Capítulo 56 - Amor ou Sexo?
Desconfortável é uma palavra leve demais para explicar aquela entrevista.
Nina foi seca e respondeu apenas o necessário o tempo todo, desviando de qualquer tentativa minha ou da Belle de uma brincadeira ou qualquer mudança de assunto da entrevista.
Quando chegamos no trabalho, depois de uma pequena caminhada silenciosa, ela logo se enfiou na sala onde as costureiras ficam e lá ficou.
Me joguei na cadeira, encarando o croqui inacabado quando meu celular toca com a chegada de uma mensagem de texto.
Matt: emoji de uma rosa
Matt: Sentindo sua falta.
Um sorriso acompanhou uma sensação quente que cobre meu coração, sem tirar os olhos daquela mensagem pequena, mas que significa muito.
Ainda meio perdida nas palavras do Mathew, meu peito dá um pequeno pulo quando o aparelho toca mais uma vez, e quase o deixo cair.
Seyoon: Tive que me segurar para não arrancar esse vestido no meio da sessão de fotos.
Seyoon: Te vejo a noite?
O calor entre as minhas pernas fica mais intenso, principalmente quando a lembrança dos seus olhos sobre meu corpo a algumas horas bate com tudo, mas algo pareceu errada, não sei ao certo o que, ou se era outra coisa.
Primeiro respondi o Mathew, com o sorriso voltando para o meu rosto.
Você: Também estou com saudades.
Você: Quando volta?
Ele leu a mensagem na mesma hora.
Matt: Acabei de chegar! Quer jantar comigo hoje?
Você: Claro!
Uma ansiedade quase gostosa se espalhou pelo meu corpo, e não demorou muito para que minha cabeça começasse a planejar o look perfeito para noite.
Matt: Quer que eu passe no seu trabalho?
Você: Não, vou em casa me arrumar. Me pega lá.
Matt: Ok! Não vejo a hora de poder te abraçar
Meu rosto parece em chamas. Não, minha alma parece em chamas com o anseio de sentir seu cheio, sua pele macia... o que?
Dou um tapinha no meu rosto para voltar para realidade. Que merda foi essa?
O nome do Seyoon me chama a atenção e abro a conversa e começo a digitar.
Você: Hoje não vai poder ter meu corpo nu, Mathew...
Parei de digitar e olhei para aquela mensagem e a apaguei.
Você: Não posso, vai ter que ir para o tinder hoje.
Sai da conversa antes que ele me respondesse e o ignorei o restante do dia.
Quando voltei para casa de táxi — ansiedade não me deixou voltar de ônibus —, encontrei a Line e a Belle entrando no prédio.
Dei alguns passos devagar atras delas, sem que me notassem.
— Então agora vocês estão saindo escondido de mim? — Falei um pouco alto dando um susto nelas.
— Porra Van! — Belle deu um risinho colocando a mão no peito — Meu leite até virou pedra depois isso. — Riu baixinho.
— Vai deixar a Sunny sem comida — Brincou a Line e senti meu rosto contorcer um pouco.
— Senhor, que tipo de tia eu sou? Vou ser obrigada a fazer uma papinha de chocolate e encher a barriguinha dela.
Belle fechou a cara na hora depois de passamos pela entrada.
— Ainda estou brava com você por ter feito isso da ultima vez. Não quero minha filha comendo açúcar.
— Vou denunciar você para aquele trem de crianças. — rir me virando para o porteiro do nosso prédio quando me chamou — É maus tratos tirar a maravilha da vida que é o chocolate.
Line riu alto
— Nossa, você falou que nem a Nina, morar com ela está te transformando em um monstrinho devorador de chocolate que nem a ela.
Revirei os olhos dando a atenção para o homem robusto que me chamou.
— Senhorita, isso chegou para o seu apartamento.
De trás do balcão ele tirou um buquê de flores silvestres grande que tinha um pequeno envelope dourado. Depois uma caixinha branca com um laço preto por cima e um envelope parecido com o do buquê, mas esse era branco.
Agradeci e fui com as duas em direção ao elevador.
— Seyoon mandando flores? — Belle arqueou a sobrancelha me dando um sorrisinho cretino.
— Nem se o inferno congelasse — rir — Isso deve ser para Nina.
— Do Cheol? — Line troca olhares comigo depois para Belle.
