Capítulo 50 - Final Feliz?
— ISSO!! — O grito do Ji me faz dar um pulo do sofá junto com meu coração que quase saiu pela minha garganta.
Ele olha para o celular animado e com um sorriso enorme.
— Mas que merd... — Antes que eu consiga terminar a frase o choro agudo da Sunny tira minha atenção do meu marido, que agora cobre a boca com a mão livre.
— Desculpa! — Ele sussurra enquanto me levanto revirando os olhos.
Entro no quarto da minha pequena que está chorando com toda força que seus pequenos pulmões conseguem.
Senhor, quero matar o Ji.
A pego no colo e tento acalma-la aos poucos, até que volta a pegar no sono depois de alguns minutos.
A coloco de volta no berço, o rosto do meu marido aparece em uma fresta da porta.
— Ela dormiu? — Sussurra baixinho e eu concordo com a cabeça saindo.
— Não graças a você — Falo depois de fechar a porta e lhe dou um tapinha no ombro, e é quando reparo que ele está com um sorriso enorme no rosto. — O que você tem? Aconteceu alguma coisa?
— Sim!
Por dois segundos olho para seu sorriso largo esperando a resposta, mas ele fica ali parado como lindo e grande poste, que faz meu estômago girar de nervoso.
— Ah desgrama! Fala logo! — dou outro tapinha nele, mas um pouco mais forte.
Ele segurou meus ombros devagar, mas com firmeza sem tirar o sorriso do rosto.
— Bae Hana foi presa.
Minha cabeça está um turbilhão. É muita informação em poucos minutos.
A sociopata, tinha arquivos nossos? E uma sextape minha com o Ji? Por isso a Nina foi embora, e agora eles faliram a família dela e colocaram ela e o pai na cadeia.
Afundo meu corpo no sofá do apartamento do Han enquanto escuto o Ji contando tudo que eles esconderam de mim desde o começo.
Mas quando ele terminou de falar, tudo que senti foi raiva.
Não disse nada, fiquei sentada ali remoendo as palavras do meu marido enquanto o via conversando com o Doyon e o Tae, enquanto olhava a cada minuto a câmera da baba eletrônica.
Claro que sabia que algo sério tinha acontecido para fazer a Nina ir embora, e ter todo esse segredo para a maluca não saber que ela tinha voltado, mas isso?
E ainda ser deixada de fora...
Não sei quanto tempo passei calada, mas devia ser muito tempo, porque a Line e a Van já estava me dando olhares estranhos, depois de tentarem falar comigo e eu as ignorar.
Para ser sincera estou com medo de abri a boca. Não sei o que vai sair.
As vozes envolta de mim ficaram mais altas quando o Cheol e o Mathew chegaram.
— Eles ainda estão dando depoimento para a polícia, mas já devem está acabando. — Um dos dois falou, mas não reconheci quem.
Mentiras, mentiras e mais mentiras. Quantas mesmo eles me contaram? Não sei dizer.
Por que ela não me contou? Por quê?
— Você está bem? — Sinto uma mão no meu ombro, quando levanto meus olhos vejo Cheol me olhar preocupado.
Seus olhos castanhos estão cheios de alivio. Tudo aquilo pode finalmente ficar para trás, ter o máximo de uma vida normal que pode se ter depois disso. Mas uma tristeza profunda esconde atras do alivio, e sei bem porquê.
Nada vai voltar a se realmente como antes.
Eu apenas acenei com a cabeça que sim, me ajeitando melhor no sofá e depois de trocar olhares com o Ji ele se afastou de mim.
Então a porta do elevador abriu de novo.
Han foi o primeiro a sair, seguido pelo Minseok e por último a Nina, que deu um sorriso forçado, jogando as chaves da moto de volta para o Ji.
Ela está claramente cansada e evita encarar os olhos do Cheol, enquanto cuidadosamente parece se afastar mais e mais do Minseok.
Puxei a lembrança de quando nos mudamos para Seul, e a Nina dela, não é a mesma parada na minha frente.
Aquela era a amiga que dividia tudo comigo, até os detalhes desnecessários, essa, é uma mentirosa cheia de segredos.
Meu corpo ficou quente, meu peito batia rápido e não faço ideia de quando foi que eu levantei do sofá e fiquei parada na frente dela, olhando seus olhos ofuscados.
— Você mentiu para mim. — Falei entre dentes a centímetros dela.
Silêncio pesou na sala deixando audível apenas o suspiro cansado da minha amiga, que me encara sem remoço.
— É, menti. — Admiti se afastando um passo.
Esperei, mas nada veio depois.
— E é isso? Não vai falar mais nada? — Minha voz começa a ficar um pouco alta.
— O que você quer que eu diga?
Dei uma risadinha irônica baixa o suficiente para apena ela ouvir.
— Que tal pedir desculpas por ter mentido para mim? — Passo a mão com força pelo meu cabelo para evitar que bata nela — Me falar porque diabos mentiu? Porque fez todo mundo mentir por você? — o calor dentro de mim ficar cada vez maior e me pego empurrando seu ombro — Caralho Nina, clube da luta? Quão burra você é para se meter nisso? Porque mentiu falando que foi um acidente? Porque não me contou o que planejava fazer para parar a Bae Hana? Porque, porque, porque? — Minha garganta arde e percebo que estou gritando e empurrando ela até a parede.
