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Prólogo

Era uma noite fria de inverno em Nova Iorque. A fina nevasca nos pegou de surpresa, por isso mamãe me comprou um casaco novo. Preto, de linhas rosas. Lindo! Fazia eu me sentir grande, igual a mamãe. O couro macio estava úmido por fora, meu dedo deslizou preguiçosamente pelo tecido enquanto esperava nossa vez na fila.

Eu amava a neve. Peguei um punhado para fazer uma bola e jogar no meu irmão, mas o gelo derreteu por completo quando entramos naquele lugar imenso. Perguntei o porquê para mamãe, e ela apontou para um objeto no canto da parede, o aquecedor. Meus dedos voltaram a fazer círculos no casaco enquanto encarava com raiva o aparelho grande.

Estava pensando em qual mágica seria capaz de fazer a água mudar de forma tão rápida e mal percebi que havíamos entrado na arena. Não era como o pequeno ringue em Phoenix, onde meu pai costumava treinar. Eram muitas pessoas ao meu redor! Sons, aromas e barulhos diferentes dos diversos cenários criados em minha mente. Esqueci-me do frio, da água ou da neve, mesmo que no dia seguinte ela poderia estar derretida antes que eu tivesse a chance de brincar. Não me importava mais.

O casaco preto com linhas rosas se encontrava dobrado no braço do meu assento havia uns vinte minutos. Primeira fila. Lugar de honra. Fiquei em pé, para ter mais um relance da multidão, antes das luzes esmaecerem e os holofotes se voltarem para o ringue. A arena estava quente e abafada, como se a existência daquele ambiente desafiasse o próprio clima. Não apenas por causa do velho aquecedor, mas também pelas pessoas e pela vida que emanava delas.

Lembrei-me das palavras de minha mãe: "A arena não é lugar de criança, filha! Ainda mais de uma menina! Você vai ficar assustada com toda a gritaria, com os homens fortes com cara de mau."

Eu não fiquei assustada.

Ok, talvez um pouco. O homem que nos deixou entrar e que mostrou o local em que ficaríamos era muito alto e forte. Os braços estavam cheios de tatuagens despontando por baixo da camisa escura, que mal conseguia esconder os músculos. Mas então ele sorriu e bagunçou minha trança em um cumprimento estranho de adulto. Não entendo por que a maioria faz um cafuné na cabeça das crianças como se fôssemos algum tipo de bicho de estimação. Mas o careca estava feliz por finalmente conhecer os pequenos Clark, por isso sorri de volta para ele.

E aquele sorriso não morreu dentro de mim. Ficava cada vez maior, a cada passo dado entre as fileiras de cadeiras gastas e desconfortáveis. Quando tomamos o nosso lugar, olhei para a frente, para o local mais importante daquela imensidão. Meus pés não alcançavam o chão, e eu os balançava com ansiedade. Os sapatos brancos de boneca captavam a luz colorida dos holofotes, e eu podia ouvir as pessoas gritando e batendo palmas.

Não me deixaram com medo, como mamãe achou que fariam, eu queria gritar e bater palmas com elas. O cheiro não era dos melhores, nisso eu concordava. Vovó me colocou no colo, e assim pude enxergar melhor. Ela era a maior fã do meu pai, mais do que eu e a mamãe juntas! Ouvia isso dela sempre, mas não quando minha mãe estava por perto. Jamais perdia uma luta. Mesmo quando estava hospitalizada, acompanhava tudinho pela televisão.

Eu nunca tinha ido a uma luta do meu pai. Era muito nova, e ele precisou cobrar milhares de favores para permitirem que seus filhos — eu e meu irmão, Derek — pisassem na arena. Convencer mamãe a nos deixar ir foi ainda mais complicado.

Não tinha certeza de quando tudo começaria, então esperei. Mesmo que estivesse muito agitada para dormir, a minha hora de sono já havia vindo e passado. E eu começava a compreender porque as pálpebras de Derek fechavam e abriam preguiçosamente. Encostado na nossa mãe, ele parecia mais inclinado a cochilar do que qualquer outra coisa. Espiei novamente o ringue iluminado, à procura do meu pai, porém não o encontrei em lugar algum.

As cordas vermelhas estavam esticadas, o chão branco, manchado, e o juiz, aguardando a entrada dos competidores. O narrador, um homem alto e magro, com cabelos grisalhos e roupas pretas, subiu ao ringue com um grande microfone na mão. Sua voz era profunda e ecoava por todo o estádio.

— Vocês estão prontos para a luta do ano? — Ele pausou para ouvir o urro empolgado da multidão. — De um lado, teremos o atual campeão, Josh "The Decalion" Dreston e, disputando o cinturão de ouro, o desafiante invicto deste campeonato, Daniel Clark, o Machine Gun!

A multidão se levantou e começou a berrar. Alguns tinham cartazes coloridos com o apelido do meu pai. Eram fãs enlouquecidos por estarem perto do ídolo. Estava impressionada, papai tinha torcida! Meu coração pulava ao ritmo dos gritos, as vozes pareciam me preencher e dar forças. Papai se tornou o Machine Gun por causa da metralhadora de socos que usava para nocautear os oponentes. Ele era o pugilista do momento, o boxe estava no coração dos americanos e Daniel Clark era a nova sensação mundial.