— Acho que não, eles não iam manter contato por um tempo. — As duas me olharam com a mesma pergunta que passou pela minha cabeça na hora — Deve ser alguém que goste do trabalho dela.
— Olha a porcaria do cartão Vanessa — Belle nem termina de falar e já avança para o envelope dourado, olhando o verso. — Esse tem seu nome. — Virou para que pudesse olhar.
— Para mim? — olhei para as flores depois para o cartão, e o tirei da mão da minha amiga e coloquei de volta no buquê.
— Quem te mandou? — Belle esticou o corpo para pegar de novo o cartão, mas me esquivo.
— Não é da sua conta — Mostrei a língua para ela logo depois abrindo um sorriso.
Ela ia retrucar quando a Line interrompeu.
— Esse aqui é para Nina. — Virou o cartão da caixa onde estava o nome dela. — Essa letra é do Cheol.
Meu coração parou uma batida, como o das duas ao meu lado. Minha boca só voltou a funcionar quando o elevador finalmente começou a vim da garagem.
— Como diabos você sabe que essa letra é do Che...— Minha voz morreu quando a porta do elevador se abriu e lá dentro estavam a Nina e Han.
Automaticamente meus olhos e da Line foram para Belle, que apenas desviou o olhar e sem falar nada entrou conosco logo atrás cumprimentando os dois.
— Ah! — Falo ajeitando o cartão na caixa de volta — Isso chegou para você. — Entreguei e notei o pequeno suspiro que ela deu um pouco antes de me agradecer, e encarar as flores.
— Seyoon mandando flores? — Nina ironizou.
De relance vi a Line olhar para Belle e as duas darem um sorriso discreto. Mesmo sem se falarem Nina e Belle ainda são sincronizadas.
— Nem se o inferno congelasse — Sorri dando a mesma resposta para ela.
— Seyoon? — Han me olhou arqueando a sobrancelha com a voz divertida.
Dei de ombros encarando o painel com os andares passando.
— Han — a voz da Belle não saiu muito alta, mas estranha —, o Ji pediu para você ir jantar lá em casa hoje.
A postura dele ficou mais rígida e não a olhou quando respondeu.
— Já comi, muito obrigada. Fale com o meu irmão que se ele quiser, amanhã eu e ele podemos sair para jantar.
Eu, Line e Nina nos olhos com a mesma expressão de: "Ai!".
— Tudo bem... vou falar com ele.
O elevador parou no meu andar e da Nina e antes de sairmos a vi dando uma cotovelada nas costelas do Han, antes de despedir da Line.
— Boa noite, Belle — falou passando por mim.
Era a primeira vez em semanas que ela falava com a Belle por livre espontânea vontade.
Não disse nada, apenas a segui para dentro do apartamento, onde ela tirou os sapatos e se jogou no sofá, empurrando a bolsa para o chão com o pé, mas colocou a caixa perfeitamente na mesa de centro antes de ligar a tv.
A ignorei e foquei no buquê lindo nas minhas mãos.
Tirei de um dos armários um vazo transparente e coloquei água, desfiz o embrulho e as coloquei no vazo, e peguei o envelope.
"Rosas são vermelhas
Violetas são azuis
Não existe flores ou cores que conseguem refletir a
beleza do seu sorriso ou a imensidão profunda e
sedutoras dos seus olhos."
— Do Seu Moço Clichê
— Mathew é um fofo, não é? — A voz da minha amiga me puxa de volta.
— Por que acha que são do Mathew? — virei de costas para ela tentando esconder a vermelhidão que com certeza está no meu rosto.
— Fala sério, Van! Está estampado no seu rosto. — A ouvi se remexendo no sofá — E o inferno não congelou, então a outra opção era meio logica.
Ela passou por mim pegando uma cerveja na geladeira escorando na bancada de frente para mim.
— O Mathew sabe que o Seyoon invade nosso apartamento de madrugada e sai de fininho de manhã cedo? — Tomou um pouco depois de jogar a tampinha no lixo em uma cesta que teríamos comemorado, mas tudo que faço é revirar os olhos com a minha tentativa falha de que minha amiga não soubesse das minhas atividades noturnas.
— Ele sabe que não é meu namorado e acho que desconfia que tem alguém.
— Hum... E o Seyoon?
