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Capítulo 50 - Ursinho De Pelúcia Decepado


As horas se transformam em dias, dias em semanas e aparentemente Nate tinha sumido do mapa, pelo menos para mim, não o vi nem tive notícias dele desde que apareceu na nossa casa. Mas mesmo que tivesse aparecido ou feito qualquer tipo de contato, tenho certeza que a Nina não me contaria. 

Na maior parte do tempo odeio quando ela tenta me deixar no escuro, mas admito que não faço o mínimo de questão de saber nada que tenha haver com ele. 

 Não depois do que aconteceu. 

 Não gostei de ouvi o Ji querendo se meter nessa história. Claro que entendo o lado dele, mas aquilo não é sua responsabilidade, mas isso não o impediu de compra um spray de pimenta. 

Na verdade, uns dez. Fez questão de colocar um em casa bolsa que tenho (na verdade foi bem mais de dez), e até um pendurou no meu celular. Precaução seu nome é Ji. Acredite que se não tivesse o impedido teria contratado um guarda costa. 

 Mas meu trabalho novo na revista é um bálsamo muito bem-vindo. Ser paga para dar dica de moda com um preço baixo, é basicamente o que nasci para fazer. A parte da pesquisa sem dúvida é a melhor parte. 

 Mas não importa o quanto meu profissional e vida amorosa estivesse bem, sempre que olho para os olhos preocupados da minha amiga, meu coração se aperta e hoje não é apenas ela. 

Quando Line chegou em casa ontem estava mais branca que mármore e sem dizer uma apalavra apenas foi direito para o quarto e se trancou lá. 

Mas hoje nenhuma das duas me escapa.

 Acordo mais cedo e preparo o café da manhã e me sento esperando por elas. Até me senti uma mãe pronta para dar um sermão ensaiado na noite anterior. 

 A primeira acordar foi a Line, que me dá um bom dia sem graça e se senta a mesa seguida da Nina que nem parece ter os olhos abertos. Espero que tenham uma boa dose de cafeína no sangue antes de começar a falar. 

 — Qual das duas vai começar a falar? – cruzo os braços. 

 As duas trocam olhares confusos antes de voltar a olhar para mim. 

 — Do que exatamente está falando? – Nina pergunta com a boca cheia. Porca. 

 — Quer mesmo fingir que não conheço vocês quando acontece algo? – Arqueio a sobrancelha me virando para Line — Você começa. 

 Line se ajeita na cadeira bebendo mais um pouco de café. 

 — Porque tenho que ser a primeira? – Faz um bico parecendo uma criança de cinco anos. 

 — Line – respiro fundo sem descruzar os braços —, não me irrita. Fala logo. 

 Minha amiga resmunga fazendo Nina rir. Triste falar que é a primeira vez em dias que a vejo rir. 

— Você é uma chata, sabe disso, não é? – apenas dou um sorriso grande cheio de dentes, seguido de um beijinho a fazendo revirar os olhos junto com o longo e profundo suspiro. — O Jimin me convidou para ir até a cidade conhecer sua família. – Soltou de uma vez. 

 Troco olhares com a Nina que está bem mais acordada agora. 

 — Mas isso é algo bom – Nina fala com calma —, é um avanço e você o ama. 

 — É, você deveria está feliz com isso. – Tento dar suporte. 

 Line cruza os braços e nos olha incrédula. 

 — Sério que vocês duas vão fingir que não sabem o que isso significa? – Eu e Nina ficamos calada enquanto o rosto da Line voltava ao branco de ontem — Me digam, alguma de vocês conheceu algum membro da família do Ji ou do Cheol? E nem vem falar o Han. Ele claramente não conta. 

 Bati de leve na mesa antes de falar. 

 — Conheci o pai do Ji! – digo empolgada, mas logo se dissipou — Por uns dez segundos, enquanto saia do apartamento dele. – Murchei na cadeira. 

 Agora eu e a Line olhamos para a Nina.

 — Bem, falei com o irmão mais novo dele uma vez, por telefone, quando atendi sem querer achando que era o meu celular. – Fez uma careta no final. — Mas ele conheceu meu irmão. – Deu um sorriso forçado — Enquanto eu o socava violentamente, acho que não conta muito. Line revira os olhos tentando relevar o último comentário. 

 — Não, não conta – Nós duas falamos juntas. — Line – seguro sua mão tentando tirar a lembrança do Nate da minha cabeça. —, não fique pensando muito no que possa significar o convite, apenas vá, divirta-se, aproveite. Mesmo que signifique isso, não necessariamente vá acontecer agora. Então relaxa! 

 Nina da uma risadinha tomando nossa atenção. 

 — Line, estamos falando do Jimin. – Nina ganha uma expressão nervosa da nossa amiga — Não me olha assim, ele é um cara ótimo, mas não é a pessoa mais atenta do mundo. Com certeza isso que está corroendo seus pensamentos, nem ao menos passou nos dele. Os ombros da Line relaxam e tenho que me segurar para não rir da lógica da Nina. 

 — É um ponto. – Deita o rosto na palma da mão, mas com o olhar feroz para nossa amiga — E ele não é ótimo, ele é perfeito. 

 Nina rola os olhos concordando de uma forma fingida. 

 Foco meus olhos na minha amiga que mesmo com os ombros relaxados, parecendo perfeitamente bem, esconde algo em seus olhos castanhos. 