Os holofotes se dirigiram para as cortinas grossas de veludo à minha direita, e papai surgiu em meio à comoção. Ele caminhou com passos decididos, o rosto parcialmente coberto pelo capuz do roupão de seda preta, com seu nome gravado nas costas. Eu costumava usá-lo, junto das luvas de boxe, brincando de lutadora pela casa. Ali, entretanto, não era o meu papaizinho, era alguém maior e mais forte vestindo sua pele. Era feito de aço e determinação. Sem desviar o foco e de olho no ringue, caminhou com sua equipe técnica.

— Machine Gun! Machine Gun! Machine Gun!

As pessoas berravam, e eu era uma delas, mãozinhas fechadas em punho, sacudindo no ar como uma metralhadora de socos. Como se eu fosse meu pai. Ele subiu ao ringue e observou a entrada do adversário, um loiro de olhos escuros e mal-encarado. Meu coração acelerou, e pude ouvir mamãe inspirar fundo e sentir vovó segurar minha mão com força. Meu pai era grande, mas aquele homem parecia maior. Bestial. E era o atual campeão.

Encolhi-me, sentia o tremor se espalhar pelo meu corpo, enchendo minhas veias de um medo quase irracional. Não queria ver o meu herói beijar a lona. Não quando eu estava ali pela primeira vez. Uma testemunha aflita pelo desenrolar da noite.

— Calma, Diana — vovó sussurrou em meu ouvido. — Acredite em seu pai, olhe para ele...

Obedeci. O foco do meu pai tinha sido desviado. Não era no oponente ou no ringue, mas em nós, sua família, sua "fortaleza", como costumava chamar. Um pequeno sorriso despontou por baixo do capuz quando ele tirou o roupão e o jogou em minha direção. Corri para pegar e o vesti imediatamente antes de voltar para o colo da minha avó. Eu me sentia protegida, como se usasse um manto sagrado.

Não demorou muito para a luta ser iniciada. Socos rápidos, sem parar. Ele movimentava os pés, cercando o inimigo. A respiração ficou presa em meus pulmões quando um soco certeiro abriu o supercílio do meu pai. Sangue escorreu pelo seu rosto, sujando a luva vermelha do oponente. O Machine Gun não parou, nem mesmo hesitou antes de retribuir com um cruzado acima da linha de cintura. Vibrei quando ambos se afastaram. Eles se cercavam, se analisavam, absorvendo a dor para voltar a atacar.

Foi quando vovó sussurrou "fígado" para a mamãe, com certa satisfação na voz. Não tinha certeza de onde ficava isso, mas pela careta do loiro, devia doer. Papai acertou no mesmo lugar durante o segundo round.

As luvas dos lutadores estavam mais vermelhas do que o costumeiro. Havia sangue no chão, no rosto e no canto da boca dos dois lutadores. O barulho de um nariz quebrando sob a luva do meu pai foi abafado pelo urro da plateia. Mamãe e Derek se abraçaram, olhos fechados, e uma prece escapou dos seus lábios. Vovó me apertou, passando seus braços ao redor da minha cintura. Meu foco estava apenas nos dois oponentes, no movimento dos seus corpos e nos golpes aplicados.

Era o terceiro assalto, e o grande Decalion mostrava sinais de cansaço, porém a metralhadora de socos do meu pai não parava de agir. Um. Dois. Três. O oponente estava mais lento, e eu vi o momento em que ele baixou a guarda. Foi algo passageiro, apenas por um segundo, mas o suficiente para meu pai desferir um gancho de direita na ponta do queixo de seu adversário, levando-o ao nocaute.

O juiz se aproximou do oponente caído e começou a contagem até dez. Quando estava no cinco, soltei-me de minha avó e corri em direção à borda do ringue.

"Seis"

O homem tentava se mexer, apesar do rosto ferido.

"Sete"

Levantei os olhos para encarar meu pai, seu olhar era cauteloso e expectante. Mesmo com a vitória quase certa, ele não baixaria a guarda até o fim da contagem.

"Oito"

Decalion gemeu ao tentar se erguer.

"Nove"

Sorri, aquele era o seu fim.

"Dez"

O sino soou alto, anunciando o tão esperado final. Papai me puxou para dentro do ringue e me colocou sobre o seu ombro esquerdo. As câmeras de televisão se voltaram para nós, a equipe técnica aguardava a declaração do juiz. Decalion, o ex-campeão, se levantou devagar, mas era tarde demais. Havia um novo dono do cinturão. Meu pai sorria, os músculos suados e castigados pela luta não diminuíram sua felicidade. O juiz levantou o braço direito de papai. Era oficial, Daniel "Machine Gun" Clark tornou-se o novo campeão mundial de boxe.

E ali, vendo a multidão se agitar e com o gosto da vitória irradiando por todo o meu corpo, ele sabia que eu, Diana Clark, um dia também subiria em um ringue.

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