— Sabe. — Resmunguei a resposta um pouco na defensiva. — Por que está me perguntando isso? Sou solteira Nina, posso ficar com quem e quantos eu quiser! Não tenho que sentir culpa por isso.
— Ei! — ela estendeu as mãos para o alto ainda segurando a garrafa suada — Não foi minha intenção, desculpa. Só estou preocupada.
Respirei fundo deixando meus músculos relaxarem.
— Bem, não precisa. Está tudo sobre controle. — Sorri o mais largo que consegui e fui em direção ao banheiro.
— É, porque sair com duas pessoas ao mesmo tempo sempre deu certo. — Fala em tom de brincadeira e eu apenas levanto o meu dedo do meio e vou me arrumar.
Um corsert preto de veludo, uma saia lápis curta vermelha, botas cano alto preta, casaco alperce (tom de laranja), bolsa turquesa. Maquiagem, cabelo, perfume. Pronto.
Linda para arrasar corações.
A brincadeira mental bateu estranho, incomodo.
Pude ouvir sua voz na sala conversando com a Nina, quando sai do quarto. Meus passos começaram a ir mais rápidos sem a permissão do meu cérebro.
Seu sorriso me acertou como um raio de sol iluminando um quarto escuro, e antes que pudesse perceber, corri jogando meus braços em volta do seu pescoço, e levantando meu corpo até que meus lábios tocassem o dele de leve.
A falta que ele fez nos últimos dias veio como uma onda, me fazendo apertar nossos corpos e pressionar mais meus lábios contra os dele, e sua mão apertou minha cintura mais firme.
Ele parou o beijo escorando a testa na minha, com os olhos fixos nos meus, dando a sensação que podia ler a minha alma.
— Oi — Disse com um sorriso largo.
— Ei. — Sinto uma pequena dor a brotar nas minhas bochechas.
Mathew passa os dedos quentes lentamente pelo meu rosto, parecendo gravar cada pedacinho, cada detalhe do meu rosto.
Uma parte do meu cérebro está admirando cada pedacinho dele também. Sua pele macia e vermelha, o perfume adocicado, sua respiração um pouco pesada cheirando a hortelã, seus olhos escuros pela dilatação. Mas a outra parte está gritando comigo, perguntando que merda foi aquela de sair correndo, pulando e beijando ele, como...como, se estivesse.... não, não, não!
Respirei fundo o seu perfume e a outra parte da minha cabeça calou a boca tão rápido como abriu, e eu apenas o abracei forte.
Nina coçou a garganta fazendo nós dois sairmos do transe.
— Qualquer demonstração de carinho, por favor ser feita dentro do quarto da Van, ou lá fora — apontou para porta — Não preciso ver isso.
— Idiota! — revirei os olhos indo para porta puxando o Mathew gentilmente, enquanto ele se despedia.
Virei para minha amiga antes de sair e ela me olhava boquiaberta e rindo silenciosamente, apontando para onde estávamos e apenas mexendo os lábios falou: What a Fuck?
Sai de lá me perguntando a mesma coisa.
No caminho para o restaurante, ele me contou animado sobre os shows que fizeram em Taejon, das comidas e de como o quarto do hotel era enorme e que queria me levar lá para passarmos um fim de semana.
Meu automático respondia tudo, enquanto minha pessoa por algum motivo não conseguia desviar os olhos dos lábios dele. Sempre foram suculentos assim?
— Van? — Tocou minha mão e meu corpo inteiro arrepiou. — Chegamos — sorriu saindo do carro dando uma corridinha para abri a porta para mim. — My lady — estendeu a mão e a tomei com uma risadinha.
Mathew, tirou meu casaco quando entramos no restaurante e seus olhos não foram nada discreto, quase comendo meu corpo com os olhos, e como reflexo mordi meu lábio inferior fazendo seu pombo de adão me se mover com dificuldade.
Seus dedos passaram pela pele nua, em um joguinho particular entre nossos olhos e sorrisos safados, quase esquecendo do mundo a nossa volta.
Ele tirou os olhos dos meus para procurar um lugar e ele parou mudando o sorriso de safado, para amigável.
Segui seus olhos e senti um frio na minha barriga quando vi o Seyoon, vindo do bar em nossa direção com um sorriso fingido que conhecia muito bem.
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