Capítulo 44 - Não Fuja De Mim
Estou terminado de arrumar as coisas para a próxima cena que vai ser gravada, sozinha. Porque para variar um pouco o Tae resolve sumir, de novo.
Aquilo não é do feitio dele, mas nos últimos dias ele desaparecia, arrumava desculpas para não almoçar comigo, dando as piores possíveis. Como: "O chefe me chamou para almoçar", e dois minutos depois ver o nosso chefe dando em cima de uma das atrizes que não demora para sair correndo (literalmente).
Acho que é por causa do Cheol, mas até quando ele não está ele acha uma desculpa.
— Droga! – falo para mim mesma, mas acabo sendo ouvida por uma das estagiarias.
— O que foi senhorita Silva? – A menina que nunca me lembro do nome pergunta com a voz tão calma e leve que irrita.
— Esqueci a droga da mochila na outra sala que estávamos gravando. – Bufo de pensar em ter que subir as escadas de novo.
— Posso ir pegar – Faz menção de se virar, mas a impedi.
— Não. Fica aqui e termina de arrumar isso, daqui apouco os atores vão voltar. – Respiro fundo
— Já volto.
Com uma preguiça do tamanho do mundo entro na escola vazia pelo final de semana e subo o lance de escada mais vagarosamente que um ser humano consegue.
Minha cabeça está no mundo da lua. Ah, não vou mentir, está no mundo do Cheol.
Ele anda me olhando diferente, mas profundo e intenso. Mesmo não querendo admitir, sei que na cabeça dele aquelas três palavras gritam com tamanha intensidade que seus olhos, expressões e gestos não conseguem esconder.
A verdade é que estou apavorada com a hora que ele falaria aquilo. Claro que uma parte de mim está louca para ouvir, mas o problema não é ouvir, é a resposta.
Tenho problema com a palavra com "a" a vida inteira. Não tenho uma única lembrança da minha família falando algo remotamente parecido com isso para mim e a primeira vez que ouvi isso de um cara, corri para as montanhas.
Pobre Alex, 'o galinha' da escola, que fazia qualquer garota se apaixonar foi se apaixonar logo por mim.
Ainda me sinto mal por como as coisas acabaram entre a gente, mas era nova demais, com medo demais para ao menos cogitar a possibilidade de deixa-lo entrar.
Com Cheol foi tão simples, natural, nem ao menos percebi meu coração se entregar por completo para ele. Mas o medo ainda está aqui batendo de como seria a reação dele quando as palavras que sei que anseia ouvir de mim não sair.
Não nego que eu sinto a palavra com "a" por ele, apenas quero que tenha uma forma mais fácil de falar.
Sem vontade abri a porta da sala e sinto minha boca se abrir, meus cílios batem varias vezes antes de soltar inúmeros "desculpas" e fechar a porta de novo, e sinto meu rosto arder. Uma risada nervosa escapar pelos meus lábios e tive que cobrir com a mão.
Acabei de pegar o Tae aos beijos com um dos atores. Senhor, está aí uma cena que vai ser difícil tirar da cabeça.
— Era por isso que ele andava sumindo – Sussurrei para mim mesma dando uma outra risadinha.
Do lado de dentro ouvi cochichos desesperados até que a porta se abriu com Kang Jisung que sai me olhando. Atrás dele Tae dispara pelo corredor sem me olhar. Movo meu corpo para ir atrás do meu amigo, mas Jisung segura meu braço me obrigando a olha-lo.
— Nina – Seus olhos sempre arrogantes estão quase suplicando —, se alguém ficar sabendo isso pode acabar com a minha carreira e a do Taeyang.
Respiro fundo dando um tapa de leve na sua mão para que me soltasse e arrumo minha postura olhando dentro dos seus olhos castanhos.
— Primeiro, é senhorita Silva, não somos amigos senhor Kang. – Encolhe um pouco o corpo — Segundo, nunca estive aqui, não sei do que está falando. – Dei de ombros me afastando.