Ela não revidou, apenas ficou ali me ouvindo gritar e empurra-la, até que paro para respirar.
— Satisfeita? — Sua voz é irritantemente calma mas a raiva nos seus olhos é clara — Já extravasou sua raiva? — Devagar ela pega no meu pulso e afasta minha mão do seu ombro. — Ou precisa me xingar mais?
— O que? Está de sacanagem com a minha cara? — A olho indignada.
— Não. Isso é exatamente o que você faz. Grita e desconta em mim, e depois segue como se não tivesse feito nada. Hum... esqueci que tem a parte que você fica uns dias sem falar comigo. Isso vai começar agora?
— Que porra você está falando?
— Você sabe muito bem do que estou falando. Seu padrão. Vai ficar aí gritando comigo, como se não soubesse exatamente o porquê não te contei a verdade, depois de jogar em mim sua raiva, vai ficar sem falar comigo, ou apenas fingir que não está me magoando e deixar para lá. — Ela saiu do pequeno espaço entre mim e a parede, mas não deixa de me olhar. — Se precisa de uma explicação verbal, está aqui: Menti porque você estava no meio de uma gravidez delicada, já tinha passado mal porque viu mensagens dela no meu celular, agora imagina se soubesse que ela tinha uma sextape sua com seu marido? É você passaria o restante da gravidez na droga do hospital, isso na melhor versão. E nem me venha com "Mas e depois que a Sunny nasceu você podia ter me contado". — Ela se afasta mais de mim agora ficando de costas para nossos amigos que encaram a discussão — Agora não ouse julgar a forma como reagir toda a essa merda. — Sua voz não é alta, mas tem um rancor, que prece ser mais antigo — Não preciso de você sentada no seu trono de cristal falando que o que fiz no Brasil é burrice, foi o melhor que eu podia fazer naquele momento, no estado em que estava, se não é suficiente para os SEUS padrões, isso não é problema meu! E não vou me desculpar pela forma como luto contra o que está dentro da minha cabeça. — Estica o braço chamando o elevador. — Se é um pedido de desculpa que você quer toma: Desculpe por ter mentido para você Cibelle. Mas saiba que não estou arrependida e faria exatamente o mesmo.
A porta do elevador abre e ela entra.
O silencio é cortado apenas pelos passos rápidos do Cheol pela sala e o baque no seu corpo dentro do elevador, quando passou pela fresta da porta quase fechando.
Me virei para meus amigos procurando algum apoio, mas ninguém me olhou nos olhos, apenas o Ji atravessou a sala e me abraçou.
— Sei que está brava por não ter sido incluída, mas você não devia ter falado aquilo. — A voz da Van é baixa, mas firme.
Tiro meu rosto do peito do meu marido, e indignada a olho.
— Tenho todo o direito de estar com raiva dela, e de você também!
— De mim?
— É melhor pararem por aqui, antes que falem algo que vão se arrepender depois — Jimin passa os olhos entre nós duas, passando o braço pela lateral da Line.
— Não vou me arrepender de nada — Respondo entre dentes voltando o meu olhar para Van — Você a deixou quase se matar.
— Eu deixei? — Van dá um passo em minha direção, mas Seyoon segura sua cintura. — É claro, me culpe! Vamos fingir que a Nina não é um ser humano que anda, fala e toma as próprias decisões, e que claramente me contou tudo desde o começo. — Ironiza — Se estava assim tão preocupada, porque não foi você mesma atrás dela no Brasil? Ou você. — Olhou para Line que está com os olhos marejados — Foi uma merda de situação Cibelle, e todo mundo fez o melhor que pode. Acha mesmo que se eu soubesse o que ela estava fazendo não teria amarrado ela dentro de casa? Ou mesmo que ela me odiasse para sempre, internado ela para o hospital psiquiátrico? — Lagrimas desceram pelo seu rosto — Ela achou que tinha perdido tudo e ligou o botão da autodestruição, e... — Van para de falar e tira a mão do Seyoon, depois limpa as próprias lágrimas, respirando fundo — Quer saber, não tenho que te contar isso, não tenho que te contar nada. Se é assim que vai reagir, vá ser a pobre martírio sozinha. — A passos pesados, segue o mesmo caminho que a Nina, coma Line atrás dela.
Um silêncio mordido cobre toda a sala, dando para ouvir a respiração de todos e identificar e catalogar cada uma.
Mas eu ligava, queria saber como estava. Ela não tinha me perdido, ou a Line. O tudo para ela era o Cheol?
Passo os olhos pela sala cheia de pessoas que sei que ela ama, e ela saiu da vida de todos eles.
"Um dia vou ser apenas a lembrança de alguém que passou pela sua vida."
Éramos apenas duas adolescentes quando ela disse isso para mim, quando passei para universidade do Paraná e ainda não tinha tido resposta da de São Paulo.
É isso que ela sempre esperou? Que um dia a vida ia nos separar? Ou que eu iria descarta-la?
— E eu achando que essa noite ia ser de comemoração — A irritação na voz do Han é tão clara quanto suas sobrancelhas unidas e as sobras brancas do seu dedo envolta do copo de rum. —, mas parece que vamos ficar com a briga.
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