 — Agora é sua vez. – Abro um sorriso quase maquiavélico.

 — Como assim minha vez? 

 — Tem tempos que algo te incomoda e você sendo, bem, você, não se abre com a gente. Já vou avisando que não vou cair no papo que é seu irmão, porque é bem claro que tem algo a mais aí. 

Nina respira fundo coçando a cabeça e abre a boca em um grande bocejo que faz eu e a Line a acompanharmos. 

 — Não faço ideia do que está falando. – Deu de ombros. Apoio meu queixo entre minhas duas mãos e abro um sorriso. 

 — Nina, se não começar a abrir o bico de boa vontade vou força-la de maneiras nada agradáveis. – Falo sem parar de sorrir. 

 As duas se olham no mesmo instante que me estômago da um giro e resolvo deixar o iogurte de sabor duvidoso de lado e focar no café. 

 — Você é uma chata sabia? – fala com má vontade. 

 — Já me falaram isso hoje – Olho pra Line que concorda com ela. 

 Deixo minha coluna ereta a olhando com um pouco de raiva. 

 — Nina, somos suas amigas, e isso significar estar do seu lado a qualquer momento, não apenas o que julga não nos machucar. – Estico meu corpo em sua direção lhe dando um tapa forte do braço que a faz encolher passando a mão sobre o lugar. — Então começa a abrir o bico. 

 — Ela tem razão Nina – Line a olha —, se tenho que lidar com os seus cabelos no ralo do banheiro, posso lidar com o que está te incomodando. 

 — Outra hora a gente fala disso – encolheu o braço para ficar longe de mim —, tenho que ir trabalhar. 

 — Você não trabalha hoje – falo antes que ela levante. Seu corpo fica tenso e é bem obvio que está tentando achar outra desculpa. 

 — Fiquei de encontrar o Cheol agora de manhã. – Solta uma risadinha nervosa começando a levantar da cadeira. 

 Antes que eu fale algo, Line agarra a beirada da sua blusa e puxa com força e a faz voltar a sentar. 

 — Você tem planos com a gente Nina. Combinamos isso a semana passada. – Ela parecia mais brava do que eu com a evasiva dela. 

 — Droga! – resmunga. 

 Ela nos olha por meio segundo antes de parecer ter perdido uma batalha. 

 — É a Bae Hana. – Fecha os olhos pressionando os dedos sobre eles. 

 — Achei que ela tinha deixado vocês em paz depois da ordem de restrição. – Line se ajeita na cadeira virando seu corpo em sua direção. Nina solta um riso baixo quase irritante de tão irônico. 

 — Ela deixou o Cheol em paz depois daquilo. Ela é bem criativa quanto a me atormentar. 

 — O que ela fez? – Minha voz sai mais raivosa do que quero. 

 Meus olhos não deixam de preocupar algo na sua pele exposta. 

 — Ela nunca me atacou se é o que estão querendo saber. – Ela me olha com um sorriso que sei que é para tentar me tranquilizar — Gosta de mandar mensagens, mandando eu largar Cheol e sempre que bloqueio o numero ela arruma um novo. Ficou assim por algum tempo, mas acho que começou a ficar maçante demais para ela. 

 "Sei que as vezes ela me segue, mas raramente estou sozinha, o Tae ou o Cheol sempre estão comigo quando saio do trabalho ou até dou desculpas esfarrapadas para encontrar com vocês – agora faz sentido os pedidos estranho de querer beber depois do trabalho sempre perto da emissora —, uma vez até liguei para o Minseok mesmo ele não gostando muito de mim." 

 — Porque não chamou a polícia? – Deixo transparecer a raiva na minha voz. 

 — Chamei uma vez, mas ela é esperta, fez a mãe confirmar que estava em casa o tempo todo e acabei passando de doida para a polícia. Depois disso preferi apenas evitar andar sozinha. 

 Sinto minhas unhas afundando na pele da palma da mão e meu estomago que já girava começou a subir para a cabeça. 

 — Ela fez mais alguma coisa? – Por mais que sua voz pareça calma os olhos da Line ferviam raiva. 

 Nina passa a mão pelo emaranhado de cachos evitando nos olhares. 

 — Nina... – A chama depois de um tempo. 

 — Ela me mandou uma caixa cheia de ursinhos de pelúcias decapitados essa semana para o meu trabalho com uma carta falando que aquele seria o "último aviso" – fez aspas com os dedos. 

 — Essa garota é louca!? – quase grito de raiva — Vamos na policia agora. Não tem o mínimo de condição desse ser continuar andando livre depois disso. 

 — Belle, você está exagerando. Ela é uma criança. 

 — Ela não é uma criança Nina, é maior e bem capaz de entender o que estar fazendo e arcar com as consequências. 

 — A Belle tem razão Nina, isso não é algo para você deixar passar, essa garota é louca. 

 — Vai se trocar... – Levanto de uma vez e sinto minha pressão baixando, minha cabeça e estomago rodar.

 Os rostos das minhas amigas são apenas borrões quando passo correndo por elas indo para o banheiro me debruçando na privada colocando tudo o que tinha comido (que parecia ser dos últimos três dias) para fora. 

 Sinto alguém segurando meu cabelo, uma mão passando nas minhas costas e as vozes das duas desconexas.

 — Não comam o iogurte – foi a única coisa que consegui falar antes de colocar o restante do que estava no meu estômago para fora.

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