— Obrigado – Faz uma reverência.
Dou alguns passos no corredor para ir atrás do meu amigo, mas paro me virando de novo para o homem que termina de ajeitar a camisa.
— Se o magoar – Levanta os olhos encontrando os meus —, eu mesma acabo com você. – Dou um sorriso doce me curvando.
Sigo meu caminho antes mesmo que tivesse chance de me responder ou de desfazer a surpresa e apreensão nos seu rosto. Quando encontro Tae, está concentrado em uma conversa com o diretor e a produtora e depois do que parece uma vida, ele finalmente se afasta deles e o puxo pelo braço.
— Tae, conversa comigo – Tento achar os seus olhos, mas em momento nenhum encontrou os meus.
— Temos trabalho a fazer Nina, isso não é hora nem lugar para ficar batendo papo. – Puxa seu braço e volta para a equipe.
Sério que ele acabou de fala isso comigo? Parte de mim quer dar um belo de um soco na cara dele, mas outra parte compreendia estar na defensiva.
Se abrir sobre sua sexualidade nunca é fácil e talvez nunca tenha se sentindo confortável comigo para falar sobre e ser pego assim quase que com as calças arriadas. Respiro fundo e segui fazendo meu trabalho.
Conversaria com ele depois. As horas passam lentamente e sempre que me aproximo, Tae dava um jeito de se afastar de mim. Em nenhum momento Tae sorriu ou esboçou qualquer emoção que não fosse sua carranca. Nem mesmo quando Jisung tenta falar algo ajudou.
A noite já tinha caído a muito tempo quando finalmente fomos arrumar para ir embora, mas para minha surpresa (nem tanto assim), Tae foi embora ante que consiga falar qualquer coisa.
Pego as minhas coisas e fico em uma indecisão enorme de ir para casa ou ir atrás do meu amigo. Talvez ele precise ficar um tempo sozinho, devo respeitar o seu espaço, mas ao mesmo tempo tenho um medo enorme dele se afastar de mim.
Respiro fundo chamo um táxi e vou atrás do meu amigo, fazendo uma única parada para comprar duas porções de Jjajjangmyun, do nosso lugar favorito, enquanto fico entre ligações não atendidas e mensagens sem resposta.
Estou parada na porta do prédio dele e nem ao menos visualiza as minhas mensagens nem atendendo ao interfone.
— Droga Tae! – Olho para a sacola na minha mão — Vai ficar mole. – Fiz um beicinho escorando a cabeça na porta de vidro até que uma ideia idiota veio a minha cabeça.
— Se isso da certo em filmes, por que não?
Olho para o interfone e como uma criança passo a mão com força apertando todos os apartamentos de uma vez até que um deles libera a porta.
— Não é que dá certo?! – Falei vitoriosa entrando no prédio no meio de um pulinho.
Olho para a porta por quase dois minutos inteiros antes de finalmente bater e ouvi passos arrastados se aproximar da porta.
Seus olhos cansados e o que parece ser tristeza me encontram, suas sobrancelhas se junta e fala meu nome de uma forma desconexa. Antes que me mandasse embora o empurro para dentro.
— Trouxe Jjajjangmyun! Espero que tenha soju, porque esqueci de comprar. – Sorri tirando meus sapatos me fazendo a vontade.
Coloco a sacola em ciam da mesa de centro e começo a tirar as coisas depois indo até a geladeira para pegar o Kimchi e duas garrafas de soju e copos. Tae continua parado no meio da sala com o olhar perdido.
— Nina – Meu nome quase sai como um sussurro.
— O que? – Falo normalmente procurando o controle — Se você me falar que não gravou o episodio dessa semana do drama do Kyungsoo, juro que te dou uns tapas – sinto minha sobrancelha juntando.
Respirou fundo dando uma risadinha morta e sem vontade se sentando do meu lado no chão.
— Claro que gravei – Revirou os olhos bebendo o copo cheio de soju que coloquei e logo respirou fundo de novo quando achou o episodio — Nina, sobre... – seguro sua mão fazendo o olhar para o meu rosto pela primeira vez.
