nunca foi a pessoa mais sortuda do mundo, apesar de ser conhecido por escapar da morte mais de uma vez.

Os dois dias que se seguiram após a leitura do livro lhe atingiram como uma tempestade inesperada. A história permanecia em sua mente, como se cada página estivesse gravada na sua pele, e ele se pegava franzindo o cenho de tempos em tempos, tentando afastar o que lhe parecia uma obsessão crescente. Mesmo que quisesse fugir do conto, precisava mergulhar mais fundo, analisando outros trabalhos e buscando novas referências.

O conto que Draco lhe indicara, Olhos Gélidos, ressoava de uma maneira que Harry não esperava. Era um romance entre duas bruxas que viveram séculos atrás, e o período em que a trama se desenvolvia, de 1781 a 1810, capturava a turbulência da época. As duas protagonistas, Marie e Polina, tinham 11 anos no início da narrativa, e os primeiros capítulos descreviam a inimizade que floresceu entre elas. Era um começo familiar: duas almas opostas, cujas diferenças causavam atritos e confusões.

No entanto, o verdadeiro cerne da história emergia quando, em 1785, as tensões pré-Revolução Francesa começaram a afetar o mundo bruxo na Europa, e um bruxo poderoso, Elliot Leroux, ascendia nas sombras no que seria seu tempo de ascenção como um antagonista. De repente, o conto se tornava mais do que um romance proibido. Marie e Polina, encontrando-se em lados opostos de uma guerra bruxa e trouxa, lutavam não apenas nas batalhas externas e sofriam o luto, mas também com os sentimentos que nutriam uma pela outra.

Era impossível para Harry não traçar paralelos. À medida que lia, via-se identificado com Marie, a bruxa da Lufa-Lufa, cuja força estava em sua lealdade e coragem silenciosa. Mas, o que mais o perturbava era a maneira incômoda com que Polina, a astuta Corvina, lembrava-lhe Draco. 

Havia uma inquietação crescente dentro dele, algo que o empurrava para pensamentos que ele preferia não ter. Por que, de todas as histórias, essa parecia se enredar tão intimamente com sua própria vida?

Harry precisava urgentemente parar de se perder em seus pensamentos sobre todos os erros que ele e Malfoy cometeram um com o outro, sobre as inúmeras coisas que pairavam sobre suas cabeças, conversas nunca faladas e desculpas que jamais foram pronunciadas. O Grifinório tinha plena consciência de que havia muita história a ser discutida entre ele e o Sonserino, mas nenhum dos dois parecia disposto a dar o primeiro passo. Ambos foram profundamente afetados pela Guerra, mesmo estando em lados opostos; e, embora Harry fosse considerado o lado vencedor, ele sabia que havia perdido muito mais no processo.

Entretanto, isso não minimizava a dor que Draco claramente sentia. Sua aparência, tão quieta e apagada nos últimos tempos, questionava o interior de Harry, que se perguntava por que Malfoy não podia simplesmente ser o Malfoy que conhecia — cheio de sarcasmo e provocação, em vez de parecer tão distante e introspectivo.

Com um suspiro profundo e consciente, Harry percebeu que já eram adultos. Com dezoito anos, ele entendia que a adolescência havia chegado ao fim e que as coisas nunca mais seriam como antes. As rivalidades infantis e as disputas da infância eram apenas lembranças agora; o que restava era a realidade crua e inegável da vida adulta, repleta de responsabilidades, escolhas difíceis e a necessidade de confrontar os fantasmas do passado.

•••

"O que encontrou? Conseguiu formular o suficiente para tentarmos juntar nossas partes?" Malfoy perguntou assim que Harry passou pela estreita passagem entre as estantes.

"Sim," respondeu Harry, apressando-se até a mesa e largando a mochila. "Podemos começar lendo a parte um do outro e anotando o que devemos incluir e o que podemos descartar. Pode ser?"

"Hh-m."

Harry se virou para os pergaminhos amassados em sua mochila, que estavam amassados pela pressa com que os guardou mais cedo. Ele pegou os escritos de Draco e seus olhos percorreram a caligrafia meticulosamente feita e cursiva, admirando a organização.

Assim, passaram aquela tarde de sexta-feira cercados por fantasmas de conversas não ditas, concentrados em discutir o trabalho e as fontes que encontraram para estruturar um texto coerente a ser entregue ao professor, além de uma breve apresentação oral. A ideia de apresentar para os alunos da Sonserina e Grifinória o aterrorizava um pouco, especialmente com o evento se aproximando em apenas uma semana, mas Harry tentava se convencer de que conseguiria, desde que Draco não o abandonasse no dia.

Draco?

Em que momento Malfoy se transformou em Draco nos pensamentos de Harry? Essa nova familiaridade o assustava ainda mais.

"O que foi?" O olhar cinza de Draco estava fixo em Harry quando ele parou de anotar por alguns instantes, perdido em seus pensamentos.

"Hm, nada."

"Certo."

A falta de insistência despertou a necessidade de Harry, e ele sentiu sua língua coçar. Sabia que seu consciente implorava para que não trouxesse à tona velhos problemas, mas a urgência das palavras o levou a ceder.

"Malfoy..."

"Já estou ouvindo." O tom impaciente quase fez Harry sorrir, e, novamente, ele cedeu. Sorriu para Draco, que o encarou com um ar confuso, embora rígido feito rocha. "Diga."

"Por que você não contou que era eu na Mansão Malfoy?"

Ele poderia ter pensado em uma frase mais sutil, mas, ao pronunciar a pergunta, percebeu que Malfoy congelou, os olhos espantados, antes de desviar o olhar para suas mãos.

"O que isso importa?"

"Ah, bom... muita coisa importa em uma guerra."

"Você venceu a guerra," Draco rebateu, de forma abrupta, com um tom menos polido e ainda rígido. "Isso já importa."

"Eu não venci sozinho, esse é o ponto. Se você tivesse nos entregado naquela noite, eu poderia não ter vencido—"

"Santo Merlin, Potter! O que isso importa? Você é o Escolhido, ganharia de qualquer jeito. Isso não importa para os livros de História, tão pouco importa para aqueles que viveram isso." O tom mais alto fez Harry se alertar, sobressaltando-se sutilmente com o susto.

A postura defensiva de Malfoy não passou despercebida, e Harry notou uma fagulha de fragilidade em seu olhar.

"Importa para mim."

Draco visivelmente vacilou diante do tom ligeiramente magoado usado por Potter. Seu corpo se encolheu suavemente enquanto olhava incrédulo para o moreno, que o encarava de volta, com um ar de espera, aguardando a resposta.

"Eu não sei," Draco murmurou, antes de se levantar, recolhendo seus pergaminhos. Harry imediatamente fez o mesmo, confuso com a pressa alheia. "Eu não sei por que não entreguei vocês, está bem? Agora me deixe em paz."

Draco deu as costas e andou em direção à saída. Harry se deixou cair de volta na cadeira, sentindo-se um idiota por ter tocado em um assunto tão delicado naquele momento. Ele olhou para o espaço vazio que Draco deixara para trás, um turbilhão de emoções misturadas dentro de si. Era evidente que ambos estavam carregando suas cicatrizes, e o que poderia ter sido uma conversa construtiva acabara se transformando em uma ferida exposta. Harry suspirou, frustrado com a dificuldade de se conectarem, e se perguntava se um dia conseguiriam realmente deixar o passado para trás.

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