— Se quiser conversar sobre, estou aqui. Se quiser só assistir o drama e ficar bêbado, também estou aqui. – Sorri — Mas quero que saiba que nada vai mudar o fato de você ser uma das pessoas mais importantes da minha vida.
Com os olhos vermelhos Tae me abraça forte e não disse nada, apenas me espreme contra seu corpo e sinto meu ombro ficar molhado. Abracei o que deu dele já que meus braços ficaram presos no seu aperto e ficamos assim por um longo tempo.
— Obrigado – sussurrou se afastando. Passo o dedo sobre seu rosto limpando as lágrimas que desceram.
— Não precisa agradecer. – Dou um beijo na sua bochecha — Você nunca vai se livrar de mim. – Gargalho arrancando uma risadinha dele.
— Socorro! – Brinca apertando o play e depois começa a misturar o molho preto com o macarrão.
Não consegui ficar calada dois segundos e quando percebi já estou virando meu corpo para o seu lado e as palavras simplesmente saem da minha boca.
— Desculpa, mas estou morrendo de curiosidade – Arqueou a sobrancelha me analisando curioso —, a bunda do Jisung é durinha?
Tae tosse cuspindo a comida que está na sua boca no que parecia uma risada com espanto ou os dois misturados.
— O que? - Tosse de novo pegando um guardanapo tentando limpar a bagunça.
— Vi você agarrando a bunda dele, quero saber se é durinha. – As palavras saíram calmas, como se meu amigo não tivesse quase morrido engasgado.
— É assim que você fala com as suas amigas? – Sua voz ainda sai estranha, mas já tinha voltado a comer.
— Um pouco pior – dou de ombros —, mas é nesse caminho mesmo.
Rindo Tae me ignora voltando a atenção para a tv.
— Cedo demais? – Fiz um biquinho. — Desculpa.
Dei minha atenção para a comida olhando o lindo do Kyungsoo na tv. Ah, como queria ter trabalhado nesse drama aí só para conhece-lo.
— Você realmente está bem com isso, não é? – Fala timidamente. A pergunta dele me pega um pouco desprevenida. Terminei de engoli o macarrão e o olhei.
— Se você está bem e feliz, eu estou bem e feliz. – Sorri pegando em sua mão — Claro, não dando em cima do meu namorado está tudo perfeito.
Tae deu uma gargalhada alta.
— Não se preocupe, ele não faz meu tipo.
— Então estamos ótimos meus amigos. – Abro um largo sorriso levantando a mão dele para dar um hyfive.
Mesmo de perfil noto seu rosto ficando vermelho e indecisão passa pelo seu rosto, até que o vi fechar os olhos e soltar de uma vez:
— Já o Ji...
Viro minha cabeça de uma vez que sinto o estalar do meu pescoço ao mesmo tempo que meus olhos arregalaram e minha boca se abriu em um "o" junto com uma risada.
— Mentira! – Digo chocada com a mão sobre a boca. — Você gosta de artistas incompreendidos? – brinco o vendo ficar ainda mais velho. Volto a colocar a mãos sobre a boca. — Igual ao Jisung. A Belle vai surtar. – Dou outra gargalhada.
Olhei para o Tae mas agora estava sério.
— Contou para Belle? – Franzi um pouco os lábios.
— Claro que não. – Vi alivio nos seus olhos — Não vou falar nada, isso é algo seu e é você quem decide quem sabe e quem não sabe.
— Você é uma boa amiga Nina. – Abraça de lado beijando minha têmpora. — A melhor! – Dou um sorriso.
Meu amigo revira os olhos e voltamos a comer vendo nosso drama favorito. Depois que a comida acabou bebemos um pouco até que sinto os olhos dele em cima de mim. Agora seu rosto estava um pouco vermelho por causa da bebida.
— É durinha sim. – Deu uma risadinha bêbada.
— Sabia! – Levantei os braços e nós dois caímos no chão rindo.
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